Olá, amigos! Iria escrever sobre herança neste artigo. Entretanto, tenho ficado muito cansado de noite, o que impede um pouco de tentar escrever textos de mais qualidade. Além do mais, a última semana foi muito bacana, o que me incentivou a escrever novamente sobre viagem, já que é bem fácil e rápido discorrer sobre este tema, ainda mais com as memórias bem vivas na mente.
Pois bem. Após o nascer-do-sol magnífico relatado no final do último artigo, fomos conhecer um pouco a região de Mission Beach. O local é muito bacana e Mission Beach na verdade é dividida em quatro pequenos “vilarejos” com nomes diversos. Nós ficamos num caravan park na praia de Wongaling Beach. O Park era do lado de uma empresa de skydive, o free wi-fi na verdade era dessa empresa, e de manhã sempre ficava lotado de estrangeiros bem jovens querendo ter a experiência alucinante (contarei um pouco sobre quando em algum artigo detalhar mais meu salto na fabulosa cidade de Taupo) de queda livre por um minuto. O pulo é feito perto da praia, o que permite, creio eu, apreciar um pouco a grande barreira de corais enquanto se está no céu. Deve ser bem interessante. Depois de ver alguns paraquedistas chegando na praia, resolvemos ir para a praia mais ao sul e fazer uma trilha de 8km (Kennedy Track). Na Nova Zelândia, eu andei muito. Talvez tenha feito mais de 250Km em trilhas. Não sei como aguentei, talvez tenha sido o meu preparo prévio direcionado na academia para caminhadas. Os diversos exercícios de agachamento, às vezes com mais de 30 repetições numa única série, aparentemente deram resultado. Entretanto, creio que a minha energia foi um pouco drenada. Não me animo mais a fazer trilhas tão longas quase que diariamente. Pode ser também as paisagens. A Nova Zelândia é o país das trilhas. É impressionante. As paisagens são magníficas e a estrutura não fica devendo nada a beleza natural. Assim, acho que fiquei mal acostumado, achando que toda trilha vou encontrar cenários de indescritível beleza, o que evidentemente não é verdade para a esmagadora maioria dos trekking em qualquer lugar do mundo. Todavia, lá estava eu de novo caminhando uma distância mediana.
E valeu a pena. Foi uma caminhada espetacular passando por uma praia selvagem, mangues com placas de crocodilos e trechos quase em cima do oceano. Foi muito legal mesmo. Para completar o dia, avistamos mais uma vez um Cassowary. Dessa vez, cheguei ainda mais perto e foi maneiro. Depois de ver pela segunda vez a ave, pensei comigo mesmo que não é tão difícil encontrar essa espécie, mas conversando com outras pessoas quase ninguém conseguiu avistar um. Provavelmente foi apenas sorte. De noite conhecemos um casal francês muito simpático. Não gosto de generalizações, mas os franceses costumam ser mais reservados e fechados quando estão viajando. Entretanto, esse casal era diferente. Chamavam-se Pierre e Lucie. Falei que não conseguia imaginar nomes mais franceses do que estes, e eles apenas riram. O papo foi muito gostoso. É interessante quando você encontra alguém no mesmo estado mental que o seu, mesmo que seja um desconhecido, parece que a conversa flui de uma maneira impressionante. Quando perguntei se valia a pena fazer uma viagem tão longa pelo outback, ela já tinha feito duas vezes por trajetos distintos, ele respondeu “Algumas pessoas acham chato, mas creio que você precisa sentir o deserto, você entende?”. Assenti que sim com a cabeça. Já conversei com pessoas que me disseram que é muito chato viajar pelo deserto. Outras me disseram que sim o deserto pode ser monótono, mas há algo de especial, há pequenos detalhes e momentos únicos que tornam uma viagem como essa especial. Como quero ter a minha própria opinião, creio que viajarei pelo centro da Austrália. Conversamos sobre muitos tópicos: África - ele possui um irmão que mora em Madagascar, violência no Brasil e em Paris, viagens, sentido da vida, a cultura Maori e sua diferença para os Aborígenes, o que é uma boa vida, entre tantos outros temas. Um completo desconhecido se transformou num grande companheiro de conversa numa noite estrelada.
