quarta-feira, 15 de abril de 2020

CORONAVÍRUS - PARTE VI - O MARTELO E A DANÇA


Olá, prezados leitores. Se ainda não leram, sugiro a leitura das partes primeira, segunda, terceiraquarta e quinta.

INCERTEZAS, INCERTEZAS, INCERTEZAS


     Quase tudo do que eu estou escrevendo sobre esse tema, com certeza estará desatualizado em algumas semanas. Por qual motivo então continuar a escrever uma série tão extensa? O faço porque realmente gosto. A quantidade de novas informações que venho aprendendo é imensa. Uma das últimas delas foi finalmente entender um pouco, nem que seja um pouco, do Teorema de Bayes, especialmente no que toca a análise de exames médicos. E, amigos, que lição.

    Estudos sobre a presente crise são publicados diariamente, especialistas de mais alto renome divergem sobre estimativas, índice de letalidade, aspectos básicos da biologia do novo vírus, o que torna tudo muito incerto. Adicione a isso o caos político e econômico que está varrendo muitos países, e o cenário de incerteza apenas aumenta. Mas, a vida às vezes é assim mesmo, é necessário navegar por mares revoltos de incerteza, sabedor que no momento dos acontecimentos é normal que um olhar retrospectivo talvez analise alguns atos como tolos ou insensatos, mas isso seria apenas uma falácia ou um viés comportamental, tema esse já abordado há alguns anos nesse blog  Hindsight Bias - O que os jornais de 20 anos atrás podem te ensinar


                Portanto, a única certeza é que boa parte do que sabemos ou achamos que sabemos do momento atual se mostrará equivocada daqui alguns anos, e não há nenhum mal nisso.


NÃO HÁ ECONOMIA FUNCIONAL NO MEIO DE UMA PANDEMIA – SOBRE QUARENTENAS E LOCKDOWN


                O Remédio vai ser pior do que a doença”, “é preciso pensar em empregos”,  essa frase é dita já há algumas semanas, mas se acentuou especialmente por causa do nosso irresponsável presidente.

                Leitores, não há economia funcional no meio de uma pandemia de um vírus letal e com grande taxa de hospitalização. Não há. Ponto.  É o caso do SARS-COV-2? A única resposta sensata é que não se sabe. Ponto. O índice de letalidade é de 0.3% como ouvi do especialista internacional respeitado  Amesh Adalja no brilhante podcast do Peter Attia (1) ou será que pode ser na faixa dos 1.5%-2% como sugeriu um dos maiores epidemiologistas do mundo no mesmo podcast do Peter Attia chamado Michael Osterholm (2)?

Livro escrito pelo Michael Osterholm, estou lendo antes de dormir. Escrito em 2017, parece quase que profético em face dos acontecimentos atuais.
      


                Vocês, prezados leitores, conseguem ver a diferença de cenário e de impactos na economia? Se formos conservadores , e acreditar que um vírus tão transmissível como esse irá se espalhar por “apenas” 30% da população num período de 12 a 15 meses, esses são os números “grosseiros” do que pode acontecer.  Trinta por cento da população brasileira equivale a 60 milhões de brasileiros. Se a taxa de letalidade dos que são infectados é de 0.3%, isso significa que , em teoria, 180 mil brasileiros podem vir a falecer em decorrência direta desse vírus. É um número assustador. Porém, se o índice de letalidade for de 1.5-2%, por exemplo, o número de pessoas mortas poderia ser, em teoria, de 900 mil a 1.2 milhões de pessoas.  Isso considerando apenas 30% da população infectada, o que nem de longe conferiria herd immunity.

                Em um cenário, o impacto vai ser enorme, a depressão será profunda. No outro, é o caos completo e absoluto. No cenário mais sombrio, não há economia que funcione, ao menos não em sua totalidade. Quem vai a restaurantes, cinemas, academias, viagens de turismo, jogos de futebol, shows, etc, etc? 

    Portanto, não existe dicotomia entre saúde e economia num cenário de um vírus com 2% de letalidade que vai se espalhar por uma parte grande da população.  Sim, não é um apocalipse, não é um vírus que mata 20% das pessoas infectadas, se fosse um vírus assim, altamente transmissível, o mundo não acabaria, mas sistemas políticos inteiros ruiriam. Sim, isso mostra como a nossa realidade pode mudar. Isso é um grande sinal de alerta. As últimas duas-três gerações humanas, especialmente em países ricos e de classe média, não viram graves crises, grandes guerras, e talvez ficamos "mal acostumados" e cegos para graves perigos que podem de uma hora para a outra se abater sobre sociedades inteiras.

     Se for uma letalidade de 0.3%, sim, talvez seja possível refletirmos sobre como fazer uma transição para uma “normalidade”, com saídas inteligentes, testagem em massa, tecnologias que irão de encontro a liberdades individuais e privacidade, etc. Agora, com uma doença com letalidade de 2% e de hospitalização necessitando de UTI de 4-5% é o caos completo, e a saída é muito, mas muito mais complexa.

                E se a letalidade for de 0.01%? Sim, esse é o único cenário onde a normalidade será restaurada em alguns meses, é basicamente acreditar que o “Modelo Oxford” está muito mais correto do que errado. Porém, não é esse o cenário que grandes epidemiologistas acreditam ser o mais provável, mas há uma probabilidade de que essa hipótese seja verdadeira, em 30-40 dias será possível que essa questão fique menos nebulosa com a testagem em massa de populações para anticorpos.

                Portanto, quarentenas e isolamentos servem para ganhar tempo, para que os cientistas façam o que eles sabem fazer que é analisar a realidade com base no método científico, para que possamos, enquanto espécie, entender melhor o que está acontecendo, e com base nisso saber quais são os cenários mais prováveis ou não. Serve também para sociedades se unirem contra um inimigo comum, para governos estruturarem os sistemas de saúde, bolarem planos de resgate e ajuda econômica às camadas mais frágeis da sociedade. Se sociedades se desunem, se governos não se estruturam, então a quarentena e isolamentos compram um tempo, com claro impacto econômico, sem que haja qualquer ou muito pequenas consequências positivas no futuro.


O MARTELO E A DANÇA. SE VOCÊ NÃO ENTENDEU O CONCEITO DE R-NAUGHT, VOLTE PARA A PRIMEIRA PARTE DESSA SÉRIE


      Algumas semanas atrás, um leitor sugeriu um artigo no original chamado “The Hammer and The Dance”. O artigo é um primor. São mais ou menos 30 minutos de leitura. O artigo encontra-se traduzido para o português (3). Não há motivos para o leitor que quer aprender mais sobre o tema não ler, já que se encontra traduzido para a nossa língua, não havendo barreira de linguagem.

    Além da letalidade, o conceito principal para saber a seriedade de uma doença, do ponto de vista epidemiológico, é o R-Naught ou R0.  Basicamente, é o índice de transmissibilidade de uma doença.  Um R0 de 2 significa que uma pessoa infectada, em média, pode infectar outras duas pessoas. Um R0 de 0.5 significa que uma pessoa infectada, em média, pode infectar meia pessoa (a forma correta seria dizer que precisam de duas pessoas infectadas, em média, para infectar uma nova pessoa).

      Não precisa de muito raciocínio para perceber que quanto maior o R-Naught mais explosivo é o contágio da doença.  Um R-Naught maior do que um significa que a doença pode se tornar uma epidemia (já que uma pessoa pode infectar, em média, mais do que uma pessoa). Um R-Naught menor do que um significa que uma doença se transforma de epidemia em endemia, ou seja, ela ainda será presente numa localidade, mas em número decrescente de novos infectados.

       O índice de transmissibilidade de uma doença, porém, não é algo gravado no código genético do vírus, ou da bactéria. O índice depende de fatores ambientais como temperatura, geografia, adensamento populacional, etc.  Um vírus, em condições idênticas, vai ter um R0 muito maior numa cidade densamente habitada em relação a uma cidade pequena do interior.

       Pegue-se o caso do sarampo com um R0 de incríveis 12 a 15. Se ninguém tivesse imunidade ao Sarampo, essa doença iria se alastrar como um barril de pólvora na população, ocasionando dezenas, talvez centenas, de milhões de mortes. Aliás, foi isso o que ocorreu com a “conquista” da América pelos espanhóis. Há anos eu queria ler o clássico livro “Armas, Germes e Aço” do Jared Diamond. Mês passado, eu terminei a leitura. Nossa, que livro maravilhoso. A quantidade de insights que me deu para entender melhor o nosso mundo, foi algo incrível. E uma das formas de dizimação das populações indígenas foi a expansão de doenças contagiosas  trazidas por dezenas, ou seja pouquíssimas pessoas, sem que as mesmas tivessem qualquer tipo de imunidade, pois nunca tinham sido expostas a elas. Foram dezenas de milhões de nativos que morreram do Império Inca ao Império Asteca, mortos por inimigos invisíveis contra os quais eles não tinham qualquer capacidade de defesa.

