segunda-feira, 14 de abril de 2014

FII - VAMOS DE ALL IN?

            Olá colegas! Esse artigo é para refletir sobre um comentário do amigo Paris2022. Enfim, se FII é tão bom como você está apregoando, Soulsurfer, vamos de All In nessa espécie de ativo? A resposta é um sonoro NÃO. Irei tecer alguns comentários, alguns que aparentemente não tem relação direta com o tema, para poder melhor justificar a minha resposta.

             Vamos estabelecer alguns conceitos primeiramente. Eu iria abordar esse tópico quando fosse falar do mercado acionário, resolvi comentar agora. Olhem esse gráfico interessante:



Alguns poderão dizer, eu nunca vi esse gráfico na minha vida. Outros poderão refletir, eu já vi esse gráfico, mas não entendi direito. E ainda há o grupo de pessoas que já viu e entende o que esse gráfico representa. Amigos, essa imagem nada mais é do que a expressão estatística do velho e conhecido ditado da diversificação. O que cada elemento do gráfico representa? O eixo do risco demonstra a volatilidade. Sendo assim, podemos ver que o mercado acionário apresenta um determinado risco (volatilidade). Não é uma ação em específico, é o mercado acionário como um todo. Se colocássemos no gráfico a volatilidade dos títulos do tesouro americano, perceberíamos que o risco (volatilidade) seria muito menor. No mesmo gráfico é possível ver que as ações estrangeiras foram menos voláteis do que as americanas. Ótimo, isso eu entendi Soulsurfer. O mercado acionário é mais arriscado mesmo do que o mercado de Renda Fixa. Nenhuma novidade. Continuando, se olharmos o outro eixo vamos ver o número de ações e a relação do número de ações com a diminuição do risco de um portfólio. O que o aumento de ações está diminuindo? Amigos, está diminuindo o risco não-sistêmico desse mesmo portfólio. E o que seria isso? É o risco de uma empresa ser atuada pela receita federal em dezenas de bilhões de reais, é o risco de uma empresa ter fraudado os seus livros (Enron é o caso clássico), é o risco dos produtos de uma empresa se tornarem obsoletos (Kodak é um exemplo clássico).

Esses são os famosos riscos sistêmicos (o mercado acionário como um todo), e os riscos não-sistêmicos (os riscos de cada ação – empresa). Diz a teoria que contra o risco sistêmico, a única proteção é a diversificação em outros ativos que sejam não-correlacionados, é o asset allocation. Esse risco é premiado, no caso do mercado acionário, o chamado Equity Premium (no Brasil o prêmio foi negativo nos últimos 20 anos, devido aos altos juros principalmente do primeiro mandato de FHC). A teoria diz que o risco não-sistêmico não é recompensado. Sendo assim, se você tiver quatro ações na sua carteira, o seu portfólio será mais arriscado e você não será recompensado por isso. Com a adição de vinte empresas, mais ou menos, o risco não-sistêmico é quase eliminado da carteira.

Não é o escopo de o presente artigo discutir teoria dos mercados eficientes, essa breve introdução serviu apenas para esclarecer o que seria risco sistêmico e o que seria risco não-sistêmico. Por definição, risco sistêmico não é diversificável na mesma espécie de ativo. Entendi, Soulsurfer, mas qual é o ponto? O cerne da questão é que podemos também pensar nos FII com seus riscos sistêmicos e não-sistêmicos. O que seria um risco não-sistêmico no FII? É a decadência do imóvel em Brasília do BBFI, é o cálculo otimista demais no IPO sobre os aluguéis na Barra da Tijuca no CEOC, é a vacância no VLOL, etc. E os riscos sistêmicos? Eu classifico basicamente em dois: a) o ciclo imobiliário e b) o risco político/jurídico.

