quarta-feira, 25 de março de 2020

CORONAVÍRUS - PARTE II


Olá, prezados leitores. Segue aqui a continuação. Para contexto, sugiro a leitura da primeira parte.

MAIS UM DISCLAIMER

                Pessoal, eu já coloquei na primeira parte a minha admissão de sofrer o efeito Dunning-Kruger, aliás como qualquer ser humano. Mas, vou novamente reforçar. Ninguém sabe ao certo para onde os mercados vão, o que vai acontecer com o mundo, como é a biologia desse novo vírus, se é melhor fazer quarentena ou não, de quem é a responsabilidade, etc, etc.

                É um cenário de extrema incerteza, e você, prezado leitor, se já não o faz, deveria cultivar mais a nobre arte racional, no qual a ciência moderna e a filosofia antiga se baseiam, de duvidar das próprias certezas.  Quem oferece certezas num momento como esse, além de sofrer de uma ilusão tremenda sobre a própria falibilidade humana, apenas mostra que não tem a capacidade de cultivar o aparato mental correto para tentar fazer boas perguntas.

                Tudo começa com boas perguntas, seja na ciência, seja na compreensão da realidade, e para realizar boas perguntas é necessário assumir que a realidade possui mistérios e complexidades.

SOU JOVEM, POSSO SOFRER SE FOR INFECTATO PELO SARS-COVID2? O CONCEITO DE MORBIDADE DIFERENCIANDO-SE DE MORTALIDADE

                Sim, pode.  A probabilidade é alta? Tudo leva a crer que a probabilidade é idêntica de pessoas mais velhas, ser jovem, até onde eu li, não confere imunidade.  Se for jovem e infectado, a probabilidade maior é não possuir sintomas ou sintomas leves (febre, tosse seca)? Sim, essa é a maior probabilidade. E qual é a chance de ter sintomas mais graves, a depender de uma internação hospitalar? Ninguém sabe ao certo.

                Os dados que vem tanto da Itália como da China mostram que a mortalidade está concentrada quase que exclusivamente em pessoas de mais idade. Na verdade, há poucos dias saiu um paper (1) mostrando que apenas 0.8% das pessoas que morreram na Itália não possuíam nenhuma comorbidade.  Por seu turno, cerca de 50% dos que faleceram tinha 3 ou mais comorbidades.  

Sim, se a pessoa tem mais doenças associadas, o risco de morte aumenta drasticamente. Ser saudável e a opção, e voltarei a esse ponto em artigo futuro


Aqui estão as morbidades, está em Italiano, mas é fácil entender. As principais são diabetes, hipertensão e doenças cardíacas

Sim, em relação a pessoas acima de 70 anos, a doença é muito grave. Homens morrem muito mais. Se o seu pai, avô, tem 75-80 anos, possui problemas prévios, sim ele tem um risco não desprezível de ir a óbito


           Portanto, e aqui é apenas uma especulação minha,  pois não vi nenhum especialista escrevendo ou dissertando a respeito com mais propriedade, a morbidade se intensifica de acordo com a idade, pois com o decorrer do tempo a probabilidade de se ter alguma doença degenerativa é maior. Logo, qual teria mais probabilidade de vir a óbito, uma pessoa com 70 anos sem nenhuma comorbidades, ou alguém de 55 anos com diabetes e pressão alta? Eu diria que a pessoa de 55 anos está em maior risco de ter complicações mais sérias que podem levar a óbito. Isso é apenas um achismo meu, repito, porém.


                Talvez ninguém vá lembrar, mas há anos eu falo que a humanidade deveria usar outras métricas para avaliar a métrica de sucesso de um povo. PIB per capta e dinheiro é apenas uma parte de uma equação complexa. Diversas vezes escrevi nesse espaço o fato de mais da metade de adultos acima de 50 anos nos EUA terem duas ou mais condição degenerativa, e que isso era um problema algumas ordens de grandeza maior do que terrorismo, muro com o México, e seja lá mais o que for. Uma população, no caso dos EUA, onde quase 50% das pessoas são diabéticas ou pré-diabéticas e 88% não são metabolicamente saudáveis, é uma população doente.  Por esses dados, o SARS-COV-2 pode fazer estrago por lá. 


