domingo, 30 de outubro de 2016

BOLSONARO, O "MITO" BRASILEIRO

Olá, colegas. Resolvi, e confesso que não foi algo dos mais estimulantes, olhar um pouco mais de perto o “mito" brasileiro. Antes de mais nada, em algumas semanas, estarei no Irã, onde provavelmente a jornada chegará ao fim. Não consigo pensar em lugar mais especial do que esse para acabar essa aventura de uma vida. Ao ler um pouco mais sobre a história desse país extraordinário, fiquei impressionado com uma figura histórica: Ciro, o grande. 

  Muitos historiadores dizem que ele é um dos poucos homens que realmente faz jus ao adjetivo. Há muitos aspectos interessantes, mas o que mais chamou a minha atenção, e eu não tinha a menor ideia disso, é que   Ciro ao conquistar Babilônia e libertar os judeus do seu cativeiro, fez uma declaração que é tida como a primeira declaração de direitos humanos da história da nossa espécie. É conhecido como o Cilindro de Ciro, e é tão importante que há uma réplica na sede da ONU em Nova Iorque. 

Primeira Declaração de Direitos Humanos da história? Muitos historiadores acreditam que sim. Esse artefato é tão importante que uma réplica dele se encontra na sede da ONU. Não vamos esquecer que Ciro governou há mais de 2500 anos. 

  É muito curioso notar também, que ao contrário do que muitos “especialistas" possam falar, a relação entre persas e judeus é antiga e amistosa. A maior comunidade de Judeus fora de Israel no oriente médio se encontra no Irã. Há centenas de sinagogas no Irã e há inclusive um deputado no parlamento iraniano para representar a comunidade judaica iraniana. "Como é que é Soul?” Sim, há um judeu no parlamento iraniano, e nisso há conexão com Ciro, o Grande, e a sua atitude de respeito e tolerância com a prática religiosa de outros povos, algo que era inexistente há 2500 anos, uma característica que aparentemente os iranianos possuem desde há muito tempo. Ciro é tão bem visto pelos judeus, que na Bíblia ele é o único “não judeu” no velho testamento a ser chamado de Messias, ou seja líder.

  Contei essa história de Ciro e os judeus para fazer o link com o nome Messias do personagem do presente artigo. Jair Messias Bolsonaro para muitas pessoas é o homem certo para comandar um país tão diverso de 200 milhões de habitantes. “Ele é o cara! É o mito, é o bolssomito!” 

  Uma vez na parte do comentários, uma pessoa escrevendo anonimamente, de forma muito educada diga-se, falou-me que há muito mal entendido em relação ao Bolsonaro. Eu perguntei então qual seria as opiniões de Bolsonaro para além de temas polêmicos que garantem holofote e o suporte de certos setores de nossa sociedade . O que ele pensa sobre o papel do Estado? Sobre reforma da previdência? O colega não foi capaz de me fornecer fontes sobre esses assuntos importantes para alguém que pode ter uma chance real de vencer as eleições.

  Deixei o assunto para lá, até que alguns dias atrás vi um vídeo curto do citado deputado sobre a PEC 241 do teto dos gastos, e de quebra ele falava sobre juros. Foi interessante, porque a opinião dele em nada se diferencia de uma Dilma, por exemplo, e eu iria escrever sobre isso. Já chego lá, mas antes resolvi me inteirar mais e ouvir algumas entrevistas e ler alguns artigos a respeito para formar uma opinião com mais embasamento.


NÃO, ELE NÃO É O TRUMP BRASILEIRO


  Algumas pessoas o comparam como sendo o "Trump Brasileiro". Nada mais longe da verdade. Eles podem ser parecidos em algumas declarações estúpidas, sendo condescende, mas a semelhança termina aí. Ao ver um documentário sobre as origens de Trump não se pode negar que ele já era rico e o seu pai tinha construindo uma grande empresa de Real Estate. Entretanto, é inegável que Trump expandiu de forma exponencial o negócio familiar.

 Ele foi agressivo, esperto e habilidoso em muitas negociações. Bolsonaro não é nada disso. Ele foi um militar, ou seja um agente do Estado, e depois virou politico profissional. É deputado há mais de 25 anos. Caramba isso é uma carreira como político. Eu sou contrário a políticos que se eternizam no poder e viram profissionais. Aliás, acho isso um dos aspectos extremamente negativos do nosso sistema político.

  Acho tão pernicioso, que se eu fosse Senador ou Deputado Federal proporia algum projeto de nova legislação para impedir que isso pudesse ocorrer. Fiquei feliz ao saber que essa é uma das plataformas do Partido Novo, ter como bandeira que Deputados possam concorrer apenas uma vez a reeleição. Uma das críticas que Trump mais faz a Hillary, pelo menos nos debates e eu vi os três, é dizer que ela é uma política profissional pelos últimos 30 anos. É isso o que Bolsonaro é realmente: um político profissional, a antítese do que Trump acredita ser o adequado. Portanto, não, O “mito” brasileiro não é o "Trump tupiniquim", longe disso.

  Além do mais, por mais que tenha inúmeras reservas em relação ao Trump, o nível de preparo dele, por incrível que possa parecer, em minha opinião é claro, é alguns graus superior ao do Bolsonaro. Se este fosse a versão brasileira do Trump, seria uma versão para lá de piorada.

  
Arquivo da Folha de São Paulo, 24-06-1994. Não vou me focar na ideia de fechamento do Congresso Nacional, o que é uma calamidade, mas no fato de que há mais de 20 anos, Bolsonaro, segundo o jornal já que está entre aspas, teria dito que procuraria uma reeleição por falta de coisa melhor. Sim, ser político no Brasil, de forma profissional, tem valido a pena infelizmente.