Simplesmente brilhante.


       Porém, mesmo se ninguém fosse imune ao sarampo, mas todos entrássemos em bolhas herméticas por alguns meses, o R-Naught do sarampo seria zero. O vírus, por mais infeccioso que fosse, não conseguiria se transmitir para ninguém em suas bolhas.

Assim, pode vir um vírus que é uma combinação do Ebola com o Sarampo e a Gripe que o R-Naught dessa monstruosidade seria zero. 


       (In)Felizmente, não podemos sobrevier a uma pandemia cada um entrando literalmente numa bolha. O outro passo, já que não podemos ficar em bolhas,  especialmente em relação a patógenos transmitido pelas vias respiratórias (pensem no vírus HIV que é transmissível por via sexual ou contaminação do sangue, a forma de prevenção obviamente não é uma quarentena), é se isolar um do outro. Foi exatamente o que a China fez numa quarentena não vista, ao menos é o que os especialistas falam, no mundo moderno há muito tempo. A quarentena em Wuhan foi alguns graus de magnitude mais severa do que qualquer coisa feita em qualquer lugar do mundo atualmente. O resultado foi que o R-Naught do SARS-COV-2 que estava entre 2.5-3  foi reduzido para algo em torno de 0.2. Sim, eles basicamente deram uma martelada no vírus com uma quarentena draconiana de praticamente mais de dois meses.
               
       É daí que vem o "Martelo" do artigo recomendado. Com uma martelada, ou seja um ato de isolamento brusco e extenso com consequências graves para a economia e sanidade mental, é possível basicamente reduzir o R-Naught do SARS-COV-2 para números muito menores do que 1. Ao se fazer isso, a epidemia, ao mesmo momentaneamente, é controlada.

      Entretanto, ainda mais num mundo como o nosso onde tudo é interconectado, onde há dezenas de trilhões de dólares em dívidas, governos endividados, cidadãos endividados, pessoas sem poupança, não é viável deixar uma sociedade inteira sobre quarentena por meses e meses, mesmo num país com um governo central que possui um poder imenso como é o caso da China. O caos social e econômico seria imenso.

  O que fazer, então? Na quinta parte  dessa série, foi desmistificado, um pouco ao menos, o sentido de "achatamento da curva". Achatar a curva não é diminuir o número de casos, mas sim ganhar tempo para que o sistema possa se preparar, ou, se tudo der certo, que remédios possam ser utilizados, e num caso remoto uma vacina inventada (remoto, no sentido de estar disponível em menos de 18 meses).  O número total de casos é o mesmo, as infecções são jogadas para o futuro. Porém, para o caos não ser completo, talvez a normalidade terá que se transformar, o nosso "novo normal" não será igual ao "normal" de alguns meses atrás.

       Talvez alguns setores econômicos poderão voltar, mas se os casos aumentarem, talvez deverão ser fechados novamente. Talvez alguns tipo de eventos não poderão voltar tão cedo (pensem num Flamengo x Corinthians com 60 mil pessoas cantando, xingando, aglomeradas num mesmo local), outros poderão. Teremos que usar mais máscaras, usar mais álcool, um maior distanciamento social. Tudo isso pode ter um impacto no R-Naught. Seria como uma dança com o vírus, e daí o nome "Dança" do artigo, onde a humanidade iria se adaptando às realidades locais de transmissão do vírus.

O Martelo e a Dança, o objetivo da Dança seria manter o R-Naught abaixo de um, ou próximo disso.


       Se o "Modelo Oxford" não estiver correto, ou melhor dizendo, estiver muito errado, se apenas uma parcela pequena da população já se infectou, isso é menos de 3-4%, então não vai ter muito jeito, senão a humanidade, governos, empresas, indivíduos entrarem numa "Dança" com esse vírus até que a imunidade de rebanho seja atingida, ou até que haja uma vacina minimamente eficaz e principalmente segura.

     Num mundo mais "ideal", os chefes de governo formulariam equipes interdisciplinares, com matemáticos, estatísticos, economistas, epidemiologistas, virologistas, especialistas em vacina, engenheiros de inteligência artificial, médicos intensivistas, estrategistas militares, empresários, etc, etc, e tentaria se chegar a soluções menos custosas para a sociedade, onde se poderia haver estimativas baseadas em dados e modelos constantemente (re)adaptados, para mensurar o impacto econômico de certas medidas, bem como a diminuição ou aumento no R-Naught. O ator do belíssimo artigo "O Martelo e a Dança" dá alguns exemplos:

Aprende-se com dados e tentativas, o que pode ter mais impacto no R-Naught dentre várias alternativas possíveis, depois da primeira grande "martelada".



E aqui, uma análise do efeito esperado no R-Naught de várias atividades, bem como o impacto financeiro, e a confiança tanto na estimativa do impacto financeiro, bem como no R0, bem como o custo social associado.

        Então, do último gráfico, por exemplo, "bans of gatherings above a certain size" (banimento de aglomerações acima de certo tamanho), teria um impacto de diminuição de 0.13 no R0, essa diminuição tem um nível de confiança muito grande no benefício, o custo seria de 40 milhões de dólares por semana, a confiança na estimativa do custo é alta, e deveria ser implementada, já que o impacto social não é tão negativo. Ao contrário de fechar escolas e universidades que teria um impacto até maior no R-Naught (0.15), mas com um impacto social muito negativo, não devendo ser implementado (a não ser na primeira fase do "Martelo"). 

       É preciso dizer que o autor do texto obviamente "chutou" todos esses números. Ele não teria, e não tem como saber, pois ele não é um algoritmo de inteligência artificial tipo o Watson da IBM. E é aí que entra um bom governo, uma população unida, e especialistas de diversas áreas trabalhando juntos.

      Não, não vai ocorrer no Brasil, com esse desgoverno, mas talvez ocorra na Austrália, na Noruega e em países não só economicamente desenvolvidos, mas como também socialmente muito mais fortes e unidos.

       O artigo chega ao fim. Pretendo tratar na parte VII sobre os argumentos trazidos pelos "céticos", na parte VIII sobre a situação dos mais variados países, na parte IX sobre algumas atualidades, na parte X sobre a situação do Brasil, na parte XI o meu achismo sobre mercados financeiros e na parte XII sobre o que estou fazendo sobre minha saúde, finanças e outras coisas.

     Um abraço!





55 comentários:

  1. Soul, a forma como o governo tem manejado essa situação toda é lamentável. Muito triste mesmo! Infelizmente o presidente perdeu uma oportunidade de ouro de se mostrar (ou fazer, que talvez seja mais adequado) um grande líder. Como você colocou, a crise econômica é inevitável (com ou sem confinamento), pois as diminuições no consumo das pessoas e nos investimentos das empresas são comportamentos inerentes da sociedade nesse tipo de situação. Se soma a isso, a pisada brusca no freio por parte das maiores economias do mundo. O caso seria perfeito para pacificar a situação entre executivo, parlamento e judiciário com aumento das chances de aprovação das reformas devido ao clima de unidade na sociedade. Infelizmente, o presidente escolheu o caminho da covardia em tentar se isentar da inevitável crise econômica e culpar os demais políticos, dividindo a sociedade em um momento que deveria ser de união para enfrentar o caos. Sinceramente, acho que essa atitude irresponsável piorará mais ainda a situação e terá o efeito reverso do "aproveitamento" que o presidente almeja. Me arrependo amargamente por ter votado nesse covarde, no segundo turno. Eu deveria ter votado nulo ou branco, visto que ambos os candidatos promovem a polarização política no pais. O meu comentário é reflexo de que estamos perdendo tempo com a discussão errada ao invés de focar no controle da doença e em seus efeitos socioeconômicos. Abraço e obrigado por compartilhar conhecimento.

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    1. Olá, colega.
      Exatamente, o seu comentário é apenas um reflexo de quão "perdidos" nós estamos, onde até mesmo um medicamento (Hidroxicloroquina) virou um debate político.
      É a insanidade completa.
      Um abs!

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  2. Soul, parabéns!! De verdade, o seu trabalho é excelente e minucioso, além de ser baseado em estudos e dados (nesses tempos de obscurantismo governamental, nada melhor do que um método científico...). Fico ansioso para ler os próximos artigos!

    Seria ótimo se a sociedade conseguisse pensar dessa forma racional, entendendo os pontos e contrapontos...

