quarta-feira, 24 de junho de 2015

INVESTIMENTOS - BREVE GUIA SOBRE AS DIVERSAS CLASSES DE ATIVO

  Olá, pessoal! A pedido do colega Guardião falo um pouco hoje sobre investimentos. Talvez  o que eu tenha a falar não seja de grande valia para muitos, pois estes temas são tratados por inúmeros blogs, sites, portais, etc. Entretanto, mesmo assim, escrevo um pouco sobre as classes de ativos e perspectivas destas no Brasil. Como já salientei diversas e diversas vezes, sou apenas um investidor amador e nem de longe possuo conhecimento e expertise de tantos gestores profissionais. Por isso, se por ventura alguém for comentar que eu entendo pouco de finanças e mercado, nem precisa perder tempo, pois eu tenho plena consciência disso. Entretanto, mesmo assim, como escrevo para outras pessoas que também são investidores amadores, talvez alguém possa achar alguma utilidade nas próximas linhas.

RENDA FIXA

   O mercado de renda fixa brasileira nos últimos 20 anos, não tenho conhecimento do período pré-estabilização, foi um ponto fora da curva no mundo. As taxas de juros reais aqui praticadas durante muitos anos não encontram nenhum paralelo no mundo. Uma vez li um estudo comparando taxas de retirada de um portfólio em vários países emergentes (esse tipo de análise é bem rara). O  estudo serve para ver se um determinado portfólio, geralmente com uma alocação 50% ações-50% mercado de dívida, exaure-se, decresce ou cresce depois de um determinado período (10,15,20 e 30 anos) com diferentes taxas de retirada.  Não foi muita surpresa ao ver que portfólios baseados em ativos brasileiros “aguentaram” taxas de retirada de incríveis 6-7% , fazendo do Brasil o país com a maior taxa disparada entre diversos países. Essa discrepância toda se deu pela taxa altíssima de juros real brasileira.  Ou seja, quem tinha patrimônio acumulado e viveu de renda nos últimos  20 anos no Brasil, não tem absolutamente nada do que reclamar.

   Atualmente, as taxas de juros reais ainda são muito altas no Brasil. “Elas devem permanecer assim, Soul?”. Eu acredito que para um período longo de tempo elas não permanecerão nesse patamar. Porém, o Brasil poupa muito pouco, e a taxa de juros é diretamente influenciada pela taxa de poupança. Assim, é possível que o Brasil ainda proporcione juros reais altíssimos, em comparação com outros países, por um bom período de tempo. Ruim para o Brasil e brasileiros, razoavelmente bom para poupadores pessoas físicas que estão vivendo de renda, aposentados ou construindo patrimônio.

   A renda fixa é basicamente categorizada pelo mercado de dívidas. Seja a dívida de um banco pequeno ou a dívida do governo brasileiro, quem investe nessa espécie de ativo está na verdade emprestando dinheiro para alguém. Tirante instrumentos mais complexos de dívida, basicamente o principal fator a se analisar quando se empresta dinheiro alguém é a capacidade de pagamento do devedor.  Os governos, quase sempre, são considerados devedores mais confiáveis do que pessoas físicas e jurídicas privadas, e por isso  suas dívidas tendem a ser  consideradas  como de pouco risco (o que  às vezes não se mostra verdadeiro, conforme atestam os diversos calotes de dívidas estatais que ocorreram durante a história, mesmo em países hoje desenvolvidos).  A doutrina geralmente considera as dívidas de países ricos como se fossem livre de risco. Como boa parte do material produzido é dos EUA, costuma-se considerar o título de curta duração, Treasurie, do governo americano como o ativo livre de risco, o custo de oportunidade financeiro básico. 

   Assim, qualquer outro devedor, não seria tão confiável como o governo americano. Logo, para outras pessoas se endividarem, elas tem que pagar um prêmio sobre a taxa que o governo americano paga. Esse conceito é conhecido na doutrina como Credit Risk Premium Risk (CRP). Assim, a Apple se quiser se endividar precisa pagar um prêmio, se o Governo da Nigéria quiser se endividar em dólar, precisará pagar um prêmio. Quanto mais duvidoso for o devedor, teoricamente maior tem que ser o CRP para contrabalancear o risco de um calote total ou parcial.

  Outro fator importante é o prazo da dívida e foi por isso que disse títulos de curta duração. Uma dívida de maior duração sempre carregará mais risco do que uma dívida de curta duração. É por isso que uma dívida com prazo de pagamento de  1 ano é mais segura do que uma dívida com prazo de pagamento ao final de 30 anos. Esse conceito é conhecido na doutrina como Bond Risk Premium (BRP).  Além do fato de títulos de curta duração serem mais seguros, títulos com maturidade mais alongadas possuem volatilidade muito maior, ou seja o valor dos papéis de dívida pode oscilar para cima e para baixo no prazo de maturação da dívida. Geralmente, se usa o conceito de Duration para mostrar o impacto que as taxas de juros básicas possuem em papéis de dívida com maturidade maior. 

    Sendo assim, há dois prêmios principais em mercados de dívidas (há outro muito importante que é o prêmio por iliquidez, mas talvez não seja tão decisivo como estes dois): CRP e BRP. Basicamente, com esses dois conceitos se pode analisar qualquer instrumento do mercado de dívida.

    Como estamos no Brasil, a taxa “livre de risco” deve ser o que o governo brasileiro paga nos seus títulos de curta duração. Entretanto, aqui é um pouco diferente, pois não se trata de títulos de curta duração, mas sim de títulos sem duration, ou seja títulos que não perdem  valor com eventuais mudanças na taxa de juros. Aqui já temos algo meio que único, uma verdadeira jabuticaba, a possibilidade de comprar títulos de dívida governamental sem duration. O que isso significa? A possibilidade de se comprar uma LTF (um título atrelado a taxa SELIC) sem necessidade que a mesma seja de curta duração. Assim, pode-se emprestar ao governo brasileiro sem qualquer risco de volatilidade no título, o que é algo muito bom para investidores. 

