sexta-feira, 10 de abril de 2020

CORONAVÍRUS - PARTE V


 Se você não lei os primeiros artigos dessa série, sugiro a leitura da primeira, segundaterceira e quarta parte.

IMUNIDADE DE REBANHO (HERD IMMUNITY)

   Essa expressão vem sendo utilizada ultimamente com bastante vigor, e sou sincero ao dizer que até três semanas nunca tinha escutado tal termo. A ideia por trás dessa expressão é que quando uma certa parcela de uma população é imune a uma determinada doença, esta doença não poderá ter proporções epidêmicas mesmo entre membros não imunes de uma determinada localidade.

 Imagine-se a doença sarampo. Sarampo é altamente contagioso, muitas vezes mais do que qualquer Coronavírus (seja o SARS, MERS e SARS-2).  Se surgisse uma doença tão contagiosa como o Sarampo, que possui um R-Naught de 12 a 15, e com um grau de letalidade moderado, o mundo estaria em maus lençóis, muito mais do que a situação atual. Por quais motivos não há picos epidêmicos de Sarampo com a morte de milhares, talvez milhões de pessoas? Porque existe, em boa parte dos lugares, imunidade de rebanho, ou seja, muitas pessoas são imunes à doença, fazendo com que pessoas não-imunes dificilmente possam contrair a doença.

     Se existem 10% de pessoas não imunes ao sarampo e 90% de pessoas imunes, se um indivíduo não imune por acaso contrair sarampo, essa pessoa, apesar do sarampo ser altamente transmissível, dificilmente conseguirá transmitir para outras pessoas, se há uma distribuição aleatória de não imunidade pela população. HÁ UMA ESPÉCIE DE BARREIRA NATURAL FORMADA PELAS PESSOAS IMUNES PARA A PROPAGAÇÃO DA DOENÇA. Quanto mais transmissível é uma doença, maior R-Naught, maior a parte da população que precisa ser imune para existir uma barreira, imunidade de rebanho, quanto menor a transmissibilidade menor a necessidade de pessoas imunes para que essa barreira exista.

         Existe uma formulação matemática não tão difícil de entender (1), mas para um R-Naught de 2.5, que é mais ou menos o que se acha que é o SARS-COV-2, algo em torno de 60% das pessoas precisariam ser imunes, para que uma eventual epidemia se transformasse numa endemia (ou seja, uma diminuição gradual de casos).  


Um R-Naugh de 2 e o crescimento exponencial de casos (Epidemia)


Um R-Naught menor do que um (no caso de 0.5) e a transformação de uma epidemia numa endemia


 E como 60% das pessoas se tornam imunes a uma doença? Tirando casos genéticos específicos em que há indivíduos por algum motivo  imunes à doença (sim, há casos como esse, há até mesmo indivíduos imunes ao vírus HIV), as pessoas precisam ter sido expostas ao patógeno, ou seja infectadas, ou vacinadas. É por isso que a vacinação da população é tão importante. Surtos de sarampo, com a falta de vacinação por causa de motivos ideológicos, começam a ser acontecimentos mais comuns no Brasil, e até mesmo em países ricos como EUA e Inglaterra. O pediatra da minha filha, um senhor de mais de 60 anos, disse que nunca imaginava ver novamente crianças sofrendo por causa do sarampo, algo que ele apenas viu quando ainda estava na faculdade.
        
         Portanto, em relação ao SARS-COV-2, como é um vírus novo, só poderia haver imunidade de rebanho, transformando se a epidemia numa endemia, quando 60% das pessoas forem infectadas ou quando for criada uma vacina. Como uma vacina, conforme especialistas na área dizem, não é algo factível para os próximos 18 meses, tudo leva a crer que 50 a 60% da população será submetida a esse novo vírus. “Como? E por qual motivo estamos trancados?”. Até mesmo um repórter numa coletiva do Ministério da Saúde ficou surpreso com essa informação.

         Na parte IV dessa série, eu disse que havia um gráfico no modelo do Imperial College que quase ninguém sabia que existia, pois poucos se deram ao trabalho de ler o estudo:


Sim, o famoso gráfico vai só até setembro de 2020, mas se ele é estendido até janeiro de 2021 o número de infecções é rigorosamente o mesmo

Fizeram o mesmo exercício com um modelo que foi popularizado por meio de um Artigo do New York Times onde se mostrava que o isolamento social achataria a curva, diminuindo sensivelmente o número de infecções nos EUA para "apenas" 14 milhões até o final de junho de 2020. Porém, um matemático simplesmente estendeu o modelo até o começo de 2021 e se o isolamento social não continuasse, simplesmente o número de infecções era jogado para o futuro, até que algo em torno de 180 milhões (60% da população americana) seja infectada


      Mas, se o número de infecções não diminui, se não vai haver uma vacina nos próximos 18 meses, qual o sentido de fazer lockdown, quarentena, e  jogar o mundo à beira de uma depressão econômica severa? Qual o sentido? O único sentido é "comprar tempo".