    E concordo que, infelizmente, no Brasil não veremos nada do tipo ocorrendo... Que o Bolsonaro era despreparado e que faria um governo ruim, já era bem possível de se imaginar. Mas a imbecilidade e a ingovernabilidade reais superaram qualquer projeção é limite... E, o pior para mim, é verificar que as visões dele encontram eco e reverberam na sociedade... As pessoa defendem essas visões malucas e negam qualquer tipo de ciência...

    Enfim, no triste tempo das trevas brasileiro, uma série de artigos como os seus são uma luz...

    Abraços

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    1. Olá, colega.
      Sou do mesmo parecer que você, colega.
      Um abs!

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  3. Parabéns pela sequência de artigos. Excelentes.
    Quando toda essa crise passar, o Ocidente precisa rever sua relação com a China.
    Os chineses são o grande culpado disso tudo.

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  4. Soulsurfer,

    Interessante você estar se aprofundado tanto e até estudando conceitos de estatística como o Teorema de Bayes. O raciocínio bayesiano é um dos alicerces conceituais da medicina baseada em evidências (pelo que entendo, haja visto que não sou médico, mas tento acompanhar esse assunto). Um dos assuntos que gosto de lecionar poderia ser definido mais ou menos como "resolução de problemas baseado no método científico", aplicado a sistemas de eletrônica e informática, e sempre tento falar um pouco do teorema de Bayes como ferramenta crucial para guiar o processo. Depois de explicar o conceito, gosto de usar o seguinte exemplo, que uma vez encontrei na Wikipedia (e continua lá, se você quiser ler a resposta), por ser uma aplicação relativamente simples do teorema, mas cujo resultado é profundamente contraintuitivo para a maioria das pessoas, e na minha opinião acaba "ensinando uma lição". Talvez você queira tentar. O problema é:

    "Suppose that a test for using a particular drug is 99% sensitive and 99% specific. That is, the test will produce 99% true positive results for drug users and 99% true negative results for non-drug users. Suppose that 0.5% of people are users of the drug. What is the probability that a randomly selected individual with a positive test is a drug user?"

    Sensibilidade e especificidade são os mesmos conceitos usados para outros exames na medicina: a sensibilidade é 100% menos a taxa de falsos negativos, e a especificidade é 100% menos a taxa de falsos positivos.

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    1. Opa, Swine One, sim exatamente. O Teorema de Bayes aplicado a exames médicos é algo muito interessante. Por isso, finalmente, entendi o motivo da obrigatoriedade da realização de um segundo testo para uma amostra positiva para HIV.
      E isso vai ter uma repercussão grande na discussão sobre imunidade, testes e certificados de imunidade.
      Um abs!

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  5. Quanto aos anônimos que aparentemente preferiam a pior quadrilha que o mundo já viu no comando do país, vamos lembrar como foi a reação a um princípio de pandemia de gripe suína em 2009?

    https://www.folha.uol.com.br/cotidiano/2009/05/563625-mesmo-com-8-casos-confirmados-lula-minimiza-dimensao-da-gripe-suina.shtml

    E hoje é fácil argumentar que realmente não havia motivo para preocupação -- assim como talvez possamos fazer o mesmo a respeito da atual pandemia daqui a alguns anos. A questão é como se responde no dia, sem saber o que o futuro trará. Será que com a quadrilha no poder, seria diferente?

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    1. Olá, novamente Swine one. A Parte X será basicamente apenas a minha opinião sobre o Brasil, e vou até mesmo usar palavras que não uso. Portanto, vou deixar para lá a parte grande do que penso. Mas, pelo seu comentário, vai apenas algumas reflexões.
      a) Em minha opinião, Bolsonaro é disparado o pior presidente da história republicana do país. Perto dele Dilma nem parece tão ruim como ela foi, e Michael Temer vira um estadista.
      b) A Dilma (e estou citando talvez uma das piores governantes do passado recente) ao menos tentava ser presidente, Bolsonaro nem isso faz.
      c) O que ele vem fazendo beira ao surrealismo. É tão surreal ele fungar o nariz e cumprimentar uma pessoa, que é até difícil comentar. Ele é um irresponsável. E isso não tem absolutamente nada a ver com a discussão sobre os impactos econômicos, e se devemos (re)abrir a economia (como se o Brasil estivesse fazendo uma quarentena, nem mesmo um Lockdown está sendo feito aqui). A única coisa que salva o Bolsonaro e o Brasil, por via de consequência, é o modelo oxford ser uma aproximação acurada da realidade.
      d) Sim, você citou a falácia do Hindsight bias. E concordo. Porém, apesar de não conseguir ler a reportagem, há uma diferença enorme. Alguém ser cético, especialmente um político, de algo que vai ter efeitos negativos, é o normal. Outra coisa, mediante fatos que vão se avolumando em sentido contrário, é continuar a ter a mesma opinião. Isso é burrice. Trump, como é uma pessoa inteligente, imediatamente percebeu a tolice política de minimizar a pandemia, e deu uma giro de 180 graus em questão de dias, e agora está numa poisção, apesar dos inúmeros erros cometidos pelos EUA, de se colocar no debate político.
      Bolsonaro não é um Trump, ele é simplesmente tosco, e infelizmente numa crise de seriedade inédita é o líder desse país, o que é uma pena.
      e) Por fim, os dois anônimos acima, não creio que disseram ter predileção por uma "quadrilha no poder". Um inclusive disse que deveria ter votado nulo, e disse que a outra opção também seria desastrosa. Cito isso apenas para mantermos fiel ao que foi dito, e também para não cairmos nessa polarização grosseira, que só ajuda a essa insanidade coletiva, de que se você achar que X é incompetente, você assume que Y (que seria o oposto) é competente. É um pensamento como esse que nos trouxe a tragédia atual.

      Um abraço!

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    2. Eu sinto ojeriza pelo PT, me sinto enojado pelas figuras do partido. Acho o discurso do PT e da esquerda em geral o que há de mais atrasado. Eu não consigo mais nem ouvir o que figuras como Lula ou Dilma tem a dizer. Votei em Bolsonaro em 2018.
      Mas hoje teria anulado o meu voto.
      É tão surreal e absurda a gestão de Bolsonaro nessa crise que é difícil de acreditar que é realidade. Será que não estamos num pesadelo?
      Eu não tenho simpatia pelo Haddad e menos ainda pela Manuela. Mas tenho que dar o braço a torcer que se ele tivesse vencido, teríamos uma gestão melhor dessa crise. E me sinto triste ao pensar nisso.
      Mostra o quanto o Brasil é um país sem futuro.
      Votei no 2° turno no que eu achava ser a opção menos ruim pra agora nessa situação descobrir que a opção era pior que os piores.

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    3. É difícil argumentar que o Bolsonaro não seja tosco; infelizmente isso é mero reflexo da tosquice do povo brasileiro. Descobrimos na marra que, para ganhar eleição nesse país, ou você precisa ser um político de extrema esquerda com uma agenda declarada de aumentar o tamanho do estado e a distribuição de benefícios (e uma real agenda, como acontece com todas as pessoas deste perfil, de querer aumentar o bolo de dinheiro público para que os X% roubados sejam maior em valor absoluto), ou você precisa ser tosco com visões extremamente conservadores.

      É evidente que, se a opção no segundo turno fosse entre Bolsonaro e uma Margaret Thatcher, votaria na segunda sem nem pensar. Na verdade nem precisaria ir tão longe. Mas a nossa cultura não permitiria esse tipo de coisa.

      Essa história de votar nulo é a pior covardia que existe. Ainda se fosse verdade que uma grande proporção de votos nulos cancelaria a eleição, daria para entender (e não vejo isso como uma má ideia). Mas da forma como está, significa apenas que você se abstém de escolher o menos pior. Votar no PT teria sido chancelar, pela quinta vez seguida, que aceitamos ser jogados no buraco por uma combinação de roubalheira desenfreada, inchaço exponencial do estado (cobrando um preço muito caro da economia real) e fortes tendências autoritárias/ditatoriais (tipo controle da mídia, proposta eterna do PT — o Bolsonaro está sendo chicoteado diariamente na TV, e não vejo nenhum movimento autoritário dele no sentido de impedir isso).

      É muito fácil dizer que AGORA sabe que a condução da crise está errada — quero ver dizer algo do tipo: “devia ter prestado mais atenção aos sinais X, Y, Z que ele deu antes da eleição”. Ninguém imaginava que haveria uma pandemia no Brasil, e como o presidente reagiria.