      Assim, ao se analisar qualquer dívida no Brasil, deve-se ter como parâmetro básico a taxa SELIC (algumas pessoas usam o CDI).  Vai emprestar dinheiro para o seu primo João pelo prazo de um mês? A taxa SELIC, ou o CDI, deve ser o piso da remuneração, e em cima desse piso deve ser acrescentado um prêmio: o prêmio de crédito. O seu primo João quer dois empréstimos: um para ser pago em um mês e outro para ser pago em um ano. Em relação a este último, deve-se pegar a SELIC como piso, acrescentar um prêmio de crédito (CRP) e ainda acrescentar um prêmio por ser uma dívida mais longa (BRP). 

     Assim, colegas, não se apeguem tanto em nomes como LCI, LCA, Debêntures, CRI, CDB, etc. Pensem sempre em termos de risco de crédito, maturidade e liquidez (teoricamente um ativo mais líquido deve remunerar menos do que um ativo ilíquido). Portanto, ao escolher quais ativos devem compor o seu portfólio de renda fixa, ao invés de se apegar nos nomes dos títulos, faz mais sentido saber exatamente para quem se está emprestando, por quanto tempo e quais são as eventuais garantias.

   As garantias são importantes quando se empresta dinheiro para pessoas privadas.  Quanto mais garantia se tem um empréstimo, menor o risco de calote (default) parcial ou total da dívida. Sendo assim, o CRP tende a ser menor. Quer analisar os Fundos Imobiliários detentores de dívidas com funding imobiliário (também conhecidos como FII de papel)? Olhe principalmente o colateral (garantia) da dívida. É um terreno, um apartamento, o fluxo de aluguel de um shopping? Qual é o valor da garantia em relação à dívida (métrica Loan to Value ou LTV)? Uma vez escrevi sobre FII de papel num artigo que pode ser de valia para quem ainda não está familiarizado com essa espécie de investimento FII de Papel - Abrindo a Caixa de Pandora

  Portanto, colegas, a renda fixa deve ser analisada olhando esses conceitos básicos. Eu, como já explanado, creio que os juros reais aqui são muito altos. Além do mais, há diversos títulos com tratamento tributário benigno (debêntures incentivadas, LCI, LCA, CRI, CRA, etc), sem duration, e com bom pagamento. Eu mesmo possuo LCA do BB pagando se não me engano 94% do CDI, o que é uma ótima remuneração para um título com quase risco soberano.


   Assim, a renda fixa, principalmente em momentos de turbulência interna como o Brasil está vivendo, deve possuir um espaço considerável em seu portfólio, em minha opinião. Apenas como provocação e curiosidade, se você não gosta de pagar impostos, não gosta do Estado Brasileiro, então deve seguir o conselho dado por pessoas do Instituto Mises - e eu diversas vezes na minha juventude questionava o meu Pai sobre isso -  de não emprestar dinheiro ao governo brasileiro, pois estará ajudando no processo de espoliação do próprio povo via tributos. Assim, se a pessoa quer manter a coerência, deveria apenas emprestar para pessoas jurídicas privadas (ou eventuais empréstimos para pessoas físicas). Além do mais, se alguém não confia nos órgãos oficiais do governo acerca de dados sobre inflação não deveria comprar nenhum titulo de dívida atrelado ao IPCA, por exemplo. Desconfiar do governo e comprar títulos baseado em índices fornecidos pelo próprio governo não é uma atitude coerente.

  Logo, colegas, tirante questões de cunho pessoal e político, a renda fixa é uma ótima classe de ativo no Brasil, possuindo uma rentabilidade que nem nos sonhos mais audaciosos de investidores estrangeiros podem ser encontradas em seus países de origem.

IMÓVEIS E FUNDOS IMOBILIÁRIOS


     Imóveis como investimento infelizmente possuem pouco tratamento na doutrina. Não é comum encontrar livros sobre imóveis, ou investimentos imobiliários, ao contrário em relação ao investimento no mercado acionário, por exemplo.  Tal fato não deixa de ser estranho, pois economistas estimam que metade de toda riqueza acumulada no mundo é representada por imóveis, ou seja é um tipo de ativo extremamente importante.

   Muitos possuem apenas o imóvel em que residem, ou nem isso. Possuo um bom amigo que resolveu vender o seu apartamento, com o dinheiro da venda investiu em FII. Metade do rendimento dos FII ele usa para pagar o aluguel de um apartamento bem maior, a outra metade ele usa para as suas despesas básicas. Eu também pensei, antes da viagem, em vender o apartamento em que eu moro. Com o dinheiro da venda, e o Yield que os FII estavam oferendo há poucos meses , eu poderia pagar todas as minhas despesas anuais, e ainda sobraria um troco. Entretanto, imóveis residenciais envolvem algo mais imensurável objetivamente, e o fato do meu imóvel ser num lugar extremamente especial (é numa rua sem saída, virado para dunas, a cinco minutos andado de uma praia bem bonita e com uma vista bem bacana), fez-me, por enquanto, desistir da ideia de vender. Assim, nessa análise deixarei de fora qualquer sentimento que alguém pessoa eventualmente ter pelo seu imóvel, e focarei apenas no aspecto financeiro.

  Primeiro detalhe e que quase nunca vi ninguém, nem mesmo em livros, abordado é o fato de que o seu imóvel residencial faz parte do seu portfólio. Assim, se você tem um imóvel que vale 500k, e 500k em RF, por exemplo, isso quer dizer que possui 50% de exposição ao mercado imobiliário. Adicionar Fundos Imobiliários aumentará ainda mais a sua exposição a imóveis. Não considerar o imóvel, e a exposição que ele ocasiona ao mercado de real estate, na composição do portfólio é um erro em minha opinião e pode fazer com que a pessoa se exponha de maneira demasiada em imóveis.