NOVAMENTE OS DOIS MODELOS - A GRANDE E MAIS IMPORTANTE INCÓGNITA


         Na parte IV, foi dito sobre os dois modelos, um de Oxford e outro da Imperial College. O "Modelo Oxford" acredita que há uma possibilidade do vírus já ter infectado uma quantidade enorme de pessoas, sendo quase todas assintomáticas. Sendo assim, não há sentido em fazer quarentenas e jogar o mundo numa depressão, pois o vírus já infectou muita gente e a imunidade de rebanho quase já vai existir na população. 

           Se o vírus já infectou 40-50% da população, então realmente a reação foi desproporcional, esse vírus não é tão perigoso, sendo que a sua taxa de letalidade seja talvez de menos de 0.1% dos infectados, e não de 2-3%. Assim, o índice de infectados precisando UTI talvez seja de 0.2-0.3% e não de 5-7%. A diferença é abissal. Numa hipótese é a morte de centenas de milhares de pessoas por essa pandemia. Na outra, de dezenas de milhões. Numa, a vida vai voltar à normalidade, na outra a nossa vida irá mudar, pelo menos nos próximos 24 meses.

       O "Modelo de Oxford" é acompanhado por outros cientistas sérios. Cito aqui uma mensagem que consta no worldmeters (melhor site para acompanhar a evolução da pandemia) na parte da Itália no dia 03 de abril (há uma semana, portanto):

Italy: the real number of COVID-19 cases in the country could be 5,000,000 (compared to the 119,827 confirmed ones) according to a study which polled people with symptoms who have not been tested, and up to 10,000,000 or even 20,000,000 after taking into account asymptomatic cases, according to Carlo La Vecchia, a Professor of Medical Statistics and Epidemiology at the Statale di Milano University.

This number would still be insufficient to reach herd immunity, which would require 2/3 of the population (about 40,000,000 people in Italy) having contracted the virus [source].

The number of deaths could also be underestimated by 3/4 (in Italy as well as in other countries) [source], meaning that the real number of deaths in Italy could be around 60,000.

If these estimates were true, the mortality rate from COVID-19  would be much lower (around 25 times less) than the case fatality rate based solely on laboratory-confirmed cases and deaths, since it would be underestimating cases (the denominator) by a factor of about 1/100 and deaths by a factor of 1/4.

     Para não precisar traduzir tudo, o que se diz basicamente é que talvez 5 milhões de italianos não foram testados, mas talvez tiverem sintomas leves da doença, e até 20 milhões poderiam ter sido infectados e não ter sentido nada. Por outro lado, talvez as mortes estejam sendo subnotificadas por um fator significativo de 3/4, o que faria com que o número de mortes que na época era de 15 mil (hoje está próximo dos 19 mil), fosse na verdade 60 mil. Haveria 100 vezes mais casos do que os diagnosticados e quatro vezes mais mortes, o que faria com que o índice de letalidade da doença fosse menor 25 vezes

  Como o índice de letalidade da Itália está em torno de 12.7% (número de mortes/casos diagnosticados), o número real na verdade seria de 0.5%. Coincidentemente ou não, esse é o número que alguns especialistas acreditam ser o índice de letalidade da doença levando em conta os casos não diagnosticados de sintomas leves e assintomáticos.

   Ontem, saiu os números iniciais de um estudo feito numa cidade pequena alemã chamada Gangelt que é um dos epicentros do COVID19 no país germânico. Quem quiser mais detalhes pode conferir aqui (2). A cidade possui 12 mil habitantes, testaram 500 pessoas, dessas apenas 2% apresentava infecção por carga viral, mas 15% dessas possuíam um anticorpo específico chamado IgG contra o SARS-COV-2. 

  Sendo assim, uma parcela não desprezível da população, se a amostra tiver sido aleatória e sem nenhum viés, já teria sido infectada e desenvolvido anticorpos. Se essa pequena parcela dessa pequena vila for representativa para toda a população alemã, o índice de letalidade da Alemanha que está em 2%, cairia para algo em torno de 0.4%. O que é uma queda expressiva.

