quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

ZONA DE (DES)CONFORTO

  Olá, colegas. Espero que estejam todos bem.  Escrevo nesse artigo sobre a nossa zona de conforto. O que é isso? Muitos já devem ter ouvido falar dessa expressão, e talvez boa parte desses muitos já tenha se questionado se não é hora de “desafiar a própria zona de conforto”.  Basicamente, entende-se como “zona de conforto” toda situação a qual um ser humano se sente habituado a ela, e mais importante seguro dentro dela. Se eu vivo dentro de um país que fala minha língua nativa, podemos considerar essa situação uma zona de conforto principalmente se eu considerar a hipótese de ir morar em outro país com idioma diverso. “Soul, mas alguém que não é feliz vivendo aqui, não estaria numa zona de “desconforto?”, entendo que sim, e pretendo chegar lá em poucos parágrafos.

  Qual é o problema de se sentir familiarizado e seguro com algo? Nenhum, caros leitores. Em certa medida isso é uma característica biológica nossa enquanto espécie. Logo, sentir-se bem numa situação confortável é algo natural e humano.  Entretanto, e assim é a vida, muitas coisas extraordinárias apenas ocorrem quando nos colocamos em situações desconfortáveis, ao menos num primeiro momento. Quando nos sentimos muito confortáveis com um relacionamento, com um trabalho, com um estilo de vida, há uma tendência natural de esquecermos, ou ao menos perdemos o interesse, em outras formas alternativas de relacionamento, trabalho ou estilo de vida.  E qual é o problema com isso? O maior problema é que às vezes nos esquecemos o quão diverso e complexo é o nosso mundo, e que outras realidades poderiam ser tão ou mais “confortáveis” do que a realidade vivida dentro de uma zona de conforto.

  Pensemos no primeiro ato de nossa vida que é nascer. Creio que não podemos saber o que se passa na cabeça de um nascituro quando ainda está no ventre da sua mãe. Porém, uma criança com 8-9 meses de gestação já é indubitavelmente um ser humano. Dentro da sua mãe, a realidade é extremamente confortável. Eu imagino o choque que deve ser para uma criança ao sentir a luz pela primeira vez, o ar, um ambiente externo gigantesco. Talvez por isso haja todo um debate hoje em dia de como um parto poderia ser mais “humanizado”. Nosso ato ao nascer é uma saída de uma zona de conforto e nos primeiros momentos deve ser extremamente desconfortável. Porém, se estou escrevendo esse texto, se estou numa ilha da Tailândia, se tenho prazer em comer um sashimi, tudo isso é derivado do meu ato de nascer, de um ato de extremo de desconforto.

A primeira zona de conforto, talvez a maior de todas, deve ser enfrentada por qualquer ser humano que venha a existir.


  Isso, a existência de todas as possibilidades pelo fato de estarmos vivos derivada de um ato de saída de uma “zona de conforto”, deveria ser sempre um alerta para nós humanos de como coisas maravilhosas podem existir quando ousamos dar um passo fora do nosso mundo conhecido. O mundo é vasto, ele é imenso mesmo. Podemos pensar sobre isso de forma abstrata, mas essa realidade só se torna tangível quando olhamos por nós mesmos. As formas que as mais diversas pessoas vivem suas vidas são inúmeras. Logo, o lugar onde moramos, a forma como expressamos nossas opiniões e sentimentos, o trabalho que realizamos, as pessoas com quais interagimos no dia a dia, tudo isso é apenas uma fração muito pequena da realidade, é apenas uma maneira de viver a vida dentre tantas outras possíveis.

   As diversas “zonas de conforto” podem nos levar sim a paralisia e a ignorarmos tantas coisas bonitas, e feias também, que a vida e o mundo podem nos oferecer. Este e um grande problema, ou melhor dizendo uma grande perda de oportunidade. Entretanto, não é a maior delas. Uma coisa é realmente se sentir bem com a vida que se leva, outra é estar numa zona de “desconforto”, mas por receio, medo ou ansiedade ficar preso numa forma de existência que não nos traz bem-estar.

  O trabalho por exemplo. Posso estar infeliz, seja porque se ganha pouco ou porque não se encontra sentido no que faz, ou uma mistura de ambos. Entretanto, largar o emprego é uma atitude arriscada, “e se der errado?”. Estudar para fazer um concurso público, ou para se aprimorar na área, ou para mudar completamente de campo de conhecimento é desconfortável no início. Envolve talvez deixar de ver televisão, ler blogs, abrir mão de algumas coisas. Apenas a visão do esforço necessário para desafiar a situação atual de vida pode ser uma corrente que deixa a pessoa presa. Porém, estudar novos assuntos, se deparar com novos livros, novas formas de pensamento, por mais desconfortável que seja no começo, sempre será algo maravilhoso e muito provavelmente engrandecedor para a pessoa que se esforça nessa direção.

