domingo, 25 de dezembro de 2016

DESEJOS PARA QUE O SEU PRÓXIMO ANO SEJA (AINDA) MELHOR

Olá, colegas. Desejo um bom natal para todos e já me adianto desejando uma boa entrada de ano. Primeiramente, posso dizer que essas duas datas por si não possuem um significado muito grande para mim. Há textos que tentam abordar esse assunto falando sobre a ¨hipocrisia¨, ¨desnecessidade¨ ou qualquer outro adjetivo de conotação negativa de celebrarmos essas datas.

  Bom, o fato é que estas datas representam momentos especiais para pessoas e famílias. Isso faz com que, nem que seja por breves instantes, indivíduos se relacionem de uma forma mais harmônica uns com os outros. O ano novo, por exemplo, nada mais é do que a passagem de mais um dia, mas para muitos representa a esperança de um recomeço, a esperança de uma nova vida, de um novo rumo. 

  Sim, um observador mais cínico poderia notar que provavelmente nada de novo acontecerá na vida das pessoas, e que a virada do ano é apenas uma vã tentativa de sonhar com algo melhor sem se esforçar para que isso necessariamente ocorra.  É bem possível e provável, mas mesmo assim é inegável que as pessoas nesta data específica ficam mais suscetíveis a se relacionar umas com as outras, e isto é muito positivo em minha opinião.

 Portanto, em que pese uma possível reflexão mais negativa que poderíamos fazer em relação a estas datas, eu ainda creio que são datas festivas e importantes. Por isso, desejo um bom ano novo para os leitores deste blog. Se eu pudesse desejar algo para vocês, prezados leitores, esses seriam os meus desejos:


 DESLIGUE A SUA TELEVISÃO E DIMINUA A SUA EXPOSIÇÃO A NOTÍCIAS


 Sério, uma das coisas que me impressionou nesta minha volta, é como a televisão ¨sequestrou¨ corações e mentes de muitas pessoas. Não há quase nada que preste. Notícias sempre as mesmas desvinculadas de contextos, jornalistas despreparados, programas de auditórios um pior do que o outro, e uma perda de tempo e energia incrível por parte das pessoas.

 Quantas horas as pessoas não perdem com esse dispositivo? Quantas outras atividades mais produtivas e com muito maior significado dezenas de milhões de pessoas no Brasil deixam de fazer para perder tempo com esse passatempo que quase sempre deixa as pessoas mais infelizes e ansiosas? É um jogo de soma negativa. Tente construir a sua rotina com o aparelho de televisão desligado na maior parte do tempo, melhor para a sua saúde mental e física.


 INVISTA EM RELACIONAMENTOS HUMANOS. FAÇA NOVOS AMIGOS. VISITE OS ANTIGOS

 O que é um amigo? Qual é a diferença para um colega ou desconhecido? Sabe qual é minha resposta para essa pergunta? É mais ou menos assim: E ISSO IMPORTA ALGUMA COISA? Entre pessoas que viajam há uma eterna discussão entre a diferença de um Turista em relação a um Viajante. Turista a grosso modo seria alguém que não se envolve com comunidades locais, fica apenas em hotéis e come em lugares mais caros. É alguém que não captura toda a essência de um local. O Viajante, por seu turno, é alguém que consegue capturar as idiossincrasias de um povo diferente, é aquele que come como locais, evitando a todo custo se apartar de uma experiência mais real para se deleitar em luxos e confortos.

  BOBAGEM. Eu posso estar acampando no meio de um lugar remoto na Mongólia e ainda sim serei um turista. Alguém pode estar se hospedando num hotel cinco estrelas e mesmo assim capturar como ninguém a vida de um povo diferente. Era uma discussão que quando começava, eu já saia de perto. Por qual motivo sempre queremos dividir e catalogar cada vez mais outros humanos, experiências?

 A mesma coisa com amigos e colegas. Prezados leitores, olhem as suas vidas e perceberam que os momentos mais felizes são aqueles compartilhados com outros seres humanos. É evidente que ao longo de nossa vida serão poucas pessoas que compartilharemos segredos, ou que poderemos confiar com um alto grau de certeza, o que comumente se chama de amigo íntimo. Não é esse o ponto. O ponto é que a todo instante estamos nos relacionando com outras pessoas. Ao ir na padaria, ao trabalhar, viajando, escrevendo um Blog, e nós, e apenas nós, podemos decidir qual tipo de relacionamento queremos construir com as mais variadas pessoas.

 Não precisa ser um amigo de longa data, no qual eu posso confiar uma grande soma de dinheiro, e que realmente se importa comigo, para que eu tenha algum momento prazeroso com alguma outra pessoa. Reflitam sobre isso. Nosso bem-estar é muito maior quando os nossos relacionamentos são melhores. E nosso bem-estar é maior quando temos relacionamentos.