            Não acredita? Uma reportagem recente vinda do reino unido, indica que quase 70% dos internados em estado grave pelo COVID19 naquele país são obesos, e que aproximadamente 40% possuem menos de 60 anos (2). Ou seja, pessoas abaixo de 60 anos estão longe de ser idosos, e a obesidade apenas é um marcador de outras doenças degenerativas, já que uma obesidade mórbida é bastante associada a diabetes ou hipertensão, por exemplo.


                Portanto, se você é jovem e metabolicamente saudável (e muitos leitores jovens desse espaço com certeza não o são), suas chances de ter sintomas muito severos parecem diminutas. Entretanto, não se pode saber ao certo. Há alguns dias saiu um paper nos EUA sobre a taxa de internação hospitalar e divisão por faixas etárias. Há várias críticas que se pode fazer a esse estudo, mas também tudo muda muito rapidamente, e quanto mais dados melhor. Nesse estudo, a taxa de hospitalização de pessoas jovens foi razoavelmente alta. Não foi algo de 2-3%, mas de 10% para cima. O estudo não mostrou comorbidades associadas, então não dá para saber quanto comorbidades como diabetes, câncer, pressão alta, doenças autoimunes, resistência à insulina, obesidade, etc, influenciam ou não na severidade da doença para necessitar internação em pacientes mais jovens.

Para quem não entende bem Inglês, os números mostram os casos de hospitalização, de internamento numa UTI e a mortalidade por faixa etária de pessoas com COVID19 entre 12 de fevereiro e 16 de março nos EUA. É possível observar que a taxa de internação hospitalar na faixa de 20-44 anos não foi nada baixa de 14.1%. Os casos de UTI não foram nada baixos de 2%. E a mortalidade sim foi baixa de 0.1%. A maior faixa etária acima de 85 anos, requereu o dobro de hospitalizações (31.3%), mas os óbitos foram muito maiores em 10.4% ou seja 100 vezes mais do que a faixa etária 20-44 anos. Isso indica que um jovem pode precisar ser hospitalizado, que não é algo improvável, mas a chance de morrer é bem pequena, se houver tratamento adequado, enquanto um idoso possui uma chance enorme de vir a óbito se precisar ser internado


                Há uma crítica óbvia a esse estudo. Primeiramente, não se sabe o número real de infectados que pode ser muito maior do que os diagnosticados. Logo, o denominador da equação aumenta, fazendo com que os números da tabela acima sejam muito menores.  Em que pese a crítica evidente a tabela acima, há relatos vários de jovens precisando de UTI para se manter vivos. Portanto, os dados não são ainda claros e precisos, e nem vão ser nas próximas semanas e meses, mas há informações apontando que jovens podem sim vir a precisar de hospitalização numa quantidade não desprezível.

                E se essa hospitalização não estiver disponível? E se um eventual leito de UTI não estiver disponível? Como dito na Parte I, e vem daí o conceito de achatar a curva, a mortalidade na faixa etária mais jovem pode aumentar e muito. Portanto, quando o ministro da Saúde Brasileira fala que a Itália está sofrendo porque tem muitos idosos, e como o Brasil possui uma população jovem o sofrimento não vai ser o mesmo, é verdade, desde que o sistema de saúde tenha condições mínimas de atender os jovens que vão ser hospitalizados, e partindo do pressuposto de que as condições de saúde de ambos os países são parecidas.  


Esse gráfico parece-me um pouco irreal, pois parte do pressuposto que no pico da infecção, mais de 10 milhões de pessoas precisariam de hospitalização. Talvez seja o cenário apocalíptico de tudo dando errado. Evidentemente, a linha de camas de UTI não comportaria nem um vigésimo desse worst case scenario. E, ah, isso é um gráfico para os EUA, talvez a capacidade de camas de UTI no Brasil seja ainda mais comprometida. Tudo leva a crer, porém, que esse não é um gráfico realista do que pode vir a ocorrer.