A trilha passava por locais muito bonitos, teve uma parte que ia margeando o mar pelas rochas.
O final da trilha era num mangue chamado Kennedy Bay.
Tinha que se caminhar por uma longa praia deserta para continuar a caminhada
Ver um cassowary pela segunda vez, ainda mais perto, foi muito massa!
Ainda chegamos a fazer mais uma trilha, que passava por rios muito bonitos. O único problema foi a quantidade absurda de mosquitos. Nunca tinha sentido isso. Eu tinha que andar me abanando e tomei inúmeras picadas.
De manhã partimos em direção ao sul, como será rotina nos próximos milhares de quilômetros. Passamos por uma cachoeira muito bonita. Ficamos conversando um bom tempo com um casal australiano já de idade avançada bem simpáticos. Aliás, a educação e cordialidade dos australianos é fantástica. impressionante mesmo. Uma educação que faz muita falta em nós brasileiros. Chamei atenção para esse detalhe, e o Sr. apenas respondeu “ Por que? No Brasil as pessoas não são cordiais e amistosas?” Sai pela tangente falando de nossos problemas políticos e econômicos, pois não quis passar uma imagem triste do nosso país para alguém que talvez não conseguirá entender a complexidade da nossa psique cultural. Apenas lamento que a minha foto com a go pro não pegou a Senhora, apenas o Sr. Uma pena, mas foi um contato muito bacana. Aliás, a quantidade de pessoas de idade viajando com caravana é enorme. Na verdade, nestes lugares gratuitos que paramos, quase sempre somos os únicos jovens. A Sra., não lembro o nome de nenhum dos dois, me disse que é muito comum aposentados viajarem meses e meses pelo país. São conhecidos como os “Grey Nomads” Muito bacana mesmo, um estilo de vida. Ao invés de ficar vendo televisão, reclamando da vida, eles pegam a estrada, fazem amigos, interagem com outras pessoas e assim encaram a etapa final da vida de uma forma muito mais serena e tranquila. Um exemplo para muitos senhores e senhoras de idade no Brasil. Aliás, como tratamos mal os nossos idosos. Vou escrever um artigo apenas sobre isso, e a completa irracionalidade que é não ter um profundo respeito por aqueles que conseguiram atingir muitos anos de vida.
Murray Falls. Muito melhor envelhecer como muitos idosos australianos fazem. Educação exemplar e muito simpáticos.
Seguindo viagem, paramos num lookout da ilha de Hinchinbrook. . Infelizmente, não visitei esta que é a maior ilha parque nacional do mundo, bem como possui uma das trilhas naturais mais famosas do planeta. Pedi para um coroa tirar uma foto minha e da Sra. Soulsurfer. Engatei uma conversa e o sujeito era uma figura. Chamava-se Bill, tinha nascido na Itália, mas morava na Austrália desde os 9 anos de idade. Tinha 54 anos, mas me disse que não lembrava quase nada dos últimos anos de aposentado, mas as memórias de quando era criança na Itália eram muito vivas para ele. Pudera, a infância realmente é uma fase especial na vida de um ser humano. É por isso que devemos cuidar das nossas crianças, pois essa é uma etapa central no desenvolvimento do indivíduo. Contou-me também que a época mais feliz da vida dele foi quando ele comprou a primeira motocicleta aos 17 anos. Disse que possuía uma namorada em cada cidade e sempre viajava com uma sacola cheia de Pot (maconha) atrás da moto. Ao mesmo tempo que ele falava, ia sorrindo, e só imagino as reminiscências de uma outra época povoando a memória dele. Foi um encontro breve, mas bem interessante, pois apesar do passado doidão - eu particularmente não gosto de nenhuma droga, apenas bebidas alcóolicas de vez em quando -, ele me disse muitas coisas que revelam um grande entendimento de como viver uma boa vida. Engraçado foi ele falando como as novas tecnologias estão de certa maneira afastando o verdadeiro contato humano, eu assentido com a cabeça e tentando discretamente guardar o meu smartphone no bolso, e ele me dizendo, ao perceber o meu gesto, a frase típica dos aussies: “No worries mate!”. Um verdadeiro figura esse Bill.