      O que posso dizer com certeza é que, se tivéssemos avalizado o PT pela quinta vez, pode até ser que a condução da crise tivesse sido mais alinhada às recomendações da OMS (e sobre isso, recomendo procurar um vídeo de hoje n’O Antagonista sobre os erros da OMS devido ao seu alinhamento pró-China — a conclusão não é minha, é do repórter). Porém, já sabemos qual seria a receita do PT para o pós-crise, aquela mesma que provocou a década perdida de 2010. Com Bolsonaro, vejo que temos chances reais de termos uma reação adequada, dentro do que permite a mentalidade estatista do brasileiro que elegeu um congresso ainda bastante alinhado ao programa da esquerda, apesar de algumas exceções. Portanto, não retiro meu voto no Bolsonaro, primeiro porque não compactuo com pensamentos covardes que exigem voltar no tempo, mas mesmo que compactuasse, ainda acreditaria que o Brasil estará melhor a longo prazo do que estaria com o PT.

      Se quer levar essa discussão para um lado mais produtivo, talvez seria interessante discutir as reformas no sistema de votação que permitiriam escolher candidatos fugindo dessa dicotomia que se apresentou. Nesse sentido, sugiro pesquisar sobre métodos de votação Condorcet, por exemplo.

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    4. Olá, Swine one!
      “É difícil argumentar que o Bolsonaro não seja tosco; infelizmente isso é mero reflexo da tosquice do povo brasileiro. Descobrimos na marra que, para ganhar eleição nesse país, ou você precisa ser um político de extrema esquerda com uma agenda declarada de aumentar o tamanho do estado e a distribuição de benefícios (e uma real agenda, como acontece com todas as pessoas deste perfil, de querer aumentar o bolo de dinheiro público para que os X% roubados sejam maior em valor absoluto), ou você precisa ser tosco com visões extremamente conservadores.”

      Certo.

      “É evidente que, se a opção no segundo turno fosse entre Bolsonaro e uma Margaret Thatcher, votaria na segunda sem nem pensar. Na verdade nem precisaria ir tão longe. Mas a nossa cultura não permitiria esse tipo de coisa.”

      Qualquer um contra o Bolsonaro, inclusive o cabo daciolo, seria uma opção melhor, disso não tenho dúvidas. Talvez só se fosse aquela do Partido Operário Brasileiro x Bolsonaro, eu daí teria que votar nulo.


      “Essa história de votar nulo é a pior covardia que existe. Ainda se fosse verdade que uma grande proporção de votos nulos cancelaria a eleição, daria para entender (e não vejo isso como uma má ideia). Mas da forma como está, significa apenas que você se abstém de escolher o menos pior”

      Sim, infelizmente, nosso sistema político se deteriorou tanto, que muitas pessoas preferem cometer “o pior ato de covardia que existe” (eu ainda acho que bater numa criança ou num idoso, um ato mais covarde, mas enfim), do que votar num candidato “menos pior”.

      “Votar no PT teria sido chancelar, pela quinta vez seguida, que aceitamos ser jogados no buraco por uma combinação de roubalheira desenfreada, inchaço exponencial do estado (cobrando um preço muito caro da economia real) e fortes tendências autoritárias/ditatoriais (tipo controle da mídia, proposta eterna do PT — o Bolsonaro está sendo chicoteado diariamente na TV, e não vejo nenhum movimento autoritário dele no sentido de impedir isso).”

      Ainda bem existe mais vida política fora do PT e fora desse movimento insano chamado bolsonarismo. Ainda bem, se só existissem essas duas opções, realmente o Brasil estaria ainda pior.
      Sim, não há nenhum sinal em menos de um ano e meio de governo bolsonaro de viés autoritário. Um ministro de comunicação se fantasia de Gooblels. Um outro da comunicação é acusado de favorecer empresas específicas de comunicação, empresas estas que por uma coincidência estão alinhadas com a insanidade. Um presidente que foge de perguntas numa velocidade mais rápida do que a luz. Meu amigo, não há nenhum movimento dele nesse sentido, pois há freios nesse país, e ele está cada vez mais isolado. Se dependesse dele , isso aqui já tinha virado uma monarquia (para alegria de alguns poucos), e ele e seus próximos teriam tornado a família real. Se o filho dele pode ser embaixador porque “fritou hambúrguer” nos EUA, por qual motivo Bolsonaro não pode ser o novo rei do Brasil? Já que ele é o “mito”?

      “É muito fácil dizer que AGORA sabe que a condução da crise está errada — quero ver dizer algo do tipo: “devia ter prestado mais atenção aos sinais X, Y, Z que ele deu antes da eleição”. Ninguém imaginava que haveria uma pandemia no Brasil, e como o presidente reagiria.”

      Ué, foi você mesmo que trouxe à baila essa falácia, não se lembra, ao dizer sobre que o Lula teria minimizado o surto de H1N1. Faltou coerência argumentativa aqui. E, sim, concordamos, tanto que o viés do hindsight bias foi expressamente colocado no texto. Mas, estou falando de fatos objetivos, como dar um fungada no nariz, limpar, e sair cumprimentando o pessoal no meio de uma pandemia. O presidente de 200 milhões de pessoas. Não, isso nem no governo do PT ocorreria. E se você, professor universitário, não consegue ver a insanidade disso, realmente o Brasil está fraturado.

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    5. “O que posso dizer com certeza é que, se tivéssemos avalizado o PT pela quinta vez, pode até ser que a condução da crise tivesse sido mais alinhada às recomendações da OMS (e sobre isso, recomendo procurar um vídeo de hoje n’O Antagonista sobre os erros da OMS devido ao seu alinhamento pró-China — a conclusão não é minha, é do repórter).”

      Antagonista? O “Jornalismo” chapa-branca que está arrependido de ter abraçado o Bolsonarismo. Certo. Eu ainda não estudei o papel da OMS, eu não sei como a OMS funciona, eu não sou especialista na área, então seria leviano da minha parte dizer se alguma coisa saiu errado. Porém, voltamos ao nosso amigo hinçdsight bias, ou não? Uma coisa eu sei, discutir papel da OMS no meio de uma pandemia é outra insanidade. Tudo o que o mundo precisa agora é coordenação, e um dos mecanismos de coordenação é por meio de órgãos como a OMS. Trazer uma discussão política sobre OMS agora é algo sem qualquer sentido para mim.

      “Com Bolsonaro, vejo que temos chances reais de termos uma reação adequada, dentro do que permite a mentalidade estatista do brasileiro que elegeu um congresso ainda bastante alinhado ao programa da esquerda, apesar de algumas exceções”

      Sim, ele, junto com o ministro da educação, com certeza temos totais condições de ter uma reação adequada aos desafios que virão pela frente. Não consigo pensar em melhor nome para conduzir a reconstrução do Brasil.

      “Portanto, não retiro meu voto no Bolsonaro, primeiro porque não compactuo com pensamentos covardes que exigem voltar no tempo, mas mesmo que compactuasse, ainda acreditaria que o Brasil estará melhor a longo prazo do que estaria com o PT.”

      Eu, pessoalmente, teria vergonha. Mas, isso sou eu. Cada um é livre para votar, pensar e acreditar no que achar fazer mais sentido.

      “Se quer levar essa discussão para um lado mais produtivo, talvez seria interessante discutir as reformas no sistema de votação que permitiriam escolher candidatos fugindo dessa dicotomia que se apresentou. Nesse sentido, sugiro pesquisar sobre métodos de votação Condorcet, por exemplo.”

      O meu interesse na verdade é discutir tecnicamente a crise do Coronavírus nos mais variados aspectos. Tenho zero interesse em discutir Bolsonaro, PT, Antagonista, etc. Só vou fazê-lo na parte X, porque realmente passamos do limite enquanto país.

      Abraço!

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    6. Olá, Anônimo.
      Eu sugeriria, até para a melhora do bem-estar subjetivo (e é muito importante para o sistema imune em tempos de pandemia) não sentir ojeriza ou ódio, ou seja lá o que for por quem quer que seja. Minha opinião apenas.
      A empatia, mesmo por aqueles que discordamos, ou até mesmo por aqueles que cometeram atos indizíveis, é o caminho para melhorarmos como seres humanos, inclusive para entender melhor a própria realidade.
      Um abs!

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    7. "Qualquer um contra o Bolsonaro, inclusive o cabo daciolo, seria uma opção melhor, disso não tenho dúvidas. Talvez só se fosse aquela do Partido Operário Brasileiro x Bolsonaro, eu daí teria que votar nulo."

      Se Hugo Chávez ou Fidel Castro estivessem vivos e de alguma forma fossem o candidato no segundo turno com Bolsonaro, você ainda votaria num dos dois ou nulo antes de votar no Bolsonaro?

      Não tenho dúvidas que, se Haddad estivesse na cadeira hoje, seria apenas um fantoche do ex-presidiário.

      "eu ainda acho que bater numa criança ou num idoso, um ato mais covarde, mas enfim"

      Consigo achar até outros atos mais covardes que esses (como matar milhões de pessoas de fome, por exemplo). Só que, dentro da cabine de votação, você está sozinho e não pode bater em nenhum idoso ou criança. Mas você pode sim se omitir de votar contra alguém que aplaude regimes que matam milhões de pessoas de fome, e que faria o mesmo aqui sem nenhum pudor, se conseguisse encher a sua conta bancária (ou a dos "amigos") com isso.