O Brasil tem 10.4% da população de 20 a 79 anos diagnosticada com diabetes, a Itália tem apenas 5% (3).  Quem já foi a Itália sabe que as pessoas são muito mais esbeltas e saudáveis do que o brasileiro médio. Se o Brasil possui 10.4% diabéticos, com certeza temos algo em torno de uns 40-45% de pré-diabéticos, e se fomos analisar a saúde metabólica de forma correta, pela insulina e melhor ainda por uma exame de Kraft, talvez tenhamos na verdade uns 70-75% de toda população acima de 20 anos com resistência grave à insulina. Logo, talvez nossa população seja bem mais jovem que a Italiana, mas por incrível que pareça bem mais doente.

Sendo assim, se você é jovem, e não é extremamente saudável, eu não ficaria tão tranquilo assim. Na minha percepção, nada maior do que 0.5% de precisar ser hospitalizado por um vírus desconhecido é algo pequeno para mim, o que dirá uma chance de 10%. 10 em uma chance de precisar ser hospitalizado por dificuldade para respirar? Uau, isso para mim está longe de ser baixo risco, se esses números forem verdadeiros, repito, e há muitos que acreditam que não o são, sendo o risco de necessidade de hospitalização bem menor.

E daí se você precisar ser hospitalizado? Se tudo der certo, se o sistema de saúde não tiver colapsado, se durante a sua internação você não tiver pegado uma infecção hospitalar, está tudo bem? Ninguém sabe ao certo.  Ninguém sabe as consequências de longo prazo, até porque esse surto tem alguns meses. “Como assim, quais consequências de longo prazo Soul?”.  Sim, consequências de longo prazo, ninguém é entubado numa UTI , ou colocado num ventilador para respirar artificialmente, e passa incólume dessa experiência.

Um dos médicos que mais respeito, Dr. Peter Attia, disse no último podcast sobre o COVID19 que ele tinha lido um paper sobre as consequências de longo prazo das pessoas que se recuperaram do SARS-COV (o primeiro surto SARS de 2002-2003). Ele disse que essas pessoas ao longo dos 10 anos seguintes, foram muito mais propensas a sofrer ataques cardíacos, a ter problemas pulmonares, a incapacitação laboral, etc, etc.  Desde que ouvi o podcast eu tentei localizar o paper, mas não consegui. Cheguei até mesmo a mandar uma mensagem para o Dr. Petter Attia pedindo o paper, mas ele não me respondeu.

Se a SARS-COV-2 também ataca os pulmões causando problemas respiratórios graves como a SARS, então talvez as pessoas que se recuperarem de sintomas graves do COVID19 podem estar aumentando e muito a sua morbidade, ou seja, a probabilidade de sofrer de outras doenças degenerativas.  Se isso for verdade, e com índices de hospitalização maiores do que uma gripe, vai ser uma notícia terrível. A maior causa de mortes no mundo são doenças cardíacas sendo responsáveis por quase 25% dos óbitos (com variação de país para país). Aumentar a sua chance de morrer de uma doença cardíaca, ou seja, aumentar a sua chance de morrer de algo que já é comum, por causa do COVID19, caso sintomas graves resultem em morbidade, não é uma notícia nada animadora.

Portanto, mortalidade e morbidade são coisas diferentes. A mortalidade do SARS-COV-2 pode ser não tão alta, especialmente em pessoas abaixo de 50 anos e relativamente saudáveis (digo relativamente, pois na verdade a maior parte da nossa população está adoecida e longe do seu potencial ótimo de saúde) se o sistema de saúde puder atender as pessoas que precisarem de atendimento. Entretanto,  a morbidade pode não ser tão baixa assim no médio-longo prazo, o que torna essa doença mais complicada. Deveríamos estar fazendo muito mais perguntas não apenas sobre a mortalidade, mas sim sobre a morbidade dessa doença, até para podermos entender os riscos de curto, médio e longo prazo desse vírus.