O CICLO IMOBILIÁRIO

O autor Ralph L. Block em seu livro “Investing in Reits” aduz ao ciclo imobiliário e suas fases:

a)     Fase 1 – Depression – Os imóveis nessa fase estão depreciados, há muita vacância, não há quase nenhuma nova oferta (foi o que eu vi na minha cidade natal Santos, na minha infância e adolescência);
b)     Fase 2 – The Gradual Recovery (a retomada gradual) – Os alugueis começam a ver um leve aumento, a demanda começa a crescer, novas propriedades, de maneira gradual, começam a ser construídas;
c)      Fase 3 – The Boom (a explosão) – A vacância cai a níveis muito baixos, os proprietários possuem poder de barganha muito maior, os aluguéis crescem a ritmos fortes, imóveis começam a ser negociados a preços superiores, ou bem superiores, aos seus custos de reposição. As margens se tornam muito altas, isso atrai muito dinheiro e investidores, esperançosos em entrar num mercado tão lucrativo;
d)     Overbuilding e DownTurn (construção demasiada e baixa) – Com tantos novos investidores, e novos empreendimentos, a oferta se desloca da demanda. A vacância tende a aumentar significativamente, os preços de aluguéis se estabilizam ou declinam. Devido à piora das condições, poucos empreendimentos são lançados, empreendimentos programados são cancelados. Eventualmente, essa fase nos leva novamente a fase 1 - depression;


                        Lembram desse gráfico? É a demonstração clara dos ciclos imobiliários.

             
         Esse ciclo dura 5 anos/10 anos? Depende. Vai variar da intensidade do Boom, e se na fase do Downturn for cumulada com eventos macroeconômicos negativos (aumento de juros, desemprego, piora nos indicadores econômicos). Isso pode fazer com que a fase 1 seja de alguns anos ou de algumas dezenas de anos. O ponto aqui é que o mercado imobiliário opera por ciclos, e estes ciclos podem ser mais longos do que um investidor esteja preparado para aguentar.
               
            Logo, por mais que se tenha uma bela carteira de FII bem diversificada por setores, essa mesma carteira possui o risco sistêmico dos ciclos imobiliários. Caso um ciclo de downturn e depression tenha uma duração acentuada, e você por algum motivo de ordem pessoal precise se desfazer dos seus FII, o prejuízo é muito provável, e dependendo das condições pode ser bem considerável, ainda mais levando em conta que alguns FII não possuem tanta liquidez.


O RISCO POLÍTICO/JURÍDICO
               
                Em minha opinião, o maior risco no mercado de FII brasileiro é o risco político/jurídico, e me refiro expressamente à isenção de rendimentos dos valores distribuídos pelos fundos imobiliários.  Observem esses três gráficos retirados do Blog do Mansueto Almeida (economista do IPEA e um dos que mais entendem de contas públicas no Brasil):

                              Despesas não financeiras do governo em relação ao PIB
      Dados de 1999 a 2013. Crescimento das despesas não financeiras transferência de renda x outros
            Dados de 1999 a 2013. Crescimento das despesas não financeiras programa social x outros

               Os gastos sociais em relação ao PIB cresceram e muito nos últimos anos. Eu não vou discutir se isso está certo ou não, pois o assunto é evidentemente complexo.  O fato objetivo é que a partir da Constituição de 1988, o Brasil, como nação, se comprometeu na maior inclusão social possível dos brasileiros. Eu acho isso notável, digno e um objetivo a ser perseguido. A China, por exemplo, não possui esse compromisso enquanto nação, pelo menos não em sua Constituição. A toda evidência isso tem um custo. O “Minha Casa, Minha Vida”, tem um custo, apesar da demanda por moradia ser legítima. O gasto com previdência tem um custo, apesar de amparar àqueles que necessitam ser um dever do Estado e dever ético enquanto ser humano. O grande problema é que os nossos gastos têm crescido em ritmo muito maior do que às nossas receitas. Houve a ascensão de milhões de brasileiros de classe social, que agora querem transporte público melhor, saúde melhor, educação melhor.  Logo, a tendência dos gastos sociais no curto/médio prazo é de aumento, não de diminuição. Se essa tendência se mantiver, e se a nossa produtividade continuar baixa, a única saída é aumento da carga tributária.  Isso já está ocorrendo com a discussão jurídica sobre aumento de IPTU em várias cidades. O governo já pensa em aumentar a alíquota do IR para 35%. E por que não recomeçar a tributar os rendimentos de FII?