      "Sim, não há nenhum sinal em menos de um ano e meio de governo bolsonaro de viés autoritário."

      Falácia do espantalho; o que eu disse foi "o Bolsonaro está sendo chicoteado diariamente na TV, e não vejo nenhum movimento autoritário dele no sentido de impedir isso". Teria algum exemplo de movimento autoritário do Bolsonaro para impedir os ataques ad hominem que está sofrendo do começo ao fim do Jornal Nacional todo dia?

      "Ué, foi você mesmo que trouxe à baila essa falácia, não se lembra, ao dizer sobre que o Lula teria minimizado o surto de H1N1. Faltou coerência argumentativa aqui."

      Na verdade, que me lembre começou com um anônimo dizendo que queria voltar no tempo e anular seu voto. Apenas apontei que, mesmo se fizesse isso, o resultado seria idêntico.

      "E se você, professor universitário, não consegue ver a insanidade disso, realmente o Brasil está fraturado."

      Nunca defendi o direito dele dar uma fungada em público e cumprimentar as pessoas. Na verdade, até concordei que ele era tosco. Minha linha de argumentação está sempre sendo relativa: a opção era Bolsonaro ou o PT, qual dos dois teria sido melhor? (Lembrando que este foi o plebiscito do segundo turno; não adianta viver em um mundo da fantasia onde tínhamos escolhas diferentes, as escolhas eram essas). Claramente diferimos nas nossas opiniões a este respeito, mas farei de tudo ao meu alcance para evitar de te atacar, ofender ou ironizar, pois respeito muito as suas opiniões em diversos assuntos (e inclusive concordo com a maioria delas), e acredito que a discussão, para ser produtiva, precisa antes de tudo ser civilizada.

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    8. "Antagonista? O “Jornalismo” chapa-branca que está arrependido de ter abraçado o Bolsonarismo."

      Acompanho O Antagonista desde que seu lançamento. Não o classificaria como bolsonarista, mas sim como anti-Lula e anti-PT. Evidentemente há sobreposição entre as duas posições, mas também há distinções claras que me dão segurança de afirmar isso.

      "Eu ainda não estudei o papel da OMS, eu não sei como a OMS funciona, eu não sou especialista na área, então seria leviano da minha parte dizer se alguma coisa saiu errado."

      Eu também não, e por isso sugiro assistir o vídeo. Aprendi coisas interessantes a partir dele, talvez você também aprenda algo:

      https://www.oantagonista.com/videos/video-os-erros-medicos-da-oms/

      Tenho certeza que você não tem a cabeça fechada a ponto de não querer nem assistir o vídeo só por conta da fonte (que, por mais que tenha algum viés, é imprensa legítima, não esse pessoal que propaga teoria da conspiração pelo WhatsApp).

      "Porém, voltamos ao nosso amigo hinçdsight bias, ou não? Uma coisa eu sei, discutir papel da OMS no meio de uma pandemia é outra insanidade. Tudo o que o mundo precisa agora é coordenação, e um dos mecanismos de coordenação é por meio de órgãos como a OMS. Trazer uma discussão política sobre OMS agora é algo sem qualquer sentido para mim."

      Por analogia, então talvez seria bom todo mundo apoiar o Bolsonaro, independente das opiniões dele, para evitar um caos maior?

      Você está lendo a página do médico suíço e sabe muito bem que há opiniões contrárias às da mídia em geral e da OMS. O vídeo acima dá evidências que o diretor da OMS se curvou à China para garantir sua eleição, e algumas das medidas tomadas no início da pandemia dão suporte a esta ideia. Muitas das medidas baseadas nas diretrizes da OMS estão sendo fortemente questionadas por infringirem direitos individuais fundamentais (vários dos links do médico suíço são de grandes autoridades do direito na Europa apontando essa questão); porém, tais medidas são naturais em um país como a China -- poderia me omitir de dar exemplos, mas vamos lá: o grande firewall da China, o médico chinês que foi preso por denunciar a pandemia, o monitoramento dos cidadãos. Alguém com a sua formação sem dúvida está sensível a essa questão.

      "Sim, ele, junto com o ministro da educação, com certeza temos totais condições de ter uma reação adequada aos desafios que virão pela frente."

      Tudo o que ele precisa fazer é não demitir o Paulo Guedes. Não sei se você enxerga isso com a mesma clareza que eu, mas o Brasil já estava com a economia devastada, e agora vai piorar. A única saída, a longo prazo, são medidas de redução do tamanho do estado e aumento da liberdade econômica, que são as únicas medidas que historicamente trazem prosperidade aos países.

      Na medida em que o PT jamais colocaria um Paulo Guedes no ministério da economia (espero que ao menos isto seja ponto pacífico), mantenho minha conclusão.

      "Cada um é livre para votar, pensar e acreditar no que achar fazer mais sentido."

      Muito bem colocado.

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    9. Soul eu realmente não consigo ter empatia por quem em pleno século XXI ainda defende o socialismo, depois de tudo que aconteceu no século e ainda ocorre em quem adota tal regime, vide a Venezuela que o PT e o restante da esquerda apoiaram, apoiam e sonham em transformar o Brasil.
      Bolsonaro é tosco e despreparado. O único mérito dele foi ter colocado alguns bons ministro.
      Não acho que corremos qualquer risco, ele não tem a inteligência de um Putin.
      É apenas um idiota que chegou no poder por falta de opção.

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    10. “Se Hugo Chávez ou Fidel Castro estivessem vivos e de alguma forma fossem o candidato no segundo turno com Bolsonaro, você ainda votaria num dos dois ou nulo antes de votar no Bolsonaro?

      Não tenho dúvidas que, se Haddad estivesse na cadeira hoje, seria apenas um fantoche do ex-presidiário.”

      Se o Adolf estivesse na cédula, se eu votaria nele? Foi essa mesma a sua pergunta? Os dois que você citou nem brasileiros são, e estavam mortos em 2018. Eita. E você falando de falácia do espantalho? E o que seria esse seu questionamento então? Evidentemente, falei dos candidatos presidenciais de 2018. Não há muita diferença entre Bolsonaro e Chavez, e se pode chegar na Venezuela pela direita ou esquerda. A única diferença é que a Venezuela é um país muito mais frágil, e Chávez muito mais inteligente do que Bolsonaro.

      E outra, que fixação é essa de algumas pessoas com o Lula? O cara deixou de ser presidente há 10 anos. Eu começo a acreditar que há uma espécie de fetiche masoquista, pois não é possível essa obsessão toda.

      “Consigo achar até outros atos mais covardes que esses (como matar milhões de pessoas de fome, por exemplo). Só que, dentro da cabine de votação, você está sozinho e não pode bater em nenhum idoso ou criança. Mas você pode sim se omitir de votar contra alguém que aplaude regimes que matam milhões de pessoas de fome, e que faria o mesmo aqui sem nenhum pudor, se conseguisse encher a sua conta bancária (ou a dos "amigos") com isso.”

      Sim, a toda evidência há atos mais covardes, apenas peguei a sua expressão literal para mostrar que ela não fazia muito sentido.

      “Falácia do espantalho; o que eu disse foi "o Bolsonaro está sendo chicoteado diariamente na TV, e não vejo nenhum movimento autoritário dele no sentido de impedir isso". Teria algum exemplo de movimento autoritário do Bolsonaro para impedir os ataques ad hominem que está sofrendo do começo ao fim do Jornal Nacional todo dia?”

      Atos autoritários dele, há diversos. Se ele vai controlar a mídia, provavelmente não, porque aqui há freios. Os mesmos freios que impediram o controle do PT sobre a mídia. Ataques ad hominem são feitos por todos os canais contra todas as pessoas. Qual é a novidade disso? As pessoas se apaixonam pelo poder, e não gostam de críticas. Qual é o sentido da sua fala? A Dilma também sofreu ataques diários e não fez nada, não porque talvez ela não quisesse, mas simplesmente porque ela nada poderia fazer. Qual a dificuldade de entender isso?

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    11. “Nunca defendi o direito dele dar uma fungada em público e cumprimentar as pessoas. Na verdade, até concordei que ele era tosco. Minha linha de argumentação está sempre sendo relativa: a opção era Bolsonaro ou o PT, qual dos dois teria sido melhor? (Lembrando que este foi o plebiscito do segundo turno; não adianta viver em um mundo da fantasia onde tínhamos escolhas diferentes, as escolhas eram essas). Claramente diferimos nas nossas opiniões a este respeito, mas farei de tudo ao meu alcance para evitar de te atacar, ofender ou ironizar, pois respeito muito as suas opiniões em diversos assuntos (e inclusive concordo com a maioria delas), e acredito que a discussão, para ser produtiva, precisa antes de tudo ser civilizada.”

