segunda-feira, 26 de outubro de 2015

CONQUISTAS FINANCEIRAS NÃO SÃO NECESSARIAMENTE INDICATIVO DE SUCESSO HUMANO

Olá, Colegas! Seguindo a linha de um artigo feito há pouco tempo em homenagem ao Abujamra, escrevo sobre algo que parece ter dominado corações e mentes de muitas pessoas: a busca desenfreada por sucesso financeiro, tendo o dinheiro como o maior, ou talvez único, balizador do sucesso humano de um indivíduo. Isso faz sentido? O sucesso financeiro é necessariamente um bom parâmetro para se analisar a trajetória de vida de um ser humano? No decorrer do presente artigo, tento responder a estas perguntas dando a minha opinião sobre o tema.

   “Quem dirige um ford focus fez por merecer”, é o que diz a propaganda. Quando vi pela primeira vez essa propaganda na televisão, automaticamente pensei “E se o Fernandinho Beira-Mar estiver dirigindo um Focus ele também fez por merecer?”. Na época da propaganda, eu ainda estava na Universidade, e o famoso traficante era notícia em todos os meios. Além do mais, o pai de um amigo meu que era delegado da polícia federal estava encarregado da custódia do traficante durante um período de tempo. Logo, a figura do Fernandinho deveria estar bem viva em meu cérebro, por isso a minha associação. A propaganda queria associar o fato de alguém dirigir um carro caro, pelo menos o era na época (aliás, no Brasil todos os carros são caros, e é uma completa insanidade financeira gastar muito dinheiro com automóveis por aqui), a não só sucesso financeiro, mas como também a um sucesso enquanto ser humano. Aliás, é isso que a propaganda que todos são bombardeados de forma acachapante (não, você não é imune a isso, há inúmeros efeitos dessa quantidade absurda de marketing sobre a sua forma de pensar, principalmente e relação ao sistema 1 ,a forma mais instintiva e automática de se posicionar no mundo) tenta fazer com as pessoas: impingir a ideologia que confunde dinheiro com felicidade e por via de consequência sucesso humano.

   Isso é importante. Quase todos os seres humanos muito provavelmente irão concordar que  talvez o maior objetivo da vida é se sentir realizado, uma percepção subjetiva de extremo bem-estar, chame isso de felicidade se quiser. A constante busca desse bem-estar, da felicidade, é algo quase que natural para todos. Assim, associar bem-estar subjetivo humano a sucesso financeiro unicamente possui inúmeras consequências em várias esferas, porém esse texto irá focar em apenas algumas.

   Então, leitores, o Fernandinho beira-mar faria por merecer se estivesse num carrão? Sim ou não? É muito fácil fugir dessa questão e dos desdobramentos, mas creio ser importante enfrentá-la. E se ele não merecesse, por qual motivo ele não mereceria? Alguém pode argumentar que ele não faria por merecer, pois ele se beneficiou financeiramente em detrimento do sofrimento de muitas pessoas. Essa pode ser uma boa resposta. Assim, para fazer por merecer dirigir um carrão, ou seja para que o sucesso financeiro seja equivalente a sucesso enquanto ser humano, é necessário que este sucesso financeiro não seja fruto do sofrimento alheio. Porém, se alguém é franqueado de uma rede famosa de Fast Food  , por exemplo, pode-se falar que o sucesso financeiro dele foi livre de sofrimento de outras pessoas? Muito dificilmente. Não há qualquer dúvida científica que essa espécie de alimento- se é que podemos chamar de alimento - é uma das causas de inúmeras complicações de saúde em jovens como obesidade, problemas cardíacos precoces, pressão alta, entre tantos outros problemas.  A maior epidemia hoje em dia na humanidade é stress e obesidade, com custos, ouso dizer, de centenas de bilhões de dólares para a saúde pública, ou não, ao redor do mundo. Alguém que é dono de uma loja de armas, por exemplo, não pode afirmar, mesmo que esteja de boa-fé,  que eventualmente o produto vendido não seja utilizado para algum ato horripilante. Isso se estende por quase todas as atividades. É por isso que o meu pai sempre me disse que “dinheiro é sangue”, e sempre que eu o vejo ele me pergunta se eu li um livro indicado por ele (o único que ele me indicou em toda vida), mas eu infelizmente ainda não tive a oportunidade de ler.

   Não está convencido? Se você é dono de um bar, por acaso você pergunta de onde veio o dinheiro que irá pagar o cafezinho? E se o dinheiro veio de um latrocínio? Você que vai vender um imóvel se preocupa de onde veio o dinheiro (assumindo é claro que a transferência do dinheiro seja feita de forma legal)? E se o dinheiro vier da exploração do transporte de refugiados sírios para a Europa? Ninguém se importa com isso ou se preocupa. Se assim o fosse, as relações comerciais simplesmente travariam. Logo, é muito melhor, para fins de funcionamento da sociedade, ignorar essa questão. Portanto, a resposta sobre o Fernandinho Beira-Mar talvez não seja suficiente para retirar o mérito do seu sucesso financeiro, pois inúmeras atividades humanas podem estar se beneficiando direta, ou indiretamente, do sofrimento humano.

   Alguém então pode argumentar “Bom, ao menos a atividade de um dono de padaria é legalizada, e de um traficante de drogas não o é”. Esse argumento é muito interessante, principalmente quando proferido por pessoas que acreditam na ideologia de micro-Estado ou de nenhum Estado. Ora, se o Estado deve ser micro, evidentemente uma atividade ser legal ou não, aos olhos do Estado, não pode ser um fator de diferenciação ética entre atividades. Para ficar mais claro, o Estado dizer que uma atividade é legal e outra não, segundo essa forma de ver o mundo, não é um fator suficiente para dizer se uma atividade é correta ou não. Pelo contrário. As atividades deveriam ser livres, sem regulação estatal.  Logo, a chancela estatal não significaria nada sobre a ética ou não da atividade. “Eu não acredito em anarcocapitaslimo ou mirco-Estado, logo isso não se aplica a mim”. Correto. Porém, a questão ainda permanecesse de uma simples regulação estatal não necessariamente ser suficiente para discernir o que é ético ou não. Afinal, e isso é bem claro para quem já teve a oportunidade de estudar direito, legalidade não se confunde necessariamente com legitimidade. Vender cocaína faz mal as pessoas que consomem. Vender salgadinho frito para crianças com menos de 10 anos também. Vender refrigerante também. Vender bebida alcoólica também (ao menos,  a depender da bebida alcoólica, em doses bem moderadas os efeitos podem ser neutros ou até mesmo positivos ao organismo). “Soul, estou achando forçado, um traficante vende drogas ilícitas, isso só pode ser errado”. Pode ser errado, mas qual é a diferença, do ponto de vista ético, de alguém que vende drogas lícitas?  Cerveja é uma droga, mas ela é legalizada pelo Estado. Cigarro é uma droga, mas ele é legalizado pelo Estado. Não há, do ponto de vista ético, muita diferença entre a atividade de vender cigarros e cerveja  e drogas mais pesadas. Pelo contrário. Qualquer especialista no assunto diz que o álcool é uma das piores drogas que existe em relação à saúde pública. Quantas mulheres não foram ou são surradas por maridos bêbados que chegam em casa? Quantos jovens não perdem a vida por estarem alcoolizados na direção do veículo?  O custo social, além é claro das tragédias individuais, é imenso, muitas vezes maiores do que drogas consideradas mais pesadas. 

    Destarte, se alguém é sócio de uma empresa que vende cigarros ou cerveja, faz parte de um empreendimento que vende drogas que invariavelmente ocasionam morte e sofrimento. Portanto, acionistas da Souza Cruz, Ambev (apenas para citar empresas listadas em bolsa que estão diretamente ligadas com a venda de drogas), estão sim se beneficiando do sofrimento humano, quanto mais os lucros sobem baseado em volume de vendas (não em alguma eficiência organizacional), mais sofrimento humano é causado.  Um último argumento poderia ser no sentido de que o Fernandinho Beira-Mar usaria de meios coercitivos violentos em relação a clientes devedores ou a concorrentes. Ora, isso porque o ramo de atuação dele está na ilegalidade. Uma das vantagens de se tornar legal uma atividade é o fato que todo o arcabouço jurídico do Estado de Direito, com suas vantagens e desvantagens, pode ser aplicado em relação à atividade em questão. Assim, um profissional liberal talvez gostaria de empregar métodos “não-tradicionais” de cobrança dos seus clientes em atraso, mas a toda evidência como a sua atividade é legal (pelo menos de princípio), isso seria muito difícil. Além do mais, mesmo empresas em atividades legalizadas usam inúmeros métodos coercitivos contra outros concorrentes, a grande diferença é que talvez seja uma “coerção legalizada”, porém em muitas casos nem isso o é.

   Portanto, do ponto de vista lógico, se alguém confunde sucesso financeiro necessariamente como sucesso enquanto ser humano, e o número de pessoas assim é gigantesco, a aceitação do fato que de que o Fernandinho Beira-Mar fez por merecer um Ford Focus é quase que forçosa. Grifei o “necessariamente”, pois a toda evidência o sucesso financeiro pode significar inúmeras qualidades humanas positivas como perseverança, comprometimento, inovação, etc. O foco desse artigo é apenas em relação a associar sucesso financeiro automaticamente a sucesso enquanto ser humano.

   
   A vida finita de um ser humano neste planeta vai muito além da sua trajetória financeira. Pensem em vocês mesmos leitores. Muitos dizem que seus pais são fontes de orgulho e inspiração. A maioria dos que assim falam diz que os seus genitores não tiveram muito sucesso financeiro (no sentido de grande acumulação de patrimônio), mas são exemplos de vida. Ora, se uma pessoa considera sucesso financeiro equivalente a sucesso humano, então achar o pai um exemplo de vida, sem ele ter tido grande sucesso com dinheiro, é uma contradição lógica. Não, colegas, isso é apenas um indicativo de como nós enquanto seres humanos damos valor para muitas outras coisas além do dinheiro. O amor de um pai ou mãe pelo filho e a capacidade de doação dos país para que os filhos possam ter uma vida melhor podem ser citadas como características tão ou mais importantes do que o sucesso financeiro. Ou alguém prefere um pai rico, ausente e sem amor, ou um pai não tão rico, mas presente e amoroso ( a toda evidência um pai com grande sucesso financeiro pode também ser presente e amoroso, não há uma relação de contrariedade obrigatória)?