UMA DINASTIA DE POLÍTICOS E TROCA DE PARTIDOS


  Ao pesquisar, fiquei surpreendido que o Bolsonaro possui três filhos que são políticos. Copiado diretamente da wikipedia:

Além dele, três filhos seus também são políticos: Carlos Bolsonaro (vereador do Rio de Janeiro pelo PP), Flávio Bolsonaro (deputado estadual do RJ pelo PP)[8] e Eduardo Bolsonaro (deputado federal de São Paulo pelo PSC). 


Caramba, três filhos políticos? Parece que nós brasileiros reclamos de nossos políticos, mas gostamos de eternizá-los no poder. Sarneys, Neves, a lista de famílias formadas por políticos é enorme. Não sei, para mim é estranho uma família formada por políticos, parece algo que leva a abusos. 


  
É interessante notar como o deputado trocou de partidos ao longo da carreira. Foram vários e vários partidos. Pode ser fruto da desfuncionalidade do nosso sistema político de possibilitar tantos partidos políticos, mas não deixa de ser no mínimo estranho um político fazer parte de tantos partidos políticos ao longo da sua carreira (texto também extraído do Wikipedia)


"Em 1988 entrou na vida publica elegendo-se vereador da cidade do Rio de Janeiro pelo Partido Democrata Cristão. Nas eleições de 1990 elegeu-se deputado federal pelo mesmo partido. Seguiriam-se outros quatro mandatos seguidos. Foi filiado ao PPR (1993-95), PPB (1995-2003), PTB (2003-2005), PFL (2005), PP (2005-2016), e desde março de 2016 integra o PSC.[5] "


DESPREZO POR DIREITOS HUMANOS MÍNIMOS

  O "Mito" possui muitas declarações polêmicas, que para mim não tem nada de controverso ou de politicamente incorreto, em muitos casos é apenas agressão e preconceito, misturado com desconhecimento do mundo.

  Não irei falar sobre homossexualismo, negros ou índios. Apenas comentarei a infeliz declaração sobre imigrantes.

“Não sei qual é a adesão dos comandantes, mas, caso venham reduzir o efetivo (das Forças Armadas) é menos gente nas ruas para fazer frente aos marginais do MST, dos haitianos, senegaleses, bolivianos e tudo que é escória do mundo que, agora, está chegando os sírios também. A escória do mundo está chegando ao Brasil como nós não tivéssemos problema demais para resolver.” O link da entrevista pode ser acessado aqui

 É isso que as pessoas querem de um líder? Alguém que chama de escória imigrantes? Muitos deles fugindo de situações onde suas vidas são ameaçadas ou a procura de uma vida melhor? Alguém querendo emigrar para o Canadá porque quer uma vida melhor para si ou filhos, é alguém de valor, um brasileiro de respeito. Um Haitiano fugindo do caos é uma escória? Que tipo de mentalidade doentia é essa? Sendo que é bem conhecido que imigrantes sempre foram uma força econômica no desenvolvimento de países.

  Aliás, essa é uma das grandes forças dos EUA, a quantidade de imigrantes e de diversas culturas que se fundem na sociedade americana criando um gigantesco "Melting Pot".  A Síria vive um verdadeiro desastre humanitário. Se há uma coisa de sentir orgulho do nosso país, é o fato de que recebemos refugiados de países tão distantes como a Síria.

  Se eu tivesse um negócio, eu não pensaria duas vezes em contratar Imigrantes de países em situações caóticas como Haiti e Síria. Tenho certeza absoluta que trabalhariam muito duro, muitos economizarão para ajudar eventuais familiares que se encontram em seus países natal, e provavelmente fariam o serviço por menos do que um brasileiro.

  Quem quer emigrar para outros países e possui pensamentos como o defendido pelo mito, incorre numa grande contradição, para não dizer hipocrisia. 

  Porém, não irei me aprofundar mais ainda, apenas discorri mais sobre o tema, pois é algo que realmente me incomoda, ver pessoas atacando seres humanos que já sofrem uma barbaridade em diversos países. Para mim além de ser desonesto, é um ato que revela certa covardia.

"Se a ditadura militar tivesse matado uns 30 mil, inclusive o FHC, O Brasil estaria melhor". Uma frase edificante


ENFIM, ECONOMIA. DIZ AÍ "MITO" O QUE VOCÊ ACHA SOBRE GASTOS CORRENTES DE SERVIDORES PÚBLICOS E JUROS?


  Colegas, quando já estava terminando este texto, fui fazer uma última checagem, e me surpreendi com o que li. Antes de mais nada, é importante que o seguinte vídeo seja assistido:



  Assistiu o vídeo? Não? Se você não viu, saiba que nesse breve vídeo o deputado Bolsonaro fala que é contrário a PEC dos tetos, pois isso irá achatar gastos correntes, quem irá pagar a conta são os servidores públicos, principalmente os militares. Como solução, ele diz que deveria se abaixar juros, e com isso conseguiríamos equilíbrio fiscal.

  Não é a primeira vez que o deputado fala sobre Banco Central e juros. Ao pesquisar depois de assistir ao vídeo, há uma notícia de uma entrevista ao Valor Econômico (Aqui). Como não sou assinante do valor, não consegui ver o inteiro teor. Entretanto, aparentemente um resumo da entrevista está  aqui. A entrevista apresenta grandes contribuições à nossa democracia juvenil, ao sugerir que analfabetos e pessoas sem renda comprovada no ano anterior não deveriam ter direito de voto. Quanto a estas propostas podemos ficar tranquilos, pois elas são inconstitucionais e nem por meio de Emenda Constitucional poderiam ser modificadas, no meu entendimento. 