Nesse belo lookout tive uma breve, engraçada e inusual conversa com um sujeito chamado Bill
Ao chegar na cidade de Ingham, vi no guia que tinha menção a uma cachoeira chamada Wallaman Falls. Ficava 50km distante e ainda por cima era uma estrada estreita e sinuosa com uma boa parte não asfaltada. Depois de ver tantas cachoeiras bonitas pensei comigo mesmo que não valeria a pena um desvio tão grande da rota. Além do mais, já estava quase no final da tarde, e não teria como ir e voltar da cachoeira sem dirigir de noite. Dirigir à noite na Austrália é bem perigoso, muito por causa dos cangurus. Infelizmente, é muito comum ver cangurus atropelados nas estradas. Entretanto, por desencargo de consciência, resolvi ir ao centro de informações turísticas da cidade. Havia duas senhoras de idade atendendo com o crachá de voluntárias. É muito comum, na Nova Zelândia também o era, ver pessoas idosas como voluntárias dando informações a turistas. Uma maneira muito eficaz, barata e boa de colocar gente disposta e educada para dar informações e ao mesmo tempo integrar os idosos de forma ativa na comunidade. Como não poderia deixar de ser, as senhoras foram extremamente simpáticas e prestativas. Disseram para mim que se eu saísse em 10 minutos, poderia chegar ainda com luz do dia na cachoeira. Seria possível também dormir no parque nacional, desde que reservássemos por telefone junto ao órgão governamental competente. Ela me colocou no telefone, e tenho que confessar que foi um pouco burocrático, mas em poucos minutos tinha reservado um espaço no camping para duas pessoas ao custo de 12 dólares. As senhoras simpáticas me disseram que eu não iria me arrepender de ir conhecer a Wallaman Falls. Como elas estavam certas.
Depois de dirigir dezenas de quilômetros por uma estradinha sinuosa e extremamente estreita, chegamos no estacionamento da cachoeira. Desci do carro, e não estou mentindo nem exagerando, foi uma das maiores surpresas que eu já tive na vida em relação a lugares naturais. Quando eu vi a queda d’água, o meu queixo quase caiu, apenas pensei comigo mesmo “PQP, que lugar é esse!”. Amigos, parecia que o Sr. Tolkien tinha escrito um quarto livro do Senhor dos Anéis, e eu estava em algum cenário imaginado pelo Peter Jackson para rodar o quarto filme. O que é aquele lugar. Uma cachoeira sublime no meio de um vale que parecia saído de algum filme do Jurassic Park, ou da série “Mundo Perdido”. Eu fiquei uns 20 minutos como bobo olhando aquele cenário surreal, não conseguia acreditar. Foi necessário a Sra. Soulsurfer me dar um cutucão para avisar que estava ficando muito escuro e que ela precisava de um mínimo de luz para cozinhar a janta. Caramba, que lugar sensacional, que supresa incrível para os meus sentidos. Não tenho dúvidas que devem existir quedas impressionantes nesse mundão em Bornéu, na Amazônia, e em outros lugares selvagens. Porém, uma cachoeira como essa tão acessível eu acho difícil. Achei até mais impressionante do que a já impressionante Angels Falls (ver sobre no meu artigo sobre a Venezuela ).