   Portanto, prezado leitor,  ao invés de medir o seu sucesso na vida pela quantidade de bens ou de dígitos na sua conta bancária, ou do seu portfólio como um todo, reflita se você foi e está sendo um bom companheiro(a) para a sua parceira(o).  Um bom filho. Um bom amigo. Se a dor e o sofrimento de outras pessoas incomodam você, ou se é indiferente (um outro bom indicativo, em minha opinião, para se avaliar sucesso humano). Se você traz alegria e motivação para pessoas a sua volta, ou se ao contrário traz apenas sofrimentos e angústia. Aliás, para responder se uma pessoa teve sucesso na vida, gosto muito das duas perguntas que a religião egípcia da época dos  Faraós dizia que eram feitas quando do julgamento depois da morte: “ Você encontrou  alegria na sua vida? Você trouxe alegria para vida de outros?” 

  O que vocês diriam, colegas, se tivessem que responder hoje a essas duas questões? Se a resposta sincera não os agradar, nunca é tarde para encontrar alegria e trazer alegria para a vida dos outros. Pensem nos seus pais, aqueles que nutrem admiração, e percebam como eles trouxeram alegria para as suas vidas, e talvez por isso se pode dizer que eles foram seres humanos com grande sucesso. “Mas, Soul, se meu pai me trouxe alegria, era amoroso, mas foi desonesto em diversas atividades em relação a outras pessoas?” Bom, colega, aí entramos no tópico de um outro artigo que pretendo escrever em relação à expressão acrítica, auto-bajuladora, e em essência não verdadeira, sobre pessoas que se auto-intitulam "cidadãos de bem”, num maniqueísmo tão infantil que lembra a política internacional desastrosa do Bush filho quando presidente da maior potência econômica e militar do mundo.

Não sei se estou trazendo alegria para outros, espero que sim, mas estou achando alegria na vida. Soulsurfer em momento de puro êxtase numa das melhores sessões de surf que já fiz. Lakai Peak (East Sumbawa): 6 pés plus, bancada de coral rasa, pesado, qualquer descuido é prancha quebrada no meio e corte de coral (vi várias situações dessas), simplesmente perfeito!

  Grande abraço a todos!
   




sábado, 24 de outubro de 2015

VOCÊ NÃO É UM GESTOR PROFISSIONAL - SOBRE TEMPO E FINANÇAS

Olá, colegas! Espero que esteja tudo bem com os prezados leitores desse blog. Sim! Sim, finalmente estou surfando na Indonésia. Faz uns 10 dias que surfo todos os dias sem parar, o meu corpo já está ficando dolorido. Ainda tenho mais 8 dias na afastada e nada turística ilha de Sumbawa. Estou aqui surfando Lakai Peak, uma onda forte e muito conhecida no mundo do surf. Hoje foi uma das melhores sessões de surf que já tive na vida. Uns dias atrás estava em Kuta na ilha de Lombok, que lugar lindo. Peguei várias ondas boas e conheci diversas pessoas bacanas lá, muitas mesmas, foi bem especial. Estou para escrever outro artigo para o blog desde um insight que tive descansando numa piscina na Gili Air (uma ilha lindíssima, fui para lá depois de ficar duas noites na ilha festeira Gili T). Isso já faz uns 12 dias. Porém, não reservei um tempo apenas para escrever. Resolvi fazer isso agora, enquanto espero a maré subir mais um pouco e o sol arrefecer para ir surfar pela segunda vez no dia. 


Olha o visual do Mergulho que tive na Gili Air (considerado um dos melhores lugares do mundo para se mergulhar). Foi simplesmente demais. No mesmo dia tive um insight enquanto descansava numa piscina  bem bacana de um hotel de apenas 13 dólares.

  Afinal, qual é o tema do artigo? Não sei ao certo, vamos ver o resultado quando eu parar de escrever. Entretanto, os “tijolos" de construção desse artigo serão três artigos de outros blogs. O primeiro é um artigo do Dividendos, blogueiro bem conhecido, onde ele faz a pergunta sincera e pertinente se nós investidores amadores não deveríamos buscar aconselhamento profissional em matéria de finanças  - Profissional Eu? O outro é um artigo do Blog Di Finance sobre como o longo prazo nada mais é do que a sucessão de diversos prazos mais curtos - A ilusão na dicotomia curto prazo e longo prazo. Por fim, o último artigo é um do Blog do Rover recomendando alguns livros para leitura (nenhum sobre finanças - Livros para crescer e enriquecer) . O que esses artigos aparentemente desconexos podem ter em comum? Veremos.

  O que é o tempo? Essa questão é muito profunda, muito mais do que o nosso cotidiano sem tanta reflexão por questões mais abstratas pode nos levar a crer. Essa é umas das questões mais polêmicas na Física Moderna, por exemplo. Eu guardo uma profunda admiração por Einstein, pois ele conseguiu mudar a nossa compreensão sobre o tempo (ele também mudou a nossa concepção sobre espaço). O brilhantismo disso, a inovação dessa forma de pensar, é tão profundo que eu só posso atribuir essa ânsia moderna de chamar muitos de gênio ao fato da maioria das pessoas desconhecerem o que muitos homens da ciência fizeram, é a única explicação possível.  Warren Buffett está a muitos anos-luz, mas muitos mesmo, de ser considerado um gênio da humanidade se levarmos em consideração os diversos trabalhos de Einstein e como eles mudaram profundamente nossas vidas.  Assim, a questão do que é o tempo é muito complexa, não é o foco desse artigo esmiuçar esse tema, nem mesmo teria competência para tratar de maneira adequada desse assunto. Porém, aqui vou definir tempo como o que achamos normal e intuitivo, uma sucessão de acontecimentos que sempre vai para frente e nunca para trás. Contudo, fique claro que não é esse o conceito atualmente aceito por físicos, ou melhor dizendo, não é apenas esse.

  Logo, o tempo de nossas vidas é a sucessão de anos que estamos vivos. O ano é a nossa única medida? Claro que não, podemos medir o tempo em meses, dias, horas, segundos e até mesmo em frações menores do que segundo, se for para medirmos em unidades menores do que um ano, ou em décadas, séculos, milênios, etc, se formos medir em unidades maiores do que um ano. Refletir sobre isso já nos traz alguns insights interessantes. Você pode se preocupar no que vai acontecer no próximo ano, mês, ou hora. Entretanto, apenas em situações muito especiais você irá se preocupar com que irá acontecer no próximo milisegundo ou no próximo milênio. Por qual motivo? Simples. A realidade dessas medidas de tempo parecem não nos dizer respeito enquanto indivíduos da espécie humana. Elas são desnecessárias? Evidentemente que não. A física de partículas (antes que você ache que não tem qualquer relação com a sua vida “prática”, sem esse campo do conhecimento humano não há empreendedorismo nos moldes atuais, ou até mesmo os confortos da vida moderna, pois simplesmente não haveria qualquer equipamento eletrônico. Foi e é a Ciência que nos faz avançar enquanto espécie, apesar de algumas ideologias quase não darem nenhum crédito a esse fato básico da vida) usa medida de tempo que são incompreensíveis para nossos cérebros. Ou por algum motivo a gente consegue conceber o que é um nanossegundo (10 elevado a -9 segundos)? Não, é impossível. Logo, não há importância aparente para a nossa vida prática do dia a dia, mas essa medida de tempo é crucial para o aumento do nosso entendimento sobre o universo e as diversas aplicações práticas que isso traz para a vida das pessoas comuns. 

  Porém, o que é um segundo se não a junção de centenas de milhões de nanossegundo.  O que é um milênio senão a soma de 1000 anos. Logo, o que acontece num nanossegundo não é importante para nossas vidas, apesar de milhões de nanossegundo juntos terem uma importância prática muito maior. “Soul por qual motivo essa divagação toda sobre segundo, milênio, vá ao ponto!” algum leitor pode estar dizendo ao chegar na leitura dessas palavras. Aqui, posso começar a tratar dos três artigos supracitados. No artigo do Di Finance, o foco é que como o longo prazo é uma sucessão de prazos mais curtos, não se preocupar com o que acontece no curto prazo em suas finanças e deixar tudo para o longo prazo pode ser um erro. Sim, ele está correto, mas vamos refletir um pouco  mais sobre esse tema.

  No artigo em questão não é definido o que é longo e curto prazo. Vamos, apenas por conveniência, dizer que o curto prazo é um mês e o longo prazo 25 anos. Assim, o retorno financeiro que um investidor terá com o seu portfólio será a sucessão de retorno de todos os meses nestes mesmos 25 anos. Correto. Logo, o investidor deve se preocupar com o retorno que teve mensalmente. Talvez. Porém, o mês é formado de dias. Se redefinirmos longo prazo como um mês e curto prazo como 1 dia, o mesmo raciocínio, pela lógica formal é o mesmo, se aplica aqui. O seu retorno financeiro num mês será a sucessão de retornos diários. Logo, o investidor deve se preocupar com o seu retorno diário. Aqui já começa a ficar um pouco esquisito, não? E se redefinirmos mais uma vez longo prazo como um dia e curto prazo como um minuto? O investidor terá que ficar preocupado com o seu retorno financeiro a cada minuto? Pode ser que sim, pode ser que não. 

   Não faz sentido, em minha opinião é claro, preocuparmos demais com retornos financeiros em prazos mais curtos, a não ser que tenhamos objetivos financeiros que dependam exclusivamente de resultados em períodos mais curtos de tempo. Assim, se alguém quer operar fazendo day-trades, talvez o retorno financeiro minuto a minuto possa fazer sentido, pois a pessoa tem algum objetivo financeiro que dependa de retornos em curtíssimos períodos de tempo. O longo prazo para um trader é diferente do longo prazo para alguém que quer simplesmente ter uma velhice ou um futuro mais tranquilo. Essa é uma grande omissão, em minha modesta opinião,  no artigo do Di Finance (apesar dele ter bastante valia no sentido de chamar atenção sobre escolhas erradas de ativos financeiros): não considerar que há objetivos financeiros distintos, o que envolve prazos de maturação completamente diferentes, entre diversos investidores.