  Na entrevista, o "mito" fala que o Banco Central agiria para beneficiar os amigos banqueiros. Sinceramente, nada muito diferente do que a Luciana Genro repetiu ad nauseaum nos debates para presidente em 2014.

  No vídeo linkado, há a mesma história que ouço de juízes federais, colegas de trabalho e de qualquer outra categoria de que os vencimentos não são suficientes. Talvez, se presidente fosse, ele tentaria baixar os juros "na marra", da mesma maneira que Dilma fez à força em 2012-2013. Sério, não há qualquer diferença.

  O que aparenta, até mesmo na forma que ele se expressa no vídeo, é que ele entende pouco ou nada de economia. Algo que eu já suspeitava. Além do mais, parece que se confrontado com decisões impopulares como mexer em aposentadorias, pensão, congelar salários de servidores públicos, ele iria para o populismo, algo não muito diferente do PT.

  A história fica muito interessante, porque Bolsonaro voltou a favor da PEC241. A opinião mudou de um dia para outro. Num brevíssimo vídeo (aqui) o "Mito" disse que mudou de ideia, pois o presidente Temer o convenceu de que a proposta era necessária para recuperar e economia, e porque a ele foi garantido que as forças armadas não seriam esquecidas (tradução dessa expressão no serviço público = aumento de salário). 

  Não sei, depois disso, fica até difícil comentar. Porém, em matéria de economia, apesar de ter poucas declarações, não  há muitas diferenças de linhas de pensamento que colocam a culpa dos nossos problemas nos rentistas, não nos diversos problemas que nos levam a ter uma baixa poupança, e que os gastos governamentais continuarão os mesmos, se duvidar serão aumentados.


A CONCLUSÃO QUE VAI DE ENCONTRO À MINHA IDEIA INICIAL OU NÃO


 Eu iria concluir esse artigo fazendo a segunda ligação com os parágrafos iniciais. O elo seria dizer que assim como o Irã possui um parlamentar judeu, é importante para a nossa democracia que a câmera dos deputados possa ser um lugar onde a diversidade da nossa sociedade seja realmente representada.

 Não há nada de mais deletério para uma sociedade do que eleger pessoas que pensam da mesma maneira e representem apenas um extrato da sociedade. Logo, concluiria que apesar de ser completamente inapto para ser presidente de um país como o Brasil, é importante que haja um deputado como Bolsonaro.

  Porém, sinceramente, depois de perder algumas horas pesquisando sobre sua biografia e declarações, algumas são demais, elas vão contra tudo que acredito ser razoável. Algumas acho que só podem ser ditas, sem consequências jurídicas, pois o mesmo goza de imunidade parlamentar.

  Porém, mesmo assim, irei continuar com a conclusão que tinha em mente: talvez mesmo alguém como ele seja importante para a vitalidade da nossa democracia, afinal há pessoas que realmente pensam que imigrantes são escória, ou que a polícia do Brasil (que é talvez a que mais mate no mundo, e diga-se de passagem uma das que mais morre) tem que matar mais e isso de alguma maneira diminuiria a violência. Essas pessoas precisam ser representadas, e confrontadas com ideias na casa do povo.

  Há pessoas, pelo que li pela internet no curso dessas minhas horas navegando, que dizem "bem, ele não é nenhuma maravilha, mas é o que há de melhor para 2018". É um direito legítimo das pessoas pensarem assim. Agora, por gentileza, isso não tem nada a ver com mito. O Brasil já teve alguns "mitos" com certeza Bolsonaro não é um deles.

  Para fazer justiça, numa entrevista concedida para o programa pânico, Bolsonaro disse que o termo mito vem da infância dele onde ele plantava "parmito".

Triste de um país onde o deputado vira "mito" para milhões de pessoas. Apenas faria sentido se mito for derivado de "parmito". 


Grande abraço a todos!


  

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

DOING BUSINESS - A HORRIPILANTE SITUAÇÃO DO BRASIL

Olá, colegas. Para onde nosso país está indo? Aliás, será que está indo para algum lugar?  Neste breve artigo, gostaria de mudar um pouco o foco sobre os grandes temas de reforma estrutural como a PEC do novo regime fiscal, reforma previdenciária, entre outros, e falar sobre o que acho ser um dos grandes entraves para o desenvolvimento do nosso país: o inferno burocrático que é empreender neste país.

  “Peraí, Soul, como você pode falar disso se nem empreendedor você é?”. É verdade, apesar de ter tido alguns empreendimentos como quando  criei uma “empresa" para dar aulas de xadrez em colégios particulares quando era adolescente, ou quando organizei algumas festas raves no ano de 2003, o fato é que nunca eu mesmo abri um negócio. Porém, apesar disso, os números são cristalinos, e mesmo alguém sem experiência pode apreender que o Brasil escolheu um caminho dos mais insensatos.

   O Banco Mundial todos anos elabora um ranking, levando em conta diversos aspectos, dos países em relação à facilidade ou dificuldade de se realizar negócios. É o chamando ranking “Doing Business”.  É inegável que quanto mais fácil é de se produzir e criar negócios, mais próspera é uma nação. A relação entre liberdade econômica, por exemplo, e prosperidade material é evidente. Tanto é assim que mesmo nações com tributação extremamente elevada como os países nórdicos, maior até mesmo que a nossa brasileira, possuem uma grande liberdade econômica, numa sinalização de que tributos podem cercear a atividade econômica, mas mesmo assim é possível ter ambientes com grande liberdade e alta tributação. Não estou aqui a justificar uma tributação alta ou baixa, mas apenas apontando esse fato.