  A nossa saúde. É difícil muitas vezes largar alimentos nocivos e altamente viciantes. Fast food é muitas vezes comparado com cocaína, pois possui efeitos no cérebro muito parecidos no que toca ao mecanismo de satisfação e recompensa. Por isso, realmente é difícil do ponto de vista lógico fazer uma distinção, do ponto de vista dos malefícios para o ser humano,  tão profunda entre um traficante de drogas e um vendedor desse tipo de comida para o público infantil, por exemplo. Tratei desse tema ao falar de sucesso financeiro, e vi que é algo que toca profundamente as pessoas, e não pretendo me alongar mais uma vez nesse tema. Logo, assim como é difícil largar o cigarro, é difícil largar a “zona de conforto” do sendentarismo e da má alimentação. Na verdade, é desconfortável mesmo, sendo que dependendo do estágio de intoxicação alimentar (e fico abismado como isso está se espalhando feito uma doença em nossa sociedade), o nosso corpo irá estranhar uma alimentação mais saudável.

  Na verdade, os exemplos dados do trabalho e alimentação representam uma zona de desconforto. A pessoa se sente habituada e segura com algo, mesmo que essa situação não traga bem-estar para a mesma. A segurança e estabilidade é algo muito forte nas pessoas, mesmo que seja uma estabilidade e segurança de uma situação ruim. Não é à toa que dizem que o mercado financeiro prefere uma certeza ruim, a uma situação de incerteza. Não fomos criados para lidar com a incerteza, apenas com certezas. Também não é de se estranhar que muitas pessoas no Brasil enxergam o serviço público com brilho nos olhos. Porém, o incrível, é que o mundo é formado de incertezas, e até no nível fundamental da matéria jaz um cânone que se chama  Princípio da Incerteza (também já tratado nesse blog, princípio da incerteza e a precipitação dos seus investimentos). 

  O meu exemplo pessoal. Eu, no Brasil, vivia numa zona de absoluto conforto. Ao olhar um pen drive que trouxe na viagem para consultar o meu IR, não olhava o conteúdo desse dispositivo há quase nove meses, vi umas fotos do meu apartamento. Tomei até um susto.  Falei com a Sra. Soulsurfer algo como “mas esse apartamento é muito confortável, é quase luxuoso”. Depois de dormir cinco meses num carro, e trocar de pousadas, Hostels e guesthouses dezenas de vezes, ficando em quartos simples, olhar a foto da minha sala foi algo muito diferente.

Tenho que confessar que às vezes sinto falta de deitar neste sofá e ficar assistindo algum filme. Ou sentar na varanda e olhar as dunas e a natureza. Pensei em vender esse apartamento, mas é bom ter um porto seguro para chamar de casa, principalmente quando é um lugar que se sente bem. Por outro lado, olhar essa foto apenas me fez perceber o quão privilegiado eu sou, bem como que não preciso de tudo isso para ser satisfeito com a minha vida.


  É evidente que não preciso disso tudo para viver bem e feliz. Por outro lado, é bom saber que quando quiser retornar ao Brasil poderei voltar para algo tão confortável. O meu apartamento além de tudo é grande. Tem vista para o verde, mar, dunas. Fica a cinco minutos andando de uma praia com altas ondas, por uma trilha que passa por meio de vegetação e dunas grandes, e quando não é temporada pode se andar sozinho pela praia. Uma das coisas que mais gostava de fazer erra correr de manhã e tomar um banho de mar numa praia quase vazia. Conheço todos os vizinhos, sou amigo de muitos e me dou bem com quase todos. É uma rua sem saída, então não tem trânsito, o final da rua é uma mata fechada que começa o início da trilha para a praia. Mais zona de conforto do que isso, para o estilo de vida que gosto, é difícil. E olha que já morei na Califórnia e rodei por muitas cidades na costa da Austrália (cito esses exemplos específicos, pois em certa medida são parecidos com a minha cidade), e não sei se trocaria pelo lugar onde moro.

  Comida. Como sinto falta da comida brasileira. Todo dia precisamos comer comidas diferentes, num idioma diverso com temperos variados. Às vezes é muito bom, às vezes é muito ruim. Sinto falta de comer pizza, a melhor pizza do mundo que se encontra numa pizzaria não tão longe da minha casa. Não estou de brincadeira, é a melhor pizza disparada. Todos amigos que me visitam, eu levo nessa pizzaria, inclusive um blogueiro “Poeta Investidor” que estava de passagem pela minha cidade, fiz questão de levá-lo lá e foi bem legal.