  Portanto, se alguém que possui o objetivo de pagar uma faculdade no exterior para um filho de dois anos, ou se alguém quer ter um complemento de aposentadoria com o capital acumulado daqui 30 anos, a pessoa deve se preocupar com os retornos financeiros, diários, semanais ou mensais? Eu creio que não, se entendermos preocupação como estado de espírito que gera angústia e desconforto mental e até mesmo físico, o que é o caso para muitos investidores. Quando a pessoa passa por situações como essa uma verdadeira cascata bioquímica ocorre no organismo, com resultados terríveis para o corpo. O Stress é um dos maiores venenos para a nossa sanidade física e mental. Logo, devemos guardar o Stress apenas para situações que realmente possam nos deixar muito preocupados. Apenas ressalto que o Stress tem a sua importância biológica, principalmente na evolução de nossa espécie. Se um ser humano há 25 mil anos fosse ameaçado por algum animal feroz, faz todo o sentido do ponto de vista biológico  que o nosso organismo reaja de maneira rápida e intensa ao evento, mesmo que isso eventualmente gere um processo de reações químicas adversas ao nosso corpo no longo prazo (melhor estar vivo no curto prazo). O problema é que em nossas vidas modernas muitas pessoas estão deixando que o stress seja algo quase que permanente, o que ocasiona consequências desastrosas no médio-longo prazo de vida desses indivíduos. O Stress é uma doença moderna e está se espalhando com uma velocidade incrível e surpreendentemente isso é aceito como um fato da vida, o meu último artigo de maneira indireta toca nesse assunto.

  Isso quer dizer que compro OGX, ou FII, ou títulos do governo suíço pagando juros nominais negativos, e deixo isso tudo para o longo prazo, acaso os resultados financeiros de mais curto prazo sejam negativos,  já que o meu objetivo com finanças é apenas aposentar daqui dezenas de anos? Não, colegas, claro que não. A maioria das pessoas que leem esse espaço já possui alguma, ou muita, experiência com finanças. Todos nós sabemos que devemos escolher ativos que possuam a possibilidade de se valorizar em prazos mais longos, pois são bons geradores efetivos  ou potenciais de fluxo de dinheiro. Às vezes erramos em nossas assunções e escolhemos ativos ruins, e não há nada de errado em reconhecer o erro, quanto antes melhor. Ora, temos que ser práticos, quantos investidores não se arrependem de algumas escolhas feitas sem muito pensar? Isso é normal, e temos que ter humidade intelectual e admitir que erramos. Porém, isso em nada confunde com os ciclos mais do que naturais dos ativos financeiros.

  O mercado imobiliário, por exemplo. A não ser países com população estável, ricos,  e com crescimento econômico baixo (e mesmo assim tenho minhas dúvidas), é mais do que natural, e a história pulula de exemplos, que os imóveis tendem a ter ciclos muito longos. Eu já escrevi sobre isso algumas vezes aqui nesse espaço. Quão longo vai ser um ciclo depende de inúmeros fatores, mas o fato é que nenhum ativo financeiro atrelado ao mercado imobiliário vai ter retornos financeiros negativos por décadas a fio. Pode acontecer? Evidentemente que há essa probabilidade, mas ela é bem pequena em minha opinião. Por qual motivo? Colegas, se os preços dos imóveis tiverem rentabilidades reais negativas por muitos e muitos anos, o que vocês acham que num cenário como esse estaria acontecendo com a renda dos trabalhadores, o retorno dos capitalistas e a arrecadação do Estado? É possível que a renda dos trabalhadores cresça, os lucros empresariais cresçam e arrecadação do Estado aumente com os imóveis tendo retornos negativos por dezenas de anos? Não, não é possível. Se os ativos de uma economia colapsarem, ou tiverem retornos negativos por muitos e muitos anos, a única consequência possível é uma retração brutal e avassaladora no nível de vida das pessoas e da precificação em todos os ativos financeiros desse país. 

   Assim, há muita gente inteligente e preparada querendo descobrir a duração de ciclos de ativos, pois as recompensas são gigantescas. Não vou entrar no mérito se isso é possível ou não, mas adentrar nos artigos dos dois outros blogueiros citados. O artigo do Dividendos faz uma pergunta sincera e bastante pertinente se não faz sentido investidores amadores como nós buscar ajuda de profissionais do mercado financeiro. Colega Dividendos, faz todo o sentido do mundo, principalmente para pessoas com patrimônios mais substanciosos. No meu caso específico,  1 ou 1.5% ao ano a mais é quase equivalente ao quanto eu gasto por ano para ter uma  vida confortável no Brasil. Logo, gestores profissionais podem sim nos sugerir alocações patrimoniais que possam melhorar os nossos resultados sem resultar em aumentos substanciais de riscos. A toda evidência, precisamos ter cuidado com potenciais conflitos de interesses e gestores profissionais que talvez não sejam tão bons, mas é sempre importante ouvir opiniões de pessoas que dedicam a sua vida ao mercado e que possam ter um interesse genuíno nos interesses dos clientes. 

  Porém, o principal ponto de gestores profissionais é o tempo. Em minha opinião, e o excelente blog investidor internacional (pretendo falar mais sobre esse espaço da internet num próximo artigo sobre investimento no exterior) é um exemplo prático, um gestor profissional pode ser substituído por uma boa alocação em ETFs. Porém, infelizmente, o Brasil é ainda carente nessa espécie de instrumento financeiro. Lembram-se da discussão sobre o tempo alguns parágrafos acima? O fato é que o nosso tempo de vida na terra a cada momento se encurta, ele não aumenta. Se pensarmos em vida com saúde física e mental, o nosso tempo é ainda mais curto. Portanto, mesmo pensando de forma apenas econômica, o tempo é um ativo valiosíssimo e escasso em nossas vidas. Nem sempre podemos fazer o que a gente realmente quer na vida, alguns, ou vários, sacrifícios precisam ser feitos para alcançarmos alguns objetivos, porém se de alguma forma conseguirmos minimizar a quantidade de tempo gasta em atividades que não nos deixam muito satisfeitos, melhor para a nossa sensação de bem-estar e felicidade. 


  Assim, gestores profissionais podem nos economizar tempo, e isso, meus amigos, numa vida cada vez mais conturbada na qual muitas pessoas estão submetidas não é pouca coisa. Isso me leva ao artigo do colega Rover. Ele fez uma resenha pessoal de vários livros não-financeiros. Até aqui nada demais. Entretanto, eu estava numa piscina descansando, depois de fazer um mergulho na Gili Air, e aproveitando para fazer um artigo sobre dólar, investimento no exterior e recency bias. Como tinha internet, resolvi reler alguns estudos do credit suisse international (são excelentes), bem como ler o novo do ano de 2015. Quando estava lá pela décima página num artigo sobre taxa implícita de desconto e como a atual do mercado americano estava muito menor do que a média histórica (no decil 90 se não me engano), o que poderia indicar uma grande sobreavaliação dos ativos, eu me dei conta que apesar do tema ser interessante, não era exatamente sobre o que eu queria ler, e instantaneamente lembrei dos livros indicados pelo Rover, os quais confesso li apenas dois.  Pensei comigo mesmo, e eu já fiz isso diversas vezes, " eu não sou um gestor profissional, eu não quero ser um gestor profissional". Apesar disso eu já li muito material que só tem sentido para gestores profissionais. Aprendi bastante coisa, algumas apliquei em meus raciocínios imobiliários, mas o fato é que eu não sou responsável pela gestão de centenas de milhões de reais e nem quero ser num futuro próximo.

  O que eu quero é ter uma semana tão agradável na companhia de tantas pessoas bacanas (um espanhol, uma brasileira, um brasileiro que mora em Noronha e é apresentador do canal OFF, dois brasileiros Kiwi e um brasileiro doidão que mora simplesmente em Bondi Beach em Sydney - quem não conhece é um dos lugares mais caros para se viver do hemisfério sul) como a que tive em Lombok. Eu quero pegar altas ondas em Lakai Peak às 5 e 20 da manhã como fiz hoje (o artigo está sendo terminado apenas agora). Eu quero ir para  a disnelândia  do surf nas ilhas Mentawai no oeste da ilha de Sumatra, o que se tudo der certo acontecerá em duas semanas. Eu quero ler diversos livros sobre romance, drama, ciência. Para isso eu preciso de tempo, eu não preciso de retornos financeiros absurdamente altos, o que se for possível com certeza vai me demandar muito tempo, porque a minha satisfação não virá de uma Ferrari ou alguma mansão em Miami. Creio que muitas pessoas pensam de forma parecida, pois perceberam como o que mais temos de importante é a nossa saúde e o nosso tempo, não as coisas que eventualmente podemos possuir. Infelizmente em muitos casos são as coisas que possuem as pessoas, e não o contrário, o que é uma inversão total e completa de sentido. 

   Portanto colegas, e aqui encaminho-me para o fim do artigo, não se preocupem e fiquem estressados de maneira desnecessária. Preocupar-se com coisas que não temos qualquer controle  como: se o dólar vai voltar para o seu patamar de paridade com o dólar, algo em torno de R$3,15, ou se vai a R$6,00, se o FED tentará aumentar a FFR e com qual intensidade, se o conflito da Síria irá se transformar num conflito muito maior, se o Brasil voltará a crescer em 2017 ou 2019 ou como estará o mercado financeiro brasileiro em 2022, etc, etc. Evidentemente, precisamos nos preocupar em administrar bem o nosso patrimônio, em momentos de turbulência tentar manter o poder aquisitivo do mesmo (e o Brasil é pródigo nisso com juros reais estratosféricos) e conseguir bons retornos financeiros em períodos mais curtos de tempo. Ora, quem não quer isso? Porém, o que mais um pequeno investidor, além de diversificar em vários ativos (e talvez para quem tenha um pouco mais de capital em ativos no exterior) de classes diferentes pode fazer? Talvez existam técnicas sofisticadas com derivativos para proteger ainda mais o investidor, porém se os objetivos financeiros de investidores amadores depender disso, creio que isso seria contrário a todas as evidências a minha volta (minha família, eu mesmo, diversas pessoas que conheço, que apenas acumularam e investiram o seu dinheiro com parcimônia) e não faria muito sentido, pois tornaria a finanças pessoais território de pessoas altamente treinadas, o que não é verdade. 

  Uma vida com mais tempo para fazermos coisas que nos dão sentido, bem como uma vida com pouco stress, é muito melhor de ser vivida. Reflita sobre isso quando se sentir muito preocupado com o seu retorno semanal ou mensal nos investimentos, ou quando estiver esmiuçando detalhes financeiros que podem ter uma complexidade que não é necessária para que você alcance os seus objetivos financeiros, que quase sempre serão únicos e diferentes de outros investidores.


                          Na esquerda divertida de Don Don na belíssima baía de Gerupuk (há cinco breaks um do lado do outro, coisa de doido) ao lado de Kuta Lombok, Soulsurfer prepara-se para soltar uma manobra...