  E por que é assim? Ora, imagina que o Soulsurfer teve uma ideia de escrever um livro e abrir uma empresa, não seria bom se eu pudesse abrir uma companhia em alguns dias? Ou imagine que a sua esposa, acaso tenha uma prezado leitor, tenha a ideia de produzir doces com alguma receita infalível da vó dela, não seria fantástico se em poucos dias ela pudesse formalizar uma empresa? A liberdade, e a ausência de extensa regulação, para abertura de empresas é um dos caminhos mais racionais para a criação de riqueza. Num ambiente assim, as pessoas podem transformar as suas ideias em ações práticas com muito mais facilidade. Acaso um empreendimento falhe, também é muito mais fácil não temer empreender outra vez.

  Portanto, é evidente que grandes temas de macroeconomia como taxa de juros, câmbio, etc, etc, são importantíssimos, mas me parece que o desenvolvimento de uma nação irá vir principalmente da habilidade deste país proporcionar ou não um ambiente favorável a criação de riqueza. Entretanto, esse tema parece quase ausente do debate político brasileiro e mesmo do dia a dia da maioria das pessoas

  Há um fundo de investimento chamado Dynamo. Não tem tanta popularidade como o Fundo Verde, por exemplo, mas possui um histórico de rentabilidade muito grande desde 1993. Entretanto, o que me chama atenção nele, é as cartas que este fundo faz a cada três meses. É muito interessante, bem do estilo do blog pensamentos financeiros que preza pela diversidade de reflexão. Uma das últimas cartas que li falava sobre as explorações da antártica, não você não leu errado. Um fundo de investimento que tem sobre administração bilhões e bilhões de reais, se não me engano, redigiu uma carta aos seus investidores falando sobre  os famosos exploradores do final do século 19, início do século 20. É claro que há links com algumas características de investimento, mas há algumas cartas que são puro exercício de reflexão abordando temas diversos e interessantíssimos.

  Na carta de número 85, o tópico é o raking doing business e a posição brasileira nele. É dessa carta que anexo o gráfico abaixo. Não irei comentar todos os itens, mas quero chamar atenção para os últimos três. Antes de mais nada, é necessário salientar que há a compilação de dados de 189 países. Sendo assim, estar na posição 177  no item facilidade de pagamento de impostos num total de 189 é algo aterrador, principalmente levando em conta que há dezenas de países no mundo em situação de quase calamidade ou calamidade pura.

 Refere-se ao ranking de 2015. Eu consultei o ranking mais atual (2017), e a situação do país, por incrível que possa parecer, piorou. O que era desastroso, conseguiu ficar ainda pior.

  Nós sabemos que o Brasil não é um país estruturado como uma Nova Zelândia (que figura em primeiro lugar no ranking de 2017). Isso é fato. Porém, o que poderia justificar que no Afeganistão seja mais fácil abrir uma empresa do que no Brasil? Sério, reflitamos sobre isso. O Afeganistão, um país que tive o privilégio de ver por muitas centenas de quilômetros enquanto percorria o Wakhan Vale, que está em estado de guerra há quase quatro décadas, possui uma legislação e burocracia mais favorável quando o assunto é abertura de empresas.


 Isso não faz o menor sentido. Essa situação é simplesmente um destruidor de riquezas. Eu creio que se consenso em grandes questões é difícil, ainda mais num país com pouca afinidade a debates mais qualificados e de grande extensão territorial, por que não tentar criar um grande consenso nacional em temas menos polêmicos, mas que podem ter um impacto positivo poderoso para as futuras gerações?

 Ao invés de discutirmos se o Estado é o grande mal, ou se a educação deveria ser toda privatizada ou ainda mais estatizada, por qual motivo não se discute meios de se tornar a abertura de uma empresa algo simples, rápido e descomplicado? Ora, talvez haja pessoas que se coloquem contra (há doidos para tudo), mas quem seria contra propostas para se tornar mais simples abrir uma empresa ou mais rápido para se conseguir alvarás de construção?

  Não é tão glamoroso para campanhas políticas? Não é tão incisivo para a mídia? Talvez, mas são reformas que poderiam mudar e muito a cara da economia no nosso país, e com o passar do tempo talvez poderia solidificar entendimentos mais consensuais para uma reforma mais ampla do nosso país.

 Nossa nação possui tecnologia, possui capital humano, tenho certeza que não seria difícil achar soluções para facilitar e muito estes três tópicos: pagamento de impostos, facilidade em abertura de empresas e obtenção de alvarás de construção. 

 Apesar de ter certo ceticismo que essas reformas na microeconomia ganhem espaço em nosso país num futuro próximo, é sempre bom manter uma dose de otimismo.  Quantas vidas não poderiam ser melhoradas com simples soluções de interligar sistemas diversos, facilitando a vida de atuais e futuros empreendedores. O Nosso país é muito grande e apresenta diversos problemas. Os grandes problemas são como um ímã para a nossa atenção, o que é algo muito natural. Porém, às vezes grandes reformas acontecem quando modificamos os aspectos mais triviais do dia a dia. Comece a dar bom dia para os seus vizinhos, e talvez a relação de toda uma comunidade possa melhorar sem as pessoas perceberem que um simples ato de ser cordial com o vizinho possa acarretar uma mudança profunda nos relacionamentos. A mesma coisa com a nossa economia, e bem como o próprio ambiente político. Façamos  pequenas reformas para incentivar e descomplicar o surgimento de empresas, e consequentemente de inovação e riqueza. Quem sabe o impacto que isso pode ter no médio-longo prazo nas grandes questões do Brasil.