  Sobre imóveis escrevi um artigo há um ano sobre a tendência de crescimento de longo prazo expectativa realista de retorno dos imóveis no longo prazo. Creio que há muitas informações lá, e recomendo a leitura. No artigo em questão, falava sobre a possibilidade de desvalorização real dos imóveis, bastando apenas ter ligeiras valorizações nominais (não precisaria haver necessariamente um evento traumático com quedas vertiginosas em todo o país). Parece que é o que vem ocorrendo, ainda mais uma inflação tão alta. Os excessos de valorização real muito acentuada entre 2004-2012 parecem que já vem sendo corrigidos.

  Eu mesmo possuo algumas operações de relativa alta monta ainda em andamento. Numa delas, o preço pedido já caiu mais de 100k, e olha que quando coloquei a venda o valor estava em consonância com o mercado. Creio que agora atingiu um limite, levando em conta o preço do m2 de terreno na região, bem como valor do m2 construído medido pelo CUB. Porém, é um exemplo de que imóveis flutuam sim de preço, apenas não há liquidez suficiente para sentirmos isso diariamente. Objetivamente, fiquei 100k mais pobre, mas isso faz parte, e na operação em questão tenho muita margem.

  Eu, apenas uma opinião, creio que o valor dos terrenos tendem a ter valorizações significativas de preço no médio-longo prazo no Brasil, principalmente os localizados em regiões litorâneas. Por qual motivo acho isso? Primeiramente, o Brasil nos próximos 40 anos irá incorporar mais 40-45 milhões de pessoas, isso é muita gente. Segundo, o Brasil irá envelhecer, e há uma tendência de pessoas de mais idade irem morar no litoral quando da aposentadoria. Por fim, haverá uma escassez natural de terrenos bons. Em Balneário Camboriú, por exemplo, creio que há apenas dois terrenos em toda orla. Assim, creio que o investimento em bons terrenos pode ser um ótimo negócio, principalmente se o horizonte de prazo for longo.

  Particularmente, não gosto de imóveis que não seja para compra e venda. É uma área onde se pode realizar bons negócios, e que pode envolver valores substanciosos. Não gosto de imóveis para aluguel. As razões são inúmeras e não irei me estender aqui, uma vez fiz uma análise de um caso concreto, num artigo que pode ser acessado imóveis próprios, FII e Cap Rate.


  Ao investir num imóvel próprio para locação, um investidor com não muito dinheiro terá que se concentrar de maneira absurda. Por qual motivo? Bom, se a pessoa tem 500k para investir, pode, por exemplo, comprar duas salas comerciais. Se uma sala comercial fica vazia, o fluxo de renda de imóveis cai incríveis 50%. A chance de sua renda cair 50% numa carteira de FII bem montada e organizada é muito pequena mesmo. Além do mais, com pouco dinheiro a pessoa só pode basicamente comprar salas comerciais, imóveis residenciais e pequenos galpões. Esqueçam a possibilidade de poder alugar para Ambev, Petrobrás, etc, assim os locatários não serão grandes corporações, o que deveria fazer com que o fluxo fosse menos confiável e valesse menos (sim, usando a métrica de análise de fluxo de caixa descontado). Também não se pode diversificar em diversos setores do mercado imobiliário, algo que só é possível para investidores com dezenas, ou centenas  de milhões de reais. Para completar, o tratamento tributário é muito pior, já que atualmente o rendimento de aluguéis via FII ainda são isentos de IR. Portanto, eu sinceramente não vejo sentido em ter imóveis para locação, sobre nenhum aspecto. O único aspecto, que pode ser bom, ou ruim dependendo de quem analisa, é a possibilidade de dar a finalidade que bem se entende ao imóvel próprio, algo que não é possível num FII.

  O tema financeiro mais tratado nesse blog foi sobre Fundos Imobiliários. Há diversos artigos, e se alguém que não conhece do tema quiser ter uma visão geral recomendo a pesquisa aqui nesse site mesmo dos diversos posts.  Neste artigo Parâmetros Objetivos para análise de um FII trato de linhas gerais de como analisar um FII, pode ser um bom começo.

   Quais são as perspectivas dos FII  em minha opinião? Bom, eu em meados do ano passado fiz um apanhado sobre os REITs (FII americano), e baseado nisso tirei algumas conclusões pessoais. Eu creio que o mercado de FII só tem a crescer no médio prazo. As possibilidades são inúmeras, desde o aumento do número de FII, bem como o aumento de setores. Talvez empresas inteiras podem se desfazer dos seus imóveis, liberar capital, fazer contratos de locação com FII de longuíssima duração, e se o ROE da empresa for maior do que o custo do aluguel, ser uma operação ganha-ganha. Além do mais, se não me engano, 15% dos imóveis comerciais nos EUA são possuídos por REITs. No Brasil, eu não faço a mínima ideia, mas talvez a relação não seja nem de 0,1%. Assim, para sermos proporcionalmente idênticos aos EUA, o mercado de FII do Brasil teria que crescer 150 vezes. É claro que há inúmeras barreiras: a oscilação diária da quota, a falta de entendimento do que seja um FII, a não familiaridade do Brasileiro com o mercado financeiro, etc, etc. Porém, sob a legislação atual, é benéfico muitas vezes possuir imóveis via FII, mesmo para grandes investidores. Assim, creio que a tendência é de crescimento para médio-longo prazo.

  “Soul, e o que acha para o curto prazo?” Eu não saberia responder, colegas. Há inúmeras fontes de pressão contra o mercado imobiliário em geral, e os FII em especial no Brasil acontecendo. Excesso de oferta no mercado de escritórios e de logística. Entretanto, é muito provável que vários projetos foram abortados (já que o prazo de maturação é de 3 a 5 anos). Logo, quando o Brasil retomar o caminho do crescimento, mesmo que seja em 2017-2018, é possível que a oferta seja absorvida e a taxa de vacância tenda a cair. Há a pressão da alta do custo financeiro, pois com juros a quase 14% fica difícil competir. Entretanto, não parece que juros dessa magnitude serão presentes por muito anos, e o mercado de juros futuros parece corroborar essa tese. Assim, há inúmeras pressões de curto prazo, porém para o investidor amador que faz aportes periódicos a classe de ativo FII é uma boa pedida. Creio que alocações menores para quem ainda está na fase de acumulação, e alocações um pouco maiores para quem quer viver de renda ou está em fase previdenciária são uma boa pedida.