Melhor pizza do mundo. Metade Série ao fundo, metade melhor da série. Que delícia. Pagaria uma bela grana para poder comer essa pizza estando onde estou. Aliás, qualquer pizza como essa em qualquer país do mundo é certeza de empreendimento de sucesso. Já passou pela minha cabeça a ideia de montar algo como isso nos EUA - Califórnia ou Austrália.


  Carro. Eu não sou aficcionado por carro. Tinha um I30 e achava extremamente confortável. Câmbio automático, banco de couro, carro extremamente silencioso. Eu como viajava bastante a trabalho, sentia que era bem seguro. Para onde eu fosse, poderia ir de carro de forma bem confortável. Hoje, pego transportes apertados. Tenho muitas vezes que carregar uma mochila relativamente pesada para procurar uma acomodação, já que não tenho transporte. Toda hora precisamos andar de scooter, ou negociar duro com motorista de táxi ou Tuk-Tuk, para conhecermos o lugar.

  Mesmo vivendo extremamente confortável, numa grande “zona de conforto” portanto,  resolvi temporariamente largar tudo isso e trocar por quartos simples, às vezes apertados, às vezes mal-iluminados, comidas não tão saborosas e gostosas, transportes lentos e apertados, e isso, ao contrário de ser uma experiência terrível,  está me fazendo muito bem mesmo, pois está me possibilitando ampliar ainda mais a minha visão desse lindo mundo e de certa forma sobre mim mesmo. 

  Ah, o trabalho. Minha maior zona de (des)conforto. Não foi difícil vender o carro, deixar o meu apartamento ou os quitutes da nossa culinária. Agora, estou prestes a tomar uma grande decisão. O meu trabalho é estável, bem remunerado, não tenho chefe (não no sentido de hierarquia de alguém determinando algo), posso fazer home office, não tenho horário. É o trabalho dos sonhos para muitos brasileiros. Porém, não sou satisfeito com aquilo que faço. Posso continuar no mesmo cargo, e com o patrimônio acumulado que possuo, ter uma vida para lá de segura financeiramente, sem se preocupar muito com yield, margem de segurança, juros reais, etc. Nomenclaturas que farão parte da minha vida de forma mais consistente acaso opte por um outro caminho. Será que vale a pena? Será que não vale a pena? Até que ponto essa segurança financeira vale a  não-satisfação? Jobs já disse no seu cérebro discurso de que "todos nós estamos nus". Eu estou 95% decidido, mas, como sempre fui uma pessoa conservadora e não sou genial como Steve Jobs, tenho os meus receios. Espero ter coragem e sabedoria suficiente para decidir se vale a pena desafiar essa zona de conforto, que na verdade para mim nos últimos anos mais se assemelhou a uma zona de desconforto. 


  Por outro lado, é preciso ter equilíbrio. Estamos, eu e minha companheira, sentido falta de um certo conforto na estadia. Por isso, resolvi tonar a viagem um pouco mais lenta, algo também conhecido como Slow Travel, e devo alugar um apartamento pelo Airbnb em Bangkok por umas três semanas. Recarregar as energias, escrever bastante (estou pensando em escrever um livro sobre viagem e outro sobre leilão), vivenciar mais uma incrível cidade da Ásia e se preparar para o caminho por terra até a Rússia. 



  Ache o seu ponto de equilíbrio, prezados leitores. É sempre bom desafiar-nos nas mais variadas esferas de nossa vida. É bom também termos um porto seguro. Agora, não se acostume com uma zona que não é de conforto, mas sim de desconforto. Não vale a pena. O mundo é amplo demais e a vida curta demais para sentirmos medo de mudar, e esse conselho vale para mim mesmo também.


  Grande abraço e se não escrever mais nada, um bom natal a todos!







45 comentários:

  1. Hoje estou na minha zona de conforto absoluta, trabalhando em casa já há 6 anos, vendo meu filho crescer dia a dia, carro zero na garagem, ar condicionado no quarto, etc. Coisas que nem imaginava ter, tanto material quanto não-material. Dizem que não podemos ficar na zona de conforto por muito tempo pois a vida pode parar, mas o que mais quero daqui pra frente é me adentrar mais na zona de conforto, rs. Mas conforto pra mim não é luxo, não é salário alto. Conforto pra mim é estar perto da família, é pagar o plano de saúde do meu filho, é ter momentos livres todos os dias para poder fazer as coisas simples da vida.

    Feliz Natal Sô!