Portanto,  visite velhos amigos, faça novos amigos ou colegas, ou qualquer outro termo que você queira utilizar, entretanto interaja mais, se conecte mais com outros seres humanos, sua vida será muito melhor.


 LEIA MAIS LIVROS


 Leia querido leitor. Desafie a si próprio, leia sobre áreas das quais você não entende nada. Há tantos livros bons, tantas informações boas na internet, hoje em dia podemos até mesmo assistir aulas ministradas em Harvard no conforto da nossa casa (o que é uma revolução sem precedentes na educação) que realmente não há qualquer desculpa para que não leiamos materiais de qualidade.

  Por mais que possamos ler blogs bons, nada substitui o bom e velho livro. Os livros são algo mágico. Neles podemos conhecer mais sobre a antiga Pérsia, ou sobre buracos negros. Podemos aumentar nosso conhecimento em finanças ou em biologia. Podemos saber como foi a vida de Einstein ou de Hitler. 

  Portanto, reserve uma parte do seu tempo, de preferência diariamente, para a leitura de um livro. 


EXERCITE-SE


  Quando nos sentimos bem com o nosso corpo, nos sentimos mais leves, mais dispostos a encarar os diversos desafios em nossa vida. Infelizmente, a vida em cidades grandes tem levado um número enorme de pessoas a uma existência sedentária. Não cometa esse erro.

 Não faça exercícios apenas na academia, faça toda hora. Suba a escada, ao invés de pegar um elevador. Ande mais. Vá para academia, se assim deseja. Procure uma atividade esportiva que lhe dê prazer. Um corpo exercitado é condição importantíssima para uma mente afiada. Não deixe que a rotina do dia a dia, por mais difícil que possa ser, faça com que o seu corpo deteriore para além do normal do envelhecimento natural.



  É isso colegas. Não quero deixar esse último texto do ano muito extenso. Não perca tempo com coisas que não vão te trazer bem-estar e muito provavelmente apenas trarão mal-estar como a televisão. Interaja mais com os conhecidos e desconhecidos, você verá que pode ser muito recompensador. Leia bastante. Leia de pé, sentado, no metrô, ou na internet, mas leia. De preferência tente ler no próximo ano sobre áreas das quais não domina ou não saiba absolutamente nada. Pode ser apenas um livro, já será um ótimo passo. Por fim, exercite-se.

  Sem o foco distraído, relacionando-se mais com as pessoas, lendo mais e com um corpo em equilíbrio, tenho certeza que todos os objetivos traçados serão muito mais fáceis de ser atingidos. É isto que desejo a todos vocês no próximo ano.

  Um grande abraço!


  

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

SUA VIDA VALE MENOS DO QUE A DE UM AUSTRALIANO. SOBRE REFUGIADOS.

Olá, colegas. Eu iria escrever um texto sobre o preço da liquidez, e como um planejamento errôneo meu em relação à liquidez nos últimos dois anos me custou dezenas  de milhares de reais.  Entretanto, influenciado por mais um comentário de um leitor que escreveu de forma anônima, resolvi tratar de um tema não-financeiro.

  Eu tenho uma má notícia para a esmagadora maioria dos leitores e dos blogueiros de finanças, aliás é uma péssima notícia. Eu quando estava na belíssima Sydney fiquei na casa de uma família australiana. Conheci o sujeito, especialista em medicina chinesa, quando estava surfando em FIJI. Alguns meses depois, apareci na casa dele, e passei uma semana maravilhosa com ele, a esposa, e os dois filhos pequenos.

  A casa se encontrava num ótimo bairro e tinha um tamanho excelente. Perguntei quanto valia, e ele achava que deveria ser algo em torno de AU$ 1.8M. Só a casa dele vale mais do que qualquer patrimônio divulgado na blogosfera, talvez é maior do que todos os patrimônios juntos.  Filhos bonitos e bem educados. Um ótimo salário. É inegável que na escala humana de desenvolvimento, esta família deve estar no topo, talvez entre o 1% da população. 

  Assim, sinto informar, mas a vida dessa família tem mais importância que a vida das suas famílias leitores. Eu sinto muito mesmo em dar essa noticia.  Se alguma coisa de ruim acontecesse com eles, seria algo muito pior do que se algo de ruim acontecesse com a sua família. Eles falam inglês, são bem nutridos, moram numa casa fantástica e habitam num país de primeiro mundo. Por qual motivo a vida de sua família, prezado leitor, que mora num país periférico, cheio de assassinatos, corrupção, que "sua" a camisa para economizar algumas centenas de dólares por mês, valeria a mesma coisa que a vida dessa família? Não, não vale, desculpe mas essa é a verdade.

  Ficou irritado com esses parágrafos? Quer me xingar? Sentiu alguma coisa de ruim dentro de você ao ler isso? Parabéns, você é humano. Não concorda com o que escrevi? Acha injusto, abjeto? Pois saiba que é assim que o mundo funciona. Dependendo de quem você seja, onde tenha nascido, sua vida vale muito ou não vale muita coisa.