   É isso colegas, sempre que escrevo, principalmente quando abordo temas que possam ter conexões tênues num primeiro pensar, quase nunca sei em qual direção o artigo irá me levar. Assim, espero que tenham gostado do resultado.


                   E ele conseguiu! Remando de camisa preta é o novo amigo Doug, mergulhador profissional, morador de Fernando de Noronha (beleza poder ter hospedagem gratuita na casa de um amigo num dos lugares mais fantásticos do Brasil) e apresentador de um programa no canal OFF (quem gosta de esportes radicais  e belas imagens conhece esse canal e talvez só assista isso na televisão).

  Grande abraço a todos!


   

domingo, 11 de outubro de 2015

A ERA DA INQUIETAÇÃO - "PERGUNTE AO CAVALO"

 Olá, colegas! Ia ficar um tempo sem escrever aqui no blog, muito devido à intensidade da viagem pela Indonésia. Parece repetitivo e chato, mas a verdade é que em 8-9 dias de viagem pela espetacular e diversa Indonésia, muitas histórias e experiências se acumulam. Estou nesse exato momento, seis e meia da manhã, esperando o transporte de um tour que irá nos levar para as famosas Gili Island. Irão nos pegar (assim espero hehe) em nosso hotel, aquele de 10 dólares, e nos levar para uma cidade a duas horas daqui. De lá, pegaremos um fast boat (uma hora e meia, o barco mais lento leva de 4 a 5 horas) até as paradisíacas ilhas. O custo? Algo em torno de U$ 35,00 para duas pessoas. Algo similar na Australia? Pagaríamos no mínimo uns AU$ 500,00, ou seja, umas 12-13 vezes mais. A Indonésia, e a Ásia em geral, é um catalisador de uma independência financeira viajando. 

    Entretanto, resolvi produzir um texto motivado pelo belíssimo comentário do amigo de ondas e de blog Surfista Calhorda feito no meu último artigo. A mensagem dele foi tão sincera e íntima que creio merecer uma reflexão a respeito.  Primeiramente, colega, só posso me sentir lisonjeado de você ter gasto 45 minutos do seu precioso, e aparentemente tumultuado tempo:), para escrever no meu espaço. Uma mensagem como a sua é um combustível muito poderoso para eu continuar com o meu blog, em que pese eventuais percalços e aborrecimentos com questões paralelas.  E por qual motivo uma mensagem assim me motiva?

    Antes de mais nada, essa é a mensagem: 

"Os últimos meses da sua vida são de causar inveja, leio seus posts com frequência, mas não é uma inveja da sua viagem, de você ter conseguido acumular patrimônio para ter esse momento ou pelas ondas experimentadas, o ponto que mais me chamou atenção foi a possibilidade de se colocar na condição de um ser reflexivo de maneira ainda mais intensiva, você passa com primorosa propriedade que escolheu o seu caminho e não permitiu que o fizessem por você, e que se responsabiliza pelos erros e pelos acertos e demonstra nos seus posts que de maneira recorrente se questiona e busca novos conhecimentos para reafirmar ou até mesmo ajustar suas escolhas e o texto da sua digníssima companheira demonstra que ela segue o mesmo processo reflexivo para fazer escolhas e que ela está também colhendo excelentes resultados. 
Neste feriado decidi fazer uma reflexão em relação as minhas escolhas e descobri que algumas delas não haviam sido feitas por mim, nossa civilização é tão barulhenta que as vezes acabamos abdicando dessa liberdade e seguimos o caminho mais fácil, por preguiça ou mesmo por medo de ser julgado, assim nós perdemos a capacidade reflexiva e temos um comportamento primitivo que pode ser facilmente observado nos outros animais, tentamos a qualquer custo potencializar o nosso prazer e diminuir a nossa dor de maneira extremamente individualista e sem ter um objetivos legítimos, objetivos estes que só podem ser fruto de um pensamento/reflexão mais profunda que nesse contexto não existe.
Quando comento da inveja do seu momento, por favor não interprete essa inveja de maneira pejorativa, posso tomar como base os minutos dedicados para escrever esse comentário, mesmo não tendo a formação adequada para ter pensamentos profundos, precisei pensar para interpretar o texto do post, depois refletir sobre as situações diversas da minha vida que tem alguma relação e fiz tudo isso sendo interrompido diversas vezes, filhos pedindo alguma coisa, chorando, esposa reclamando, minha mãe ligando para reclamar que meu irmão só chega de madrugada em casa e meu irmão mandando mensagens no What's app para se justificar, sei que essa descrição é um exemplo natural da vida de diversas pessoas e isso me faz acreditar que as pessoas acabam perdendo esse poder de reflexão, pois está cada vez mais difícil ter um momento para ter essa conversa interna, fortalecer a fé, fortalecer nossos objetivos, nossas crenças. 
Quase chegando ao final do comentário, investi 45 minutos para tentar produzir algo com qualidade, gastei uma energia descomunal para tentar me concentrar devido as constantes interrupções, e já tenho uma pré-avaliação que o resultado não pode ser uma maravilha. Fazendo essa análise será que vou estar disposto a gastar essa energia novamente no futuro? 
Enfim, espero ter conseguido estruturar meu pensamento de maneira minimamente interpretável, mas o que eu gostaria de saber é se você conseguia tempo, ‘silêncio’, paz e investia energia em quantidade relevante antes de fazer a viagem para pensar e refletir sobre os caminhos. Se já fez algum post sobre esse assunto, peço desculpas antecipadas e aguardo o link para eu fazer a leitura."

   Evidentemente, eu fico feliz quando as pessoas acessam o meu site e deixam comentários construtivos. Não sou Buda, assim fico contente com reconhecimento, mesmo sabedor, nem que que seja do ponto de vista ideológico, que reconhecimento ou não é indiferente para alguém extremamente evoluído. Entretanto, não é a popularidade, ou não, que me deixa satisfeito ou insatisfeito. O alcance desse espaço é pequeno, em 18 meses recebi pouquíssimos e-mails, mas quando vejo alguém refletindo mais intensamente na vida, no trabalho, nos relacionamentos, e, de alguma maneira nem que seja pequena, eu seja o responsável, sinto uma grande sensação e bem-estar. Tudo o que eu escrevo aqui já foi dito de maneira muito melhor por algum grande pensador, seja ele um filósofo, cientista ou ativista pacifista. Entretanto, algumas vezes é difícil nós encontrarmos a fonte diretamente. Um texto mais simples num blog pode em muitas ocasiões ser a porta de entrada para toda uma nova gama de conhecimentos. Foi assim comigo em relação a finanças pessoais, e já deixei diversas vezes públicos elogios a diversos blogueiros por tal fato. Logo, ver pessoas muitas vezes com filhos, idade madura, refletindo na vida e atribuindo, nem que seja uma parcela pequena, tal ato a um questionamento feito em algum texto meu, algo extremamente gratificante. Honestamente, eu não tenho menor interesse em “Alpha”, “Low Profile”, “Beta”, ou seja lá  o que for, aliás eu nem conhecia a existência desses termos há até pouco tempo( a não ser é claro as letras gregas e o seu uso na ciência). '"Low Profile” é apenas uma expressão criada para de alguma maneira o sistema2 das pessoas entenderem, nem que de forma superficial, que dinheiro nunca poderá ser a fonte única de felicidade, bem-estar e sucesso humano, pois como explicar para o nosso cérebro, se dinheiro é o que move o mundo, corações e mentes, que uma bilionário mora numa casa de classe média e não numa mansão nababesca? Ora, isso é explicado por filósofos há muito tempo, e mais recentemente por pesquisas inovadoras no campo da neurociência, mas é mais fácil apenas criar uma expressão, “Low Profile”, do que se aprofundar nas diversas contradições nos quais baseamos nossas vidas, é mais simples e menos desafiador. Logo, não se questiona se os incentivos das nossas vidas são corretos, se a ideologia dominante faz sentido para uma boa vida, ou se os fatos da vida corroboram o que pensamos ser mais apropriado. Cria-se uma expressão “Low Profile” para explicar fatos aparentemente contraditórios (um bilionário tendo uma vida simples), e aí podemos continuar tocando as nossas vidas sem precisar fazer muitos questionamentos.  Sendo assim, receber mensagens, alguns e-mails, de pessoas realmente refletindo em suas vidas, é algo muito bacana mesmo. Portanto, obrigado colega Surfista Calhorda.

   Sim, colega, o mundo ocidental é muito barulhento. Por incrível que pareça, e isso assusta muitos novatos na Ásia, alguns países do outro lado do mundo (em relação a maioria de vocês leitores, não a mim evidentemente) são caóticos, barulhentos, numa cacofonia frenética de sons, cheiros, pessoas, templos, miséria e vida. Em algumas metrópoles latinas, nós temos caos, mas em nada se confunde com o que ocorre aqui. Países mais ricos possuem um silêncio externo muito maior. Entretanto, por mais contraditório que possa parecer, mesmo no meio do caos externo, talvez aqui se tenha mais paz interior e mais chance de se refletir sobre quem somos, o que queremos e por qual motivo queremos. Quando escrevi sobre o ato de rotular, ou a bobagem que é falar direita e esquerda para abordar problemas humanos cada vez mais complexos, é para tentar incutir a reflexão de que o mundo é muito maior do que isso. Nesse tópico específico sobre a Ásia, ou o Oriente,  também se rotula. Uns dirão que aqui é o paraíso espiritual, outros taxarão que “esse orientalismo não tem fundamento” e todos eles estarão errados e certos ao mesmo tempo, tudo por causa dessa busca frenética das nossas mentes por colocar algum rótulo em algo. Isso aqui é apenas vida, diferente em muitos aspectos da vida que temos no ocidente, e similiar em muitos outros. Há questões aqui que não são agradáveis para os olhos de um ocidental, nem tudo são flores, muito longe disso. Logo, não se trata de mistificar o que quer que seja. Porém, talvez devido à religião, talvez ao fato de serem países muito mais pobres do que uma Finlândia, o fato é que as famílias aqui são muito unidas assim como as comunidades. Pessoas mais velhas são respeitadas, muitas vezes são reverenciadas. Famílias e comunidades unidas e respeito aos mais idosos são algum dos motivos que consigo encontrar toda vez que reflito sobre o assunto. 