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    1. Um certo conforto é bom né meu amigo?:) Às vezes sinto falta, como dito no texto. Você é uma pessoa, pelo pouco que conheço, que está se desafiando em vários aspectos da vida, logo sentir-se feliz e confortável com a vida que levamos é algo saudável e positivo. Fico feliz que se sinta assim, e espero que a vida ainda reserve muitos bons momentos para você e a sua família.
      Obrigado, para você também, o pessoal aqui não comemora natal (também não teria nem motivos, já que são budistas em sua maioria), mas vou ver se faço uma pequena ceia hehe

      Abraço!

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    2. Opa... eu to trabalhando bastante ..estudando bastante .. pra um dia tb ficar na zona de conforto .. por enqt se ficar comendo mosca aqui vão me mandar embora e eu to ferrado rs ..

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  2. Nosso sistema privilegia isso, as pessoas mais qualificadas da sociedade estão no serviço público, sendo que 98% são sub utilizadas.

    Conheço um motorista de uma repartição que ganha R$ 16 mil por mes e roda em média 9 km por semana. Ele tem pós graduação em direito e muita vontade de abrir um negócio. Apesar de frustado com o serviço, seria louco abrir mão dessa zona de conforto.

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    1. Olá, colega.
      Em certa parte é verdade. O caso do motorista é emblemático para mostrar que os incentivo em muitos casos estão distorcidos.
      No meu caso particular, atuo na minha área de formação mesmo (direito) e creio que os salários são altos, poderiam ser menores, mas não tão menores, pois as funções como Juiz, Promotor, Delgado, Procurador, em minha opinião, exigem certo grau de responsabilidade e conhecimento técnico.

      Abraço

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  3. "Posso continuar no mesmo cargo, e com o patrimônio acumulado que possuo, ter uma vida para lá de segura financeiramente, sem se preocupar muito com yield, margem de segurança, juros reais, etc."
    Pegando gancho nesse trecho,gostaria de saber na sua visão qual o patrimônio em R$, deve-se ter acumulado para se viver de renda de R$15000,00 com boa margem de segurança ede forma diversificada? Tudo de bom e que seu caminho seja iluminado
    Ricardo

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    1. Olá, colega. Esse é um tema polêmico e difícil de responder.
      Se quer uma resposta objetiva, abstraindo qualquer problema muito grave no país em todas as formas de ativo, eu creio que uma taxa de retirada de 3%. Se quer R$180.000,00 por ano, precisaria de algo em torno de R$ 6M. Porém, é claro se for menos conservador com uma taxa de 4 ou 5%, o capital necessário diminui em alguns Milhões.

      Abraço

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  4. Olá Sousurfer, conheci seu blog a pouco tempo e estou acompanhando. Dá uma passada no meu também, abraço: viverdeconstrucao.blogspot.com

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    1. Olá, VDC!
      Já li alguns artigos, bacana o seu espaço.
      Realmente, construir casas como você faz, o processo é mais rápido do que prédios, e as margens costumam ser parecidas. O país está difícil para construir, porém creio que se o desespero aumentar seja uma boa hora, no seu caso, talvez não de construir, mas, se você tiver liquidez, de fazer um bom portfólio de lotes para futuras construções em 3-4 anos. Apenas uma ideia.

      Obrigado pela mensagem!

      Abraço!

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    2. Soul, seria uma otima protecao neste momento de crise imobilizar o valor comprando lotes.

      Os precos cairam, venho acompanhando.

      Estou focando agora apenas em um nicho de mercado, estou tentando vender outro lote que tenho, mas nao aparecem propostas, o mercado esta terrivel.

      Se houver taxacao dos FIIs, pode ser que a minha historia em Renda Variavel chegue ao fim, e dedicarei apenas na construcao, que e o que aumentou e aumenta meu patrimonio, o ruim disto e que nao terei renda passiva mensal, que e a minha estrategia em conjunto com aumento patrimonial.

      Abraco

      VDC

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    3. Olá VDC,
      a) Sim, estou sentido na pele a desacelaração do mercado imobiliário, bem como a restrição ao crédito para financiamento imobiliário. Isso vem dificultando e muito a venda de imóveis meus. Porém, mesmo nesse cenário, encerrei uma posição semana passa com 60% líquido em 16 meses, o que foi algo bom,
      b) Eu acho que você atua num nicho bem bacana. Pelo que li do seu blog, você possui um emprego e começou a fazer essa atividade. Pelo que entendi você gosta também de construir. Colega, se você vê prazer e gosta de construir, então o seu futuro financeiro será bom. Cada obra que realizar ficará mais experiente, e se você, apesar de ser casas de valor não tão alto, conseguir construir casas agradáveis para se morar, creio que é muito difícil dar errado. Acho que esse é o segredo, construir casas agradáveis, mesmo que simples, vender comida (acaso seja um restaurante) boa, fazer um bom serviço de mecânica (caso seja mecânico) e assim por diante. Trabalho bem-feito e preço razoável-justo é difícil dar errado.
      c) A taxação virá, colega. Em 2017, ou em 2025, mas ela não se manterá, porque ela não possui muito sentido. Quem possui exposição em FII deve apenas aproveitar enquanto essa isenção permanece.
      d) É bom ver o fluxo de renda mensal não? Entretanto, um ativo que paga 10% de dividendos e não se valoriza num período X é matematicamente idêntico a um ativo que não paga dividendos, mas se valoriza 10% no período X. Sendo assim, se você conseguir aumentar o seu patrimônio num ritmo maior do que rendimentos de FII, aluguel, juros reais pagos pelo governo, etc, você estará prosperando financeiramente.