  Alguém acha que é possível ter paz num ambiente assim? Eu não acredito.  Enquanto realmente não entenderemos que qualquer vida humana é sagrada (e não falo aqui num sentido religioso), eu não creio ser possível controlar a manifestação da barbárie humana.

  Esse para mim é o ponto de partida para qualquer discussão minimamente séria sobre a crise de refugiados. Sim, a pergunta do colega anônimo a qual eu me referi era sobre refugiados sírios, e islamismo na Europa. A(s) pergunta(s) direcionada(s) a mim era sobre o que eu achava de todo esse estado de coisa, e se europeus e árabes lutam há séculos, não é perigosa essa “islamização" da Europa? 

  Comecemos pelo começo. Creio que terei que repetir isso muitas e muitas vezes. Árabe não é sinônimo de muçulmano. Quem diz isso já mostra que não entende quase nada do assunto. Existem centenas de milhares de árabes que não são muçulmanos, assim como a maioria dos muçulmanos não é árabe. Árabe não denota uma religião. A maior quantidade de muçulmanos está na Indonésia com seus 250 milhões de habitantes, onde uns 90% são muçulmanos sunitas e na Índia, onde uns 15-20% da População provavelmente é muçulmana. Um país é do Sudeste Asiático o outro é do Subcontinente Indiano. Não preciso nem dizer que as diferenças entre as manifestações da religião islâmica são muito diferentes nessas regiões geográficas do mundo, assim como o catolicismo das Filipinas é diferente do catolicismo Brasileiro

 Parece evidente que povos com culturas e desenvolvimentos históricos diferentes terão uma perspetiva diversa, mesmo que se trate da mesma religião. O Irã , que eu acabei de visitar , é persa (aliás não é somente persa , que representa 60% da população, mas há Turcos-Azaris, e algumas outras etnias, sim a coisa é muito mais complexa do que retratado na mídia), se você quer ofender um iraniano chame-o de árabe. 

  Portanto, ao falarmos sobre o tema, o discorrido no parágrafo antecedente é o básico do básico. Passemos para o segundo ponto. Há uma guerra horrível, sangrenta, suja e complexa ocorrendo na Síria (e no Iraque também). Sinceramente, você se importa? Hospitais destruídos, violência para além de qualquer sentido lógico, centenas de milhares de mortos, violência contra mulheres e crianças numa escala quase que incompreensível, a destruição de um país milenar com uma cultura riquíssima, e, e…, você se importa? 

  Se você não se importa com isso, por qual motivo você se importaria com um atentado terrorista que tirou a vida de algumas pessoas num país rico como a Alemanha? Se este é o caso, a única explicação possível, é que você dá mais importância a certos tipos de humanos do que outros. A vida num determinado local vale mais, talvez muito mais, do que a vida em outro lugar. 

  Isso é uma justificativa de um ato de assassinato contra civis? Evidentemente que não. Para mim a vida humana é sagrada. Nosso corpo é uma máquina fruto de um processo incrível de evolução de bilhões e bilhões de anos. É algo maravilhoso. A destruição de uma vida sem qualquer propósito é uma perda irreparável. Se você acredita em Deus, deveria achar que é um atentado contra à divindade. Por isso, sempre achei desde jovem, e agora nem se fala, uma contradição absoluta pessoas advogando a violência em nome de uma entidade que segundo definição é uma fonte absoluta e infinita de amor.

  Não é uma justificativa, não é nem mesmo um juízo de valor, mas sim a constatação de um fato. Se alguém se importa com um atentado nos EUA, e fica emocionado com a morte de algum europeu (um sentimento nobre e bonito), mas dá de ombros quando passa alguma notícia sobre Mosul, ou Aleppo ou Darfur, ou qualquer outro canto onde a maldade humana se manifesta com extrema intensidade, a única conclusão lógica é que se admite gradação de importância de vidas, e neste caso não há nenhum argumento lógico para contrapor o fato de que a adorável família australiana vale mais do que a vida de sua família.

  Prossigamos. A guerra da Síria é um fato. Por que ela está acontecendo? Por que está durando tanto? São perguntas difíceis que não tenho a pretensão de responder. Em meados de 2014, escrevi um texto sobre a ligação entre o primeiro golpe de Estado patrocinado pela CIA no Irã em 1953 e o surgimento de um grupo como o ISIS. Você pode conferir o artigo: A Infâmia, A Mentira, O Massacre e a Criação de um Monstro

  As nossas ações individuais ressonam no futuro. Todos os leitores devem compartilhar isso. Não é o mantra repetido pelos blogs de finanças? Economize, invista, e deixe os juros compostos fazerem a sua mágica no longo prazo. Assim, um ato no presente (economizar e investir) terá consequências bem a frente no futuro (a pretendida Independência Financeira anos e anos depois). As pessoas, ao menos algumas, conseguem aceitar este fato lógico da realidade.