Soulsurfer! Isso não pode acontecer, será um golpe nessa espécie de ativo. Sim, provavelmente. Entretanto, posso assegurar que isso passará despercebido para a imprensa. Não há nem uma justificativa legal  para impedir isso se um dia vier a ocorrer, como no caso dos dividendos de empresas que se pode teoricamente alegar bi-tributação. Os rendimentos nos REITs são tributados. Justificativas existem para a tributação. Isso pode ser feito facilmente. Alguém está acompanhando a polêmica aprovação de um artigo inserido numa MP que tratava sobre tributos de um artigo que diminui as multas para os planos de saúde em caso de reincidência em infrações? São as emendas em MP contrabandeadas. Sim, caro leitor, nosso país tem isso. Pode haver uma MP tratando de saneamento básico, por exemplo, e basta um deputado pedir ao relator da MP a inclusão de uma emenda nessa MP prevendo o fim da isenção de rendimentos em FII, e pronto está feito. O governo passa essa matéria sem qualquer tipo de constrangimento ou grande embate com a oposição.

Se isso ocorrer, e a alíquota, sendo generoso, for de 25%, sua renda diminuirá em 25% da noite para o dia, e não voltará mais ao antigo patamar. As quotas, muito provavelmente, sofreriam um grande baque, e o seu patrimônio diminuiria de tamanho. Vai acontecer? Não faço a mínima ideia. Entretanto, é um risco sistêmico bem grande dos FII.

Riscos não-sistêmicos nós nos protegemos escolhendo bons ativos e diversificando em variados setores. Riscos sistêmicos não podem ser diminuídos pela diversificação, eles podem ser minimizados por uma alocação de ativos em classes diferentes. Portanto, colegas, FII é um excelente gerador de fluxo de caixa, uma ótima alternativa para gerar renda ao invés de deter imóveis físicos. Entretanto, ele possui riscos que não podem ser diversificáveis. Sendo assim, não façam ALL IN em FII. Façam o que todo bom investidor sempre recomendou, aloquem os seus recursos em variadas classes de ativos, principalmente aqui no Brasil com uma Renda Fixa pagando juros reais tão altos.

Um grande abraço a todos!



34 comentários:

  1. Já fui ALL in no VRTA11 no passado, fiquei com medo e vendi tudo e distribuí nos FIIs atuais, mas se tivesse deixado tudo lá acho que estaria melhor hoje. ALL in é um perigo, mas quando dá certo é bom demais, difícil é dar certo, rs.

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    1. Ah, quando tudo ocorre bem dá vontade de colocar até o carro no negócio né? hehe
      Temos que controlar esse impulso UB!

      Quer fazer ALL IN? Faça num negócio próprio, onde o risco é grande, mas os retornos podem ser substanciais (algo tipo transformar 100k em 30M, em 15 anos. Difícil, mas pode acontecer se o negócio próprio dá certo de uma maneira espetacular).
      Entretanto, creio que o Corey é mais indicado para falar sobre isso.

      Abraço!

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    2. Sou sócio de uma empresa na área de tecnologia há 15 anos, é ela que me pagas as contas e me dá aportes, é uma empresa pequenininha mas me permite trabalhar em casa e escolher os projetos mais interessantes, infelizmente nossa margem é pequena pois não temos um produto ainda e cada projeto é uma nova realidade. Não sei o que é ser assalariado e nem sei se serei um dia, talvez poderia prestar um concurso público na área de tecnologia para poder dormir mais tranquilo, mas parar para estudar prejudicaria a empresa, enfim, vamos tocando a vida...

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    3. É empreendor UB?
      Que massa!
      Do jeito que você vem melhorando como investidor, se eu fosse você ia tocando a empresa, fazendo aportes, daqui uns 10 anos você vai ter um bolo bem razoável, e sua possibilidade de escolhas vai aumentar significativamente.
      Bacana, poderia fazer um post e contar com mais detalhes essa sua veia empreendedora!

      Abraço!

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    4. Blz, já que demonstrou interesse vou contar um pouco da minha vida profissional, mas já digo que não escolhi ser micro-empresário, simplesmente aconteceu, rs

      A vantagem de não ser assalariado é que tenho grandes chances de implementar minha aposentadoria progressiva, isto é, não pretendo parar de trabalhar de um dia para o outro como a maior parte dos trabalhadores o faz, minha intenção é à partir dos 40 implementar a seguinte tabela progressiva de tempo livre:

      40: 4 horas livres diárias
      50: 5 horas livres diárias
      50: 6 horas livres diárias
      70: 7 horas livres diárias
      80: 8 horas livres diárias

      Ou seja, só aos 80 anos estarei de fato aposentado, mas já começarei reduzir o ritmo ano que vem.