    Na parte IV, eu citei dois exemplos de cidades pequenas na Itália e EUA que os resultados pareciam contradizer a hipótese de uma grande infecção não tão letal pela população. No caso da vila italiana, a infecção generalizada poderia ter ocorrido, e a vila atingido herd imunity, mas com uma letalidade de quase 3%. E no Condado dos EUA, apenas 1% das pessoas foram diagnosticadas com anticorpos.

   Essa é a grande dúvida, a pergunta de 10 trilhões de dólares, e fiquei feliz que o grande David Sinclair, professor de Harvard, e um dos maiores expoentes no estudo de porque envelhecemos, ao responder uma pergunta usou literalmente "essa é a pergunta de 10 trilhões de dólares". Mais e mais cidades, países e regiões irão aplicar testes de anticorpos, e irão surgir dados mais robustos para saber o quão letal e perigosa é realmente essa pandemia.

     Porém, apenas para colocar em perspectiva. Mesmo se a letalidade for de 0.5% de todos os casos infectados, se 60% da população brasileira for infectada, para que possamos ter "imunidade de rebanho", isso significa que 120 milhões de brasileiros seriam infectados. Se 0.5% morrer, isso significa 600 mil pessoas. Se 1 ou 1.5% precisar de UTI, isso significa de 1 a 2 milhões de pessoas necessitando de tratamento intensivo. Portanto, mesmo com uma letalidade menor, muitas vezes menor dos números oficiais de alguns países, o problema ainda seria gravíssimo, pois 600 mil pessoas a mais morrendo num período de 12-15 meses não é algo que se possa dizer que não é uma das grandes crises que esse país já enfrentou.

      Para se ter uma ideia, ao contrário de um país como o EUA que a gripe mata de 20 a 60 mil pessoas por ano, a depender da seriedade do surto que varia de ano a ano, no Brasil morre relativamente poucas pessoas por gripe. Em 2017, por exemplo, foram menos de 300 pessoas. Em 2018, um dos anos com  forte aumento, foram menos de 1000 pessoas (3). Logo, uma pandemia com a possibilidade de gerar centenas de milhares de mortes é algo que há bastante tempo o país não enfrenta.


       E se o índice de letalidade for na verdade de 1.5%, e o índice de necessidade UTI de 5%? E se por causa da falta de saneamento básico, condições precárias, grandes aglomerações em periferias e favelas, sistema de saúde mais precário, o número de mortes em excesso for ainda maior num horizonte de 12 a 15 meses? Então, o Brasil entrará numa depressão econômica e numa crise sem precedentes.

      Por isso, é urgente que esse tema seja tratado em Globo News, CNN, grandes jornais, entre os epidemiologistas, para que se façam cada vez mais testes em massa para detectar anticorpos, para que saibamos os números reais de infectados, a letalidade da doença, e se a vida vai poder voltar a uma certa "normalidade" em questão de meses ou não.

    Na próxima parte, tratarei de quarentenas, estratégias de contenção e repercussões econômicas (ao menos a introdução a esse tópico).

Abraço a todos e se cuidem!







25 comentários:

  1. Parabéns por compartilhar sua pesquisa. Começam a aparecer ruídos que a pandemia só vai passar quando boa parte das pessoas se infectarem. É um tapa na cara de cada indivíduo, mas se for assim que a pandemia funciona, com os parcos instrumentos que temos, só vamos cair na real quando os números crescerem e faltar tudo. Por mais que critiquem o lockdown, ganhar tempo não é uma opção a se jogar fora. Estou assustando com o pouco número de respiradores em algumas regiões.

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    1. Olá, amigo.
      Há muitas incertezas. Torcemos para que o vírus já esteja entre nós desde janeiro, e que já tenha infectado milhões e milhões de brasileiros, sendo que a esmagadora maioria ficou assintomática. Essa é a única forma, no meu ver, que iremos sair dessas sem uma grave crise política, fiscal, econômica e de saúde pública.
      Abs!

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  2. Obrigado por compartilhar, sobretudo gratuitamente, um conteúdo diferenciado.
    Eu agradeço muito a você por ter colocado seu tempo à disposição de forma tão útil a inúmeros desconhecidos, eu entre eles.
    Isso vale muito para mim. Ou melhor, não tem preço, simplesmente.

    Obrigado por expor algo útil e de uma forma tão elucidativa.

    Abraço!

    Marcos, que sempre comenta aqui (aquele mesmo da "doação de sangue").
    Você é 10!! Parabéns!!