   Veja o caso do nosso país, o Brasil. Minha mãe já foi “ofendida" algumas vezes no trânsito. Sabe o que falaram para ela (e foram diversas vezes? Sua “velha!”. Sim, aqui a velhice é uma ofensa e a juventude a glória. Não há chance de se construir uma sociedade feliz assim. Reflitamos. Eu nunca serei negro, mulher e talvez nunca passe por alguma deficiência física, mental ou stress financeiro. Logo, nunca poderei saber realmente o sofrimento e discriminação que mulheres, negros, deficientes e miseráveis passam. Entretanto, se absolutamente tudo der certo, eu serei um idoso. Aliás, esse é o caminho para todos que não deixarem a vida muito cedo. Ora, como uma sociedade pode ser feliz e bem estruturada, se de maneira inconsciente, ou não, coletivamente negamos esse fato biológico? Assim, pessoas de 50 querem aparentar 20, botox, cirurgias, e um profundo desrespeito com nós mesmos no futuro. Isso para mim é um problema grave, não só pelo desrespeito com a geração que mais viveu, mas também porque é uma tremenda fonte de ansiedade, tristeza e aborrecimentos para um número cada vez maior de pessoas que se assusta com a possibilidade simplesmente de envelhecer.

   Além do mais, sem comunidades sadias, também não há qualquer chance de uma vida realmente plena. É por esse motivo que tento trazer à tona artigos mais críticos sobre temas que muitas pessoas, e aqui utilizo uma expressão inglesa que captura melhor o sentimento, “take it for granted”. Isso já me valeu, por algumas pessoas (umas cordiais, outras nem tanto), o rótulo de “esquerdista”, “comunista”, ou qualquer coisa que possa acalmar o cérebro sedento dessas pessoas por uma resposta simples. O interessante, como gosto de finanças e realizo operações imobiliárias, é que muitos amigos, talvez para pegar no meu pé, chamam-me de “financista”, “capitalista”, “de direita” (um primo meu inclusive deletou-me do facebook, pois para ele eu era “coxinha”). Depois de vários textos por aqui sobre o tema, não preciso repetir quão simplória e essa forma de ver o mundo.  Destarte, sem profundos laços comunitários fortes não é possível ter uma vida completamente plena. Sabe aquela sensação gostosa que você tem ao tomar cerveja com os amigos? Ou a dar bom dia para o seu vizinho e o mesmo retribuir com um sorriso? Ou aquele jantar de final de ano com toda a família reunida? Sim, colegas, isso nada mais é do que vida em comunidade. 

  Já pararam para refletir por qual motivo há tanta ansiedade e tristeza em algumas  sociedades materialmente ricas? Talvez, porque no meio do caminho do enriquecimento alguma coisa se perdeu. O padrão é idêntico em relação a indivíduos. Portanto, qualquer forma de  abordar o que nos traz bem-estar enquanto humanos partindo da única premissa de liberdade e individualismo é incompleta e invariavelmente está fadada ao fracasso. Nós humanos, enquanto espécie, evoluímos em comunidades. Percebemos, há dezenas de milhares de anos, quiçá centenas de milhares de anos, que éramos muito mais fortes compartilhando do que simplesmente vivendo por conta própria. Logo, tentar entender o ser humano sem levar em conta a nossa biologia é uma postura capenga, irá apenas criar simulacros de entendimento sobre o que é o ser humano. Cria-se uma figura idealizada do que é o homem.

  Por outro lado, nós seres humanos somos seres únicos e individuais. Assim sendo, é importantíssimo que possamos vivenciar a nossa individualidade na plenitude. Liberdade para se movimentar  para onde quiser (o que era negado aos escravos), para se manifestar (o que é negado em muitos países atualmente) ou para empreender os meios que achar mais conveniente para se sustentar na vida (a famosa liberdade econômica) é essencial para se ter uma boa vida enquanto ser humano. Contudo, a toda evidência e muitas pessoas caem nesse erro, isso nunca será suficiente para explicar a complexidade humana, nossa evolução e biologia.

   Cada vez mais isoladas, em vidas tumultuadas (mesmo que sem trânsito caótico, cantorias religiosas, etc), com relações comunitárias deterioradas, as pessoas no ocidente se sentem insatisfeitas, mas simplesmente continuam com suas vidas sem questionar os motivos que as fizeram estar onde elas estão hoje.  A reflexão sobre para onde desejamos ir é central em nossas vidas. Porém, quem faz isso regularmente? Vou citar dois filmes e uma história belíssima de linhas algumas sobre o tema.


   Há uma expressão chamada “Bucket List”. Basicamente, significa uma lista de coisas para se fazer antes de morrer. Há um filme, traduzido para o português como “Antes de Partir”, delicioso sobre esse tema. Sempre adoro rever esse filme, pois ele é leve, gostoso de se assistir (lembrei dele, por causa do Luwak - o café mais saboroso e caro do mundo -  que é produzido na Indonésia, já que passei por diversas fazendas desse café na minha aventura de moto pela ilha de Bali ). Os atores talvez sejam os mais talentosos ainda vivos. O filme trata a história de dois idosos que estão à beira da morte e se conhecem num quarto de hospital. Tornam-se amigos e resolvem fazer tudo o que eles querem antes de morrer. Um deles é muito rico e pode bancar as diversas aventuras. Não vou contar mais sobre o filme, mas há uma parte onde o Morgan Freeman (aliás belíssimo nome) relata para o Jack Nicholson como depois de cessado o “barulho" de sua vida (cuidar e educar os filhos, trabalho, casamento, etc), ele se questionou sobre se a vida dele tinha sido aquela que ele realmente queria ou se a vida apenas, sem nenhuma reflexão por parte dele, o  conduziu para aquele caminho. 

 O filme é sensacional. Quem não viu, veja. Quem já viu, veja de novo! 


   Há outro filme, que poucas pessoas viram, que trata sobre o tema de uma maneira muito mais densa. O protagonista é mais uma vez o excepcional Jack Nicholson. A primeira cena do filme é simplesmente ele sentado esperando o relógio passar. É o último dia dele de trabalho, e ele irá se aposentar como vice-presidente de uma companhia de seguros. No começo do filme, logo depois de se aposentar e o “barulho" ter se dissipado, ele simplesmente não reconhece a esposa de décadas. Atos pequenos dela começam a irritá-lo profundamente, Numa cena ele diz expressamente que não faz a menor ideia de quem seja aquela mulher com quem está dividindo a cama. Esse filme é uma pancada para quem se dedica de corpo e alma ao mundo corporativo e pensa extrair disso uma vida feliz. Algumas pessoas de mais idade que viram o filme, muito por minha indicação, não gostam do mesmo. Será porque, nem que de forma inconsciente, viram um retrato delas mesmas e de suas vidas que é muito doloroso de se admitir? Não sei, o filme é sensacional e recomendo a todos.

As Confissões de Schmidt. Engraçado, provocador, reflexivo e sensível. Ótimo filme. A cena final é espetacular. 


  Os dois filmes aqui tratados foram sobre como o “barulho" pode nos cegar sobre aquilo que realmente importa para as nossas vidas. Encaminho-me para o final desse artigo contando uma brevíssima história narrada pelo monge budista vietnamita, eu prefiro chamá-lo simplesmente de ser iluminado (ou Buda), de nome Thich Nhat Hanh . Num documentário chamado “ONE”, entrevistaram Thich Nhat Hanh e perguntaram para ele “Descreva a situação humana atual”. Ele parou por alguns segundos e contou a belíssima história abaixo (estou fazendo de cabeça, pois faz anos que vi o filme, mas a ideia central foi mantida):

  
   Havia um homem parado à beira da estrada. Este mesmo homem avistou um conhecido cavalgando muito rápido. Intrigado, resolveu perguntar "Onde está indo tão rápido?”, o amigo replicou “Não sei, pergunte ao cavalo”. 

  
     Foi essa a resposta a pergunta. Ela é brilhante, curta e de uma sabedoria impressionante. A síntese, quando bem-feita, é algo que pode ser muito poderoso. Portanto, quem está no controle da sua vida, caro amigo leitor, você ou o cavalo? Você está indo onde você quer ou está simplesmente seguindo o cavalo? 

   Essa é a resposta, não tão curta nem tão sábia como a do monge,  caro colega Surfista Calhorda,  para o seu comentário. Os destinos irão variar para cada ser humano. Você é pai, eu não. Você tem uma história completamente diferente da minha. Logo, nada mais natural que possamos querer coisas distintas na vida. Não há nada de errado nisso, desde que você saiba qual é o seu destino e por qual motivo gostaria de ir para lá. Sempre estamos evoluindo e mudando, logo não há problemas em alterar o curso de nossas vidas, aliás isso é extremamente saudável. Pessoas que são muitos rígidas tem que ter a sorte de que o cavalo as leve para algum lugar saudável e próspero e não para algum lugar que as mesmas irão se arrepender profundamente quando estiverem na parte final de suas breves vidas no nosso planeta.


  Sempre que possível reflitam sobre a sua vida, amigos. Não deixem passar décadas para se derem conta de que viveram vidas que não gostariam de ter vivido. 

Thich Nhat Hanh, um ser humano iluminado, também pode ser chamado de Buda.

     Como o transporte chegou, ufa!, em tempo, acabei esse texto já nas Gili Islands. Lembra bastante as praias lindíssimas do sul da Tailândia, talvez até de um azul ainda mais profundo. Amanhã fazer scuba dive, pois parece que aqui é um santuário de tubarões e tartarugas e quem sabe ainda pegar umas ondinhas de manhã de cedo (eu nem sabia que tinha onda aqui, é surreal, vi umas fotos e pode quebrar perfeito, vixe maria). 

   

Não encontramos por 10 dólares americanos um quarto razoável, mas sim por 12 dólares. Tá bom. É do lado de uma mesquita e eu adoro ouvir os cantos em Árabe (Indonésia fala Bahasa, o que não tem nada a ver com árabe, mas o Corão é recitado sempre em Árabe) chamando para os diversos períodos de oração durante o dia. A sonoridade, apesar de não entender nada do que falam e ter algumas reservas contra religiões institucionalizadas como o Islamismo, é lindíssima. 


   
Grande abraço a todos!

domingo, 4 de outubro de 2015

INDONÉSIA - PRIMEIRAS IMPRESSÕES E HOMENAGEM À MINHA PARCEIRA

    Olá, colegas. Como forma de fazer com que o último artigo saia de foco, escrevo um artigo em homenagem à minha parceira. Antes de tudo, ao contrário do que alguns colegas falaram, não houve um desentendimento ou uma desavença, o que houve foi uma agressão pura e simples. É como se o sujeito A chega e dá um murro na cara de um sujeito B que estava esperando um ônibus pensando na vida, e falar que A e B estavam brigando. Não, isso não é uma briga, é uma agressão pura e simples. Em nenhuma esfera na minha vida, aturei agressões injustificadas à minha pessoa, e é assim que continuarei sendo.  Porém, paro por aqui.