No local, conhecemos um casal bem jovens de alemães. Aliás, há tantos alemães jovens viajando que eu adaptei a "piada" dos advogados e sempre digo que se balançar uma árvore provavelmente cinco alemães irão cair, e todos os gringos dão risada, alemães inclusive, quando conto essa “piada" bem fraquinha. Entretanto, não é brincadeira, o que tem de alemão entre 19 e 22 anos viajando não está no gibi. A economia da Alemanha deve estar muito boa mesmo, para ter tantos jovens viajando. A maioria deles tira um ano de working visa. Economiza uma bela grana em alguns meses trabalhando e aproveita para viajar, principalmente pelo sudeste asiático. Uma bela experiência. Aliás, se você tem menos de 30 anos, reclama do Brasil, reclama da falta de dinheiro, faça um esforço, consiga um working visa, e vá se aventurar no mundo. Perguntam-me aqui nesse blog sobre custos, mas a verdade é quem quer faz, principalmente se é jovem. Não há nada mais deprimente e irritante do que ver jovens sem problemas de saúde reclamando da vida. Porém, paro essa digressão por aqui. O jovem casal era bem simpático. Ela chamava-se Freya e o nome do rapaz eu não me lembro. A particularidade era que a Freya tinha uma irmã que morava em Brasília há 11 anos, pois trabalhava na embaixada da Alemanha. Casada com um brasileiro, segundo ela estava bem adaptada à realidade brasileira e não pensava em voltar para a Alemanha. Uma das únicas palavras que ela sabia em português era Borboleta. Alguns estrangeiros sabem falar “obrigado”, outros que conviveram com jovens brasileiros conseguem dizer algumas expressões chulas. Ouvir a palavra borboleta da boca de uma alemã foi algo extremamente inusitado. Não deixa de ser surprendente a história.
Sem palavras para descrever tanta beleza.
Pôr-do-Sol num lugar como este não tem como esquecer tão fácil...
Ao chegar no camping que localizava-se ao lado da cachoeira, fomos saudados por um grupo animado de quatro jovens, adivinhem, alemães. Depois de fazer a nossa janta, fomos dividir a fogueira com eles, juntos também com o outro casal de alemães que tínhamos conhecidos na cachoeira. Foi uma noite memorável. Fazia anos e anos que não ficava na frente de uma fogueira jogando conversa fora. A noite estava estrelada e bonita. Não fazia frio, o clima estava sereno. Os alemães eram bem simpáticos, havia até mesmo uma judoca sonhando com as olimpíadas, e passamos horas bem agradáveis em mais uma noite que levarei comigo por muito tempo.
Memorável noite em volta da fogueira no Parque Nacional
Na manhã do outro dia, fomos juntos com os seis alemães fazer a trilha até a base da cachoeira. O objetivo era tomar banho na mesma. A trilha, apesar de íngreme, foi bem tranquila. Ao chegar no lookout, havia um sinal de que as rochas a partir daquele ponto eram extremamente escorregadias e não era permitido seguir adiante. Os alemães continuaram e eu tentei andar, mas o meu tênis escorregava como sabão e eu desisti da ideia, pois a cachoeira era muito longe. Os alemães também desistiram. Mesmo não chegando na “piscina” da cachoeira, foi uma experiência bem bacana, os alemães ainda tiraram um sarro com o 7 a 1 (gol da Alemanha), e eu fiz um vídeo muito divertido com eles. De tarde, tomamos banho num rio que estava congelando, mas é sempre bom tomar banho de rio, principalmente num lugar como aquele. Despedimos dos alemães, era hora de tomar nosso rumo, e é interessante ver como as garotas alemães não tem prática em se despedir dando beijos, o que torna a situação às vezes engraçada.
Ver a cachoeira de baixo foi tão espetacular como admirar de cima...
7 a 1 gol da Alemanha. Grupo de jovens alemães que nos fizeram companhia da noite anterior e na caminhada
Rio congelando, mas foi bacana tomar banho junto com os alemães.
Acabamos voltando para a cidade de Ingahan, pois eu fazia questão, além de ser o trajeto natural para o nosso próximo destino, de agradecer as senhoras pela dica em relação a Wallaman Falls, pois a experiência tinha sido incrível. Chegando no tourist information, infelizmente elas não estavam lá e eram dois senhores. Pedi para agradecer em nome do casal brasileiro. Na cidade, ainda formos a um santuário de pássaros, num lago cheio de flores de uma grande beleza chamado Tyto Wetlands. Na noite, o acampamento, gratuito também, foi na aprazível cidade com o peculiar nome de Rolling Stones. O local era muito bonito, situava-se na beira de um rio e tinha uma boa estrutura para um camping gratuito.