      A recíproca é a mesma, amigo. Porém, opiniões não precisam ou devem ser respeitadas. Eu não tenho nenhum respeito pela sua opinião, eu respeito você. E as pessoas confundem as duas coisas. Opiniões servem para serem colocadas a prova, desmistificada , massacradas, e as que passarem por esse escrutínio e se mostrarem sólidas devem prevalecer. Eu não tenho apego nenhum às minhas opiniões, mas tenho apego às pessoas. Por isso, não vai ouvir de mim que eu odeio fulano ou ciclano, tenho raiva, etc, etc. Isso para mim é apenas um atraso de vida. Agora, quem veio com adjetivos de covardia moral, etc, foi você em suas mensagens. Bolsonaro, Lula, ou quem quer que seja, não vai fazer que minha filha seja bem criada, portanto eu estou pouco me lixando. Eu queria fazer isso apenas na parte X, onde minhas palavras serão muito mais duras, não aqui, pois o tópico é sobre R-Naught basicamente. Mas, respondendo a você, novamente, qualquer um seria melhor do que bolsonaro, ele representa um obscurantismo quase que medieval, e ter 30% de pessoas apoiando isso é ainda mais assustador do que o próprio Bolsonaro.

      Um abraço amigo e escusas se de alguma maneira você se sentiu incomodado com alguma expressão.

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    12. Anônimo, foi apenas uma sugestão.
      Pessoas estão em estado diferentes de iluminação. Pessoas estão em estágio diferente de conhecimento, de vida, etc.
      A pessoa que apóia o socialismo no século 21 (seja lá o que isso significa para você) e que você não sente empatia, pode ser a mesma pessoa que ajudará o seu filho se ele cair de bicicleta e você não estiver presente. A mesma pessoa que compartilha de suas opiniões ideológicas pode ser a pessoa que virará a cara num momento de dificuldade seu. Vai saber. A vida é complexa, as pessoas são complexas, e somos muito mais do que as nossas opiniões. Esse é o mistério, a beleza e complexidade da vida.
      Não melhoramos nada com rancor, falta de empatia, etc.
      Mas, cada um no seu tempo.
      Um abs!

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    13. SwineOne
      É o anônimo do primeiro comentário (sobre anular o voto). Eu sempre pensei como você e por conta disso ignorei os indícios de que Bolsonaro seria uma péssima opção ao país, porém mesmo assim votei nele visto que a outra opção era do PT (não vou nem comentar no caos que isso traria ao país, pq é evidente para todos que frequentam esse espaço). Entretanto, analisando em retrospecto vejo que foi um erro e mudei minha opinião sobre a questão do voto no "menos pior". Não há pq validar e legitimar um desastre. Acredito que a melhor opção seja recusar ambos os desastres. Agora eu consigo ver claramente o desserviço que o Bolsonarismo presta ao Brasil. Tudo se resume ao fato de você apoiar ou não o presidente, se não apoia você se torna um inimigo mortal (passa ser chamado de petista, comunista e por ai vai). Presenciei isso de uma pessoa próxima, para o qual nunca elogiei Lula ou PT, ao mostrar meu descontentamento como o presidente reagiu a essa crise e fui chamado de lulista e etc. Sinceramente não sei como isso pode terminar bem, visto que não temos espaço para discussões saudáveis. O presidente não consegue se entender com o congresso, judiciário e nem com seus próprios subordinados (dá pena a forma lamentável como muitos foram expulsos do governo). Como podemos ter algum avanço dessa forma? Será que esse governo é realmente capaz de melhorar o Brasil ou teremos mais quatro anos perdidos? Com relação ao Lula ter chamado a H1N1 de gripezinha (que parece ser bem mais leve que a COVID-19) ou a OMS ter falhado (acredito que ela tenha falhado mesmo, mas a solução é exigir mais transparência da China e mudanças de protocolos, após o termino dessa situação), tenho aprendido ao longo dos anos e a duras perdas (financeiras, emocionais e intelectuais) que um erro não justifica outro. Não é pq Lula ajudou a desviar bilhões que vou minimizar Bolsonaro e seus filhos por terem desviado milhares em verbas de gabinete. Não é pq a OMS errou que isso dá o direito a Bolsonaro de errar. Boa parte desse meu aprendizado vem do acompanhamento deste blog. Enfim, essa resposta ficou muito longa. Por último, deixo um questionamento aos visitantes desse blog: países ricos ocidentais (e alguns orientais) são desenvolvidos por serem liberais ou são liberais por serem desenvolvidos?

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    14. Colega, eu creio que você foi no âmago da questão. Esse é o grande problema e o mau que está acontecendo no país. Nós achamos que estamos evoluindo, pois as pessoas estão se informando mais, discutindo mais sobre aspectos políticos (o que seria bem positivo), mas na realidade parece que estamos perdendo a capacidade de ter "discussões saudáveis". E, como bem notado por você, daí é ladeira abaixo, não morro acima.

      Os países ricos ocidentais o são por uma série de motivos. O livro do Jared Diamond é brilhante. Há explicações que eu nunca imaginei na minha vida sobre essa sua questão.
      O Liberalismo, a liberdade individual, é apenas uma das cores desse complexo mosaico.

      Um abs!

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    15. WOW que paciência, Soul. Tive que ter paciência pra ler, imagina vc que respondeu. Tá excelente, segue o jogo...

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  6. Adorei a série !!Espero ansiosamente pelas próximas partes. Estamos completamente perdidos! Minha família tem uma empresa que está há mais um mês fechada, mesmo o prefeito da cidade não ordenando o fechamento. Mas além do meu pai trabalhar na empresa, temos funcionárias grávidas, funcionários diabéticos, com bronquite, que mora com os pais! Não nos sentimos seguros em abrir sem ter uma avaliação mais real do que esta acontecendo. Só sei que não adianta abrir, não temos mais clientes com confiança para comprar!! Eu mesma só penso em remédio e comida! Obrigada pelas pesquisas e por compartilhar conosco.

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    1. Olá, Paola.
      Obrigado pelas palavras.
      Situação difícil a sua hein?
      Espero que consiga achar uma solução para manter a viabilidade do seu empreendimento.
      Um abraço!

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    2. Estamos na mesma situação aqui. Resolvemos fechar a loja da família antes do decreto da prefeitura por precaução, hoje completa um mês. Nem questionamos a atitude do prefeito, era a única alternativa viável naquele momento. O que tem me incomodado bastante é a falta de assertividade do governo em definir uma estratégia para sair dessa crise. Não vou ficar fazendo carreata pra reabrir o comércio, isso é insanidade. Estou bastante frustrado com o Governo Federal, o que tenho visto até agora é só ladainha e picuinhas com governadores e prefeitos. Lamentável viu

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    3. Olá, amigo.
      Espero também que ache uma forma de manter a sua empresa funcionando.
      Não há estratégia amigo. A única chance disso aqui não ser uma tragédia , de saúde e econômica, é o modelo oxford estar mais certo do que errado.
      Um abs

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  7. Eu acho dever do Estado e da mídia seria informar o povo com as teses que estão sendo discutidas. E deixar o povo decidir se quer correr o risco ou não.O policial sai de casa pra trabalhar sabendo o risco que corre , um cara pula de paraquedas , anda de moto bike carro, sabendo os riscos que está correndo. Agora eu acho um absurdo colocar policia pra trancar o povo dentro de casa , fechar lojas fabricas, acredito que informação clara deve ser uma ótima arma contra o vírus.

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    1. Não é bem assim que a vida em sociedade funciona. Países com alto grau de respeito às liberdades individuais adotaram medidas restritivas.
      Não se pode confundir liberdade individual com anarquia.

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    2. Olá, Soldado.
      Que as informações deveriam ser transparentes, e que deveria haver uma maior qualidade nelas, não tenho a menor dúvida.
      O ponto é se as pessoas realmente estão preparadas para uma informação de melhor qualidade.
      Sobre ser um direito das pessoas decidirem a se expor a risco, no contexto de uma pandemia, admito que é uma opinião, mas não sei se é tão simples assim.
      Um abs!

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    3. Se entendemos que a liberdade individual vai até não obstruir a liberdade da outra, deixar o povo escolher se quer correr o risco ou não, NÃO é uma opção.

      Pois uma infecção não prejudica apenas o individuo. Assim penso eu.

      Infelizmente, estamos passando por uma situação onde não há uma saída simples. Eu sinceramente não gostaria de estar a frente dessa encrenca.

      Abraço pessoal.