      Abraço!

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    4. Excelente. Terei que ler os posts antigos para entender do seu negócio, fiquei conhecendo realmente tem pouco tempo.

      Mas, a ideia é esta mesmo. Estou buscando ir aumentando de forma gradativa tanto a renda passiva, quanto o patrimônio, sendo o último através das construções.

      Nada é fácil, com a taxação dos FIIs, meu plano de IF muda completamente, nada que me desespere, mas meu número se chama 1%, é com base nele que calculo tudo, e nos FIIs eu conseguia este rendimento.

      Logicamente, não colocaria todo meu patrimônio em FIIs para aposentar, mas pensava em alocar cerca de 20 a 25% nesta modalidade.

      Terei que estudar um Tesouro Direto p/ ver se vale a pena, ou seguirei a estratégia do Viver de Aluguel, na verdade minha IF seria uma mescla entre Renda Fixa (Poupança ou LCI,LCA ou TD), FIIs e Aluguéis, e a outra parte do capital alocada para obras (não seria uma pessoa pra parar tudo).

      Ainda to no meio do caminho, chegando firme aos 800K, então continuo firme e notícias não abalam a confiança, nem esta economia moribunda.

      Abraço

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  5. inicialmente, saliento que me identifico com seu modo de pensar e tenho pra mim que seu blog é dos melhores da 'blogsfera de finanças'
    venho acompanhando seus posts a longa data e, com exceção dos leilões, tudo me interessa sobremaneira

    sobre a zona de conforto, penso que qdo saímos evoluímos como pessoa, mudamos o modo de pensar.

    muitas vezes qdo saímos da zona de conforto passamos a compreender melhor o outro

    minha experiência de vida é nesse sentido, durante um período me dediquei para alcançar um objetivo que havia traçado (concurso público).

    alcançado o objetivo, há alguns anos estou nessa (in)comoda zona de conforto, inclusive um dos meus objetivos é alterar isso

    parabens novamente pelo texto, continue ensinando e expondo seu modo de pensar, tem sido de muita valia

    por fim, com relação a escolha, só o fato de não ser um "carreirista" ja mostrou que pensas "fora da caixa".

    a decisão que tens que tomar é mto séria, mas tenho certeza que fará o que é certo

    abraços,

    CA

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    1. Olá, CA!
      Grato pela mensagem. Sim, é algo que penso há anos. Aliás, estudar finanças, participar de leilões, etc, está diretamente relacionado com a minha decisão. Venho me preparando há anos, mas quando o "problema" se materializa de forma muito objetiva, creio que é normal repensar se o que se está fazendo é correto ou não.

      Abraço!

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  6. Soul mais uma da serie Dialeto da Periferia - "Se tá muito fácil, você tá fazendo alguma coisa errada" (Suavizei um pouco o vocabulário, mas o sentido é o mesmo).
    Eu acredito em algo que guia muito minha vida, a nossa capacidade de lidar com situações complexas aumenta sempre, portanto problemas que no passado consumiam minha energia e minha paz, hoje através dessa 'evolução' são tratados como atividades corriqueiras no meu dia a dia. Profissionalmente passei por uma situação análoga, nunca me contentei em ficar na zona de conforto, sempre procuro meios de trazer mais valor para minha empresa e para os clientes que presto serviços de consultoria, enfim sempre busco fazer o meu melhor, naturalmente a cadeira/cargo que me sentava foi ficando pequena, eu comecei a resolver problemas com certa facilidade que os gerentes tinham dificuldade de lidar, mesmo sem ter uma herança social econômica atraente, mesmo sem ter uma formação de ponta, o que na maioria da vezes acaba sendo um filtro para as posições executivas da empresa, acabaram tendo que me promover, a minha cadeira de analista ficou pequena, eu não cabia mais nela... Fazendo mais uma analogia, seu apto, bem mobiliado e confortável ficou pequeno, você não cabe mais dentro dele, nessa toada daqui pouco você vai estar indo para Lua, para Marte e isso será excelente!
    Um feliz natal pra você.