  Entretanto, para outros aspectos da realidade, a lógica parece não fazer mais sentido para uma parcela significativa das pessoas. Os EUA deporem um primeiro ministro democraticamente eleito no Irã em 1953, governo este que poderia ser um farol para todo o mundo islâmico da região, foi um ato que provocou inúmeras consequências, a mais visível foi a revolução islâmica de 1979, que não foi nem mesmo uma revolução de cunho islâmico no início, mas este detalhe deixo para uma outra oportunidade. 

  A revolução islâmica, por seu turno, levou a um maior alinhamento dos EUA com o Iraque, que invadiu o Irã em 1980 usando armas fornecidas em grande parte pelos americanos. O Irã foi invadido, e a revolução islâmica que estava cambaleando no começo, usou a invasão do país como forma de aglutinar as pessoas e fortalecer o poder. A guerra Irã-Iraque é tão importante para os Iranianos em sua identificação nacional, que eu, depois de visitar o país, comecei a fazer um paralelo com a Grande Guerra Patriótica dos Russos. Para os russos a guerra é de 1941-1945, e eles não tratam como se fosse a segunda guerra mundial, não há nenhum monumento russo que não mostre o inicio em 1941, quando da invasão de Hitler.

  Com o surgimento de um regime hostil aos interesses dos EUA no Irã, eles apoiaram um ditador sanguinário chamado Saddam Hussein. Saddam usou armas químicas na guerra Irã-Iraque contra  Curdos-Iraquianos, ou seja, contra cidadãos do seu próprio país. Era um sujeito que usava extrema violência contra seu povo, com torturas em massa e severa repressão a qualquer dissenso político. Houve as guerras do golfo, Bush invadiu o Iraque (e colocam a culpa no Obama pela situação, só pode ser má-fé ou ignorância, ou uma mistura dos dois) baseado numa mentira (a existência de armas de destruição em massa). O Iraque colapsou. E nos escombros do país, surgiu o ISIS.

  Esse resumo a jato não serviu para tornar o texto enfadonho, mas apenas para tentar demonstrar os efeitos que certas ações podem ter no longo prazo, neste caso um golpe de estado patrocinado pela CIA há mais de 60 anos.

  Hoje, o conflito da Síria tem muitas partes, é algo quase que insolúvel. O mundo assistiu calado ao primeiro ano do conflito, onde talvez uma solução fosse mais fácil, e agora com um país destruído do ponto de vista físico e ético, fica difícil imaginar uma solução. 
  
 Aqui me encaminho para a metade final do texto e chego aos refugiados. A palavra imigrante é utilizada de maneira completamente equivocada nos dias de hoje, e ela é tratada como se fosse um sinônimo para refugiado, principalmente se as pessoas estão na Europa. Essa deturpação do uso da palavra claramente é intencional, se não para a maioria que nem percebe isso, mas ao menos para uma parte que tem claras preferências políticas.

 Refugiado é algo muito diferente de um imigrante comum. Se eu resolver mudar para a Nova Zelândia, eu serei um imigrante. Se alguém quiser ir trabalhar ilegalmente nos EUA, também será um imigrante.

  Um refugiado, por seu turno, é alguém que precisa deixar o seu país (e estou aqui apenas falando de refugiados, não de deslocados internos) por causa de guerras, extrema fome, perseguição religiosa ou política, ou qualquer situação que coloque a vida da pessoa e da sua família em grave risco.  A Europa sempre “exportou” refugiados, pois na Europa já existiram muitas guerras étnicas e religiosas, e milhões de europeus tiveram que se refugiar em outros lugares do mundo ao longo dos séculos. 

  Negar ajuda a um refugiado, ou a uma pessoa que corre risco de vida por causa de perseguições arbitrárias, é um ato em si desumano. É algo que vai contra todos os valores nos quais sociedades mais desenvolvidas se baseiam, não é algo compatível com pessoas que se auto-intitulam “pessoas de bem”.

 “Mas, o influxo de pessoas não é muito grande ? A Europa irá sucumbir!”. Os países europeus tem todo o direito de fechar suas fronteiras. A Hungria ergueu inúmeras barreiras, e há relatos que o tratamento de refugiados é o pior possível, o que não deixa de ser curioso para um país que  que sofreu com o nazismo e depois com o stalinismo (culminando na forte repressão soviética de 1954). Ninguém é obrigado a ter compaixão pelos outros. Ninguém é obrigado a gostar dos outros. Logo, é claro que os Europeus podem simplesmente “lavar as mãos”.

  Agora, ao fazer isso, fica difícil sustentar as próprias bases das democracias européias. Negar ajuda a pessoas desesperadas, deixar que corpos de crianças apareçam boiando à beira de praias européias, não me parece ser compatível com os ideias europeus. 