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    5. Interessante, UB.
      A grande pergunta é se você gosta do que faz.
      Veja, se a pessoa gosta do que faz, a tarefa de acumular patrimônio é muito mais tranquila, pois a pessoa apenas vai precisar retirar renda dele quando não tiver mais condições de fazer o trabalho dela. Assim, é quase certo que a velhice será tranquila, além de ter tido uma vida mais completa. O grande problema surge quando não se gosta muito do que se faz.

      Tá com 39 amigo?

      Fiquei com receio, vai que o cara é um empresário super-ocupado e trabalha 16 horas por dia, vai chegar aos 80 trabalhando 8 horas? hehe

      Abraço!

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    6. 39 aninhos, rs.
      Gosto sim, trabalho por prazer, e não por dinheiro, e isto costuma ser um problema às vezes, rs
      Na verdade trabalho 12 horas dias, então vou chegar as 80 trabalhando apenas às manhãs. rs. Não dá para acordar sem ter algo a fazer, acho que dá depressão, nem que seja capinar um quintal, por prazer tá valendo.
      Abraço!

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    7. Ah, fico feliz UB! Você se encontrou, então.
      Os investimentos são apenas um "plus". Muito mais tranquilo. Tenho certeza que terá sucesso nos investimentos assim.
      Eu já não gosto muito, o que me obriga a ser mais conservador, e a ter um patrimônio maior para pode tirar renda do mesmo.
      Com certeza, é que há tanta coisa interessante para se fazer nesse mundo, que não consigo entender as pessoas que tem medo de tempo livre.

      Grande abraço!

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    8. Soul, qual FII você incluiria na lista de monitoramento abaixo? Preciso apenas de mais um, rs.

      AEFI11 0,83
      AGCX11 0,85
      BRCR11 0,78
      CEOC11B 1,17
      EDGA11B 0,83
      FAED11B 0,87
      FEXC11B 0,93
      HGBS11 0,81
      HGCR11 0,83
      HGLG11 0,82
      KNRI11 0,72
      NSLU11B 0,89
      PLRI11 0,97
      RNGO11 1,02
      SDIL11 0,82
      SPTW11 1,03
      THRA11B 1,09
      VLOL11 1,21
      VRTA11 0,86
      XPGA11 0,93

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    9. Olá UB!
      Hum,
      Escritórios
      HGRE
      FPAB

      UNIVERSIDADE
      FCFL

      Logística/comercial
      RBRD
      FIIP
      MAXR

      SHOPPING
      PQPD

      Olha o meu "rating" pessoal lá homi! hehehe

      Abraço!

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  2. ALL IN é complicado mesmo, principalmente devido a um Cisne Negro.

    Este gráfico mostra apenas a volatilidade em função do número de ações. E, matematicamente é isso mesmo: dá em torno de umas 20 ações para ser suficiente.

    No entanto estudando melhor a empresa é possível fazer melhor previsões acerca do mercado onde a mesma se encontra. Claro, exige entendimento do negócio do mercado onde ela atua e das variáveis macroeconômicas que a afetam. Mas se o dever de casa for bem feito, então, creio que é possível diminuir o "risco de comprar gato por lebre" rsrsrsrsrsrsrs

    []s!

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    1. Claro! Não quis adentrar muito em mercados eficientes, se volatilidade é risco, se gestão ativa pode superar consistentemente gestão passiva, pois você sabe que isso tudo dá pano para manga!

      Abraço!

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  3. Soulsurfer essa possibilidade de tributar os fiis é algo que muito me preocupa. E ao contrário de muitos acho algo que é bem possível. Nosso governo não respeita contratos imagina a isenção dos fiis que em nada impactará nos eleitores do pt.

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    1. Vamos vender os FIIs antes que tomemos no forevis !!!

      BETO FISCAL

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    2. Também acho que é algo bem possível, com toda certeza o governo irá taxar os FIIs antes de pensar em reduzir os gastos públicos desnecessários.

      Pergunta rápida, não temos hoje FIIs com 25% ou mais de desconto ?

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    3. Surfista,
      Os descontos são sobre o VP. Esse VP pode cair subitamente em caso de crise imobiliária. Comprar com descontos no VP te dá uma margem de segurança maior para segurar os trancos dos ciclos imobiliários.

      Beto Fiscal.
      Eterno Mussum hein?

      Guardião,
      Apenas refleti para não pensarmos que FII é um tipo de ativo que não é sujeito a riscos sistêmicos. Ele é. No Brasil ainda há esse da tributação.