    Minhas primeiras impressões na volta da Indonésia:

  - Muito bom voltar para um país onde um quarto de hotel razoável é dez dólares, o aluguel da scooter é três dólares e um almoço saboroso para duas pessoas é 4 dólares.

  - Como a Àsia ( e há diversas "Àsias") é diferente. Vielas, trânsito caótico, templos para tudo que é lado e sorrisos, muitos sorrisos.

  - Gosto muito de me relacionar com locais. Hoje, ao comer um peixe à beira da praia, falei com a garçonete. Ela trabalha todo o dia e ganha 50.000,00 rúpias. Isso equivale a um pouco mais de três dólares americanos. Uma simpatia só. Faz eu colocar muitas coisas em perspectiva sobre dinheiro.

- Entrar em Padang-Padang (uma das ondas mais pesadas da Indonésia) com 8 pés plus, não é algo muito sábio. Meu coração quase saiu pela boca quando uma série gigante entrou, nunca tinha visto uma onda tão poderosa.

  Por fim, dedico esse artigo à minha companheira e parceira que escreveu esse belo texto no facebook dela. Sinto um grande orgulho de poder compartilhar esses momentos especiais da minha vida com uma pessoa assim. Obrigado por tudo!

'Nosso tempo de Austrália vai chegando ao fim. Foram 3 meses e quase 20 mil quilômetros percorridos no nosso carro-lar. Percorremos toda a costa leste, adentramos em diversos parques nacionais belíssimos, passamos por algumas ilhas cheias de vida selvagem e mares de um azul cristalino, passamos duas semanas na Tasmânia (sim, eu encontrei o demônio da tasmânia lá! E a Tasmânia não é um país, é mais um estado da Austrália!), rodamos 4 mil quilômetros no magnífico Outback em poucos dias, um deserto que guarda consigo os mais coloridos cenários, um céu brilhante que não estamos mais acostumados a contemplar e muitas moscas, que te ensinam a ter mais paciência e reclamar menos, afinal, são inevitáveis . No decorrer da viagem realizei muitas coisas que já pensava, como o que realmente importa na vida. Já completamos quase 6 meses de viagem, dos quais 5 foram dentro de um carro. Não comprei absolutamente nada de novo, apenas investi em comida, transporte e higiene. Não sinto falta de nada, apenas penso com mais intensidade que uma roupa limpa é mais gostosa e confortável que uma roupa nova. Uma das coisas que tornam a vida mais colorida são as pessoas. Fizemos alguns amigos durante a viagem. Não são como nossos velhos amigos, pois o tempo que passamos juntos não é suficiente para conhecer mais intimamente alguém, porém, não deixam de ser muito especiais. Sabe, conviver com pessoas que não reparam se você está com a roupa apropriada para a ocasião, se vc está com a unha pintada, ou qualquer forma de reprimir ou julgar só me faz perceber que o que realmente importa é o que está dentro. Seja gentil, educado, cuide com suas palavras, e muito mais do que isso, se importe com o próximo. Se importar não é dizer "Nossa, como você está bonita! linda!" Se importar é perguntar "Você está bem?" "Você está feliz? Você precisa de alguma coisa?" Fizemos muitos free campings aqui na Austrália, isso quer dizer que não tomei banho todos os dias. Mas eu não preciso de banho todos os dias, eu preciso de um céu estrelado acampando sozinha com meu companheiro na luz do luar, comendo uma deliciosa janta preparada na "cozinha" do carro acompanhada de um bom vinho. O banho fica para o dia seguinte! Todo dia foi apenas um dia, um diferente do outro, mas todos na mesma intensidade. Vimos golfinhos surfando ondas cristalinas, foi incrível! Mergulhamos na grande barreira de corais com tubarões, moreias, tartarugas. Fizemos muitas trilhas no meio a natureza, vimos toda a vida selvagem possível por aqui, aliás, por aqui a vida selvagem convive junto. No seu caminho você pode cruzar com cangurus, wallabies, coalas, cobras, lagartos, aranhas, porco espinhos, cracatuas, periquitos, águias, wombats, crocodilos, águas-vivas, formigueiros imensos, possuns caindo no seu carro de madrugada ou tentando roubar sua janta, periquitos vermelhos roubando seu café da manhã etc... É maravilhoso conviver com a vida selvagem. Penso que enquanto aqui vejo revoadas de cracatuas, papagaios, periquitos, as aves das mais coloridas, no Brasil nunca vi se não na jaula. Sobre dirigir por aqui... A regra aqui é a educação no trânsito. O respeito pela sinalização, principalmente a velocidade máxima permitida é regra. respeitar a regra que é para todos torna a vida mais tranquila e segura. Alguns falam que a Austrália é perigosa pelas suas cobras e aranhas venenosas, o que não deixa de ser uma realidade muito distante, mas viajar 20 mil km pode ser mais perigoso que qualquer animal peçonhento. Por isso respeito é importante. Sobre a convivência, a vida compartilhada é mais feliz. Sou feliz e grata por ter um companheiro e parceiro pra seguir essa jornada comigo. Diferenças existem, a proximidade é muito grande numa viagem como esta, mas é maravilhoso. É o amor! São muitas memórias, muitos momentos, muita vida vivida em tão pouco tempo. São muitas as reflexões, não dá pra colocar tudo aqui. Mas o que eu desejo mesmo é que você que leu o meu texto esteja feliz. A vida é cheia de oportunidades, mas é você quem cria, é você quem faz suas escolhas. É sempre tempo de mudar, estando bem ou não. Viva! Celebre a vida! Saia da zona de conforto! Conheça pessoas completamente diferentes de você. Por enquanto é isso. Em breve coloco algumas fotos. Daqui alguns dias estaremos na Indonésia. E que seja lindo! wink emoticon


sábado, 3 de outubro de 2015

DESAFIO AO BLOGUEIRO HEAVY METAL (EXTENSÍVEL AO ANÔNIMO "MFÍZIO") - POR UMA BLOGOSFERA E RELAÇÕES HUMANAS MAIS SAUDÁVEIS

Olá, colegas. Infelizmente, os assuntos aqui tratados não serão agradáveis. Assim, se você é um leitor que pode gostar de algumas ideias contidas nesse blog, peço desculpas adiantadas, mas infelizmente esse artigo deve ser escrito.

  Há um blog chamado Di Finance do blogueiro Márcio. No meu espaço,  fiz públicos elogios a alguns artigos por lá escritos. Não concordo com a visão dele sobre alguns temas financeiros (mas creio que temos mais pontos de convergência do que divergência), mas não é isso que me faz passar de uma postura de elogio para uma de crítica destrutiva. Isso não tem sentido, pelo contrário eu realmente aprecio o embate de ideias. Num último artigo sangue na blogosfera, o Márcio abordou a situação difícil em que se encontra os investimentos de renda variável no país, e citou o meu nome duas vezes. Primeiramente, a menção de citar expressamente o nome  (ou o nickname pelo qual meu identifico na internet) de outra pessoa quando vai se debater ideias é a atitude correta a ser feita. Logo, a atitude dele para mim é correta e não vejo qualquer problema, muito pelo contrário. A primeira menção foi o fato da minha predileção e elogio sobre Fundos Imobiliários, mas que eles não seriam nada mais do que renda variável atrelada ao mercado imobiliário. Assim, o mercado imobiliário sofre, os FII sofrem. Prezado, Márcio, em nenhum momento esse espaço poderia falar outra coisa que não fosse exatamente isso. Há diversos artigos meus sobre FII relacionando não só ao mercado imobiliário, mas com a própria força das empresas, sejam elas listadas ou não. Nunca afirmei que FII é o único ativo ou melhor ativo, pelo contrário sempre tentei passar uma posição equilibrada. O que há, entretanto, e já debatemos sobre isso, são questões objetivas. Por qual motivo da diferença de yields em relação a imóveis próprios alugados? Se há um prêmio de risco em relação à taxa de desconto? De quanto seria isso? Se os FII são bons instrumentos para geração de fluxo de renda mensal, etc, etc. Você que gosta tanto de Damodaran, tenho certeza que se perguntasse a ele, provavelmente ele faria um belo artigo dando a opinião dele de forma técnica, não com arroubos ou argumentos genéricos, aliás é o que ele faz sempre que coloca um artigo novo no blog dele.

   Também, Márcio, nunca foi dito que a pessoa deve se expor em demasia ao mercado de FII, principalmente se já possui imóveis, pois a exposição ao setor imobiliário é imensa. Isso foi tratado recentemente em artigo aqui nesse espaço. Ainda mais com as maiores taxas de juros reais do mundo. Assim, creio que para se ter uma discussão proveitosa é necessário estar disposto a analisar as diversas questões levantadas ou senão fica a discussão aberta demais.

  O outro ponto, a nossa moeda ser mais fraca do que outras, e a citação do meu nome e viagem, creio que você tem razão. Entretanto, Márcio, que história é essa que eu incentivei ou incentivo um "estilo" de vida de ter investimentos no Brasil e ficar viajando no exterior? Eu incentivo que as pessoas vão atrás do que as fazem felizes.  O Viver de Renda, quem admiro, disse nos comentários do meu último artigo que não via a hora de voltar de uma viagem internacional. É isso que eu gosto, nunca disse que todos deveriam imitar. Se eu ficar numa pousada na Indonésia pagando 10 dólares, é o que estou pagando atualmente, com altas ondas, isso é algo que eu gosto, nunca disse que alguém deveria seguir. Também não me lembro de dizer que a pessoa não deveria, se o patrimônio permitisse, ter exposição internacional, isso na verdade é o básico de livro de finanças. Eu mesmo penso em ter exposição internacional como forma de proteção, bem como de diversificação do patrimônio. Porém, eu iria escrever um artigo próprio sobre isso, não vamos confundir dólar a R$4,00 hoje, com dólar a R$4,00 em 2002. Isso não tem o menor cabimento e é simplesmente errado. Para entender o motivo, sugiro a leitura do bom artigo no site Mises com o título o dólar vai a R$6,00 (sim, dólar a R$4,00 em 2002 equivale a R$6,00 em 2015)? O valor de paridade entre as duas moedas seria de R$3,15 (dados do próprio banco central). Esse excesso de quase 30% pode significar receio com inflação descontrolada no Brasil no curto-médio prazo. Não há motivos de uma moeda se desvalorizar de forma real por períodos longos de tempo, pois senão os ativos de um país sairão literalmente de graça para investidores estrangeiros. O que ninguém se pergunta é se o dólar a R$1,90 fazia sentido em meados de 2013 pela paridade de compras entre as moedas. Entretanto, você tem razão, subida do dólar afeta quem pretende e gosta de viajar no exterior como eu, desde que as moedas dos países visitados não tenham se desvalorizado também (algo negado, e não entendi o motivo, por você num artigo no ano passado). Por exemplo, o dólar australiano chegou a valer uns 15% (ou algo perto disso) a  mais do que o dólar americano no ano passado. Hoje, o dólar australiano vale 70% do dólar americano, ou seja houve uma desvalorização brutal do dólar australiano, assim como o da Nova Zelândia (países onde estive). A desvalorização do nosso real foi maior, é verdade, mas o nosso poder de compra na Austrália e Nova Zelândia foi reduzido, mas numa intensidade muito menor.