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    1. Grande, Surfista!
      Valeu, amigo. Como anda as coisas na sua vida desde a reflexão feita por você? Algo mudou?
      Gosto das suas reflexões de periferia. Adoraria ir para a Lua, acho que ainda terá turismo para lá, mas será fora das minhas disponibilidades financeiras...hehe

      Abraço!

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  7. Rapaz, seu post foi bacana, deu o que pensa. Força.

    Mudando de assunto, será que o Brasil cai dominar o surf mundial? Quem diria que teriamos um campeão seguido de outro ?
    ABs
    Carioca

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    1. Olá, carioca.
      O Brasil já dominou. O Minerinho morava na mesma rua do que eu. De vez em quando eu via ele surfando de manhã cedo...
      Abraço!

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  8. Meu caro Soul,
    1° Escreva sim um livro sobre leilões, falando das estratégias de sucesso, como ter segurança jurídica, jurisprudências no assunto e etc, e não se esqueça de compartilhar conosco.
    2 Rpz, eu no seu lugar revezaria entre licenças sem remuneração e alguns períodos trabalhando. Você já deixou claro que tem um patrimônio razoável, que conquistou com muito mérito, assim como esse cargo que você ocupa.

    Seja qual for a decisão que irá tomar, que seja feliz com duas escolhas.

    No próximo artigo, abra um espaço e nos conte como é o natal nessa região do mundo. Há esse apelo para o consumo como aqui no ocidente?
    E o réveillon, pretende passar onde?

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    1. Olá, colega.
      Grato pela mensagem, de coração.
      A sua ideia é bem bacana, mas este natal vou passar num lugar extremamente turístico, então não saberei.
      Porém, o fato é que o natal não tem sentido para eles, pois eles não são cristãos.
      A virada de ano provavelmente estarei em Bankok.
      Abraço!

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  9. Conhece o blog do "brave new life" ?! junto com o do Mr Money Mustache na minha opinião são os 2 melhores ... pena q ele não escreva mais ...

    falando sobre essa sua decisão lembrei desse post dele ...
    http://www.bravenewlife.com/03/escape-from-the-cubicle-farm/

    Não é bem a situação pois tens um "conforto" no trabalho ...
    Parabéns pelo Blog! sempre leio mas comento pouco (nunca acho que tenho muita coisa pra acrescentar ...)

    abraço
    Victor

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    1. Olá, Victor!
      Obrigado por indicar o blog brave new life. Li alguns artigos já e gostei bastante. Ele não escreve mais? Gostaria de saber como a história da compra da fazenda se desenvolveu.
      O MMM é uma referência internacional já quando o assunto é independência financeira com pouca idade.

      Sim, se tivesse que usar terno todos os dias, ficar 8-9 horas num cubículo, ouvir ordens desrespeitosas de alguém, e se não ganhasse bem, já tinha largado faz tempo. Por isso é uma zona de (des)conforto mesmo.

      Obrigado pelas palavras, um grande abraço!

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    2. Pois é, ele nunca mais escreveu ... ficou faltando contar como está a fazenda e so on ... manda um email lá pra ele!! se ele responder me avisa!! :)

      Cara, eu dei muita sorte pq os primeiros blogs que le de finanças, early retirement, etc foam o dele e do MMM então comecei já bem direcionado!

      O Brave new life tem um poder de concisão nos posts me surpreeende! Me identifiquei muito com as idéias dele, do MMM e as suas ...
      já leu os core priciples dele?! vai lá ...
      http://www.bravenewlife.com/01/the-core-principles-of-a-brave-new-life/

      abraço
      Victor

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    3. Valeu, Victor. Vou ler sim.
      Agora vou aproveitar um pouco aqui a noite em Koh Phi Phi.
      Obrigado mais uma vez pela dica.
      Abraço e um bom natal!

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    4. Sou grande fã do MMM e já li todos os posts dele, alguns mais de uma vez (na verdade, alguns eu li várias e várias vezes).
      Não conhecia o brave new life, mas se é indicado por um outro fã do MMM, certamente é coisa que vale a pena.
      Vou dar uma fuçada.
      Obrigado pela dica.

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    5. Victor, acabei de ler este do cubículo e fiquei chocado ao ver a semelhança com minha vida. O começo é igualzinho ao que passo diariamente. Chego ao trabalho de bicicleta em uma garagem lotada de SUVs, subo vários andares pela escada enquanto meus amigos gastam um longo tempo à espera do elevador apenas para subir alguns poucos degraus.
      Mais uma vez, grato pela indicação.
      Vou ler o blog do começo ao fim.