  Um grande abraço a todos!

obs: quem quiser acessar as cartas do Fundo Dynamo (o que recomendo bastante), clique aqui



sexta-feira, 21 de outubro de 2016

PROJETOS FUTUROS : LIVRO SOBRE LEILÃO DE IMÓVEIS E OUTRO EMPREENDIMENTO

Olá, colegas. Depois de dez dias bem intensos, enfim posso descansar um pouco. Como me deu vontade de escrever, publico três artigos simultâneos com temáticas bem diversas. Caso, prezado leitor,  queira conferir os outros dois artigos estes são os links: O Surfista-Garçom que sabia (e sabe) economizar e viver e Uma Viagem Épica pelo "Roof of the World"

 Sinto-me satisfeito com a viagem. Antes mesmo desta longa jornada de quase dois anos, já tinha conhecido dezenas e dezenas de países e visto e experimentado muitas coisas neste nosso planeta azul. Porém, no decorrer desta viagem a sensação de satisfação e de preenchimento ficou muito grande. O mundo é muito vasto. É muito difícil realmente apreender o quão grande é o nosso planeta, bem como a extrema diversidade humana, sem ter viajado e visto por si só. 

  Não é possível conhecer tudo, muito menos com profundidade. Assim como não é possível ler todos os livros ou assistir todos os filmes. Isso pode ser óbvio, mas é uma das causas principais para a existência de tanta ansiedade em sociedades mais desenvolvidas do ponto de vista material. Quanta beleza natural e humana eu não presenciei. Sinto-me extremamente privilegiado. Muito mesmo. Se todos pudessem ver e sentir o que vejo e sinto, quantos preconceitos não seriam deixados de lado. Todo esse sentimento, difícil de expressar em palavras sem ter a habilidade de um poeta, fez-me decidir que é hora de voltar para casa. 

  Porém, na volta ao Brasil, o que fazer? Voltar para o meu cargo? Para a minha vida rotineira (que era bem aprazível)? Recarregar as energias, ficar com a família, e me jogar em alguma outra aventura pelo mundo? Será que minhas relações serão as mesmas? O que fazer para produzir mais significado para mim?

  O que realmente gosto de fazer? Ver filmes e surfar? Porém, isso é suficiente? Ao longo dessa grande jornada, bem como aliado às minhas experiências de escrever num blog, fizeram-me perceber com mais intensidade que eu gosto de me relacionar com outros humanos. Aliás, esse é um dos ingredientes para uma boa vida em minha opinião. Mesmo que a pessoa seja extremamente bem resolvida consigo mesmo, é apenas na interação humana que a verdadeira felicidade pode aparecer. Isso tanto é verdade, que uma das cenas mais bonitas, e triste ao mesmo tempo, do espetacular filme Into The Wild (“Na Natureza Selvagem”) é quando o protagonista à beira da morte, sozinho no inverno do Alasca, percebe que a vida só vale a pena quando compartilhada.

  Como posso fazer para compartilhar mais? Há diversos caminhos, e pretendo trilhá-los em vários aspectos na minha vida. Porém, há um específico que gostaria de compartilhar com os leitores desse espaço.  Não sou um grande escritor, porém com o tempo fui percebendo que a minha escrita foi melhorando com o hábito de escrever neste espaço. Também percebi que conseguia trazer  conceitos, ou fazer algumas reflexões, sobre alguns temas mais técnicos que de alguma forma contribuíam para um melhor entendimento dos leitores.

 Levando isso em conta, decidi que talvez fosse a hora de escrever um livro. Eu tinha um certo bloqueio em relação a essa idéia, pois não me achava a altura da tarefa. Porém, ao observar a quantidade de publicação, e a qualidade de alguns escritos, refleti que não seria o novo Machado de Assis, mas poderia escrever algo útil e ter satisfação em todo o processo de maturação do livro.

 A ideia foi se desenvolvendo em minha cabeça, e hoje tenho em mente a possibilidade de escrita de pelo menos oito livros. “Oito, caraca Soul, só pode estar de brincadeira!” Talvez, por isso vou escrever o primeiro. Se a experiência for prazeirosa, e o resultado satisfatório, quem sabe eu não escreva os oito? Se não for algo que me acrescente significado ou o resultado fique aquém do que eu pensei ser possível, pelo menos terei tentado, e cumprido em parte o dever contigo do adágio popular de que “todo homem deve ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro”.

 Entretanto, qual tema escolher? Resolvi ser seguro e escrever sobre algo que tenho experiência e conhecimento. De quebra é um assunto que simplesmente não há material disponível de forma organizada e compreensiva, ainda por cima  desperta o interesse de muitas pessoas. O livro discorrerá sobre Leilão de Imóveis.

 Decidi contar  tudo que sei, e todas as dicas práticas dessa espécie de negociação. Não irei abordar apenas aspectos jurídicos e práticos, mas até temas como se é ético ou não comprar imóveis ocupados por famílias. Tentarei trazer aspectos financeiros de análise como custo de oportunidade e como isso de alguma forma se relaciona com essas operações.