      Aguardando a continuidade Soul! E especificamente curioso em saber o que anda fazendo para manter a imunidade em ordem.


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  8. Olá Soul,

    parabéns pela série!Estou adorando os posts, sempre aprendo alguma coisa nova com eles.

    Não sei se você viu mas a Universidade de Pelotas está fazendo uma pesquisa pra tentar estimar a porcentagem de infectados através de uma amostra representativa. A pesquisa ainda está em andamento mas os resultados preliminares me deixaram bem pessimista. Segundo estimativas apenas 0,05% da população do Rio Grande do Sul está ou esteve infectada. Estava esperançosa quanto à validade do modelo de Oxford e confesso que agora dei uma desanimada. Enfim, nunca torci tanto pra estar errada mas acho que ainda temos um longo caminho pela frente.

    Abs.

    Ah, o link para a reportagem:
    https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2020/04/15/universidade-de-pelotas-faz-pesquisa-sobre-a-propagacao-do-coronavirus-no-pais.ghtml

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    1. Olá, grato pela reportagem, não sabia que estavam fazendo isso no Brasil.
      A notícia, se verdadeira, seria horrorosa, não péssima.
      Além do mais, e explicarei isso pelo meio do Teorema de Bayes, esses testes rápidos mesmo com uma sensibilidade de 95% (e cientistas duvidam que tenham uma sensibilidade dessas) são quase inúteis do ponto de vista de valor preditivo. Com uma incidência de 0,05% (não imagino que seja tão baixo assim), o poder preditivo de um teste positivo para anticorpos é basicamente zero.

      Não desanime, há muitas incertezas, e muitas pesquisas em andamento, e muitos dados conflitantes nesse momento.

      Um abs!

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  9. Soul, qual a sua opinião sobre o vírus ter sido manipulado em laboratório? Julga possível?

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    1. Olá, colega. Não me entenda mal, mas esse às vezes é um dos nossos problemas hoje em dia. É praticamente impossível termos uma opinião, que seja relevante, sobre a sua pergunta, a não ser que sejamos virologistas com grande expertise.
      Virologistas já se debruçaram sobre isso, ontem eu li um artigo bem interessante sobre esse tema.
      A conclusão desses experts é que foi um vírus originado em animais, por um monte de motivos técnicos.
      As explicações deles fazem total sentido, então deve ser a mais provável.
      Agora, quase nada nesse mundo é impossível (se julgo impossível), apenas a hipótese de criação em laboratório parece altamente improvável, e há um princípio chamado Navalha de Occam em Ciência que diz mais ou menos se há duas explicações possíveis, geralmente a mais correta é aquela que precisa de menos pressuposições improváveis.
      Um abs!

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  10. Diferentemente do que divulgaram as autoridades, o novo coronavírus foi fabricado artificialmente em um laboratório chinês, provavelmente no segundo semestre de 2019, diz Luc Montagnier, prêmio Nobel de Medicina de 2008.

    O cientista francês diz que “o laboratório de alta segurança da cidade de Wuhan é especializada nesse tipo de vírus, o coronavírus, desde o começo dos anos 2000. Eles têm expertise com isso. Isso me fez olhar de perto a sequência de RNA do vírus. Fiz essa análise, assim como o matemático Jean-Claude Perez, especialista em biomatemática”.

    https://istoe.com.br/novo-coronavirus-foi-fabricado-em-laboratorio-chines-diz-descobridor-do-hiv/

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    1. Certo, colega.
      a) Sobre ter "pedaços" do vírus HIV no SARS-COV-2

      Some stretches of the virus’s genetic material are similar to HIV, but that’s something that stems from those viruses sharing a common ancestor during evolution, Hodcroft says. “Essentially their claim was the same as me taking a copy of the Odyssey and saying, ‘Oh, this has the word the in it,’ and then opening another book, seeing the word the in it and saying, ‘Oh my gosh, it’s the same word, there must be parts of the Odyssey in this other book,” she says. “It was a really misleading claim and really bad science.”

      2) Sobre ser criado em laboratório

      Viruses, especially RNA viruses such as coronaviruses, often swap genes in nature. Finding genes related to the pangolin viruses was especially reassuring because those viruses’ genetic makeup wasn’t known until after SARS-CoV-2’s discovery, making it unlikely anyone was working with them in a lab, he says.

      In particular, pangolins also have the amino acids that cause the tight binding of the spike protein to ACE2, the team found. “So clearly, this is something that can happen in nature,” Andersen says. “I thought that was very important little clue. It shows there’s no mystery about its tighter binding to the human [protein] because pangolins do it, too.”

      The sugar-attachment sites were another clue that the virus is natural, Andersen says. The sugars create a “mucin shield” that protects the virus from an immune system attack. But lab tissue culture dishes don’t have immune systems, making it unlikely that such an adaptation would arise from growing the virus in a lab. “That sort of explained away the tissue-culture hypothesis,” he says.

      Similarity of SARS-CoV-2 to bat and pangolin viruses is some of the best evidence that the virus is natural, Hodcroft says. “This was just another animal spillover into humans,” she says. “It’s really the most simple explanation for what we see.” Researchers still aren’t sure exactly which animal was the source.

      3) Sobre teorias da conspiração, ciência e credibilidade

      Andersen says the analysis probably won’t lay conspiracy theories to rest. Still, he thinks the analysis was worth doing. “I was myself skeptical at the beginning and I kept flipping back and forth,” Andersen says, but he’s now convinced. “All the data show it’s natural.”

      Fonte: https://www.sciencenews.org/article/coronavirus-covid-19-not-human-made-lab-genetic-analysis-nature

      Obs: se souber de estudos ou análises que expressamente de alguma maneira traga uma análise técnica sobre a possibilidade do vírus ter sido criado em laboratório, só linkar, adoraria ler.

      Um abs!

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  11. Obrigado por sua opinião.

    Você crê que houve uma maquiagem no número de mortes ocorridas na China?

    Apesar de não concordar com parte de suas opiniões sobre o atual governo e o manejo da crise, admiro muito sobre como se impõe e o modo como respeita a do próximo.

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    1. Olá, colega.
      Agradeço as suas palavras.
      Acho que a sua pergunta possui muitas facetas. A China hoje contabilizou se não me engano 1.300 mortes a mais. NY, se não me engano, quase 4.000 mortes a mais.
      Essa questão de número de mortos, é porque é caótico mesmo quando a coisa explode. O especialista que eu citei do livro que estou lendo, já dizia que fontes dele na China, em janeiro-fevereiro, já diziam que havia mortes de 50-100 diárias não contabilizadas por causa de óbitos em casa. Então, ele foi certeiro, na real, ele é o especialista que mais sabe resumir a situação de maneira clara e precisa.
      Irã é um país que há semanas desconfio dos números. A cifra oficial é de 4 mil mortos, mas descobri uma ONG que denuncia abusos de direitos humanos no Irã estimando que esse número pode ser na verdade 30 mil.
      No Equador, com certeza a situação é muito pior do que os números oficiais. Na cidade de Guayaquil, epicentro da crise no país, a média de mortes diárias (por todas as causas) era na faixa de 20-25. Estão ocorrendo, há semanas, 200-225 mortes por dia (ou seja 10 vezes mais). O Exército retirou 700 corpos (isso notícia de alguns dias) de casas. Para se ter ideia o número oficial no Equador é de 400 mortos, já devem ter milhares e milhares de mortos.
      No Brasil, o número de mortos por insuficiência respiratória aguda nas últimas semanas tem mais de 2000 mortos em excesso (comparado a média do ano passado) que não foram contabilizados como mortes relacionadas ao COVID.
      Imagine Paquistão, Bangladesh, Nigéria o que não vai ocorrer nas próximas semanas.
      Esse é um ponto.
      Portanto, nesse aspecto, a China parece estar sendo transparente em reconhecer esse excesso de mortalidade.
      Agora, se o número de mortes lá foi bem maior, se espalhou para outros lugares, eu imagino que não, mas o governo chinês está se fechando nas últimas semanas, o que é um mau sinal, de que eles realmente temem uma segunda onda, mesmo depois de uma quarentena draconiana de mais de dois meses.

      Um abs!

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    2. Se supostamente fosse provado que a China manipulou o vírus em laboratório ou omitiu dados e estudos que colaborariam no combate ao vírus, quais seriam as possíveis consequências em sua opinião?

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    3. Seriam graves para a estabilidade mundial, em minha opinião.
      Digo em relação à uma manipulação em laboratório. Como dito ali acima, especialistas acham, por razões técnicas, uma probabilidade baixa.
      Sobre omitir estudos e dados, etc, tavez seja possível, mas se não me engano a China avisou a OMS dias depois de censurar o médico que primeiramente avisou a possibilidade de um novo vírus. O sequenciamento genético do vírus, compartilhado com a comunidade internacional, se deu na primeira quinzena de janeiro. Logo, a questão é mais complexa e com nuances do que às vezes circula por aí.