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    1. Olá, Marco.
      Obrigado pelas gentis palavras.
      Aquele da doação de sangue é o que me perguntava por qual motivo eu não doava sangue?
      Um abs

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    2. Isso.
      Abs!
      Feliz Páscoa!!

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  3. Concluindo : liberamos a galera ou não ?

    Minha proposta : da um jeito de por máscara em todos, de ensinar higiene, de exigir lavagem de mãos na porta de estabelecimentos/uso de álcool antes de entrar e libera parcialmente a galera por duas semanas. Prende mais uma já que a incubação é 5-7 dias, e vê o que rola

    Ganhar tempo era pra fazer leito e comprar respirador - fizeram? Alguns governadores sim, outros não

    Flórida isso...

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    1. Olá, amigo.
      Se o vírus ainda não se espalhou, se o "Modelo Oxford" não for nem parcialmente correto, então não há soluções fáceis.
      Distanciamento social, higieninização, testagem em massa de anticorpos, certificados de imunidade, etc, talvez serão o caminho menos traumático.
      Um abs!

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  4. Olá, Soul.
    Me permita acrescentar mais alguns "e ses?" à sua brilhante análise desse que certamente é um dos problemas mais complexos com os quais a humanidade já se deparou:
    a) e se até a sociedade como um todo alcançar a imunidade de rebanho o virus ocasionar grande letalidade no grupo de pessoas que continua trabalhando normalmente para assegurar a comida nos supermercados, a energia elétrica e a água nas casas, a segurança nas ruas, e o atendimento médico nos hospitais, comprometendo com isso a subsistência mesmo daqueles que tenham recursos financeiros para se manter isolados por um longo período de tempo? Não vamos esquecer que o inverno está chegando, e que essa é uma época muito propícia à disseminação do virus.
    b) e se os governos não conseguirem dar a assistência necessária para aqueles que não possuem recursos para se manterem durante a quarentena prolongada, e com isso comecem a ocorrer convulsões sociais?
    c) e se a imunidade de rebanho for temporária e/ou o virus sofrer uma mutação que permita vencê-la (o que parece ser normal para essa espécie), ocasionando uma nova onda de fatalidades em massa?
    Sem dúvida a maneira mais rápida de acumularmos conhecimento para decidir de forma racional o quê fazer em relação ao isolamento é realizar testes em massa para ter uma ideia mais precisa da proporção infectados/população total, assintomáticos/infectados e óbitos/infectados, dando com isso uma resposta para a pergunta de trilhões de dólares.
    Mas parece que o teste que pode fornecer essa informação de maneira mais precisa continua sendo caro e escasso o que nos afasta, por enquanto, dessa possibilidade.
    Abraços!

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    1. Olá, Osvado!
      a) Sim, essa é uma possibilidade, especialmente se não houver coordenação estratégia entre os diferentes tipos de governo. Não precisa haver grande grau de letalidade, pois esse vírus não é tão letal, basta que haja alguma letalidade para que as pessoas fiquem com receio. Imagine se dois funcionários que coletam lixo venham a falecer e cinco vão para UTI, seria o suficiente para toda a categoria talvez se recusar a ir trabalhar.
      Num cenário mais caótico como esse, eu imagino apenas que itens de maior necessidade vão aumentar bastante de preço, prejudicando os mais pobres. O governo não poderia permitir que serviços como água e luz deixassem de funcionar, pois isso com certeza nos levaria a uma anomia. Eu acho esse cenário difícil de ocorrer, mas não o descartaria por completo.

      b) Esse é um risco maior. Se o vírus não tiver se espalhado ainda por muitas pessoas, e por via de consequência possuir uma letalidade e morbidade relativamente alta, a chance das pessoas mais necessitadas serem duramente impactadas é enorme. Se o governo não agir com transferências diretas de dinheiro e comida, a possibilidade de convulsão social não é pequena. Li que no sul da Itália, a máfia está ganhando um poder imenso, e há focos de insatisfação social se aglomerando. Isso na Itália, imagina no complexo da Maré.

      c) Esse vírus não é dos que mais sofre mutação. Por enquanto, os cientistas estão tranquilos com o grau de mutação do vírus. Mas, ele pode sofrer mutações sim, e passar a ser um vírus com incidência sazonal, como a gripe. Logo, vacinas seriam mais complexas de serem feitas, e teriam proteção parcial.
      Outra questão é por quanto tempo essa imunidade, em média, uma pessoa possuiria. Boa parte dos cientistas acredita que por meses ou anos, mas não se sabe ao certo.
      O cenário pesadelo é o "modelo oxford" estar muito fora da realidade e a imunidade se estender por poucos meses, aí sim temos um problemão de difícil resolução.
      O melhor cenário é o "modelo oxford" estando o mais próximo possível da realidade com uma imunidade de vários anos.