MAS É TÃO RUIM ASSIM? A CHINA COM QUASE 1.4 BILHÕES DE PESSOAS SÓ TEVE 80 MIL CASOS. A VIDA NÃO ESTÁ NORMALIZADA LÁ? AS ONDAS SUCESSIVAS DE CONTAMINAÇÃO

Por qual motivo a crise de Ebola não se espalhou pelo mundo inteiro?  A resposta é simples.  O vírus do ebola é altamente transmissível apenas quando a pessoa infectada está bastante sintomática, e se não me engano, é necessário contato com secreções corporais. Portanto, quando estoura um surto de Ebola, é muito mais fácil identificar os infectados e fazer um rastro das pessoas que entraram em contato com o infecato.  O SARS-COV-2, por seu turno, ao que tudo indica é altamente transmissível quando a pessoa infectada está assintomática, e isso faz toda a diferença.

Aliás, o primeiro surto de SARS-COV em 2002-2003 pode ser mais facilmente controlado, pois a pessoa infectada transmitia a doença dias depois de ser infectada e já apresentando sintomas claros da doença. O SARS-COV-2, ao contrário (e há algum debate em relação a isso), parece que pelo contrário, ele é mais altamente transmissível quando a pessoa está assintomática, e não tanto transmissível quando a pessoa está sintomática, e isso, para nós humanos é um verdadeiro pesadelo, pois torna praticamente impossível saber quem está ou não com a doença, a não ser fazendo milhões de testes na população.  O período de incubação do SARS-COV-2 varia de alguns dias até 14 dias, sendo que há casos registrados de até 22 dias, se não me engano. Imaginem, prezados leitores, uma pessoa por 22 dias assintomática e podendo transmitir o vírus?

Quer um cenário de pesadelo para o mundo? Um vírus com período de incubação de 40-60 dias e transmissível nesse período, com um R-Naught de 12-15 (absurdamente transmissível, o sarampo possui um R-O alto assim. Só não morremos aos milhões de sarampo, pois a maior parte da população está imunizada e entra o conceito de Herd Imunity que será abordado na parte III), e uma letalidade de 15-20%. Nesse cenário, que não é nada improvável, aí sim o mundo caminharia para um colapso financeiro completo.

A China, e experts pelo mundo dizem que os dados parecem confiáveis, aparentemente controlou o enorme surto na cidade de Wuhan. Como? Impondo uma quarentena por praticamente 60 dias. Como funcionou essa quarenta, como eles se alimentavam, como o governo fiscalizava a quarentena, são detalhes que não conheço, e adoraria ler uma matéria bem escrita por algum bom jornalista.  Foram 80 mil casos diagnosticados (o número pode e deve ter sido bem maior) e cerca de três mil mortes.  Triste, avassalador, mas por que fechar o mundo por causa disso?

O problema, e isso a China vai mostrar ou não ao mundo, é que o vírus não vai deixar de existir. E nada impede que haja ondas sucessivas de contaminação quando as barreiras de quarenta forem totalmente baixadas, e quando as pessoas puderem circular livremente novamente. Aliás, esse é um medo constante na China. Cito uma reportagem recente (4):

"Both Shanghai and Beijing reported a case of a locally-transmitted infection from an imported patient Tuesday.
State media warned of a second wave of infections, with the nationalistic Global Times warning on its front page that "inadequate quarantine measures" meant a second wave of infections was "highly likely, even inevitable". ("Ambas Shanghai e Beijing reportaram um caso de transmissão local de infecção de um paciente importado na terça-feira. A mídia estatal alertou que uma segunda onda de infecções, com o nationalista Global Times alertando na sua primeira página que "medidas inadequadas de quarentena" significam uma segunda onda de infecções é "altamente provável, talvez inevitável".

Portanto, apesar de impor medidas duras, de sacrificar sua economia, de perder milhares de vida, nada garante que não possam estourar novos surtos na China, e a doença tomar proporções ainda maiores. Como faz? Impede voos internacionais? Mas num mundo tão conectado, isso é possível? E com tantos focos mundo a fora, por quanto tempo a China consegue evitar outro surto? Ninguém sabe, e o mundo irá descobrir em poucos meses.