  Além do mais, e isso também já afirmei por aqui, a melhor estratégia para se viver é se adaptar as circunstâncias. Aliás, essa é a nova “linha de frente” de artigos sobre taxa segura de retirada. Ao invés de se colocar um único valor fixo, esse valor flutua de acordo com a performance do seu portfólio, o que faz todo sentido. Assim, se ficar caro viajar, o que se pode fazer é viajar para países mais baratos, e eu adoro fazer isso. América Central é um paraíso de altas ondas, água quente, e mesmo com dólar a R$6,00 (e as moedas dos países mais frágeis lá com certeza devem estar apanhando), é possível ter muita diversão. Adaptação, nada mais do que isso. No mais, Márcio, sou sempre receptivo a provocações objetivas como as suas, nada mais são do que formas de evoluímos.

  Também é necessário salientar que nunca vi você discutindo o óbvio: diferença nos aportes para um investidor amador. Ora, veja ao seu redor na mesma blogosfera financeira que você disse estar sangrando. Quantas pessoas não estão aumentando o seu patrimônio fruto do seu trabalho como empregados ou empreendedores? Cadê a abordagem sobre taxa de poupança (um dos maiores elementos para o crescimento patrimonial)? Simplesmente, esses assuntos são ignorados, pois se eles forem levados em conta, fica difícil discordar dos vídeos básicos do Bastter sobre investimentos e educação financeira (não falo sobre opções, pois nem me interesso), educador financeiro que tenho diversas reservas sobre diversos entendimentos e como ele se comporta às vezes na presença de discordância, mas que tem o seu mérito de fazer milhares de pessoas se interessam por educação financeira . Ou você acha que um médico com o mínimo de educação financeira que ganhe 30 mil reais por mês com uma taxa de poupança de 60% é a mesma coisa que alguém que ganha 8 mil e poupa 50%? Ora, é isso que faz a diferença para investidores amadores, já 99.9% das pessoas por aqui não são gestores profissionais, são apenas seres humanos com objetivos distintos. Inclusive esse foi o tema de um artigo do blogueiro Dr. Money (alguém que você sempre elogia os textos), quando ele revelou que começaria a prestar consultoria financeira especializada, pois cada investidor possui um horizonte e objetivos distintos, sendo diversa as estratégias para cada um. Não tratar desse tema para pessoas com patrimônio inferior a 8 dígitos, não faz muito sentido em minha opinião.


   Entretanto, o motivo do texto não é discutir questões de finanças com o blogueiro Márcio, mas sim falar sobre um comportamento lamentável do blogueiro Heavy Metal. Esse mesmo sujeito, ao ser levemente contrariado numa questão objetiva sobre o Brasil num artigo escrito por mim, descontrolou-se e diversas vezes colocou aqui agressões a minha pessoa. Eu como não é do meu feitio, e por ser do ramo jurídico saber bem as consequências de escrever ofensas pura e simples num lugar como a internet, nunca retribui as mesmas.  

       Num espaço alheio,  o blog do Di Marcinho, o mesmo simplesmente escreveu que eu sou:

"E Soul Surfer não tem bosta nenhuma de grana, aquilo é papo de maconheiro bicho grilo, empregado público que deve mamar numa teta bem gorda duma estatal ou da Justiça e pode se dar ao luxo de passear mundo afora com nossos impostos. Já saquei a do malandro faz tempo, muito trololó, papinho de esquerdista e investimento que é bom P.N. Ou, dinheiro do papai..." (grifos meu)


   Bom, nunca foi segredo que trabalho, ou trabalhava, para o Estado. Isso nunca enviesou a minha visão sobre as coisas, e nunca o fará, pois essa é uma das minhas qualidades. Eu era um dos únicos, talvez o único, que na lista de discussão privada dos Procuradores sempre disse que não tínhamos qualquer problema remuneratório, muito pelo contrário. Aliás, creio que não acontecia nada de objetivo se os salários dos Juízes Federais, Delegados Federais e da minha carreira fossem diminuídos em 30-35%. Logo, não tenho nenhum pejo em discutir o que quer que seja, mesmo “contrariando" interesses objetivos meus. Porém, eu entrei pela porta da frente e sempre procurei agir com esmero em minha profissão, e tranquilamente por esforço pessoal meu já devo ter economizado dezenas de milhões de reais que iriam sair dos nossos tributos de maneira indevida. 

   Sobre maconha, se tem algo que não suporto é alguém fumando do meu lado. Não suporto fumo, assim como não gosto do uso de drogas. A única droga que consumo é bebida alcoólica de vez em quando.

  A pessoa pode achar o que bem quiser, é o direito dela, e está previsto como direito fundamental na nossa Constituição Federal. Não creio que é uma boa forma de se resolver qualquer problema ou se relacionar com outros seres humanos, por meio do ódio e rancor, mas algumas pessoas, talvez cegas por esses sentimentos negativos, podem achar que isso seja uma boa maneira de se posicionar no mundo. Entretanto, a nossa legislação não permite a ofensa gratuita pura e simples, pois se assim o fosse, que tipo de sociedade teríamos? Uma ainda mais pior do que a que nós temos atualmente, podem ter certeza. Aliás, essa é a diferença para países estáveis, o respeito a direitos e à legislação. Causa me espécie pessoas que gostam da vida nos países desenvolvidos e tem posturas como essa, como se uma postura como essa não fosse a antítese de como uma sociedade desenvolvida se comporta. Posso afirmar como é impressionante o nível de educação dos australianos e kiwis no modo de se portar com outras pessoas.

  Se a nossa legislação não permite, pode haver consequências legais, inclusive crimininais, para quem de alguma maneira, sem justificativa, ofende gratuitamente alguém. Eu me pergunto a algumas pessoas que apoiam esse tipo de atitude do blogueiro Heavy Metal: é isso que vocês ensinam aos seus filhos? É assim que vocês querem se relacionar com outras pessoas? É correto agredir quem você nem conhece? É esse o legado que você quer deixar a novas gerações? Se sim, apenas sinto pena, não rancor, pois essa visão de mundo é completamente embotada, pequena e horrível.

   Se a pessoa acha que um nickname a deixa anônima e sem qualquer responsabilidade, está enganada. Creio que a probabilidade, e eu tenho diversos amigos advogados que fariam isso para mim se eu der um telefonema, de ganhar uma liminar no dia seguinte juntando como prova telas das mensagens desse blog, bem como o printscreen do blog do Di Finance, para revelar o IP do blog supracitado e via de consequência a sua identidade, extremamente alta. Irei refletir sobre a possibilidade de fazer isso.

  Liberdade de expressão é uma coisa, agressão pura e simples é outra completamente diferente.

   Engraçado que o mesmo blogueiro fala que eu não trato de investimentos. O que mais tem aqui são artigos, escritos por um amador é claro mas sempre deixei isso claro, tentando ajudar, e via de consequência me ajudar, outras pessoas a navegar no mundo das finanças. O que o referido blogueiro escreveu objetivo sobre finanças, além de se jactar que possui dinheiro? Se alguém confunde sucesso financeiro com sucesso humano, creio que deveria refletir um pouco mais, pois fica claro como as duas coisas podem ser completamente diferentes.

   Eu não vejo razão objetiva nenhuma de dizer o quanto tenho ou deixo de ter. Possuo 500k ou 10M? Isso realmente importa ou o que importa são as ideias contidas aqui que podem ou não servir para você leitor? Eu ainda compartilho algumas coisas, poucas é claro, sobre minhas operações imobiliárias. A minha companheira foi completamente contrária a ideia de mencionar isso aqui, pois ela disse que eu não ganharia nada objetivo e poderia apenas atrair inveja e comentários maldosos. É, sábia Sra. Soulsurfer.

  Eu procuro estimular a todos a alcançarem os seus objetivos financeiros e pessoais. O Guardião do Mobral, por exemplo, um sujeito que sempre foi simpático comigo. Alguém acha que vou ficar chateado porque ele não concorda comigo sobre algum tema ou diversos temas? Isso não representada nada para mim em termos de respeito humano. Só posso ficar feliz que ele esteja conseguindo acumular dinheiro, e tenho uma preocupação genuína, mesmo não o conhecendo, que ele não passe alguns limites e coloque a sua saúde em risco. Eu dizer que apenas uma das minhas operações com esses imóveis, acaso fosse esse o caso, é maior do que o patrimônio duramente conquistado por ele durante toda a sua vida ia me tornar melhor? Eu acho isso indiferente. Se ele, o Guardião, tiver 500k ou 50 milhões de reais, para mim é a mesma coisa. Dinheiro como forma de se diferenciar de outros seres humanos para mim é uma tolice. Achar que por causa do dinheiro a pessoa pode ser estúpida, destratar outras que por ventura não tenham tanto patrimônio, uma verdadeira estupidez.

  Porém, já que o Heavy Metal é senhor da razão e tem plena certeza do que fala, então ele arrumou um jeito muito fácil de ficar ainda mais “rico" (com uma postura dessa, ele pode ser tudo, menos rico). O que eu afirmei aqui nesse espaço foi que: a) eu economizo desde adolescente; b) há vários anos aporto bastante dinheiro, pois economizo muito do meu salário e c) atividade imobiliárias com leilão aceleraram os meus rendimentos; d) tive e tenho sorte de ter nascido numa família equilibrada, que sempre me incentivou em tudo e me deu muito amor e carinho. Ainda terei sorte, muito provavelmente, de herdar capital acumulado de gerações anteriores da família.