      Entretanto, Seneca dizia: "O homem que sofre antecipadamente, sofre desnecessariamente". Não devemos ficar preocupados com isso. Apenas fazer um melhor balanceamento no nosso portfólio, e aproveitar a vida, esse sim o maior risco em nossas vidas, deixar a vida passar.

      Abraço!

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  4. Concordo com o seu post e que as chances de voltarem a taxar os rendimentos dos FIIs, não são absolutamente nada desprezíveis. O problema é que não temos (e nem teremos) como saber se sim ou se não antecipadamente, apenas quando acontecer (se vier a tal).
    Imagino que colocaste uma "eterna" pulga atrás da orelha de muitos que estavam considerando os investimentos nos FIIs hehe. Mas fizeste o seu papel de alertar dos riscos potenciais envolvidos.
    Particularmente, eu chutaria que se vierem a fazê-lo, taxariam com 15%. E no cenário atual com fundos com descontos de 40%, continuam sendo um bom investimento para o curto e médio prazo, mesmo se o "pior" acontecer. Meus últimos e próximos aportes serão em PRSV11 que está bastante descontado.
    Tu tem este na sua carteira Soul??
    Abraço
    Green Future

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    1. Green,
      Não sei qual é a probabilidade disso ocorrer. Alguns fatos objetivos : 1) nossa produtividade cresceu muito pouco nos últimos 10 anos, o nosso crescimento veio basicamente de aumento de comodities e absorção de mão-de-obra (os dois possuem limites) , 2) nossos gastos sociais em relação ao PIB não param de crescer. Demandas prontos para serem votadas na câmara: a) 10% PIB saúde, b) 10% PIB saúde e c) Fim do fator previdenciário. Se pensarmos que a população brasileira está envelhecendo, o gasto previdenciário é um complicador muito grande. 3) se as receitas continuarem crescendo num ritmo menor, a pressão sobre as contas públicas será cada vez maior, com primários cada vez menores.
      Isso tudo, que está ocorrendo no momento, aponta para aumento de carga tributária. Se o governo vai aumentar, como vai aumentar, obviamente é uma incógnita.

      Quanto eles poderiam taxar, é outra incógnita. Se fossem 15%, seria uma pancada, mas não tão forte.
      Os descontos de 40% são relacionados ao VP. Não se esqueça que esse VP pode cair de uma hora para outra, como no CEOC que saiu de R$100,00 para R$ 87,00 nesse ano. É uma margem de segurança, mas não tanto de rendimento.

      Quando chegou a R$ 800,00 deu uma coçada. Eu não pretendia ter, mas também acho que o valor está bem descontado do VP, bem como da possibilidade de gerar renda do fundo.

      Abraço green!

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    2. Olá Soul, certamente o aumento na carga tributária é a medida mais provável que o governo irá adotar. O Brasil tem uma bomba-relógio armada em relação ao seu sistema previdenciário. O maior problema em relação a ele é que qualquer alteração desfavorável ao cidadão, será uma medida altamente impopular. e irá gerar muito indignação da nossa população. Será preciso sacrifício político e pulso firme para desarmar essa bomba, e como nossos políticos se caracterizam pelo pensamento de curtíssimo prazo (entre outras características ainda menos nobres), teremos um grande problema pela frente.
      Certa vez, eu tentei explicar para um conhecido a questão do porque temos um sistema previdenciário insustentável no médio prazo, e foi uma conversa infrutífera, para dizer o mínimo Ele começou a conversa xingando o Lula por ter aumentado a idade mínima para a aposentadoria, e "só por causa do Lula" ele teria que trabalhar mais alguns anos. O fato de não termos uma população nada esclarecida, pesa muito nessas horas.
      Outra notícia que me preocupou hoje foi de que o governo irá conceder aumento do salário mínimo acima da inflação no próximo ano. Tudo bem fazer isso quando se tem gordura para se queimar, mas obviamente não é o caso agora, considerando a deterioração de nossas contas públicas. A Dilma irá encerrar o mandado e parece que não aprende as lições que estão nítidas na sua frente. Tudo bem ter tentado (teoricamente com boas intenções), mas reconhecer que várias das suas atitudes não deram o resultado esperado, e realinhar o rumo da política econômica é o mínimo que se espera de um governante sensato.
      Me alonguei por aqui rs
      Grande abraço Soul!
      Green Future