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  10. Respostas
    1. Olá, Scant T.
      Não é fácil, mas com bastante esforço e dedicação, se este for o seu desejo, você chega lá.
      Abraço!

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  11. Belo post Soul! Feliz virada de ano na Ásia. Abraço

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    1. Grato e obrigado amigo!
      Desejo um ótimo ano novo para você também onde quer que você esteja:)
      Abraço!

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  12. Em relação ao trabalho, meu sentimento é parecido com o seu.
    Estou em uma carreira pública muito bem remunerada mas extremamente insatisfeito, apesar da grande tranquilidade de não ter chefes diretos, grandes cobranças ou pressões.

    Às vezes me sinto em uma prisão de ouro.

    Trocar de área não resolveria minha situação, já que minha grande insatisfação é com a rotina em si.

    Além do mais, eventual troca demandaria tempo para adquirir uma nova formação e o resultado financeiro seria bastante desvantajoso, já que dificilmente conseguiria receber a mesma coisa.

    Por tudo isso, a solução que escolhi foi a de continuar onde estou até acumular patrimônio para viver de renda.
    Acredito entre 10 e 14 anos chegue lá.

    Quando conto isto aos meus colegas sou visto como um ET.
    Para a maioria é impensável descobrir alguém que pretenda abandonar uma aposentadoria polpuda integral (ingressei antes de 2003) e impossível imaginar que se possa acumular patrimônio suficiente para gerar renda equivalente a nossos vencimentos.

    Azar o deles, que continuaram presos a esta vida até os 60/65 anos (ou mais, considerando-se as prováveis mudanças do regime público).

    Se vá tiver o suficiente para largar tudo, recomendo bastante que crie coragem para alcançar os 5% que restam para tomar esta importante decisão.

    A vida é muito curta para ser desperdiçada com serviço burocrático dentro de uma repartição.

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    1. Corrigindo alguns erros de digitação que atrapalham a compreensão do que escrevi:
      Que continuaram = que continuarão
      Se vá tiver = se já tiver


      Os de ia erros não têm importância e ficam como estão.

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    2. Olá, colega.
      Grato por seu relato. Eu, particularmente, creio que as regras de aposentadoria irão mudar bastante. Vejo a idade mínima subindo para uns 75 anos no horizonte de duas ou três décadas.
      No mais, compartilho com algumas de suas angústias.
      Agradeço a mensagem e as palavras.
      Um grande abraço!

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  13. Se vc diz que não se considera com nenhum talento especial, acho que vc não deveria jogar fora sua zona de conforto, aproveite o seu sabático, depois volte, eu acho que vc pode fazer a diferença sem ter que jogar as suas conquistas fora.

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    1. Colega, não me recordo de ter falado que não era possuidor de nenhum talento especial. Como iria saber? Há tantas coisas que um ser humano pode fazer que quanto mais nos acostumamos a nossa zona de conforto, mais difícil será uma pessoa descobrir algo em que ela realmente se sinta bem e tenha algum talento. Sobre conquistas. Possuir um cargo público, ganhar dinheiro, etc, isso representa zero ou muito pouco, para mim evidentemente, sucesso humano e conquista pessoal. Estou muito mais interessado de me desenvolver enquanto ser humano, melhorar eventuais falhas que eu possuo, interagir de maneira mais harmoniosa na comunidade em que eu vivo e eventualmente ajudar outras pessoas.
      Entretanto, agradeço a sua mensagem e opinião. É importante, para termos uma visão mais acurada da realidade, ser submetidos a uma miríade grande de opiniões.
      Abs

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  14. Olá Soul,

    Nem é preciso dizer o grande sentido que vejo em mais este instigante texto que apresentas.

    Acho que o termo “Zona de (Des) conforto” sintetiza perfeitamente o meu momento atual. E, pelos comentários, creio que não sou o único.

    Para dar uma pequena idéia de quanto este tipo de pensamento contraria o senso comum , aconteceu o fato bizarro de o médico psiquiatra aqui do meu órgão convidar-me recentemente para uma conversa, pois eu havia comentado com alguns colegas que tinha planos de vida discrepantes do que eles entendiam como “normal”.

    Claro que na melhor das intenções e com conselhos do tipo “Não podemos ser radicais, temos que nos adaptar ao modo de vida social estabelecido” e por aí vai.

    Enviei outro e-mail para ti com mais algumas palavras neste mesmo sentido.