  Nunca afirmei nada mais do que isso. Disse também que o segredo é uma vida equilibrada, e que cada vez mais percebo que posso viver com menos e ainda assim ter uma bela vida. Se posso viver com menos, quer dizer que preciso de menos capital acumulado. Refleti sobre isso na minha última postagem sobre independência financeira. Logo, essas foram as coisas que disse nesse espaço.

   Pois bem. Obviamente, não vou tornar pública, até porque tenho várias operações com propostas em andamento, dados concretos, porém para o Sr. Heavy Metal eu vou. Se ele for esse sujeito tão homem de bem que ele costuma se auto-declarar, se tiver uma postura minimamente aceitável em padrões éticos de se posicionar em relação a desafios, tenho certeza que ficará feliz com o meu desafio.

  Abrirei o meu portfólio para ele, principalmente minhas operações imobiliárias. Mostrarei retorno de uma operação de 90-100% bruto em um ano e dois meses. Duas de 25% em operações de alguns meses ( o que dá retornos anualizados muito maiores do que 50%) e as demais que estão em andamento, com o valor de aquisição e valor patrimonial, sendo uma, que ainda se encontra pendente do ponto de vista jurídico, com possibilidade de mais de 100% de retorno. Mostro até mesmo, e falei sobre ela brevemente num artigo meu sobre a Austrália, uma que se iniciou no começo de agosto e já há potenciais compradores, com lucro bruto maior de 50% (sim, se acontecer será muito bom para mim). Posso também dissertar sobre as estratégias, alguns, não todos claro, macetes na forma de se atuar nesse tipo de mercado, bem como a minha expertise na área. 

   Como, segundo palavras do blogueiro em questão, estou mentindo, nada do que disse acima eu poderia provar para ele. Se assim for o caso, ele ganhará R$200.000,00. Também publicamente anunciarei que eu faltei com a verdade e irei me desligar da blogosfera financeira, já que não teria motivos de continuar a escrever se eu simplesmente estivesse criando um personagem. Talvez, daí, abra um blog apenas sobre viagens e não esquento mais a cabeça de muitas pessoas.

  E se eu consegui provar com documentos e dados? Bom, daí o Sr. Heavy Metal transferirá R$100.000,00 para a minha conta (o que eu agradeceria, pois continuaria viajando por um período ainda mais prolongado), e irá escrever, a ser publicado nesse espaço, mensagem onde ele pede desculpas por eventuais agressões, dizendo que não deveria fazer isso, principalmente em relação a pessoas que não conhece, e que essa não é uma boa forma de se educar as próximas gerações.


  Acaso haja o escrito a ser publicado, eu deixaria para lá as eventuais consequências jurídicas das mensagens supracitadas nesse texto. Acaso haja apenas a transferência de dinheiro, eu reservo-me ao direito (até porque o prazo prescricional é bem longo, de alguns anos) de se achar conveniente tomar as medidas judiciais pertinentes.

  O desafio também se extende a um anônimo que escreve sobre várias alcunhas. Eu o chamo de “Jonas”, mas percebi que poderia estar sendo indelicado com pessoas com o  nome Jonas. Apenas para aclarar, num artigo meu há mais de um ano esse anônimo escreveu como “Jonas”, ao mesmo tempo que se manifestava no caráter mais comum de “Mfízio”.  Ele foi pego no “pulo do gato” quando afirmei que o Jonas era a mesma pessoa dos outros comentários feitos como "Mfízio". Depois disso, eu creio que qualquer pessoa perderia qualquer legitimidade, pois essa é uma atitude ética para lá de questionável. Porém, por uma razão que não sei bem explicar, o Márcio do blog Di Finance supracitado tem estima pelo mesmo e por isso ele sempre escreve como anônimo por lá. Cada um se relaciona com as pessoas que acha mais conveniente. Porém, o “Mfizio”, já disse diversas vezes que eu “vivia no mundo da ficção”, que minhas operações imobiliárias eram fictícias. Eu tenho quase certeza que ele escreve com muitos outros nomes pela internet, mas sem acesso ao IP realmente não se pode saber. Pelo teor dessa mensagem, ele adora escrever no site do Marcio sobre questões vagas e sempre foge de questionamentos objetivos, creio que foi ele que a proferiu:

"HM, não é dinheiro do papai não. Segundo o próprio, ele ficou milionário comprando imóveis em leilões. Mercado facil de ganhar dinheiro. Os leiloeiros e seus avaliadores são meio bobinhos e sempre apregoam imóveis fantásticos bem abaixo do valor de mercado. E esses leiloeiros sempre puxam bem pra baixo os preços durante o pregão. Verdadeiras pechinchas. E ainda por cima nesses pregões de leiloes de imoveis só tem disputas de lances sonolentos e modorrentos entre uns caras fracos, sem grana, sem visão de negócios e possíveis retornos. Só vão lá pra fazer figuração. Chega a ser desleal disputar esses leilões de imoveis com grande potencial com gente tão despreparada. Temos a sensação que estamos roubando pirulitos da boca de crianças. Dá sim pra ficar milionário, fácil e rápido com leilões de imoveis. Fica a dica..."



   Quem escreve uma bobagem dessas não entende absolutamente nada do que está falando. Primeiro, que leiloeiros não colocam preço nenhum em nenhum imóvel. Falar isso é um desconhecimento profundo. Eles nada mais são do que auxiliares da justiça (leilões judiciais) ou prestadores de serviço (leilões extrajudiciais). Leiloeiro não tem avaliador dando preço de imóveis, pois quem faz isso é o Juiz ou a instituição bancária. Leiloeiro não pode "puxar para baixo preço de leilão" coisa nenhuma. Há apenas um lance mínimo muitas vezes definido em legislação ou em decisões jurisprudênciais. Outra bobagem. Há diversas circunstância que vão definir o valor mínimo de um imóvel  indo a leilões. Assim, se um imóvel vale 800k e foi avaliado por 500k e as parte devedora for intimada e deixar de se manifestar da avaliação, há o fenômeno da preclusão. O imóvel vai a leilão por 250k de inicial, e se for na Justiça do Trabalho qualquer recurso questionando o valor mínimo do leilão terá chances muito pequenas de sucesso. Há tantas hipóteses que é difícil fazer uma lista. Além do mais, há leiloeiros que são mais "animados", outros que simplesmente apregoam o bem,  ouvem os lances (é mais normal acompanharem os lances online) e contam até 3 e vendem rapidamente para vencer o edital de leilões que às vezes possuem mais de 100 imóveis (são os leiloeiros que mais gosto). Também parece que não sabe como funciona os leilões atualmente. Uma parcela significativa é apenas virtual, assim não vai ninguém fazer figuração, pois o leilão é apenas pela internet. E há sim pessoas absurdamente despreparadas participando de leilões, tenho dezenas de casos que poderia relatar. Essa é a forma do "Mfízio" atuar. Fala sobre coisas que não entende, ironiza e depois simplesmente foge da discussão. Além do mais, ele é sempre contraditório. O Brasil possui moeda fraca. Correto. Há bolha imobiliária. Certo. O país não é sério. Ok. Tudo está dando errado, mas por uma obra do destino há diversas pessoas preparadas com dinheiro à vista para imobilizar o seu capital num país com vários problemas. Bem coerente. Além do mais é sempre "inventivo", falando que se pode ficar multi-milionário rápido com qualquer coisa em geral, e imóveis em especial. É evidente que não, e já escrevi tantas vezes a respeito, que não vou me alongar nesse tópico.


  Entretanto, ele nunca cometeu agressões tão escancaradas. Ele é um sujeito inteligente, e por mais que não concorde com as suas atitudes éticas, não vejo nenhum problema em reconhecer isso. Logo, ele não se colocaria numa situação tão clara de fragilidade jurídica num lugar como a internet, pois isso, com a quantidade de decisões judiciais responsabilizando escritos em redes sociais, é de uma insensatez absurdamente incrível, e de fato ele não faz isso. Não raciocinar que quando se escreve na internet se está usando um megafone, no caso de ofensas, é completamente insensato. Porém, o fato é que ele dá a entender que eu sou um mentiroso. Então, o desafio é feito a ele também. Mesma coisa. Se eu não provar  (aquilo que eu disse aqui, não que sou multi-milionário, ou que enriqueci fácil, pois nunca disse isso, muito pelo contrário) R$ 200.000,00  serão depositados na conta corrente e me retiro da blogosfera. Caso contrário, R$ 100.000,00 deverão ser depositados na minha conta corrente e a sua identidade será revelada publicamente.  Para esse desafio em especial, aceito receber R$50.000,00, desde que junto com revelação completa de sua identidade, haja um pedido de desculpas a todas as pessoas que ele por ventura possa ter ofendido, bem como assumir que escreve com diversos personagens.


  Como as duas referidas pessoas tem absoluta certeza de quem eu sou e o que possuo, o certo seria apostar R$200.000,00 contra R$400.000,00 delas. Ora, se está tão certo, é dinheiro fácil. Porém, sei que essa seria uma desculpa para não aceitar. Logo, fiz uma relação de 2 para 1 em meu desfavor.  Há esperança está positiva o bastante "Mfizio"?

  A operacionalização de tudo isso, acaso aceito o desafio, dar-se-á por e-mails. Tenho certeza que por R$5.000,00 algum bom advogado amigo meu pode elaborar um contrato a ser assinado, pois com certeza eu executarei o contrato acaso prove o que falo. 


   Se o desafio não for aceito por nenhum dos dois? No caso do “Mfízio”, apenas tome vergonha e creio que você ainda tem noções mínimas de ética e não fale mais sobre pessoas que não conhece. No caso do Heavy Metal, bom aí fica bem estranho depois do que disse fugir da raia e ainda permanecer na blogosfera financeira. E isso não quer dizer, evidentemente, que esquecerei o que foi dito, muito pelo contrário.

   Desculpe a todos os leitores do espaço por isso. Peço desculpas mesmo. Perdi o meu tempo, e o tempo de vocês. Acabei de chegar na Indonésia e sinto que é um tempo perdido, infelizmente. Porém, o grau de virulência passou dos limites e as pessoas tem que ser responsáveis por aquilo que dizem, isso talvez seja uma das formas de começar a melhorar um pouco o nosso país, bem como o espaço da blogosfera financeira que deve ser um lugar para troca sadia de ideias e um respeito mínimo entre as pessoas.