      Sim, o Brasil, infelizmente está atrás nessa. Mas, em semanas, com certeza muitos dados de testagem em massa de anticorpos serão liberados, e poderemos ter um cenário muito mais claro, que poderá ser animador ou desesperador. Veremos.

      Um abs!

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  5. Olá Soul,

    Primeiramente quero lhe agradecer por estar compartilhando um estudo sério e realista sobre essa pandemia, algo que dificilmente veríamos em qualquer outro meio de comunicação. Tenho acompanhando religiosamente as suas postagens e isso tem me ajudado a entender melhor toda essa crise, e inclusive já ir me preparando para um cenário mais caótico.
    Agora dando a minha opinião, sinceramente, eu queria acreditar que o "Modelo Oxford" estivesse correto, porém, não vejo muito sentido em acreditar nisso. Se o vírus já está presente em grande parte da população há algum tempo (vamos dizer meses), porque só agora as pessoas começam a apresentar sintomas a e buscar os hospitais? Porque não vimos isso acontecer aqui no Brasil em Janeiro, Fevereiro e no início de Março? No mínimo estranho.
    Creio que no nosso país nós temos motivos para preocupações adicionais. Além dos problemas estruturais que já são amplamente conhecidos, existe uma questão política que não pode ser desconsiderada.Essa questão tem dividido o país e sem dúvida nenhuma está contribuindo para o relaxamento da quarentena, conforme podemos perceber nas notícias de ontem e anteontem.Embora tenhamos poucos dados concretos sobre o comportamento do vírus na população e real taxa de mortalidade, todos os dados colhidos até aqui nos mostram um cenário nada animador. É o que eu penso.
    Um forte abraço e estou aguardando as próximas postagens.

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    1. Olá, amigo. Valeu pela mensagem, apenas me dá mais força e vontade de continuar escrevendo, pesquisando, e "traduzindo" isso para as pessoas.

      - Eu também acho estranho, mas quando os fatos não se adequam ao que achamos ser corretos como modelo mental, não são os fatos que precisam caber no nosso modelo, mas sim nosso modelo aos fatos. Essa é uma lição, infelizmente, ignorada por muitas pessoas.
      - Eu também não vejo sentido, mas uma explicação é que o vírus infectou muitas pessoas ao mesmo tempo , 30-40% da população, e mesmo com uma letalidade extremamente baixa, milhares de pessoas estão morrendo e sendo hospitalizadas agora, não pela virulência do vírus, mas simplesmente porque o vírus se espalhou e o pico da mortalidade aconteceu naturalmente, sendo as quarentenas e lockdowns irrelevantes. É uma explicação possível, e testes de anticorpos irão mostrar se faz sentido ou não. Como eu escrevi na parte IV, provavelmente a verdade reside numa explicação intermediária.

      Sim, infelizmente nem um vírus e uma ameaça a saúde pública foi capaz de nos unir, parece que nos desuniu ainda mais.
      A politização de um remédio como a Choloroquina, com pessoas que não sabem nem o que significa duplo cego ramdomizado, é de uma insanidade que chega às raias da loucura.

      Obrigado pela mensagem.

      Um abs!

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  6. Bom ver varios lados de um mesmo surto, eu pessoalmente não acredito no fim dessa 'quarentena brasileira' sem no mínimo testagem em massa, algo em torno de 10 milhões de testes por semana no mínimo no Brasil, segundo o ministerio da saúde foram realizadas cerca de 100 mil testes até agora no total, muito mas muito pouco.

    Espero que os modelos com menos número de mortes estejam certos e que por algum motivo desconhecido nosso país esteja menos suscetível do que os outros, pelo sim pelo não já estou a 1 mes em casa, abraços!

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    1. Olá, Marco.
      Pelas notícias que li, e algumas imagens, o isolamento, que já não foi muito profundo (e ordens de magnitude mais "liberal" do que aconteceu na China), já está acabando, especialmente por causa da pressão econômica, e por causa do presidente Bolsonaro.

      Sendo assim, só nos resta torcer para que realmente o vírus já tenha circulado por muitas pessoas, a imensa maioria assintomática.

      Um abs!