Belíssimo parque Tyto Wetland
No outro dia, fomos para mais uma atração, essa um pouco mais conhecida, chamada Big Cristal Creek. Queria particularmente ir nos rock slides, como o nome diz deslizar nas pedras para cair num lago, pois eu não fazia isso desde criança. Chegando ao local, percebi que não tinha água suficiente para deslizar, mas o local era muito bonito. Entretanto, ao me aproximar das “piscinas” naturais, eu me surpreendi novamente. Além da água ser cristalina de uma cor linda, a água era morna. Barbaridade! Não pensei nem um minuto, como ainda era cedo e não havia ninguém, tirei a roupa e tomei um belo banho desnudo. Que coisa boa! Uma das boas coisas da vida é tomar banho sem roupas seja numa praia, numa lagoa ou num rio. Fazer isso no meio da selva, numa lagoa cristalina com uma pequena cachoeira foi demais mesmo. Após a pequena “aventura" nas lagoas, passamos pelo Big Cristal Creek propriamente dito, e o local era fabuloso. Uma lagoa gigante transparente com inúmeros peixes e dezenas de tartarugas. A poucos quilômetros dali ficava o Little Cristal Creek e a sua charmosa ponte. A construção foi feita no começo da década de 30 e foi uma das inúmeras obras públicas realizadas com o intuito de fornecer empregos para a grande massa de desempregados da grande depressão. O local é lindíssimo. Lagoas cristalinas e diversas cachoeiras. Não resisti e tomei mais uma vez banho, apesar que neste local a água era muito mais fria. De tarde, seguimos por uma estrada sinuosa, mas muito bonita até o vilarejo de Paluma. Um povoado com algumas centenas de pessoas, é conhecido como a cidade das névoas, pois fica no meio de floresta que geralmente é cercada por muita neblina, o que cria um clima todo especial. Fizemos uma trilha no meio de uma floresta densa até um lookout, mas não conseguimos ver nada por causa da espessa névoa. Após aproveitarmos o simpático vilarejo, fomos para a cidade razoavelmente grande (200 mil habitantes) de Townsvillle. Antes de chegarmos a cidade, paramos numa tenda de fruta. Você podia pegar frutas frescas e baratas e depositar o dinheiro numa caixa. Quando estávamos indo embora, a dona da tenda chegou. Era uma Senhora adorável de fala mansa. Depois de conversamos um pouco e falarmos sobre a nossa viagem, ela ficou tão feliz com a nossa experiência que resolveu nos dar algumas frutas de graça. Quando disse para ela que o local da tenda dela estava no aplicativo Wikicamps como ponto de interesse, ela me pediu para ler os comentários. Ficou extremamente agradecida, e resolveu me presentear com mais frutas gratuitas. Foi uma experiência muito bacana conversar e interagir com ser humano tão agradável.
Água cristalina e morna num local lindo e deserto. Quer mais o que?
Diversas lagoas se formam, infelizmente não deu para fazer Rock Slide.
Soulsurfer, depois de um banho memorável, apreciando a beleza da vida...
Diversas Tartarugas no lindo Big Cristal Creek.
Barraquinha da Senhora extremamente simpática. Além da simpatia, da qualidade das frutas e legumes, os preços eram muito baixos.
Mais um banho de cachoeira numa lagoa extraordinária (Little Cristal Creek).
A famosa ponte de Paluma.
A cidade me surpreendeu. Possui uma orla marítima, chamada de The Strand, lindíssima, com lagoa artificial, parques infantis, sorveterias, churrasqueiras elétricas e outras amenidades. Além do mais, a cidade possui uma montanha onde se é possível ir de carro, ou andando, e ter uma visão impressionante de 360 graus da região. Foi um dos miradores mais bonitos onde eu já tive o prazer de estar e chama-se Castle Hill Lookout. Aliás, é um dos pontos de encontro da população, pois era sábado de tarde e o local estava repleto de locais correndo, andando ou simplesmente admirando o bonito pôr-do-sol.
O lookout Castle Hill da cidade de Townsville é impressionante. Essa imagem mostra apenas uma parte. Era possível ter uma visão de 360 graus e para qualquer lugar que se olhasse era bonito e interessante
Foi um pôr-do-sol muito bonito mesmo.
De noite a The Strand era muito bonita, bem iluminada e com muitas pessoas passeando despreocupadas. Seria bom ter espaços públicos assim no Brasil.