  Não vou nem falar de refugiados crianças, pois a negação de ajuda a crianças é simplesmente um ato cruel, mas de adultos. Sim, é um enorme problema. De logística, de infiltração de terroristas, de pressão nos serviços sociais. Agora, imaginem a pressão que não está sendo na Turquia, Líbano e Jordânia com milhões de refugiados Sírios. A Turquia está sendo arrastada para o redemoinho. Há anos falo que se a Turquia (um país lindo, ainda secular e extremamente importante) de alguma maneira se tornar instável de forma muito aguda, a segurança da Europa estará completamente comprometida. Alguém fala sobre isso na imprensa ou nos textos apaixonados, mas quase todos sem muito substrato? 

  Sinceramente, depois de tanto viajar, eu nunca conheci um povo que denegrisse o seu país (o único, e felizmente são poucas pessoas, foi o brasileiro). A pessoa pode estar desapontada com as oportunidades de emprego, pode estar fugindo de um conflito, mas a esmagadora maioria das pessoas se sente conectada com a terra onde nasceu. Quase todos refugiados muito provavelmente apenas querem estar nos seus países, não querem necessariamente viver em outro local. Assim, a mitigação do problema passa pela tentativa de solucionar o complexo conflito na Síria. Como isso pode ser feito, eu não tenho a menor ideia.


  Quando estava no aeroporto de Istambul esperando a minha conexão para o Brasil, conversei alguns minutos com uma inglesa que vivia na Turquia e trabalhava para a Oxfam na área de refugiados. Como gosto bastante da Oxfam, aproveitei a oportunidade para elogiar o trabalho da organização, e perguntar com mais profundidade a situação dos milhões de refugiados na Turquia e como isso estaria pressionando a própria estabilidade da Turquia, e também questionei o papel da Europa em relação aos refugiados. Ela apenas , em relação a esta última pergunta, fez uma cara de desanimada e disse que sentia vergonha do que a Europa estava fazendo. 

 Não é um problema fácil, não há soluções simples, há um risco acentuado de ocorrer ainda mais ataques terroristas (porém creio que isso pode ocorrer com ou sem refugiados). Eu não tenho respostas para tudo isso. O que posso apenas dizer é que espero que a Europa, e o mundo desenvolvido como um todo, possa se manter fiel às tradições humanistas do pós segunda guerra mundial e não sucumba ao  puro xenofobismo, pois os lugares que esse tipo de conduta pode levar são sombrios, e a Europa sabe muito bem disso.


O texto está ficando grande e percebi que toquei apenas de forma indireta no tema “islamização” que foi o tópico da pergunta do colega anônimo. Deixarei para uma outra oportunidade para discorrer sobre esse tema.

Se isso é uma resposta normal a essa crise, é porque há algo profundamente errado conosco. Esses não são os valores que acredito serem compatíveis com uma sociedade que preza a dignidade humana.


  Um grande abraço a todos!



segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

ENCONTREI O QUE PROCURAVA? O QUE MUDOU EM MIM?

Olá, colegas. Espero que esteja tudo bem com os leitores deste espaço neste final de ano. Primeiros dias no Brasil, e estou feliz de visitar a cidade onde nasci. Joguei um pouco de xadrez numa pracinha em frente à praia (passei muitos anos na minha adolescência naquele lugar), fiquei triste ao saber que algumas pessoas  de mais idade que frequentavam o mesmo lugar tinham morrido. Faz parte da vida. Andei pela praia de Santos, é um bom lugar para se viver. Não é o que eu gostaria para mim, pois prefiro lugares não tão cheios, mas é inegável que se tem certa qualidade de vida em Santos. 

 Será que Santos mudou? Será que meus familiares mudaram? Será que eu mudei? Isso me leva a indagação de um colega que escreveu de forma anônima no meu último artigo:


Não lembro se existe em alguns dos seus textos os motivos pelos quais vc resolveu fazer uma viagem tão longa, mas sei que vc relatou insatisfação e falta de significado no trabalho. Após tanto tempo viajando, vc preencheu o que esperava com essa viagem? Como está o Soul hoje versus o Soul que iniciou a viagem? Eu sinto uma certa insatisfação e ansiedade por conhecer tão pouco o mundo (embora já tenha feito algumas viagens internacionais), pretendo algum dia fazer uma ou algumas viagens de volta ao mundo.
Forte abs!

  
  É uma pergunta profunda. Aliás, agradeço muito o leitor por esse questionamento. São essas indagações que realmente vão ao âmago de muitas coisas. São esses questionamentos que infelizmente muitas pessoas não se perguntam ao longo de suas vidas. São perguntas que parecem um pouco abstratas demais para serem feitas ou encaradas com seriedade, mas elas são fundamentais para um maior desenvolvimento pessoal.