  Entretanto, o principal mesmo será a análise prática. Citarei casos concretos, inclusive onde participei. Colocarei matrículas imobiliárias e mostrarei o que olhar, e quais averbações podem significar problemas. Analisarei todos os riscos envolvidos, do ponto de vista jurídico e financeiro, e farei um enorme compêndio das decisões da Justiça sobre os mais variados temas que tenham influência direta ou indireta sobre quem arremata imóveis em leilões judicias ou extrajudiciais. Tentarei traduzir os diversos conceitos jurídicos envolvidos (bem de família, preclusão, purgação de mora, preço vil, etc, etc) de uma maneira que tudo faça sentido num todo.

  Pelo que vislumbrei do livro, tem tudo para ser um bom conteúdo informativo para leigos, ou até mesmo para profissionais que atuam diretamente na área.  Em rápida pesquisa pelo Google, descobri que há pessoas dando cursos sobre a matéria, todos advogados. O preço varia de R$700,00 a R$2.000,00. Pelo que olhei dos sumários propostos nos cursos, o meu livro tem tudo para ser mais completo e didático, com a vantagem de que compartilharei a minha experiência em casos concretos como investidor, e não apenas como conselheiro legal.

  Quem sabe se o resultado for bom, eu não possa até mesmo dar palestras a respeito. Eu gosto muito de falar com pessoas, quem sabe esse não possa ser o primeiro passo.

  E se não der certo? Bom, a vida deve ser feita de tentativas. O livro “Antifrágil” do Taleb explora um conceito bem interessante: “opcionalidade”. Nós, que gostamos mais de finanças, sabemos ,nem que seja um pouco , sobre opções aplicadas ao mercado acionário. O que o escritor do livro mencionado tenta passar ao leitor, ele mesmo um operador de opções financeiras, é que o conceito de opções pode ser alargado para várias esferas da vida. Eu precisaria de um artigo inteiro apenas para tratar desse tema, mas a ideia básica para Taleb é que quando “opções”, ou seja situações onde o retorno pode ser muito alto e eventual perda baixa, aparecem na nossa vida nós temos que explorá-las. 

  No caso, se der certo este meu projeto, quem sabe para quais caminhos podem me levar. Se não der certo, o meu custo será apenas o tempo dedicado, mas que mesmo assim fará que eu adquira mais experiência de vida.

 “Soul, é pelo retorno financeiro?”. Colegas, mesmo que eventual projeto seja um sucesso e retorne uns 100k, e eu nem sei se isso é possível com um livro ou e-book sendo bastante otimista,  sinceramente uma quantia como essa não faz a menor diferença para mim. Absolutamente nada na minha vida mudaria com esse valor a mais ou a menos. Não, a motivação tem que ser outra que não apenas a financeira, não que essa não tenha a sua serventia e importância.

  Portanto, tentarei e vamos ver no que vai dar.  O outro projeto envolve minha companheira. Desde que moramos um tempo na Califórnia há alguns anos, uma ideia pareceu ser muito promissora. Não fomos muito atrás, porque a ideia de ficar anos viajando não saia da minha cabeça, o que impediu que planos de maturação mais prolongada fossem feitos.

  Como tanto eu, como ela, estamos satisfeitos e felizes com o que vimos neste belo e diverso mundo, talvez agora outros projetos possam aflorar. É uma área que ela gosta muito. Quer estudar, aprender coisas, ler a respeito. É uma área com potencial gigantesco no Brasil, e que já é explorado no exterior em países mais desenvolvidos, e que quase não há absolutamente nada no Brasil. Para mim é um mercado de dezenas de milhões, talvez centenas de milhões de reais no longo prazo.  

  E por acaso estamos atrás desse dinheiro todo? Não, claro que não. Ficarei feliz se minha companheira achar algo com que se identifique, e se houver algum sucesso financeiro, mesmo que em pequena escalda e de forma artesanal, tanto melhor. Porém, lembram-se do conceito de “opcionalidade" do Taleb? Pois então, é uma empreitada com downside bem pequeno e com potenciais retornos altos. O que me deixa feliz com essa possibilidade é que realmente envolve algo bacana, não é apenas para ganhar dinheiro. Eu, sinceramente, creio que quando as pessoas trabalham ou empreendem com algo que realmente faça sentido para elas, os resultados para a vida, e não falo apenas do lado financeiro, podem ser fantásticos.

  Também quero surfar bem mais e cantar bem mais na bandinha de heavy metal. Porém, isso já é papo para um outro artigo.

Um ano sem surfar, já está começando a fazer muita falta...



  Grande abraço a todos!

O SURFISTA-GARÇOM DE CORAÇÃO GRANDE QUE SABIA (E SABE) ECONOMIZAR E VIVER

Olá, colegas. Depois de dez dias bem intensos, enfim posso descansar um pouco. Como me deu vontade de escrever, publico três artigos simultâneos com temáticas bem diversas. Caso, prezado leitor,  queira conferir os outros dois artigos estes são os links: Projetos Futuros: Livro sobre Leilão de Imóveis e Uma Viagem Épica pelo "Roof of The World"

  Um amigo meu foi diagnosticado com leucemia. Soube disso há alguns dias. Tenho que ser sincero e dizer que pouco ou nada sei sobre essa doença. Entretanto, pelo que li é algo bem grave e sério. Ele é novo, não sei ao certo a idade, mas deve ser um pouco mais velho do que eu. “Entendo, Soul. É triste, mas a vida é assim mesmo, pessoas adoecem, por qual motivo escrever um artigo sobre isso?” algum leitor pode estar pensando.