De dia na The Strand, uma placa dizendo para se ter cuidado, pois um crocodilo foi avistado recentemente no local. Eu fico imaginando um animal de mais de cinco metros andando pela cidade de dia....
Na manhã do outro dia, fomos para a simplesmente alucinante Magnetic Island. Não vou contar sobre este local neste artigo, pois este lugar merece um artigo específico. Talvez faça um artigo apenas sobre as ilhas da Austrália. Este artigo vem sendo escrito bem lentamente, então quando escrevi as últimas frases ainda não tinha ido para a Withsunday island, conhecer uma, segundo reza a lenda, das praias mais bonitas do mundo: A Whitehaven Beach. É, junto com uma praia nas Filipinas, a praia mais bonita do mundo. Quase chorei em contemplar tanta beleza. Este lugar mágico merece um artigo próprio. Pretendo ir em algum tour para a famosa Fraser Island e quem sabe para outra ilha que descobri que existe apenas há alguns dias e parece ser muito bonita também (Great KeppeI Island) - na verdade, enquanto escrevo essas linhas estou dormindo há uns 70Km do ferry para ir a esta ilha numa rest area perto da estrada. Dirigir de noite é extremamente perigoso mesmo e quase atropelamos um canguru há poucas horas. Portanto, reunirei essas experiências insulares numa série de diversos artigos (obs - publiquei esse artigo depois de ir a Keppel Island. Parece repetitivo e chato, mas que lugar incrível e lindo. Fui numa praia deserta que era uma coisa de louco. Vai ganhar um artigo próprio:)).
De volta da fenomenal Magnetic Island, passamos um final de tarde muito agradável em Townsville. Fomos de novo para a The Strand e no final da mesma descobrirmos que havia um morro onde um antigo forte existe há mais de 100 anos. Hoje em dia, o local virou como um museu e um memorial dedicado aos esforços de guerra australiano. Chamou-me atenção o painel gigantesco representando os dias da famosa e decisiva Battle of The Coral Sea. Um dos temas que mais me atrai são as histórias sobre a segunda guerra mundial. Há tantas dimensões diversas do conflito que se pode ocupar anos e anos com as diversas histórias. Não é à toa que já se fez dezenas, quiçá centenas, de filmes sobre a segunda guerra e sempre há uma história diferente para ser contada. A estratégia militar (lembre-se que fui enxadrista) nos diversos fronts do conflito é muito interessante para mim. A parte da guerra do pacífico confesso que conheço pouco, mas pretendo me aprofundar mais quando tiver mais tempo. A Austrália, como não podia deixar de ser, teve uma participação imensa na guerra do pacífico, pois até meados de 1942 a ameaça de uma invasão japonesa era muito real, sendo que algumas cidades australianas chegaram a ser bombardeadas pela força aérea japonesa.
A Batalha do Mar de Corais foi decisiva, pois impediu que o Japão conquistasse a Papua Nova Guiné, o que tornaria a invasão da Austrália quase que iminente. Há diversos memoriais espalhados pelas cidades australianas, pelo menos naquelas pelas quais passei, especificamente sobre essa batalha. Entretanto, o painel que eu vi em Townsville foi o maior de todos e extremamente interessante. Foi uma tarde extremamente agradável. De tardezinha, fomos a um complexo público. Havia wi-fi de graça, banho quente de graça, churrasqueira e ainda por cima era na beira de um rio lindo. Infelizmente, não dava para acampar e fomos dormir num rest camp, basicamente um local ao lado de um posto de gasolina onde os caminhoneiros descansam. Ao contrário do Brasil, é tudo muito limpo, seguro e com razoável estrutura. Havia muitas campervans e não deixou de ser uma experiência diferente.
Battle of The Coral Sea. Batalha estratégia e vital para Austrália e aliados no front do Pacífico na segunda guerra mundial.
Painel gigantesco com todas as movimentações táticas (creio que preciso fazer um artigo sobre a diferença entre tática e estratégia, algo muito corriqueiro para quem joga xadrez) da batalha. Fiquei acompanhando como criança....