OS VÁRIOS FOCOS PELO MUNDO E AS ONDAS SUCESSIVAS DE CONTAMINAÇÃO

Já pararam para pensar na diferença do termo pandemia para uma epidemia? Eu nunca tinha refletido a respeito, mas apesar de algo óbvio e simples, foi um insight poderoso para mim. Uma epidemia é algo localizado, uma pandemia é algo espalhado por vários cantos do mundo. E por qual motivo isso é relevante?

Se um surto de uma doença alcança proporções epidêmicas, muitos casos, mas é restrita a uma área, é muito mais fácil contê-la, inclusive com medidas de quarentena drásticas. Isola-se a população afetada, espera-se que o surto diminua ou cesse, e vida que segue. Entretanto, quando há focos em várias regiões, se uma região controlar o seu foco com medidas de quarentena, por exemplo, nada impede que ela não importe casos de outras regiões, ocasionando mais uma onda de contaminação (tópico anterior).

Esse é o problema de uma pandemia. Talvez o que acontecer em Bangladesh ou na Nigéria (dois países pobres e extremamente populosos), possa afetar os EUA ou o Brasil, mesmo que esses países controlem seus focos de COVID19, ainda mais num mundo com fronteiras porosas e com uma economia tão interligada e conectada. 

Sendo assim, quer queiramos ou não, parece que estamos nessa juntos. A China ou Coréia do Sul, a não ser que o vírus não seja tão perigoso ou que sua população seja imune, não poderá ficar tranquila se a Índia tiver um foco enorme da doença, por exemplo. Sendo assim, o esforço deve ser conjunto para conter os focos em vários países, e isso obviamente é difícil.

Logo, do ponto de vista apenas de um país, talvez seja muito mais importante o número de focos dentro de um próprio país do que o número de infectados e mortos em geral desse mesmo país. Pelo que li, por exemplo, ao contrário da Itália que possui um grande foco no norte , a Espanha possui focos espalhados pelo país. Se isso for verdade, será mais difícil controlar o surto epidêmico na Espanha, quando as medidas de quarentena forem levantadas, do que na Itália, e a Espanha tende a ter mais mortes do que a Itália nas próximas semanas. O raciocínio pode ser equivocado e algumas semanas mostrarão se isso é correto ou não.
Por fim, recomendo o bom e curto vídeo do Peter Attia sobre esse tema do dia 23/03/2020

  Se você não entender, ele basicamente compara regiões com foco, e não necessariamente países inteiros, a carros indo em direção a um precipício. Há carros acelerando (como o Estado de NY), há carros que já caíram (região da Lombardia do norte da Itália), há carros que estão ainda com uma velocidade bem baixa e longe do precipício (Sicília, no sul da Itália, por exemplo), e essa é a dinâmica complexa que as pessoas inteligentes e preparadas como ele e outros precisam tentar modelar.

O texto já ficou grande, vai precisar de uma terceira parte apenas sobre a doença em si. Eu só quero falar de Brasil, mercado financeiro, de governo,  de mim mesmo e família, depois que ao menos os pedaços básicos do quebra-cabeça estejam minimamente entendidos e expostos.
Ah, nunca pedi isso, mas se gostou do texto e o achou com informações relevantes, passe para conhecidos.

Um abraço!

Leia a Parte III


27 comentários:

  1. Textos esclarecedores. É dessa qualidade de discussão que precisaríamos ter na mídia.
    É deprimente o baixo nível dos debates e artigos que lemos nos jornais.
    As pessoas se preocupam com o déficit público, minha maior preocupação é o déficit cognitivo.
    Em relação à saúde da população americana, os EUA me lembram muito um episódio de black mirror, onde os personagens passam o dia pedalando bicicletas ergométricas para ganhar créditos e adquirirem coisas inúteis. É uma população doente física e mentalmente.
    Aí é que vemos o quão a liberdade econômica é importante, uma população chucra, ignorante e manipulável se tornou tão rica.

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  2. Compartilhado! Boa Soul, aguardando o próx...

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  3. Já passei. Sempre uma aula.
    Obrigado pela generosidade de compartilhar suas análises.