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  7. Olá Soul,

    Muito legal essa série. Acompanhando de perto. E ao chegar ao fim, seria legal você criar um e-book dela. Já pensou a respeito?

    Enquanto isso, nos resta manter nossa saúde em dia (que hoje em dia é dormir bem, alimentar bem e não submeter ao corpo ao extremo (além da saúde mental né)) e torcer para que o modelo Oxford esteja certo.

    Feliz páscoa e um abraço!

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    1. Olá, Investidor Inglês,
      Não, não. Eu sou leigo nisso, deixo muito claro que sou leigo, não sou expert, e que apenas me esforço para montar um quadro coerente, ninguém aqui deve acreditar em minhas palavras sem fazer a sua própria pesquisa.
      Portanto, a ideia de um ebook não passou e jamais passaria pela minha cabeça.
      Além do mais, estou com vários projetos, tocando, essa série é mais uma forma de eu colocar no papel ao menos parte do que venho lendo e estudando sobre o tema.
      Agradeço o comentário!
      Uma feliz páscoa para você tb!

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  8. Ah Soul,

    Já viu esse vídeo?

    https://www.youtube.com/watch?v=Eq6YEYfn2zw&feature=youtu.be

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    1. Oie, Investidor inglês.
      Não tinha visto esse vídeo específico, mas a ideia de que talvez o Sars-Cov-2 de alguma maneira "ataca" as hemoglobinas (especialmente privando de ferro) o que faria com que a capacidade das mesmas de transporte de oxigênio fossem reduzidas levando a Hipóxia(diminuição de oxigênio) é uma ideia que vem circulando nos últimos dias. Logo, se isso for verdade, realmente as pessoas podem estar morrendo como se estivessem faltando oxigênio, como se estivessem a 7000 metros de altura, e não necessariamente por um dano nos alvéolos pulmonares. Pode ser, vai saber, talvez possa ser os dois, e isso é um assunto alguns graus de magnitude acima do meu conhecimento, é assunto bem técnico mesmo.

      Um abs!

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  9. Olá, obrigado pelas informações.

    Certamente essa pandemia entrará para a história e marcará esta época.

    Que sejamos otimistas para que esse tempestade passe com o mínimo de prejuízo possível.

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    1. Olá, amigo.
      Sim, é o que nos resta, torcer. Porém, eu acrescentaria mais um "modelo mental" que é além de torcer se preparar para os diversos cenários.
      Um abs

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  10. E esses imbecis e radicais que são contra as vacinas, por causa de uma teoria da conspiração. Não dá nem para rotular isso de "ideologia", é "burrice" mesmo. Como escreveu, imagina se a pandemia fosse de sarampo!?

    Feliz Páscoa!

    http://antipoda.com.br

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    1. Olá, Maurício!
      Feliz páscoa para você também, amigo.
      Veja, eu creio que tudo pode ser discutido racionalmente.
      Aquecimento global existe? É causado pelo ser humano? Vacinas possuem ou não efeitos colaterais? É preciso que exista um Estado ou não?
      Tudo pode ser discutido, desde que o seja em bases racionais e por debatedores que estejam preocupados com a "verdade" e não com o seu ego.
      Sobre vacinas, elas possuem reações, algumas crianças podem sofrer consequências, é uma questão de sopesar risco x retorno, qual é o risco da aplicação de determinados de vacinas contra o retorno que ela fornece contra a infecção individual de doenças bem sérias, e também da proteção social pela forma de imunidade de rebanho.
      Nada é binário, mas as pessoas deveriam saber as consequências de cada decisão, aliás, como tudo na vida.
      Um abs!

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  11. Soulsurfer,

    Já viu o podcast do Dr. Luis Cláudio Correia? É um grande expoente da medicina baseada em evidências aqui do Brasil. Acompanho o blog dele há anos, e respeito muito as suas opiniões.

    https://pca.st/29jgticj

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    1. Olá, meu amigo. Não conheço.
      Vou dar uma olhada qualquer dia desses.
      Um abs!

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  12. Olá Soul,

    Você que está estudando bastante a respeito, conseguiu descobrir algum trabalho científico de relevância que comprove a eficiência da quarentena para estes casos?

    Abçs!

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    1. Olá, I. I.
      Xi, esse é um dos maiores tópicos de polêmica entre os "céticos". A prova que uma quarentena drástica funciona é o caso de Wuhan que trouxe o R-Naught de 2.5/3 para 0.2.
      Porém, o assunto tem suas nuances, e vou abordar na parte VII.
      Um abraço!

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