A aliança entre EUA e Austrália é muito forte. Aliás, a segunda guerra mundial marca uma mudança da Austrália em relação a Inglaterra. Ao final do conflito, a Austrália aproximou-se muito dos EUA, cortando os laços umbilicais com a antiga metrópole (na foto, memorial em homenagem aos soldados americanos que ajudaram na defesa da Austrália)
Caminhando em uma agradável trilha na agradável cidade de Towsville...
Lembram-se do "piscinão de ramos" de Cairns? Pois fui descobrir que toda cidade de médio porte na Austrália, pelo menos as que eu visitei até agora, possui uma lagoa artificial (eu vi uma lindíssima que parecia mais uma piscina de hotel cinco estrelas no caribe). A lagoa da cidade era muito bonita, mas a água estava bem gelada e não me animei de entrar.
Dormindo em um dos inúmeros Rest Area que existem pelo país para ajudar viajante de noite...
Enquanto termino de escrever essas linhas, fui bolando esse artigo um pouco em cada dia antes de dormir, já tenho tantas outras histórias para contar e registrar. É incrível, não dá para acreditar que numa viagem tão longa como essa, cada dia seja tão diferente e especial. Imaginava que seria algo muito bacana fazer essa viagem, mas sinceramente não pensava que seria tão especial mesmo. Só posso dizer que estou muito contente, sentindo-me muito vivo e conectado com o mundo e as pessoas.
No “front" financeiro, a semana que passou foi bem interessante. Engatei uma operação de médio porte, sem qualquer risco jurídico. Num cenário realista-levemente otimista (eu divido os cenários dessas operações assim: pessimista, realista, levemente otimista, otimista, etc) pode me render um ano de despesas pagas de viagem (ou seja, posso teoricamente viajar mais um ano) ou dois anos de despesas pagas no Brasil. Como é operação sem risco jurídico, o retorno pode acontecer apenas em alguns meses. O interessante é que não fiz absolutamente nada, apenas dei o aval para que fosse feito e ajudei em pequenos detalhes, algo que não me consumiu nem uma hora. Numa outra operação de maior envergadura, a mais complicada do ponto de vista jurídico que enfrentei até hoje (só estou nela pela grande margem e pelo valor “intrínseco” do imóvel), e de negociação, consegui uma liminar para lá de favorável, determinando a desocupação imediata, bem como indisponibilizando uma grande soma em dinheiro da outra parte. Como, pelas minhas contas, ela já deve algo em torno de 50k só de taxa de ocupação, o custo dela continuar litigando (pagando inflação mais 12% de juros de mora e mais honorários de sucumbência) em caso de derrota se tornou enorme, pois ela está com dinheiro indisponível. Assim, três anos de litígio, mesmo com o imóvel desocupado fará o débito passar para 100k. Ainda não considero uma situação sem risco jurídico, mas houve um grande avanço com essa liminar. Tinha, e ainda tenho, tanta dúvida em relação a essa operação que a contabilizava pelo "valor patrimonial” da aquisição. Se ela se consolidar juridicamente, talvez pague uns cinco anos das minhas despesas no Brasil e quase uns três anos de viagem, acaso eu queira continuar rodando o mundão. Por fim, na minha maior operação em andamento (ainda tenho algumas outras), foram oferecidos em permuta do imóvel uma chácara e uma casa num condomínio fechado no bairro do Morumbi em São Paulo. Não me interessei, mas pelo menos mostrou que esse imóvel é competitivo e tem púbico, apesar de ser bem mais ilíquido pelo alto valor envolvido. Logo, talvez consiga em seis ou oito meses fechar essa operação, o que seria muito bom.
É isso colegas, espero que tenham gostado. Próximo artigo procurarei falar sobre algum outro tópico como herança, ou o mito do “mito sueco”, ou sobre a pequenez de se associar sucesso financeiro com sucesso enquanto ser humano, ou mais uma vez sobre serviço público ou sobre a miopia da precificação da vacância em FII e de imóveis ocupados com litígio, ou não, na Justiça em leilões. Se houver algum tópico que os leitores desse blog gostariam de ler, dentre os listados, deixem a preferência nos comentários. É bom ter o feedback de vez em quando das pessoas que gostam ou não de ler o que escrevo.
Apenas um aperitivo para os próximos artigos sobre a Austrália (Forts Trail - Magnetic Island)