    E não desista do podcast hein.

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    1. Olá, Felipe! Como está amigo? Espero que esteja tudo bem contigo e seus familiares.
      Valeu e um abs!

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  4. Olá. Soul.

    Parabéns pelo excelente texto.
    A China esconde muita coisa. Não dá confiar muito.
    É tanta coisa que estão falando que deixa muita gente confusa.
    Para mim quarentena por muito tempo não funcionar. No meu ponto de vista se ficar por muito tempo, o povo sem dinheiro vai começar a saquear, desemprego vai aumentar e vai morrer mais gente por outras coisas.
    Esse vírus vai ficar rondando por aí e o mais recomendado é tomar precauções, por exemplo, se higienizar. Minha opinião.

    Abraços!

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    1. Olá, Cowboy.
      Sim, o tema é confuso, complexo e cheio de incertezas. Com certeza não é um tópico fácil, por isso resolvi fazer essa série para tentar ajudar um pouco a ter pelo menos os fatos de forma correta.
      Um abs!

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  5. Eu acredito que o momento não é para “meias medidas”, ou o povo se une nas ruas EXIGINDO que nesse momento de caos os privilégios da classe política sejam cortados POR 10 ANOS para financiar a economia do pais durante a crise, garantindo que micro empresas não fecham e que empregos não se percam, e que profissionais liberais possam se manter ou então entraremos em um enorme buraco.
    Ou o governo corta os luxos e privilégios da classe política imediatamente e injeta um volume de pelo menos 1 trilhão de reais via banco central para garantir a economia funcionando por 3 meses (valor que em 5 anos de desconto dos privilégios da classe política se paga) ou o país vai entrar em uma grande depressão, além de recessão total!!

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    1. Olá, amigo.
      Realmente, seria um momento propício para baixar salários da nata dos servidores, e de políticos.
      Um abs!

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  6. Olá Soulsurfer. Há bastante tempo que não comento por aqui.

    Sei que a série ainda está no começo, mas o que vejo que precisa acontecer:

    1. De início, implementar quarentena. Multas pesadíssimas para quem desrespeitar. Todos os esforços devem ser feitos contra a impunidade, para evitar que a população acredite se tratar de uma regra flexível. Se quiser levar ao extremo lógico, eu defenderia o encarceramento dos que violaram a quarentena (não numa cadeia comum, mas em ambientes como ginásios, estádios ou algo do tipo, dedicados apenas a isso, sem juntar com criminosos violentos). Infelizmente, num primeiro momento, ações nesse nível são necessárias.

    2. Construir, o mais rápido possível, uma infraestrutura para atendimento dos pacientes. Hospitais de campanha, aquisição de ventiladores, produção de EPIs hospitalares, álcool gel, etc. Capacitar médicos de todas as especialidades no tratamento do coronavírus, e se mesmo assim faltar, partir para residentes e até mesmo estudantes de medicina. Precisamos, no espaço de semanas, aumentar imensamente a nossa capacidade de atendimento. Se os fabricantes de ventiladores não conseguirem aumentar imediatamente e brutalmente a produção, que os governos "confisquem" os projetos (seria justo, mas não imprescindível, dar algum tipo de compensação aos fabricantes) e passem para outras fábricas, a exemplo do setor automotivo que está se dispondo a fabricá-las.

    3. Conforme a capacidade de atendimento for sendo ampliada, e em se constatando que há algum nível de capacidade ociosa nos hospitais, ações de afrouxamento da quarentena deveriam começar a ser implementadas gradualmente, e monitoradas muito de perto. Por exemplo, autorizar a abertura do comércio uma vez por semana, ou então a abertura de ramos específicos do comércio que não foram enquadrados como atividade essencial agora, um por vez. Outra ideia é liberar as atividades de todas as pessoas que obtiveram um teste positivo anteriormente e já estejam curados, pois presumidamente estes terão adquirido imunidade. Precisamos estar rodando o tempo todo próximo de, mas sem exceder, o limite. Isso garante que a curva seja achatada de maneira racional, acelerando o processo de aquisição de imunidade de grupo, e dá um refresco extremamente necessário para a economia. Sob pena de ser tachado de insensível como ocorreu com outras pessoas que se recusaram a olhar exclusivamente para a questão de saúde, é fato que se ficarmos numa quarentena absoluta estendida, haverá colapso social posteriormente, e na minha visão será até pior que o cenário da doença.