  Portanto, FII podem ser ótimos geradores de renda mensal, instrumentos ideias para a geração de caixa para pagamento de despesas fixas mensais, por exemplo. Creio que esse tipo de ativo deve constar na carteira de qualquer investidor seja jovem, idoso, agressivo ou conservador.


MERCADO ACIONÁRIO

   O mercado de ações é o que mais atrai e fascina o investidor amador. Há inúmeros textos e livros sobre essa espécie de ativo, e muitos leitores do blog devem possuir mais conhecimento sobre o tema do que eu. Sendo assim, não irei me estender muito nesse tópico, apenas fazer algumas breves reflexões pessoais.

  Primeiramente, assim como um FII representa imóveis, não se pode esquecer que uma ação negociada em bolsa representa quase sempre uma empresa. Uma companhia com empregados, diretores, marketing, fatias de mercado, foco,etc. É preciso nunca esquecer desse fato. Por qual motivo? Simples. Uma empresa precisa dar lucro, assim como precisar ter boa margem de venda, tratar bem os seus consumidores, possuir empregados motivados, etc.  Assim como o FII BRCR representa todo um portfólio de imóveis, as letras ABEV representam uma empresa que opera no mundo real. Tendo apenas isso em mente, e vários sites e livros batem muito nessa tecla, fará com que o investidor amador não cometa muitos erros e assim se pode evitar aqueles comentários repetitivos sobre OGX, MILK e tantas outras empresas que não passariam por quase nenhum filtro mínimo de análise.

  “Soulsurfer, mas não se pode ganhar dinheiro com turnaround?” Para quem não está familiarizado com o termo estrangeiro, são empresas com métricas operacionais ruins, mas que ao longo do tempo melhoram, trazendo a possibilidade de ganhos enormes. É claro que é possível, colegas. Assim como é possível comprar uma padaria deficitária, melhorar a sua administração, e revendê-la dois anos depois pelo dobro do preço. Entretanto, para fazer isso precisa conhecer muito de negócios e contar com um pouco de sorte. O mesmo raciocínio se aplica no mercado acionário. Talvez seja possível, mas obviamente envolve mais riscos. Logo, se não deseja devotar muito tempo a análise do mercado acionário, o que consome tempo (e nunca podemos esquecer que a nossa maior riqueza é tempo de vida com saúde), mantenha as coisas simples. Escolha empresas lucrativas, com boas margens, que tratam o minoritário de maneira transparente e correta, e provavelmente o resultado no médio prazo tenderá a ser no mínimo razoável, principalmente se o mercado acionário for usado como uma forma de acúmulo de poupança.

   
  Outro tópico é sobre ter enormes retornos no mercado acionário. É claro que é possível e até estatisticamente provável para algumas pessoas se partimos de um universo de investidores relativamente grande. Porém, para a esmagadora maioria dos investidores isso simplesmente não ocorrerá. Eu creio que uma forma passiva de se investir no mercado acionário faz mais sentido para um investidor amador que possui a sua atividade laboral em alguma atividade não relacionada com o mercado financeiro. A pessoa trabalha 8 horas por dia, 2 horas de descanso, 8 horas de sono, 2 horas entre ida e vinda do trabalho (só aqui já deu 20 horas), para chegar em casa e gastar duas horas para estudo de ações? Para mim o custo de oportunidade aqui é gigantesco. Mesmo que a pessoa consiga algum retorno em excesso, para mim não valeria a pena. Entretanto, além desse “pormenor” pouco discutido,  todas as pesquisas acadêmicas apontam que a maioria dos gestores profissionais falham em obter retornos em excesso a do mercado por um período de tempo significativo. Se profissionais não conseguem em sua maioria, por qual motivos nós conseguiríamos? Assim, além de desperdiçar o que você tem mais de precioso que é o seu tempo, talvez isso nem gere resultados positivos.

  “O mercado acionário brasileiro está de lado há anos, investir em ações é só para “tubarões”, o resto é "sardinha" iludida”. Já escrevi um artigo sobre esses termos repetidos ad nauseam na blogosfera Market Depth - Sobre Tubarões e Sardinhas .  O mercado acionário reflete nada mais nada menos do que o desempenho das principais empresas do país. No médio e longo prazo é muito provável que o Brasil estará em condições econômicas melhores do que atualmente. Seja por competência própria, seja por inércia em relação ao desenvolvimento do resto do mundo, o fato é que o PIB per capta do Brasil ainda é muito baixo. A quantidade de capital acumulado em relação ao PIB também é muito baixa se comparado com países desenvolvidos. Assim, tudo leva a crer que em 20-30 anos o Brasil estará melhor do ponto de vista econômico. Se isso ocorrer, o mercado acionário refletirá isso. Se o mercado acionário brasileiro está de lado há anos, ele vem de um período de forte alta, tanto é verdade que no ano de 2010 o Brasil apresentou crescimento da ordem de 20% anualizados nos 10 anos anteriores. É evidente que esse ritmo é muito forte não se sustentaria para sempre. São ciclos de mercado. O mercado acionário americano bate recorde histórico. Entretanto, na década passada o mercado acionário americano apresentou crescimento negativo anualizado. Assim é como funciona os mercados, e é por isso que faz todo sentido em ter exposição internacional se o tamanho do seu portfólio assim permitir. Logo, o mercado acionário americano não subirá para sempre, nem o mercado brasileiro ficará de lado para sempre. Por mais óbvio que isso possa parecer, sempre é esquecido, e o que mais tem são pessoas que se baseiam em resultados de 2-3 anos para vaticinar o que vai acontecer para os próximos 20-30 anos.

Não dá para ter retornos anualizados de 20% aa para sempre né colegas. Assim como os imóveis não podem ter retornos reais de 10%aa durante um período prolongado de tempo.