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    3. Green
      a) sobre o salário mínimo: a forma atual de reajuste é IPCA + crescimento do PIB de dois anos atrás. Esse tipo de reajuste se encerra em 2015, e o próximo governo terá que discutir essa questão delicadíssima. Se o mínimo cresce obrigatoriamente mais do que o crescimento do PIB, é uma fonte de desequilíbrio no médio prazo, com certeza;

      b) sobre a previdência - sim, você tem toda razão. Isso é ainda agravado pela nossa legislação, pelo nosso Judiciário (se você soubesse os absurdos que o judiciário decide em Previdenciário), e pela nossa população.
      Não é incomum, eu já vi diversas vezes, pessoas se aposentando com 48 anos, tendo três benefícios previdenciários, etc, etc.
      É um grande problema. Você sabia que o nosso gasto com previdência, em relação ao PIB, é idêntico ao da França de 12% do PIB? A única diferença é que a França já é uma população consolidada, e madura, com muito mais idosos do que aqui. Imagina quando o Brasil completar a transição demográfica lá por 2040/2050?

      Abraço!

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  5. Soul:

    Falando em diversificação, creio que vc e a maioria dos leitores conhece um blog que, a meu ver, trata muito bem do assunto, o HC Investimentos. Se alguém não conhecer #ficaadica

    Agora lhe pergunto: a) além do mencionado, vc conhece algum blog, site ou outra fonte gratuita onde possamos apreender e/ou aprofundar mais sobre o tema?
    b) vc possui dados numéricos sobre a correlação entre FII (especialmente tijolos) e Di, NTNs e USD?
    Se não tiver, vc concorda que, no Brasil, em termos genéricos, o preço das cotas dos FII é uma função inversamente proporcional ao DI/ SELIC e diretamente proporcional às LTNs? Mas e em relação ao USD e ao IBOV?
    Abração,
    Jeca Tatu

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    1. Olá Jeca!
      Conheço sim, inclusive li muitos artigos lá. O HC investimentos e o Viver de Rendas eram os dois melhores blogs de investimento há uns 2/3 anos.
      Eu acho que o blog do HC, até pela fama que ele conquistou, perdeu um pouco o foco inicial. Não há mais grandes artigos sobre investimento, finanças, análises mais profundas. Hoje em dia, eu de vez em quando passo por lá.
      Sim, ele aborda muito o asset allocation. O Di Marcinho, outro blog que acho muito bom, tem as suas reservas em relação ao método, e ao autor do HC. Não vou entrar no mérito, mas acho que há muitas coisas interessantes sim, como sempre depende de quem ler filtrar algo positivo para si.

      a) Olha, se você ler em inglês, eu indico o "Asset Allocation" do Ferri. É um livro muito bom, sendo o que "inspirou" o HC Investimentos sobre o tema, segundo relato dele. No mais, há muita coisa interessante, principalmente no site do "Viver de Renda". Ele tratava de muitos temas de uma maneira mais técnica, o que era legal porque era um investidor amador tentando traduzir a tecnicidade da análise para nós leigos.

      b) Pergunta boa essa. Não, eu não possuo. Eu adoraria sabe mexer em planilhas para fazer esses dados, mas eu não consigo. Você citou basicamente a correlação entre FII e de um lado a taxa livre de risco, um título do tesouro, e uma moeda estrangeira. Bem, assim como o DI Marcinho eu creio que um ativo é a soma dos seus fluxos futuros trazidos a valor presente por uma taxa de desconto. Assim, com aumento da SELIC, a taxa de desconto aumenta, e o valor presente diminui. Portanto, bem por cima, e sem entrar em muitos detalhes, tendo a concordar. Apenas não entendi por qual motivo você separou a SELIC da LTN. A LTN é um título pré-fixado, com aumentos na SELIC a taxa de venda da LTN também sobe. A não ser que você quis dizer que quando há aumento da SELIC há desvalorização do valor da LTN para quem já possui, assim como os FII. Bom, se for nesse sentido, você tem razão.