    4. É preciso investir pesadamente em pesquisa científica nesse momento. Precisamos do desenvolvimento e teste de vacinas e remédios com urgência, mas mantendo o cuidado com a metodologia científica. Estudos rápidos para geração de hipóteses, seguidos de investimento maciço nos estudos mais promissores. A ciência normalmente é demorada, mas por se tratar de uma doença de progresso rápido (diferente de doenças cardiovasculares, diabetes, câncer, etc.), dá pra apressar o processo sem comprometer a metodologia, desde que haja recursos: estudos custam dinheiro, e mais dinheiro quanto maiores e mais rápidos; pessoal para conduzir os experimentos; e expediência dos órgãos burocráticos (comitês de ética, ANVISA, etc.)

    Resumidamente, vejo esse como o caminho para minimizar não necessariamente o número de afetados e mortos pela doença em si, mas também pelas consequências indiretas, como a recessão e o colapso social que podem vir na sequência.

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    1. Olá, meu amigo. É verdade, fazia tempo que não via um comentário seu, que são ótimos por sinal.
      1 - Países estão indo na contramão, estão soltando os seus presos, como o Irã que soltou mais de 100 mil presos. Não sei se prender pessoas é uma boa solução nesse momento.
      2- Eu não sei quão fácil é produzir um aparelho para respiração artificial, e se seria factível essa sua ideia, mas com certeza é uma ideia.
      3 - Sim, essa parece ser a saída lógica. Se a)tivermos capacidade de fazer esses testes aos milhões; b) a imunidade se estender pelo menos por alguns meses
      4 - Não sou pesquisador para saber, mas não creio que dê para apressar uma vacina, por exemplo, para prazos irrealistas, ainda mais se a esmagadora maioria da população terá/teria consequências fracas se infectada. Não é possível vacinar toda uma população sem que haja estudos clínicos de alguns meses ao menos. Logo, o prazo seria de pelo menos 18 meses, segundo especialistas, isso sendo bem otimista, e partindo do pressuposto que conseguiríamos encontrar uma vacina, pois até hoje não se conseguiu fazer uma vacina para o vírus da AIDS, por exepmplo.

      Grato pelo comentário!
      Um abs!

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    2. 2. Não vou dizer que é fácil, mas com recursos e equipamentos adequados, certamente é possível. As fábricas estão aumentando a sua produção dentro do que podem, mas aumentar a capacidade produtiva do zero, construindo fábricas, não é fácil. Melhor aproveitar o que já existe.

      4. Apressar uma vacina, concordo, pode ser um pouco mais difícil. Mas seria igualmente válido se conseguíssemos encontrar remédios já existentes que funcionam bem contra o vírus. Isso eu vejo que, com recursos adequados, seja possível fazer. Quanto à vacina, acredito que opções para o primeiro SARS foram desenvolvidas, mas não seguiram adiante porque a epidemia foi controlada. Então, quero crer que existiam boas perspectivas para isso.

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    3. 2 - Concordo, amigo. Nada será fácil, mas com certeza a coisa mais sensata a fazer é se preparar para o pior, mesmo que esse pior não venha.

      4 - Se minha memória não falha de um podcast que ouvi, foram encontradas algumas boas promessas de vacinas em primatas para s SARS-COV-1, mas não foram feitos trials em humanos. Sim, não seguiram em frente, e quantas mortes não poderiam ter sido evitadas se nós humanidade fôssemos mais inteligentes e parássemos dessa bobeira de esquerda x direita, trump x sei lá o quê, etc, etc, e dêssemos prioridade para as verdadeiras ameaças.

      Uma abraço!