  O motivo principal é que quero simplesmente por meio de palavras de alguma forma passar uma energia positiva. Também achei apropriado, pois está intimamente relacionado com o meu último artigo sobre Carpe Diem. Onde conheci esse amigo? Numa pizzaria. Por sinal, para mim é a melhor pizza do mundo, e já falei isso para diversos estrangeiros. Alguns que provavelmente irão me visitar já contam que irei levá-los para comer a famosa pizza.

  E como o conheci? Ele era garçom nessa pizzaria. Ele, como quase todos que lá trabalham, estão sempre sorrindo e tratando os clientes como amigos. Imagine um lugar perto da minha casa, que tem uma pizza deliciosa e com garçons e atendentes que fazem você se sentir numa roda de amigos, pois então, por mim comeria lá algumas vezes por semanas. Quando era solteiro, não era raro ir duas ou mais vezes por semana sozinho, principalmente se eu tivesse surfado no final de tarde e estivesse com fome.

 Entretanto, o Wad tinha algo diferente em relação às pessoas simpáticas que lá trabalharam ou ainda trabalham. Ele parecia ser o mais sorridente e feliz entre todos. Aos poucos, já que pelo menos uma vez por semana estava por lá com minha companheira, fui conhecendo mais detalhe de sua vida. 

 Além de ser um exímio surfista, muito melhor do que eu, ele exercia também a função de shaper (para quem não sabe é a pessoa que faz pranchas sob medida). O que me surpreendia é que pelo menos umas duas, ou às vezes três, vezes por ano ele dizia que iria passar um mês na indonésia ou no Havaí. Até mesmo no Taiti, um destino caro, ele já foi surfar.

  Perguntava-me como ele conseguia, já que o salário de um garçom no Brasil é relativamente baixo. Acontece que o Wad (ele é mais conhecido como Lau, mas me acostumei a chamá-lo assim) tinha inteligência financeira e compartilha muitas das ideias que tenho sobre consumo e boa vida. Ele era extremamente consciente de suas despesas, e simplesmente não gastava com coisas que não lhe fossem trazer sentido. E o que trazia sentido para a vida dele? Surfar em lugares paradisíacos. 

  E assim Wad foi acumulando carimbos em seu passaporte, bem como ondas perfeitas no currículo. Era sempre um prazer reencontrá-lo e conversar com ele enquanto esperávamos a pizza. Nunca tive o prazer de surfar em sua companhia. Antes do início da minha viagem, tínhamos combinado um almoço na minha casa, mas por causa de incompatibilidade de horários o encontro acabou não ocorrendo.

  Ele para mim é um bom exemplo do que o meu texto do Carpe Diem tentou passar, prezados leitores. Wad colhia e colhe o dia, não esperava pelo amanhã. Sempre sorridente, sempre feliz e sempre esperando a próxima viagem para algum lugar especial. O aproveitar o presente dele não era algo tolo e desmedido, como algumas pessoas pensam e agem, mas sim sábio. A vida deve ser saboreada no presente, mas ele tinha claro de que apenas com planejamento consciente no agora, ele poderia desfrutar do que realmente gostava que era viajar para surfar.

 O Wad é alguém como eu e você. Não é um sábio meditando em algum monastério no Butão. Não é um brilhante cientista ou filósofo. Ele é apenas um ser humano normal, exatamente como eu e você querido leitor. E essa é a beleza de tudo. Alguém com uma vida normal, talvez até mesmo com condições financeiras piores do que boa parte dos leitores desse espaço, mas que sabia e sabe levar a vida de forma financeiramente inteligente, vivendo o presente de forma plena e trazendo alegria para os outros. Um grande exemplo para mim.

  Como dizia o poema de Horácio, onde a expressão Carpe Diem foi utilizada talvez pela primeira vez, devemos aproveitar a vida o máximo que pudermos, pois o futuro é incerto. O meu colega Wad foi infelizmente diagnosticado com essa terrível doença. Pelo que soube, está fazendo quimioterapia e a família está doando sangue para ver se há compatibilidade para um transplante de medula.


  Não há nada que eu possa dizer num momento desses para o Wad a não ser obrigado por ser um exemplo de como podemos levar a vida de forma mais leve e feliz. Como estou longe do Brasil, não há nada de prático que eu possa fazer para ajudar. Apenas saiba, meu amigo, que o meu coração e da minha companheira estão com você. Desejamos e torcemos muito para que o tratamento dê resultado e que você possa achar um doador compatível. Temos uma esperança grande de quando voltar ao Brasil, iremos revê-lo com saúde.


Wad entubando bonito em algum lugar paradisíaco no mundo. Meu amigo, você vai entubar muitas mais ondas como essa.

UMA VIAGEM ÉPICA PELO "ROOF OF THE WORLD" ( PAMIR HIGHWAY)

Olá, colegas. Depois de dez dias bem intensos, enfim posso descansar um pouco. Como me deu vontade de escrever, publico três artigos simultâneos com temáticas bem diversas. Caso, prezado leitor,  queira conferir os outros dois artigos estes são os links: Projeto Futuro: Livro sobre Leilão de Imóveis e O Surfista-Garçom que sabia (e sabe) economizar e viver