      Com o IBOV eu realmente não tenho dados. Mas, se levarmos em conta, pelo menos na teoria, que o índice é influenciado por bons fatores econômicos, talvez um bom desempenho do índice leve a um bom desempenho dos FII (maior demanda por imóveis, menos vacância, já que a economia estaria teoricamente bem).
      Com dólar, não saberia dizer, mas é uma ótima pergunta. Poderia supor que a correlação tende a ser negativa, já que o dólar sobe em momentos de stress da economia. Com stress da economia, as empresas alugam menos, a vacância sobe. Mas é apenas uma suposição sem pensar muito.

      Abraço!

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    2. Novamente, obrigado pela atenção (doravante não vou mais falar isto).
      a) Vou ver se compro o Ferri na versão para Kindle. Mas, vc chegou a ler o Asset Allocation do Henriqque Carvalho? Gostou? Vale a pena, talvez por abordar o mercado brasileiro? Ou basta o do Ferri?
      a.1) Concordo que o HC caiu muito, agora que ele está levando à sério essa questão de "viver $ de blog"; Tá ficando sacal.

      b) Quanto às LTN, sim, o referi-me ao preço delas. Selic sobe, preço LTN cai, preço cota FII cai.
      b1) No geral concordo com vc, mas sem os dados numéricos fica complicado.

      c) Conheci o diFinance aqui, mas achei difícil buscar artigos no blog. Não há uma caixa de busca (pelo menos fácil de se localizar). Lado outro, há uma briga enorme nos comentários...

      d) Vc que, pelo jeito, lê muito sobre os REITs, já viu alguma coisa sobre a correlação deles com a tx de juros americana e/ou o DJI / S&P500?
      Jeca

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    3. Olá, Jeca! Desculpe a demora na resposta, feriadão sabe como é...
      a) Não li. Você já? Uma vez pensei em ler, mas achei um pouco caro o preço de quase R$100,00. Olha, creio que mal não vai fazer, apenas veja se é um preço que ache razoável pagar por um E-Book de um investidor amador como a gente;

      b) Sim, não sou um bom criador de números, infelizmente. Entretanto, gosto de analisá-los.

      c) Ultimamente, apenas. É uma discussão que o pessoal fica emotivo sobre gestão passiva x ativa, se valuation serve ou não, etc. Ele tem posts bem interessantes. Dê uma olhada na série dele para cálculo do valor justo de uma ação (acho que começa em setembro de 2012), é bem interessante como uma introdução a conceitos vitais na análise de ativos;

      d) Estou começando minhas leituras agora. Ontem mesmo vi uma tabela com os retornos dos REITS e do SP500, vou ver se escrevo alguma coisa a respeito.

      Abraço e bom feriado!

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    4. Grato pela resposta. No aguardo de novos posts.
      Jeca

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  6. Qual a história dos 4% a.a de TSR? Pode publicar alguma coisa com esse tema, a partir das reflexões já consignadas pelo Viver de Renda?

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  7. Olá, colega!
    Seria a regra dos 4% para uma Taxa Segura de Retirada de um portfólio. Posso publicar sim, vou (re)ler algumas coisas e faço um texto, pois acho que o tema é importante e muitas pessoas gostam de saber a respeito.

    Abraço!

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  8. Bacana o seu post, te add no meu blog, me add no seu tbm amigo.

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  9. Soul, tudo bem?

    Como sempre, atrasado na leitura de seus posts! É que estou seguindo os links e lendo-os aos poucos.

    Na questão da tributação dos FII's. Creio que isto vá ocorrer um dia. Creio que este dia vai acontecer (seria o lógico, pelo Princípio de Pareto) quando a receita potencial para a Receita Federal levasse a um valor significativo. E também em um momento de queda da SELIC e não de alta pois entendo que seria um caos se isto ocorresse no presente momento de queda dos FII's.

    Uma pergunta para você me ajudar, aliás, duas:

    1 - Mesmo eu estando já em momento de renda passiva, tenho algum recurso espalhados em RF (DI e Renda Fixa Privada). Queria voltar a colocar um pouco em renda variável (ações) para me enquadrar um pouco na filosofia de "asset allocation". No sua forma de ver e no meu perfil pergunto: O melhor seria "IBOV11"? Ou escolher uma dezena de ações?

    2 - Devo também deslocar parte da RF para um fundo multimercado de juros e moedas? O que você acha?

    3 - E por último, você mostrou lá em cima, primeiro gráfico, um perfil que tambem é válido (se não me engano) para "asset allocation". Existe aqui no seu Blog uma post seu específico sobre este tema, "asset allocation"?