 Viagens são carregadas, ao menos para muitas pessoas, de algumas finalidades. Conhecer um outro lugar, um outro povo, teria o condão de expandir o nosso conhecimento sobre o mundo, e em última instância sobre nós mesmos. Apesar disto, muitos, a esmagadora maioria infelizmente, viajam para ter confortos. Um hotel luxuoso. Um tour exclusivo. Além de ser uma experiência cara, ela em muitos aspectos é vazia. E por qual motivo? Pois não conhecemos novas culturas e povos ficando em hotéis caros, apartados da vida cotidiana de uma população.  Assim, uma viagem pode servir sim para questionarmos muitos aspectos da nossas vidas, como também pode ser apenas um passatempo de luxo sem grande significado.

  Eu esperava preencher algo com essa viagem? Aliás, eu esperava obter algo que mudasse a minha vida numa jornada tão longa de quase dois anos? A resposta é NÃO. Não viajei para preencher algo que estava faltando ou em busca de algo de grande significado. Apenas fui. Fui motivado por uma curiosidade, por querer sentir como é ter uma vida onde a rotina é não possuir rotina. 

  Vocês imaginam o que é durante quase dois anos ter que decidir o que comer, onde dormir, para onde ir, qual tipo de transporte tomar, etc, etc, quase que diariamente? As pessoas simplesmente não tomam essas decisões em seu dia a dia, pois  uma vida rotineira pressupõe que esse tipo de questão não faça parte do cotidiano. Porém, essa não foi a minha realidade, e a vida é muito diferente quando temos que fazer estas indagações de forma frequente.

 Isso teve o efeito de reforçar ainda mais a ideia de que temos que aceitar mais as coisas. Às vezes a comida não era boa, às vezes nem comida tinha, às vezes o lugar para dormir era bom, às vezes não. Quando aceitamos mais o que a realidade nos oferece, nos tornamos mais fortes, e se há alguma coisa diferente em mim em relação há dois anos, é que me sinto mais forte.

  Dormi diversas vezes no chão, em barracas, em quartos com várias pessoas, em trens, dormi até mesmo seis meses dentro de um carro pequeno,  e sinceramente dormi bem em quase todos os dias. Não comi com fartura como se come no Brasil, mas nem por isso fiquei mais fraco. Durante vários meses viajei por regiões do mundo onde não era possível se comunicar, mas nem por isso deixei de fazer as coisas. 

 Hoje, escrevendo no conforto de uma cama, depois de ter comido um rodízio de comida japonesa e ter conversado com amigos numa língua que me expresso com extrema fluidez, sinto que o conforto, a fartura e a facilidade são coisas boas, mas elas não são imprescindíveis para uma boa vida, aliás elas podem em muitos casos ser um impeditivo para uma vida mais significativa.

  Volto também com o sentimento de que há muita bondade, generosidade e beleza neste mundo. As relações humanas são o que tornam tudo especial, tudo. Todas histórias que possuo desta viagem, e são dezenas e dezenas, são especiais pelo aspecto humano. Os encontros humanos que tive o privilégio de ter foram de uma intensidade ímpar. Alguns duraram semanas, outros foram de algumas horas, mas todos de alguma maneira foram especiais.

  Fico triste quando vejo pessoas que não percebem a beleza das relações humanas. Se suas relações na maioria dos casos é baseada em obrigações sociais, onde não há uma genuína interação humana, só posso sentir tristeza e desejar que em certo momento da sua vida você possa perceber o quão a vida pode ser melhor quando interagimos de uma maneira mais profunda e densa com outros indivíduos da nossa espécie.

  O mundo que se descortinou se mostrou ainda maior e mais complexo do que eu já sabia que ele era. De lutadores Mongóis, a paraquedistas profissionais da Nova Zelândia, Aborígenes Australianos, Desarmadores de minas terrestres no Camboja, Motoristas Tajiks, Empresários Iranianos, etc, etc, o mundo é um mosaico de etnias, nacionalidades, habilidades, paisagens, problemas e tantos outros aspectos que possamos imaginar.   Um mundo tão diverso, apenas fez aumentar o meu sentimento de assombro. 

  
  Sempre há alguém melhor do que você, mais bonito, mais ágil, mais rico, mais inteligente, neste vasto mundo muito dificilmente você é o melhor em algo, e se por acaso você for, pode ter certeza que será mediano em milhares de outras habilidades  e características humanas. A vaidade, se formos refletir mais profundamente, é um tremendo auto-engano. 

  Assim, caro colega que fez a pergunta, não encontrei algo que estava procurando. Entretanto, encontrei satisfação, beleza e generosidade neste mundo. Dormi em lugares muito simples, tomei banhos em rio, usei banheiros de buraco por meses, comi comidas não tão boas, negociei centenas de vezes com pessoas que não entendiam o que eu falava, e sinto que tudo isso me fez muito mais forte, pois nada disso foi um sacrifício para mim, muito pelo contrário.