  Muito teórico? Basta ver o retorno anualizado em dólar do mercado acionário brasileiro desde a década de 60. Desde então, o Brasil se urbanizou, teve ditadura, milagre econômico, década perdida, volta da democracia, crise institucional, diversas crises internacionais, bonança externa, presidente sociólogo, presidente operário, e depois de toda essa salada mista, o retorno em dólar do Brasil foi parecido com o retorno do mercado americano, um dos mercados acionários com maior retorno entre os países desenvolvidos nos últimos cinquenta anos.

Consegui apenas, na breve pesquisa que fiz, achar esse gráfico de 1963 a 2010. Porém, tenho certeza que já vi um gráfico que ia até 2013. Se não me engano, o retorno no período foi algo próximo de 12%aa, o que é bem parecido com o retorno do S&P500 no período.
    

  Destarte, colegas, mantenham simples, tenham filtros básicos fundamentalistas, internalizem a noção de que longo prazo não é 2-3 anos e não percam, se a intenção não é viver do mercado em operações diárias ou semanais, tanto tempo assim analisando tendências, notícias, etc, etc. Eu creio que investidores jovens com um longo caminho de acumulação pela frente e com exposições no mercado acionário se mantiverem a paciência e os aportes colherão bons frutos no futuro.

   Há nesse blog alguns artigos sobre o mercado acionário que talvez possam ajudar quem ainda está  e “brigando” com alguns conceitos  Princípio da incerteza e Precificação de ativosAções - Os Três Fatores de risco de FF e Vamos falar sobre o P-L

EMPREEDEDORISMO

   Empreender não é um ativo financeiro, é uma empreitada humana. Entretanto, pequenos negócios podem ser tratados como ativos financeiros. Afinal, conceitualmente uma empresa gigante e uma pequena são a mesma coisa, diferindo é claro em tamanho, escala, tratamento jurídico, tributário, etc. Entretanto, uma empresa de capital aberto na bolsa em sua essência é parecida com uma empresa pequena de valor de algumas centenas de milhares de reais. 

  Se uma pessoa pudesse escolher entre emprestar dinheiro para uma empresa como a Apple ou para uma empresa recém aberta de capital social de 300 mil reais, qual seria a alternativa mais segura? É claro que emprestar para a Apple. Sendo assim, o mesmo raciocínio pode ser aplicado em relação à propriedade. Qual empresa tem mais chance de falir a Apple ou a empresa de 300k? Sendo assim, ter um negócio próprio é muito mais arriscado do que ser dono de uma empresa grande via mercado acionário.

  Além do mais, quem é proprietário de uma pequena empresa está altamente concentrado em apenas um negócio. Quem investe razoavelmente diversificado em empresas no mercado acionário não possui risco de concentração. Para finalizar, muitos possuem negócio próprio e trabalham ativamente nele. Assim sendo, a renda do trabalho, na forma de um pro labore (seja ele retirado ou não) advém da mesma empresa da qual se é dono. Logo, a concentração de quem é dono de apenas um negócio é total e absoluta.

  Por todos esses motivos, empreender é muito mais arriscado, e se é mais arriscado deve remunerar muito mais. É exatamente o que ocorre no mundo real. Se a pessoa almeja ter um resultado financeiro muito alto, provavelmente o melhor caminho é o empreendedorismo. Por meio dele, a pessoa pode começar com pouco e acabar com dezenas de milhões, ou às vezes centenas, de milhões de reais ou dólares. É fácil? Claro que não, mas é talvez o único meio de ascenção financeira muito grande para pessoas que não tiveram acesso à capital acumulado de outras gerações.

  Eu aprecio quem empreende e o ato de empreender. Creio que grandes ideias surgem de pequenos empreendedores que conseguem ocupar nichos muito específicos e às vezes inexplorados de um determinado mercado. Acredito que um país para prosperar precisa criar um ambiente onde seja fácil um pequeno empreendimento prosperar. A Nova Zelândia é um exemplo disso. Lá em apenas um dia se abre uma empresa. Vamos partir do pressuposto que em um dia se fecha uma empresa. Pergunto as pessoas, se vocês pudessem abrir e fechar uma empresa em dois dias, não seria muito mais fácil apostar naquela ideia que você por ventura teve um dia sobre abrir um negócio? Quando se é complicado abrir um negócio, e mais difícil ainda fechar um negócio em determinados casos (o Brasil é pródigo nisso), parece que a pessoa precisa dar um tiro certeiro, não tem tanta margem para erros, o que com certeza faz com que muitas pessoas optem pela informalidade, o que é ruim para elas e para o país, ou de certa maneira desistam de seus planos. Portanto, uma boa mudança no Brasil seria um apoio total e irrestrito ao empreendedorismo, principalmente de pequenos empreendedores.

  Eu, em certa momento da vida, penso em ser de alguma maneira sócio capitalista de vários pequenos empreendimentos. Assim, diluo o risco, e tenho um potencial de retornos altos. Na verdade, penso até mesmo em empreender colocando a mão na massa como fiz quando produzi raves e montei uma "empresa" de xadrez na adolescência, mas devido à minha situação financeira, o faria apenas em algo que realmente me desse prazer. Importação e exportação é algo que me chama atenção, mas principalmente abrir um Surf Camp com um tratamento diferenciado, humanizado. Porém, não vou me estender aqui sobre eventuais aspirações minhas.

  Portanto, seja como sócio operacional, ou sócio capitalista, a participação em pequenos empreendimentos não deve ser ignorada, e pode sim de certa forma compor o portfólio de um investidor.

DÓLAR E OURO

   Sobre essa espécie de ativo, eu já escrevi um artigo específico algumas considerações sobre dólar e ouro Basicamente, em prazos bem longos o ouro tende a seguir a inflação com uma discretíssimo valorização real. Um colega, certa vez, colocou um gráfico com a cotação do ouro nos últimos 10 anos, se não estou enganado. Primeiramente, 10 anos não é longo prazo, a série histórica do ouro remonta há mais de 100 anos. Além do mais, uma tendência de muito longo prazo pode ser que não se prolongue no futuro, e isso é claro. Se as tendências históricas fossem imutáveis, assim como as correlações entre os ativos, seria bem fácil montar portfólios completamente otimizados. Entretanto, no caso específico do ouro, além da série histórica ser de longa duração, o que é um ponto forte de ser levado em conta, faz sentido que o ouro não tenha grandes valorizações reais no longo prazo.