    4 - Vi no Troll e em uma resposta sua, menção sobre o "Viver de Renda" com o adjetivo "saudoso". Aconteceu algo a ele? Desculpe a curiosidade..

    No mais, obrigado por tudo! Apesar de eu ser um tanto "velhinho" tenho o maior respeito pela sua sabedoria! imagino o que você vai ser quando tiver a minha idade: a gama de conhecimento que você vai ter! De novo, para mim tem sido um enorme prazer intelectual poder estar lendo seus posts e seus comentários!

    Abraço, meu amigo!

    Carlos

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    1. Olá, Carlos!
      1 - Olá, Carlos, apenas faço isso se você achar que é condizente com a sua estratégia. Incluir uma classe de ativo com correlação negativa ou mesmo baixa, sempre é bom para aumentar o retorno anualizado da carteira e diminuir o desvio padrão. Porém, você tem que ver se realmente há necessidade para os seus objetivos de fazer essa alocação.
      Existe o PIBB11 também, que possui mais empresas, e tem uma taxa de administração muito baixa (é menos de 0,1% aa). Se você quiser você mesmo montar o "seu ETF" é recomendável umas 15 ações.

      2- Se você já está alocado em renda fixa, por qual motivo quer um fundo que investe no mercado de dívida também (juros)? Vai haver sobreposição de investimentos numa mesma classe de ativos, e você vai pagar taxa administrativa para fazer isso.
      Moeda. Dólar é um seguro. O retorno real anualizado do dólar desde a estabilização em 1994 é perto de 0. Assim como é o retorno real anualizado em dólar do ouro desde o século 19.
      As pessoas às vezes não entendem muito isso. Se o ouro tivesse uma expectativa de ganho real de 3/4% aa e ainda funcionasse como um seguro, por qual motivo as pessoas não investiriam só em ouro? Você compra um seguro e ainda é pago com rentabilidade real por isso.
      É por esse motivo que o retorno real em ouro é próximo de zero nos últimos 150 anos.
      O dólar por ser um seguro (para nós investidores nacionais) também não possui expectativa de retorno real elevada.
      Agora, se você quiser fazer timing, aí é diferente. Você quer ganhar porque acha que pode acertar valorizações e desvalorizações nas moedas.
      Se você quer fazer apenas um seguro, não comprometa mais de 10% do seu patrimônio para esse fim.

      3 - Não. Ainda não escrevi sobre o tema, apesar de já ter lido bastante a respeito. Para esse tema, recomendo o blog do HC Investimentos. Há muito material lá. É uma estratégia interessante.

      4- Não que eu saiba. Ele apenas deixou de postar. Se não conhece o blog dele, recomendo. Ele foi o precursor aqui da blogosfera e possuía muito conhecimento técnico, algo que sinto falta quando começo algumas conversas em alguns outros espaços.

      Carlos, se eu chegar na sua idade com disposição, uma família feliz e unida, já me dou por satisfeito. A admiração é recíproca, amigo.

      Abraço!

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    2. Soul, primeiramente obrigado por sua resposta. E escrevo mais uma vez só para responder sua indagação e confirmar sua sugestão quanto ao ETF.

      1 - A idéia quanto a eu mesmo montar um ETF é interessante, e com esse número de 15, pois cai dentro da filosofia do "asset allocation" quanto a diminuir o risco.

      2 - Obrigado por essa dica do ouro e do dolar a longo prazo! Eu desconhecia totalmente! A idéia de aplicar em juros e moeda vem do fato da existência de um fundo da CEF que faz as duas coisas no mesmo fundo (CAIXA FI JUROS E MOEDAS MULTIMERCADO LP). A idéia que há por trás é a seguinte. Como há indícios de uma tendência de deslvalorização do real perante ao dolar, embora eu ache que seria gradual, vejo este fundo como um pequeno alvancador que aproximaria a carteira de RF como um todo, para perto o CDI, como alvo para rendimento líquido. E se isto não ocorrer, também não vai trazer dano maior à parte de RF.

      3 - Foi lá que eu tomei conhecimento! E foi semana passada! Você vê? 61 anos nas costas e sempre aprendendo! :-)

      4 - Comecei a ler o Blog dele, sim. Desde o início. Até onde cheguei, já deu para perceber que os posts dele são muito bacanas e com insights interessantes.

      Mais uma vez, um forte abraço!


      Carlos

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