    Abraço e Feliz Ano Novo,

    Desapegonauta

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    1. Olá, desapegonauta!
      Sério, colega? Depois as pessoas acham que discutir religião, política, etc, é mexer em tópicos que não seriam “politicamente correto”.
      O que realmente incomoda as pessoas é quando discutirmos o âmago de suas relações mais triviais, como se é ético ou não comer carne, se a pessoa sabe que explora mão de obra escrava de acordo com os produtos que consome ou se a vida que as pessoas levam faz sentido ou não, entre tantos outros exemplos.
      É mais fácil dizer “radical”, “louco”, ou qualquer outro rótulo. A pessoa se sente bem, pois determinada ideia só pode ser proferida por um ….(colocar algum rótulo). Isso é muito mais fácil do que realmente fazer uma grande auto-reflexão.

      Siga os seus planos, colega. Espero que o ano de 2016 seja um ano de muitas reflexões e realizações para você!

      Abraço!

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  15. Te acompanho desde o primeiro texto.
    Gosto destes textos longos que quando termina fica uma sensação de vazio e você é obrigado a pensar. Colocar a cabeça pra funcionar.
    Eu sou muito criticado pela minha família porque sempre estou fugindo da minha zona de conforto. E construindo outras. Ou nem tanto.
    Continue escrevendo.
    É inspirador.

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    1. Olá, Rocha Neto.
      Grato pelas palavras, fico feliz que meus textos de alguma maneira tenham o feito refletir sobre algumas questões.
      Abraço!

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  16. Olá Soulsurfer! Não é fácil sair dessa zona, eu tinha um ótimo emprego (apesar de trabalhar mais de 12h/dia até no sábado), salário acima da média, esposa (que ainda amo mas me dei conta depois que larguei), futuro promissor como empresário (apesar de ter muito a aprender) e desde que chutei o balde e abandonei tudo simplesmente paralisei, perdi as forças e nem mais me reconheço. Não consigo me recolocar no mercado é preciso tomar uma atitude.
    Sempre reinvestia rendimentos e faz alguns meses que saco tudo para despesas (e olha que me readaptei a nova vida simples, nada de restaurantes - caros ou baratos - sem carro) e após quase meio ano as reservas se foram para pagar semestre da faculdade/despesas mensais.
    Sei que é apenas uma fase e que irei me reerguer mas em alguns momentos penso que ficar na zona de conforto seria o melhor a fazer. Enfim só o tempo dirá

    Curto muito teus posts. Abraço

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    1. Olá, colega. Você largou o seu emprego, mas parece que você era empresário. Assim sendo, você vendeu o negócio? No mesmo período, largou a esposa, mas percebe que a ama? Em pouco tempo está esgotando suas reservas financeiras?
      Bom, amigo, primeiramente, se gosta de sua ex-esposa, e realmente a ama, tente a reconciliação.
      Não é prudente largar uma determinada atividade, sem ter uma reserva financeira mais sólida, que não parece ser o caso. Você diz que está tendo dificuldades de se recolocar no mercado novamente, como empresário? Você tem que antes se perguntar quais foram os motivos que levaram a tomar essa decisão. Geralmente, isso não causa paralisia, muito pelo contrário.
      Enfim, espero que possa refletir sobre quais caminhos sejam melhores para você e que possa você mesmo achar uma forma de sair da “paralisia" e retomar os rumos de sua vida.

      Abraço!

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  17. Prezado Soul,

    Gostaria de compartilhar essa mensagem que pode ajudá-lo no atual momento:

    https://www.youtube.com/watch?v=66f2yP7ehDs

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    1. Colega, eu citei o Steve Jobs, mas eu nunca tinha visto o discurso inteiro.
      Muito obrigado, pois o discurso é belo e de uma intensidade sem igual.
      Abraço!

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  18. Grande Surfer!

    Não é brincadeira mesmo. Melhor pizza que já comi também, conto sobre essa pizza para todos os meus amigos hahahah Foi uma grande descoberta e um dia muito agradável.

    To pensando sobre zona de (des)conforto quase que diariamente. 2016 será um ano decisivo na minha vida, depois falo mais contigo sobre isso...Precisando bater um papo com alguém que possa me aconselhar sobre isso(de sair um tempo pra conhecer o mundo hahah).

    Que experiência incrível esse ano novo em Bangkok hein...Muito bacana!

    Estava numa praia "deserta", sem o menor sinal de tecnologia, e não pude desejar boas vibrações por aqui, então: Tudo de melhor para você, sua companheira e família.

    Abraço, meu amigo!
    Namastê.

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    1. Olá, poeta! Obrigado meu amigo, para você também!
      Se eu puder ajudar em alguma coisa, não hesite em mandar um e-mail, colega. Espero que 2016 seja um bom ano para você, você é jovem e inteligente e tem inúmeras oportunidades a perseguir.

      Abraço!

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