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  7. Estamos numa encruzilhada nunca vista antes por nossa geração, de um lado o Covid19, do outro a enorme recessão econômica que acontecerá decorrentes das quarentenas e etc. É a terceira guerra mundial de nossa geração, e de maneira que todos os países do mundo estejam parados...

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    1. Olá, João.
      Não sabemos exatamente diante de quê nós estamos, em minha opinião.
      Um abs!

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  8. Achei no Twitter:

    "Este gráfico mostra como o coronavírus é mais mortal que qualquer outra epidemia deste século.

    O recorte é os primeiros 80 dias.

    Covid-19 supera de longe H1N1, ebola, cólera, sars, meningite e sarampo.".

    Trabalho do @realCarykh. https://t.co/2WP6bNsh2A

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    1. Olá, Rafael.
      Não pesquisei para saber se os números são fidedignos ou não.
      Mas, o gráfico é interessante. Obrigado por compartilhar.
      Um abs!

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  9. Um dia ainda espero levar um vinho de presente para você.

    Leu o artigo do Thomas Friedman no NY Times? Reflexão polêmica e interessante.

    Abs!

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    1. Opa, amigo. Não consigo ler artigos do NYT, sempre passo minha cota mensal.
      Pô, vou esperar esse vinho hein.
      Um abs!

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  10. Soul,
    Parabéns pela sua iniciativa de abordar este assunto complexo de forma tão didática e detalhada!
    Apesar de tudo ser muito desconhecido e de ainda não haver estudos conclusivos, eu acredito que esse novo coronavirus tenha limitações na sua capacidade de sobrevivência e contágio em regiões onde a temperatura média é mais elevada.
    Veja que os países com maiores níveis de contágio (China, Irã, Itália, Espanha, França, Alemanha, Inglaterra, EUA) estão acima do Trópico de Câncer, em estação de inverno.
    Isso também explicaria a baixa taxa de contágio na Índia, que apesar de estar muito próxima à China, tem uma parte bastante populosa do seu território abaixo do Trópico de Câncer.
    Os próximos dias nos darão a possibilidade de validar essa hipótese, pois apesar do lockdown em nossas cidades, várias pessoas que (sobre)vivem em favelas já devem ter sido contaminadas, e nesses lugares a densidade demográfica é enorme e as condições de higiene são muito precárias.
    Talvez esse seja o único fator que nos livrará de uma tragédia maior.
    Abraços!

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    1. Olá, Osvaldo, sim essa é uma das hipóteses.
      Talvez o R-O dele diminua, mas mesmo assim em teoria ainda seria maior do que um vírus tipo de influenza.
      O fato das curvas de crescimento da Austrália e Canadá serem muito parecidas (e não dá para pensar em países mais diversos de clima e geografia) é um indicativo de que temperatura e humildade realmente possam ter um papel no R-O, mas não podemos contar apenas com isso para cuidar dessa pandemia.

      Um abs!

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  11. Soul,
    Dá uma olhada nesse artigo.
    É justamente sobre aquilo que escrevi no post anterior.
    Abs!

    https://www.nytimes.com/2020/03/22/health/warm-weather-coronavirus.html

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    1. Valeu pelo artigo, às vezes tenho dificuldades em ler artigos do NYT, vou tentar esse.
      Um abs

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  12. "Deveríamos estar fazendo muito mais perguntas não apenas sobre a mortalidade, mas sim sobre a morbidade dessa doença" - 90% da população brasileira não conseguiria ler um texto seu e entender

    daqui a 10 anos, pessoas estarão morrendo de consequências do corona e acharão que é azar, coincidência ou velhice.

    pior: só eu lembrarei de seu texto

    já pensou em criar seu podcast? seria muito bom

    abs!

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    1. Olá, Scant.
      Sim, infelizmente as pessoas não pensam no impacto mais de médio-longo prazo, muito menos governos.
      Mas com certeza, talvez podemos ter um aumento de mortes por doenças cardíacas em 2023 e nem relacionarmos com o COVID19.
      Um abraço!

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  13. Excelentes seus posts
    Só questiono esses dados da China
    Deve ter sido muito mais...
    A OMS que o diga...

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