   O motivo é muito simples. Num mundo onde os BC tem cada vez mais poder, onde o Fiat Money é a regra, parece claro que o ouro tem uma função de hedge natural contra uma eventual catástrofe financeira. Assim, o ouro acaba servindo como um seguro, pois, como diz W.Buffett, você não consegue extrair crescimento do ouro, uma barra de ouro hoje não se transformará em duas barras de ouro daqui um ano. Se assim o é, não faria sentido que o ouro tivesse uma expectativa de retornos reais alta. Imagina uma classe de ativo que te protege da hecatombe e que você ainda assim ganha dinheiro com ele ano a ano. Se um ativo desses existisse, quase todo meu dinheiro seria direcionado para ele. Porém, não faria muito sentido do ponto de vista financeiro.


  O fato do ouro flutuar bruscamente em períodos mais curto de tempo não retira essa característica do ouro. Como qualquer outro ativo financeiro com marcação instantânea a mercado, o ouro, a prata, ou qualquer outro metal, irá variar de preço a depender do humor e das condições de mercado de uma determinada época. Tudo varia de preço, e no curto ou médio prazo, se a pessoa fizer um aporte único e grande pode pegar uma cotação esticada ou depreciada de qualquer ativo. Porém, isso não quer dizer que uma determinada classe de ativo não tenha alguns pressupostos e alguns fundamentos lógicos por trás.

  O dólar teria uma função semelhante ao ouro em relação a um investidor brasileiro. Na verdade, faz mais sentido, assim como o colega do blog investidor internacional o faz, ter uma proteção cambial em uma cesta de moedas fortes e não apenas em dólar. Basicamente, as taxas de câmbio medem a força de uma moeda em relação à outra, o que acaba dizendo sobre a força de uma economia ou não. O mercado de câmbio a toda evidência é muito volátil, mas a fim e a cabo, ele deve medir o poder de compra entre as moedas.

   Como se trata de seguro, se a pessoa não pretende fazer negociações visando ganhos de curto prazo via uma alocação de ativos tática, eu creio que essas espécies de ativos , caso o investidor realmente queira ter uma proteção maior em seus investimentos, devem ter uma participação modesta no portfólio de 10%,, no máximo 15%.

   É isso colegas, espero que tenham gostado e possa esse breve ensaio ter alguma valia nem que seja para investidores iniciando o seus estudos nas mais variadas classes de ativo.

Daqui algumas horas faço 35 anos. Como o tempo passa rápido. Nunca passei meu aniversário tão longe de casa. Os últimos dias tem sido marcados por longas esperas para ir surfar, já que o vento resolveu dar o ar da sua graça. Felizmente, tive a oportunidade de surfar Cloudbreak com 4 pés perfeito dois dias atrás. Espero  que o meu presente de aniversário amanhã possa pegar um vento offshore e 3-4 pés de ondas boas na bancada ainda mais rasa de Restaurants (Foto - Contemplando o sunset na belíssima cidade de Wanaka na Nova Zelândia).

 Abraço a todos!






30 comentários:

  1. Confesse, Soul, este artigo é só um resumo da sua tese de Doutorado!!!!rsss
    Cara, muito bacana, gigantesco, mas bacana. Deu para ter uma visão geral.

    Achei muito interessante também apontar a incoerência de quem fala mal do governo, do estado, bla, bla,bla e empresta dinheiro ao governo via títulos públicos. Estranho, muito estranho falar mal de um credor tão bom....


    Parabéns, e boas ondas.

    Abs.

    Abs,

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    1. Valeu, amigo!
      Acho que quis dizer um devedor tão bom. Sim, é verdade.
      Abraço

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  2. Feliz aniversário Sô! Felicidades...

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  3. Valeu pelas dicas Soul.

    Feliz Aniversário aí do outro lado do mundo!

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  4. Olá, Soul, estamos ficando mal acostumados com as fotos, é muita beleza natural, muitas paisagens fantásticas, para quem vê paredes o dia inteiro o seu blog se torna um bálsamo.

    Mudando de assunto. Penso parecido com vc.Ser sócio capitalista de pequenas empresas me parece também interessante também, os dividendos podem ser maiores por havermenos gente para dividir o lucro líquido do exercício. Mas e quanto à proteção contra desvios do outro sócio? Fico com essa dúvida, pois numa pizzaria de bairro, a rentabilidade pode ser ótima, mas, de outro lado, há o risco de a honestidade do outro sócio ser bemmmmm pequena.

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    1. É verdade. Por isso, temos que saber com quem nos relacionamos.
      As pessoas com quem eu me relaciono financeiramente são ótimas pessoas, principalmente de caráter. Pode haver desilusões? É claro que sim, isso é a vida. Entretanto, podemos fazer alguns filtros para saber com que lidamos em matéria de direito. A maneira de ver a vida, certas atitudes éticas, a habilidade de não ter "faniquito" quando contrariado e muitas outras podem ser um bom caminho para se saber como que está se lidando.
      Nos últimos tempos, venho dando sorte. Eu gosto de crescer junto com pessoas boas, não faço questão de ganhar dinheiro sozinho não, e sempre deixo bem claro que eu sou uma pessoa muito leal e vale a pena me ter como amigo e eventual parceiro financeiro.

      Assim, o risco sempre haverá, mas cabe a cada um ver com que está se metendo, sem riscos não há ganhos.

      Uma vez um colega de um blog chamando o Investidor Inglês (não me lembro ao certo) escreveu algo muito interessante, sobre a noção de alavancagem de tempo. É claro que foi uma metáfora, mas quando você tem alguém que confia financeiramente, você pode ganhar tempo de vida e isso é muito interessante. Essa postagem abriu um pouco a minha mente e desde então venho tentando aplicar esse conceito. Sempre falo que a confiança vale muito mais do que algumas dezenas de milhares de reais ou até mesmo centenas de milhares de reais. Com alguém de confiança e inteligente como parceiro se pode atingir muitas coisas.