      Um abs!

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  12. "China parece estar sendo transparente"
    Transparência e China não cabem numa mesma frase.
    A China mentiu no início, tentou culpar os EUA, perseguiu médicos e jornalistas.
    Não, a China não pode parecer transparente. Transparência não combina com o governo chinês.
    Meu pai já esteve na China e em Hong Kong a trabalho em 2011. Pelas fotos e histórias que me contou, eu adoraria conhecer a China. Tenho uma grande admiração pela história da China e pelo povo chinês. Mas não confio numa palavra de seu governo.

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    1. Olá, colega.
      Sim, com certeza, concordo em algum grau com a sua opinião.
      Entretanto, sobre a transparência dos dados, a opinião não é minha, mas sim de especialistas em epidemiologia.
      Agora, é possível sim que os números possam ser diferentes dos apresentados.
      Um abs!

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    2. Soul, especialistas em epidemiologia são pessoas com grande conhecimento técnico mas que tb têm preferências políticas.
      Eu assisti uma entrevista do Átila Iamarino. Tecnicamente ele parece ser muito preparado e consegue explicar muito bem seu ponto de vista. Mas fico com pé atrás quando alguém crítica com tanta veemência o presidente de país livre e democrático, como os EUA (Sim, as críticas são merecidas), mas modera nas críticas ao regime ditatorial e ainda se derrete em elogios às medidas adotadas pelo autoritário governo chinês, a ponto da embaixada chinesa elogiá-lo nas redes sociais.
      Não dá pra achar que "especialistas" disassociem suas opiniões de suas preferências políticas.

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    3. Olá, colega.

      "Não dá pra achar que "especialistas" disassociem suas opiniões de suas preferências políticas."

      Sem dúvidas, concordo contigo. Por isso, que para formar realmente uma opinião sobre algo complexo e que não dominamos é difícil. E hoje em dia há uma urgência das pessoas terem opinião sobre tudo.
      Mas, especialistas podem ter os seus vieses, preferências, agendas, etc., sem dúvida

      Um abs!

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  13. Acho que antecipar a ultima parte será de mais valia por agora para a comunidade. Eu particularmente, venho suplementando com vitamina d3/k3 e quando dá tomo sol, tomo glutamina 10g por dia, um bom suplemento completo (orange triad), omega3 500mg epa e 550 dha, alem de sono em dia, com qualidade, hidratação, alimentação paleo com 40% proteina.
    Mas e vc SOUL?

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    1. Opa, amigo.
      Imagino que quis dizer k2, a k3 até existe, mas não sei se tem qualquer relevância para seres humanos do ponto de vista nutricional.
      Algum motivo para suplementar k2? Eu o faço, mas são poucas pessoas que sabem sobre k2 e quão difícil é obter essa vitamina por meio de comida.
      E você faz corretamente, vitamina D deve ser suplementada junto com K2, e idealmente sabendo bem o seu status de vitamina A.

      Sobre glutamina, eu acho que há um limite de absorção, como B12, o Ben Greenfield, se não me engano, sugere duas doses de 2.5g cada.

      Ômega 3, eu fiz o exame de omega3-index (num laboratório americano), e o meu índice era de 10% o que me surpreendeu muito positivamente, já que níveis ótimos são acima de 8%, e ao menos americanos, quase nenhum possui acima de 8%, ao contrário de japoneses, e essa pode ser uma das explicações, dentre muitas, de porque a incidência de doenças cardíacas é muito menor no Japão do que nos EUA.

      1.1g de ômega 3 é uma dose bacana. Porém, saiba que 100 gramas de salmão, mesmo que seja farmed, é algo em torno de 3.5 gramas de ômega 3. Você precisa tomar muito cuidado mesmo com suplementos de ômega 3, ômega 3 e ômega 6 ambos são instáveis, logo eles oxidam muito facilmente.
      Procure produtos onde eles dizem expressamente o grau de oxidação total (Primary and secondary oxidation and total oxidation (TOTOX) )
      Dizem que abaixo de 20 seria ok, eu procuraria abaixo de 12, e isso são pouquíssimos no mercado.
      Geralmente os vindo da Noruega são melhores nesse sentido: https://norwayomega.com/

      Tome cuidado com exposição a calor, luz, temperatura, etc.
      O ideal seria você fazer um teste omega 3 index, para saber a real necessidade de suplementação e dosagem.

      Pegar sol essencial, e a vitamina D é apenas um dos aspectos. Pegar sol melhora o seu ritmo circadiano, sensibilidade à insulina, produção de óxido nítrico, liberação de melatonina, etc, etc.

      Alimentação boa, hidratação tb, sono (talvez o fator mais importante), está no caminho certo.

      40% de proteína é um pouco elevado, mas deve ser ok.

      Um abs!

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    2. Bom dia, Soul!
      Off topic. Após a série do corona:
      1) pretender voltar com a série otimização da saúde? Fiquei curioso com esse seu comentário.
      2) gravou o podcast com o Frugal?
      Abs

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    3. E aí Soul, blza.
      Isso mesmo, digitei errado, queria dizer vitamina d3 com k2 na forma mk-7 na proporção de 5000 UI D3 com 100mg de k2-mk7. Com relação a vitamina A, toda semana como figado, portanto estou tranquilo com a relacao das lipossoluveis.
      Glutamina: Dei uma pesquisada sobre Bem Greenfield, e faz sentido, creio que ele diz sobre doses de 5g. Quando comecei a tomar 10g foi com base no protocolo lean gains, eu faço omad então tomo no periodo de jejum 10g.
      Omega3 vc tem razão. Quando iniciei a tomar, pensei na seguinte logica: Aumentar a ingesta de EPA para inibir a Delta-5-Desaturase, diminuindo assim a cascata dos tromboxanos-2, dos leucotrienos (b4,c4,e4) e das prostaglandinas-2, e aumentando tromboxanos-3, dos leucotrienos (b5,54,54) e das prostaglandinas-3, via ciclo-oxigenase e lipoxigenase, tornando-me menos inflamado.
      Com relação a vitamina-C, o que vc tem a dizer?
      E suplementação de Glutationa intravenosa?

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    4. Olá Anônimo 1,
      1) Quem sabe, empolguei-me em escrever sobre coronavírus, vamos ver se me empolgo para continuar aquela outra série.
      2) Rapaz, iria gravar, mas ainda não aconteceu, infelizmente.

      Abs!

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    5. Olá Anônimo 2,
      a) Então, vitamina K2 conta-se em micrograma, não em miligrama, então você provavelmente esteja tomando 100mcg, não 100mg, o que seria 1000 vezes a mais.
      a.1) Sobre vitamina D, é importante dosar no sangue e acompanhar. Não creio, como alguns médicos, que quanto mais melhor, creio que há um sweet spot entre 40-60.
      b) Sobre EPA e todos essas moléculas que você citou (as quais talvez já ouvi falar apenas de algumas), creio que se você quer saber se tem inflamação no seu corpo, faz mais sentido fazer um exame de PCR-Ultrassensível. Sobre Ômega 3 em si, faz mais sentido, como qualquer suplemento, saber se você precisa ou não. Se come salmão, sardinha, ovos de galinhas livres, talvez não haja necessidade, como é o meu caso. Ah, e não se esqueça que precisamos de inflamação em nosso corpo.
      c) É uma das inúmeras vitaminas que precisamos. Com 10mg por dia evita-se escorbuto. O RDA é 70mg. Importante para a produção de colágeno. Importante para a reciclagem de vitamina E. Devo consumir de 150-250mg por dia. Sobre mega doses de 1grama, 5 gramas, não tenho opinião formada. Doses que não lembram doses nutricionais, eu geralmente desconfio, pois não faria sentido de um ponto de vista evolutivo.
      d) Por qual motivo injetar Glutationa de forma intravenosa? Essa molécula é produzida endogenamente, se você é saudável, há inúmeros caminhos metabólicos que estimulam a sua produção.

      Um abs!

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  14. Olá Soul,
    Você teria algum livro para indicar em português sobre alimentação e suplementação?
    Sobre exercícios físicos, como vc está fazendo agora com as academias fechadas?
    obrigado

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    1. Olá, amigo. Em português, não conheço, mas com certeza deve ter alguma coisa boa.
      Barra, flexão, agachamento, mais flexão, abdominal, HIIT, corrida.
      Um abs!

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  15. Gostaria que os céticos comentassem com a mesma qualidade que você posta. Uma pena, né? No mais, muito obrigado pelo ótimo post. Ansioso pelos futuros.

    E o podcast? Previsões de quando estreia?

    Abraços.

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