  O Soul de hoje comparado com o Soul de ontem está um pouco mais velho e com menos cabelo. Está feliz por ter realizado algo que não foi extraordinário como quando um cientista descobre algo novo, ou quando alguém ajuda a vida de centenas de pessoas com algum projeto social ou quando um empreendedor constrói um negócio que melhora a vida de muitos. Não, não foi algo extraordinário. Aliás, sinto que a esmagadora maioria das pessoas não possui nem mesmo interesse em ouvir o que tenho para contar, e não tenho qualquer problema com isso, aliás estou até mesmo evitando ficar falando muito, apenas respondo quando sou perguntado. 

  Porém,  apesar do que escrevi no último parágrafo, para mim (e talvez só para mim e a minha companheira) foi algo extraordinário, algo que talvez só o tempo dará  total dimensão do que foi a minha vida nestes dois anos. Sinto-me realizado, sinto que vivi momentos de uma beleza indescritível, e que essas memórias irão acompanhar-me para o resto da minha vida neste planeta azul.

   Um grande abraço a todos!
  


  

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

ENFIM BRASIL. PLANOS FUTUROS. MARAVILHOSO IRÃ.

 Olá, colegas. Estou na terrinha. Sim, minha viagem acabou. É uma sensação estranha. Ouvir português na sua função “brasileiro" em todos os lugares é muito diferente. Aliás, o próprio povo brasileiro é muito diferente de qualquer povo. Seja na linguagem corporal, no jeito de se expressar. Terei que me acostumar novamente.

 O meu último lugar a visitar foi o Irã. Foi um país extraordinário com experiências incríveis. Foi realmente fantástico. A hospitalidade foi algo que nunca vi na minha vida. Para terminar a viagem, no último dia fui submetido a sensação térmica de -30 graus, e meus amigos, é algo muito diferente, em poucos minutos o meu corpo estava todo dolorido. Montanhas nevadas, desertos com dunas imensas, lagos de sal, cidades cheias de cultura e história, cidades históricas como Persepolis (que lugar, e tive o prazer de ficar sozinho nesta cidade por quase 40 minutos), ilhas no golfo pérsico com  formações geológicas sublimes, mesquitas extraordinárias, desertos com “castelos" naturais formados pelo vento, cadeias de montanhas com castelos históricos de uma seita de assassinos de quase 1000 anos  perto do Mar Cáspio, a diversidade do Irã é algo que me surpreendeu de maneira muito forte.

  Minha escolha de terminar essa viagem no Irã foi muito acertada. Pretendo escrever muito sobre a minha viagem, então aqueles que gostam desse tópico podem ficar tranquilos. Peço escusas aos leitores e amigos, pois não acessei o blog no último mês, pois infelizmente alguns sites são bloqueados no Irã e não consegui acesso via VPN pelo meu computador. Verei o que foi comentado, e irei responder.

Mesquitas extraordinárias...

Amigos iranianos, o povo mais hospitaleiro que já conheci. A garota da direita dirigiu 4 horas , no dia seguinte a esta foto, apenas para nos levar aos fantásticos Kaluts no deserto.

Os fantásticos castelos no Deserto (Kaluts).

Montanhas incríveis no norte perto do Mar Cáspio

Meditando no topo de uma montanha em cima das ruínas do principal castelo de uma seita religiosa que ficou conhecida como "Assassinos" há 1000 anos .

Formações Geológicas incríveis em Qehsm Island no Golfo Pérsico


  Todos os estrangeiros me perguntavam, “poucos dias para voltar, como você se sente? triste?”. Minha resposta era que não. A vida possui fases e temos que aceitar este fato. Numa fase somos crianças, numa outra jovens, depois adultos, e querer que alguma fase desta não passe apenas traz infelicidade e apreensão desnecessárias. Esta viagem foi uma fase muito bacana, vi coisas extraordinárias, fui a lugares que pouquíssimos seres humanos (principalmente estrangeiros) vão, interagi diversas vezes de maneira intensa com pessoas diferentes, ou seja foi uma experiência incrível. Porém, teve o seu tempo de duração, e é preciso aceitar esse fato da vida.

 Agora, é tempo de pensar em fazer outras coisas. Um projeto é escrever livros, como já comentado neste blog. Tenho outros de variadas áreas, envolvendo dinheiro, a forma como me comporto com outros seres humanos, a forma como trato o meu corpo, entre outras coisas.

  Do ponto de vista financeiro, a minha volta já começou com emoção. Quando estava no começo da viagem do Irã, percebi que haveria um grande leilão um dia depois da minha volta. Olhei o edital, e fiquei impressionado com a quantidade de bons imóveis em potencial. Preparei-me para dar lances em 10 imóveis.  Isso envolveu uma grande preparação. A cada noite, enquanto minha companheira dormia, eu realizava inúmeras pesquisas na internet, dava ligações para o Brasil, e tentava na maneira do possível cobrir de maneira correta todo o meu check-list de segurança. Pela quantidade de imóveis que iria tentar arrematar, o trabalho foi extenso. 