      Abraço

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    2. Estou passando por isso atualmente, me afastei do dia a dia, até combinei com outro sócio, de receber um valor fixo, dentro do lucro médio, ficaria com 25% e ele 75%, mas o cara prefere ficar com 100%. Como mudei de estado, fica complicado ajustar as coisas, consegui encontra interessados ( o negócio é pequeno, o lucro não é grande, mas é certo) para vender minha parte, só que o sócio criou tantas barreiras, constrangimento, que não consigo vender, pelo jeito ele gostou de ficar com lucro todo, agora só me resta, arrumar um corretor e correr atrás da justiça, e é difícil arrumar advogado e corretor a distância... Fica ai meu relato, dos riscos de torna-se sócio investidor, no mundo "real".

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  5. Falando especificamente de imóveis, essa é uma modalidade de investimento para poucos, imóveis chegaram a um patamar de preços muito alto. Claro que há espaço para valorização dependendo de cada caso, mas de forma geral acho que já chegamos no limite.
    Talvez, principalmente em caso de uma crise econômica mais abrangente e duradoura os preços de muitos imóveis se estabilizem ou caiam por falta de compradores.
    Aproveitando gostaria de fazer uma pergunta e desde já peço desculpas por não ter haver com o tema do post.
    Sai muito caro fazer uma longa viagem internacional? Deve ser uma experiência enriquecedora fazer uma viagem desse tipo, mas já está caro viajar dentro do Brasil, viajar pro exterior fica inviável pra que está com pouco dinheiro.

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    1. Olá, colega. Sim, para mim podemos saber se um país está no fundo do poço do ponto de vista financeiro, se os imóveis são vendidos a preços muito depreciados. Houve uma janela de oportunidade nos EUA de alguns meses em 2008. Leilões de imóveis por preços que eram uma verdadeira pechincha, hoje, pelo pouco que pesquisei, nem em leilão se consegue comprar imóveis com muito deságio.
      O Brasil pode chegar nesse ponto? Não sei, veremos.

      Depende. Se você for viajar para América do Sul ou Central pode ser bem barato. A Ásia como um todo é bem barata. Veja, assim como na minha vida, eu gosto de viagens mais simples. Assim, gasto menos dinheiro e conheço muitas pessoas interessantes e sempre estou em alguma situação inusitada.
      É possível viajar sim com pouco dinheiro. Entretanto, fazer uma viagem como essa que estou viajando envolve sim uma quantia mais elevada de dinheiro, mas para mim é o dinheiro com melhor retorno possível. A TIR desse investimento bate qualquer outro investimento financeiro:)

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  6. Caro Soul, parabéns pelo post...

    Basicamente concordo e corroboro com tudo o que vc falou. Por ser da minha área sou um grande entusiasta da classe de imóveis e empreendedorismo.

    Uma visão minha, e apenas minha e sem comprovação sistêmica, é que essas classes são as que carregam o menor risco. Acho muito importante ter o máximo de controle que eu consigo, e essas classes otimizam o meu controle.

    É como a teoria do Ken Fischer sobre como os fundos soberanos são mais arriscados do que a Renda Variável.
    Essa teoria é bem maluca, e eu não vou entrar no mérito agora.

    A minha teoria é tipo essa, rs... Maluca e sem embasamento sistêmico.

    Assim como vc, atualmente prefiro o ganho de capital (com construção/compra e venda) em imóveis, do que a geração de renda, mas não podemos desprezar todo histórico de fluxo de caixa , que pôde ser gerado nos últimos anos. Provavelmente seu pai usufruiu sabiamente desse controle e fluxo de caixa gerado pelos imóveis.

    Um comentário, que eu queria deixar para quem gosta de imóveis para geração de fluxo de caixa (não é o meu caso), e se desestimulou com a perda de renda devido a vacância que vc corretamente especificou.

    Por ex o cara tem 2 imóveis e um perde um aluguel, ele tem um prejú de 50% no fluxo de caixa .

    Se uma pessoa tiver 6 imóveis esse risco já cai para 16,6%..
    10 imóveis o risco já cai para 10%...

    É igual ação, depois de um número, a diversificação não é muito efetiva...

    Eu sei que parece que 6 ou 10 imóveis é muito, mas não é nada impossível...
    Temos que lembrar que essa classe de ativo permite muita alavancagem.

    feliz aniversário Soul, te desejo tudo de melhor e grandes ondas.

    Grande Abraço

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    1. Olá Pobre!
      Primeiramente, grato pela mensagem e pelas felicitações, muito obrigado!

      Claro, entendo, porém porque não fazer isso com FII? Tendo 20 FII você terá centenas de imóveis talvez com quase mil contratos de locação.
      Porém, você tem razão há um numero que pode ser ótimo e que diversifica o risco. É o que eu procuro com a minha estratégia em leilões. Procuro ter disponibilidade para me manter entre 6 a 8 operações de média-alta monta. Assim, é possível diversificar bem os riscos de leilões, principalmente decisões ruins de primeiro grau que levam um pouco de tempo para serem revertidas na segunda instância.

      Abraço amigo!

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    2. Caro Soul

      FII sem sombra de dúvida é a melhor forma de diversificar em imóveis.

      Mas essa é uma classe de ativos, que eu ainda prefiro permanecer de fora. Como eu já lhe confidenciei, eu vi muita cachorrada sendo realizada nos bastidores de um fundo imobiliário. Fiquei traumatizado com essa experiência. Coisa minha mesmo.

      Percebi a falta de regulamentação do setor e a total falta de controle por parte do "minoritário". Prezo muito o controle. Essa falta de governança é infinitamente maior que no mercado acionário.


      Mas não é uma classe de ativos que eu despreze totalmente, e uma hora ou outra ela fará parte do meu portfólio. Mas sempre ficarei com um pé atrás. (vide Ceoc11b).