 Os últimos oito dias fiz uma viagem épica entre Osh no Quirguistão e Khorog no Tajiquistão onde atualmente me encontro. Foi simplesmente incrível, indescritível. Viajei no "Roof of the World", como é conhecida a Pamir Highway, passando por montanhas de mais de sete mil metros de altura, dezenas de lagos e passagens de quase cinco mil metros de altura. Além do mais, e esse foi um ponto muito alto de todas as minhas viagens, passei alguns dias no Wakhan Valley na divisão entre Tajiquistão e Afeganistão. Ficamos, em certas ocasiões, apenas alguns metros do temido Afeganistão, tendo presenciado inclusive helicópteros militares voando em direção a este país para efetivar operações militares.  O ponto alto, entretanto, foi o povo e as pessoas que encontramos pelo caminho, quase todos Muçulmanos xiitas. Nunca tive contato com xiitas, apenas com sunitas, e foi uma belíssima experiência, pesa o fato de que são Xiitas ismanitas, um setor muito mais tolerante e com uma interpretação mais suave da religião. As crianças foram algo a parte, jogar futebol com crianças Tajiks num campo cheio de pedras grandes e com uma criança montada num burro aparecendo no meio do jogo, com montanhas de 6 mil metros de altitude no território do Afeganistão logo atrás, foi algo único. Fez-me lembrar a cena do filme "A Vida Secreta de Walter Mitty", quando ele joga futebol com sherpas no Afeganistão. 

  Não irei fazer um relato da viagem, será apenas imagens e algumas legendas. Espero que aproveitem a beleza desse nosso mundo mostrada nas fotos.



PRIMEIRO DIA


A beleza começa a se descortinar no primeiro Pass de mais de 4200 metros de altitude

Mount Lennin (mais de 7 mil metros de altura). Há também no Tajiquistão os montes Karl Mark e Engels. Não se esqueçam que o Tajiquistão era uma república soviética
Filho de uma adorável família local que nos chamou para tomar chá e comer pão. Era a única família no local

Uma senhora sorridente. As marcas no rosto evidenciam uma vida bem dura de alguém que não deve ter nem 50 anos

A caminho do Base Camp do Peak Lennin. É uma das montanhas na casa dos 7 mil metros mais fáceis de ser escalada. Quem sabe não volto um dia em alguma expedição para o cume?


SEGUNDO DIA



Rumo à Fronteira com o Tajiquistão. Estava nevando e muito frio. A fronteira localiza-se a 4500 metros de altitude.

Primeira visão do incrivelmente belo Karakul Lake. E pensar que um dos lugares mais lindos que já fui na vida foi o Karakul lake na China (que aliás está apenas alguns centenas de quilômetros distante)

A pequena vila de centenas de pessoas de Karakul

Nossa hospedagem. Simples, mas aconchegante. Aliás, não sei por qual motivo tantas pessoas querem luxo quando viajam, não sabem o que a simplicidade oferece de beleza quando se viaja.
O museu da cidade

Ah, as crianças....

Menina saindo do colégio


TERCEIRO DIA


Amanhecer na vila de Karakul (montanhas de seis mil metros ao fundo). O lago está localizado numa altitude de 3900 metros. No inverno, chega a fazer -40.

O local é lindo

Montanhas para todos os lados

Mais crianças quirguiz. Apesar de estarmos no Tajiquistão, está é uma região de predominância da etnia Quirguiz

Que beleza de acomodação

A pequena mesquita local

Garotinha pousando para a foto

Eu passei uns bons minutos brincando de bola com essas crianças

É preciso prosseguir com a viagem

No caminho, encontrei esse simpático ciclista. Estava pedalando desde a Grécia. Chamava-se Alessandro e era Grego, mas criado na África. Contou-me diversas histórias, inclusive de que ele tinha avistado lobos perto do seu acampamento na noite anterior

Um pass de mais de 4600 metros de altitude

Sem palavras para descrever a beleza...

O centro regional de Murgab. Algo em torno de 7 mil habitantes. Um lugar extremamente desolado e longe de quase tudo.

Garotinhas que brincaram com a gente

O leitor desse espaço talvez se lembre do monte Muztagh Ata (mais de 7500 metros de altura). Escrevi um artigo sobre ele no mês de junho, enquanto estava na China.  Não é que ele é visível da vila de Murgab no Tajiquistão. Quando percebi que estava olhando o Muztagh Ata não acreditei. Depois de vários meses e milhares e milhares de quilômetros viajados, estava encarando a mesma mo intanha, mas do outro lado. Incrível!

Quando estava retornando para a Home Stay, essa lua gigante apareceu. Foi a maior lua que já vi na minha vida, e a foto não faz justiça. Ver a maior lua da minha vida nascer do lado do Muztagh Ata foi algo indescritível.


QUARTO DIA


Dia de Hiking entre dois vales, subindo um Pass de quase 5 mil metros de altitude. Se nunca andou horas e horas em alta altitude, é difícil explicar como a falta de oxigênio afeta o seu desempenho físico

O motorista apenas nos disse para seguir o rio, quando víssemos neve era para seguir à esquerda, quando chegássemos no Pass era para virar a direita. A subida foi extremamente difícil, levando a Sra. Soulsurfer quase à exaustão

Porém, enquanto subíamos, a vista era incrível

Momentos finais antes de chegarmos no Pass. O rapaz de azul é um rapaz de Malta. Um casal de Malta nos fez companhia em nossa viagem. Pessoas incríveis e sensacionais, transformaram a nossa viagem em algo muito mais divertido e prazeroso. Espero revê-los no Brasil, onde serão meus hóspedes de honra, ou em Malta

Passado o Pass, o outro vale se descortinou. A descida não foi nada fácil, pois havia muitas rochas soltas. O hiking foi de 19km, e isso é muito para um dia, levando-se em conta a alta altitude. Foram quase 9 horas andando.



   Estes foram apenas os quatro primeiros dias, os últimos quatro foram ainda mais sensacionais. Num próximo artigo, trago imagens da segunda parte da aventura.

  Um grande abraço a todos!