  Entretanto, felizmente estava preparado e bem calmo. A adrenalina que ocorria em mim nas primeiras compras, hoje em dia quase desapareceu. Isso me dá uma vantagem muito grande, pois não me sinto emocionalmente afetado mesmo que seja algo muito dinâmico e envolva quantias razoáveis de dinheiro em apenas um clique. Fiquei apenas apreensivo, pois a conexão de internet falhou faltando quatro minutos para eu tomar uma decisão, e eu consegui restabelecer falando oito segundos. Sim, pareceu coisa de filme. Na maioria dos lotes, os lances passaram do montante que achava que valeria o risco x retorno, e desisti sem quaisquer problemas. Outros, porém,  consegui comprar. Agora, terei outro foco, fazer todo o processo de regularização jurídica desses imóveis.

  Assim, resolvi me imobilizar ainda mais, apesar da minha liquidez ainda ser muito grande , o que me dá certa folga. Estabeleci um prazo de dois anos e meio para tentar transformar meus imóveis em liquidez. Muito provavelmente também voltarei para o meu cargo por esse período. Depois desse prazo, verei o que farei, mas já tenho uma idéia: dupla independência financeira.

  O que seria isso? A minha ideia sobre diversificação internacional deu uma certa guinada. Pesa em relação a isso os escritos do excepcional blog Investidor Internacional. Um blog de altíssima qualidade, com artigos extremamente bons sobre uma tema que provavelmente nem investidores profissionais sabem tão bem.  Ele foi o único blog  brasileiro que dei “control c” “control v” para reler os artigos e comentários de certos textos. Como já li e ainda possuo diversos livros estrangeiros sobre o tema, a montagem de uma carteira internacional não será algo difícil creio, ainda mais com novos colegas desbravando esse território e contando notícias do além-mar, como o meu colega Frugal Simples.

 Como diz o colega Viver de Renda que não é necessário continuar jogando se o jogo está ganho, não há qualquer razão de continuar jogando apenas o jogo brasileiro se a partida já está ganha por goleada.

 Sendo assim, irei destinar uma parte mais fundamental do meu patrimônio para formar uma carteira diversificada entre várias classes de ativos localizados em várias partes do mundo. Irei fazer isso principalmente por meio de índices ou ETFs. A gama de oportunidades é gigantesca. Dias atrás estava lendo sobre ETFs do mercado africano. É impressionante como por meio de um ETF que pode se comprar com um clique é possível ter exposição a uma gama de países africanos e do oriente médio, por exemplo, o que dá a oportunidade de capturar o crescimento dessas regiões, que na minha opinião será muito maior do que o mundo desenvolvido nas próximas décadas. 

  Pretendo ter um valor que me proporcione obter visto de investidor qualificado em qualquer país, se acaso assim eu deseje,  e alguma sobra para viver alguns anos enquanto o investimento do visto possa maturar. Por outro lado,  a maior parte do patrimônio deixarei no Brasil mesmo. Farei o feijão com arroz, deixando uma parte para negócios imobiliários. Um negócio bem feito paga minhas despesas por alguns anos.

  Assim, pretendo ser independente aqui, bem como uma espécie de outra independência no exterior. O prazo para isso é algo em torno de dois anos e meio, prazo suficiente para eu tocar os projetos por aqui.

  No mais, pretendo modernizar o blog, fazer vídeos para o youtube, me identificar. Gostaria também de começar a falar mais com os colegas, fazer palestras com o intuito de encontrar mais pessoas e fazer mais amigos, já que essa viagem apenas consolidou ainda mais em mim a ideia que a satisfação está em relações pessoais boas com os outros seres humanos. Há pessoas que procuram isso apenas em suas relações familiares. É indiscutível que a nossa família é de extrema importância, quase que o centro sobre o qual a nossa existência orbita. Isso é indubitável. 

  Porém,  eu creio que isso é muito pouco, pois não nos relacionamos apenas com os familiares, mas com uma miríade de outras pessoas, e quem foca apenas nas relações familiares, em minha opinião, deixa de ter uma qualidade de vida maior, limitando a experiência humana de maneira desnecessária. 


Depois de muita dor no corpo por ficar 2 minutos exposto a uma sensação de -30, num refúgio para esquiadores (minhas roupas eram para no máximo uns -6). Dois senhores iranianos instrutores de esqui, uma conversa agradável, onde nos ofereceram chá e comida (aliás a quantidade de chá, comida, lugar para dormir  que os iranianos nos ofereceram nas quatro semanas que ficamos lá, foi algo inacreditável)

Sim, isso é Irã, muito mais bonito que as cadeias de montanhas que visitei na Suíça.

Ex-Embaixada americana em Tehran (a que foi invadida). Um lembrete do papel terrível que os EUA exerceram no Irã nas últimas décadas.

Dunas impressionantes

Sunsets incríveis
Mas o que tornou tudo especial foi o povo. Tive que insistir muito para que essas duas gentis garotas não pagassem o  nosso Hot Chocolate (o mais gostoso da minha vida).



  É isso amigos, um grande abraço a todos!