      Sempre defendi uma postura ativa dos meus ativos. Só que eu não posso (gerenciamento de risco) e não consigo manter 100% do meu dinheiro rodando. E quanto mais dinheiro eu tiver, maior vai ser a minha dificuldade em manter tanto dinheiro em circulação.

      FII, Ações, Letras de créditos, tesouro direto, etc... só me servem com o propósito de poupança. De manter o meu dinheiro protegido da inflação e com um chorinho de quebra. rs.

      A sua rentabilidade com leilões, por exemplo, certamente é intransponível, em relação a esse mercado passivo.

      Mas essa é a minha forma de pensar, tem muita gente que não têm folego e nem apetite para negociações do mundo "real".

      Eu vivo disso.

      Grande Abraço

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    3. Olá, PC!
      É verdade, lembro da nossa conversa. Apenas disse, pois com FII se pode ter centenas de imóveis a um baixo custo, algo impensável para um pequeno investidor.
      Para se ter 6 a 8 imóveis, a um preço médio de 300k, são necessários quase 2M apenas em imóveis. Se colocarmos um cap rate bruto razoável de 5% - e nenhuma despesa com os imóveis - isso dá 100k bruto. Se imobiliária administrar, se pagar IR, isso vai dar menos de 70k líquido. Para mim não vale a pena.
      Esse dinheiro em transações no "mundo real" pode ser muito mais rentabilizado, e com FII o retorno pode ser quase o triplo de fluxo de caixa.
      Entretanto, você tem total razão em relação a transparência. CEOC é um caso exemplar, e foi um belo aprendizado para mim.
      Veja, para fluxo de aluguéis eu não gosto de estar na administração (para você parece ser muito importante), mas para compra e venda de imóveis eu não abro mão de estar em minhas mãos os atos de decisão.

      Eu acho que o seu pensamento é bem razoável, e concordo em boa parte com ele. As grande oportunidades estão em transações no dia a dia, não em elaboradas estratégias financeiras, ao menos para nós investidores pequenos e médios. Logo, usar instrumentos financeiros como uma forma de proteção do patrimônio, acúmulo de poupança e ainda ganhar um chorinho (que no Brasil pode ser um chorão com essas nossas taxas de juros reais altas), tendo em vista transações em áreas onde você mais domina, é uma boa estratégia.

      Já escrevi alguns artigos, mas algumas pessoas tem dificuldade de entender, que a pessoa pode entender muito de finanças, economia, etc, mas se ela aporta apenas 5k por mês, por exemplo, ela provavelmente acumulará menos patrimônio de alguém que não sabe muita coisa (mas faz alguns controles básicos) e aporta 15-20k por mês. Creio que você deve pensar parecido.

      Abraço amigo!

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  7. Excelente post, soul. Sobre o glamouroso mercado acionário, ainda não me decidi se vou de ETFs ou ações individuais. Para a segunda estratégia, há uma enorme vantagem tributária em relação a outros países: dividendos tributados apenas uma vez, juros sobre capital próprio, vendas isentas 20k/mês. O stock picking no Brasil apresenta boas vantagens em relação aos ETFs, se não fosse por isso, já estaria neles. Eu não gosto de utilizar meu tempo na análise de balanços nem tenho qualquer pretensão de 'bater' o mercado. Enfim, por enquanto, continuo na ótima renda fixa e vou estudando mais, sem pressa, até decidir a estratégia. Abração.

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    1. Olá, colega.
      Sim, no Brasil há vantagens tributárias significativas em ter ações individuais ao invés de ETF.
      Siga o seu ritmo, elabore uma estratégia compatível com seus objetivos e perfil e siga e frente.
      Abraço

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  8. Excelente texto. Muito bem escrito.

    Aproveito para desejar-lhe parabéns pelos 35!

    Galo da Comarca

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  9. Excelente postagem e feliz aniversário!
    Abraços

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  10. Soul, você poderia me ajudar esclarecendo uma dúvida sobre FIIs? Bom, vamos lá... Quando compro ações, não me importo com o preço. Vou acumulando ações de empresas boas para o longo prazo. Mas e em relação ao preço de um Fii? É muito mais importante o preço no momento da compra de um Fii? Como analisar se o preço de um FII tá bom? Só fazer o calculo do valor da cota atual pelo provento distribuído pra ver se o DY tá alto? Acima de que valor de DY você recomenda?

    Desculpe todas as perguntas, mas admiro muito sua forma de pensar. Obrigado!

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    1. Olá, colega.
      Recomendo a leitura dos artigos sobre FII indicados no próprio artigo e outros mais nesse site.
      Foque na qualidade do imóvel, se os contratos de locação do FII possuem preços competitivos ou não, se é um imóvel (imóveis) de fácil replicação ou não, etc. Há várias formas de se analisar a questão.
      O valor de mercado, e portanto do yield, da cota vai variar por inúmeras circunstâncias no curto prazo. A não ser que você vai fazer um aporte bem grande e único, preocupe-se mais em escolher bons FII, uma estratégia coerente com seus objetivos e uma alocação mais apropriada ao perfil.

      Abraço

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  11. Parabéns pelo aniversário e pela lucidez sobre o assunto!!!
    Aproveito para perguntar como vc faria para selecionar pessoas e negócios para ser sócio capitalista?? abs Leo

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    1. Olá, colega.
      Grato pelas felicitações. O meu próximo artigo abordará essa questão.
      Abraço

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  12. Soul,
    LCA do BB pagando 94% do CDI? Tem certeza?

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    1. Não sei se é 94 ou 93% para ser sincero.
      Eles pagam essas taxas para o segmento private.

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  13. Olá,Soul, fui eu que teve a dúvida sobre como não ser roubado por sócios operacionais.

    A minha dúvida foi para saber se existe algum instrumento legal que proteja o sócio que aporta capital sem trabalhar.

    Infelizmente, em algumas vezes, aquele que entra com o trabalho se sente "explorado" e pensa que pode auferir renda maior do que aquela pactuada no contrato social. Por isso pode auferir lucros de forma desonesta.

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