terça-feira, 8 de dezembro de 2015

BORNÉU - BAKO NATIONAL PARK: O RARO E INUSITADO PROBOSCIS MONKEY OU O HOMER SIMPSON DOS PRIMATAS


    Olá, colegas. Neste artigo, compartilho minha experiência no belíssimo Bako National Park na região de Sarawak em Bornéu. Bom, antes de mais nada, talvez seja interessante dizer onde fica Bornéu. A Malásia é um país que possui uma parte peninsular, basicamente o continente asiático, e uma parte na ilha de Bornéu. Esta ilha é a terceira maior do mundo, e é dividida entre Malásia e Indonésia. Falarei um pouco mais sobre o país, quando for escrever sobre as minhas impressões na minha segunda estada na bacana cidade de Kuala Lumpur.

A Ilha de Bornéu. A parte indonesiana chama-se Kalimantan e é muito menos turística e bem difícil de se viajar. A parte malaia é mais tranquila para o viajante.

  Bornéu malaio é divido em duas regiões autônomas: Sabah e Sarawak. Para se ter ideia, se passa, apesar de ser solo malaio, por imigração quando se chega nessas duas regiões. Em Sarawak, por exemplo, até visto de permanência é dado. O povo da Malásia em geral, e de Bornéu em especial, é muito educado e simpático, algo que com certeza chamou a minha atenção. A toda hora pessoas sorriem para você na rua ou pedem para tirar fotos. É bacana.


   Como dito no último artigo sobre a Malásia contando um pouco mais sobre “O Povo da Floresta”, conheci dois portugueses muito simpáticos e resolvemos dividir o mesmo chalé no parque.  Combinamos ainda no ônibus de volta a Kuching da reserva dos Orangotangos, se encontrar de manhã no outro dia dentro do ônibus que nos levaria até o local para pegar um barco até o parque.

  Numa pontualidade britânica, o Ônibus às 7 e 10 passou no ponto de parada perto da nossa guesthouse e lá estavam os portugueses e mais alguns outros estrangeiros rumando para o parque. Ao chegarmos no pier, fomos avisados que a maré estava muito baixa e teríamos que esperar duas horas para prosseguirmos ao parque. Creio que os barqueiros locais calcularam mal a maré, já que mesmo esperando as duas horas, atolamos no meio do caminho. O caminho de ida ao parque é lindíssimo, e depois de algum esforço conseguimos desatolar o barco dos bancos de areia e prosseguimos viagem.

   O Bako National Park é um dos mais antigos da Malásia. Já existe há dezenas de anos e é um refúgio para uma miríade incrível de animais. Além de fazer trilhas no meio da selva, nosso objetivo principal era conseguir avistar o raro primata Proboscis Monkey. Esse inusitado animal está ameaçado de extinção e existe apenas na ilha de Bornéu. 

  Os portugueses eram umas figuras, muito engraçados mesmo. Um chamava-se Rui e trabalhava como radiologista em Lisboa. O outro, Nuno, era gerente de uma clínica de médicos na Ilha da Madeira. Conversando com os dois deu para ter uma ideia do motivo de muitos comportamentos dos brasileiros, pois a semelhança, apesar de Portugal ser bem mais desenvolvido, entre portugueses e brasileiros é imensa.  Foi engraçado quando eles pediram para eu contar alguma piada sobre portugueses, e na hora não me veio nenhuma na cabeça, uma pena, pois contar piada de português para um português é engraçado. Aliás, essa é uma boa forma de se conhecer, mesmo que superficialmente, alguns aspectos de como uma pessoa leva a vida. Quando conto piada de Gaúchos para Gaúchos alguns simplesmente riem, mas há outros que ficam com a cara fechada, o que para mim é uma grande bobagem. Enfim, os portugueses se mostraram muito amistosos e cordiais.

  No primeiro dia do parque, fizemos algumas trilhas e andamos uns 10km. Há uma diferença enorme entre fazer uma trilha num lugar frio como a Nova Zelândia ou Nepal, por exemplo, e uma trilha no meio de uma floresta tropical num local quase que na linha do equador. É quente, abafado, úmido e é extremamente difícil andar no meio da mata densa, mesmo que haja uma trilha marcada no chão. Além do mais, no começo da viagem na Nova Zelândia, eu estava muito bem fisicamente. Treinei exclusivamente ginástica funcional no Brasil para isso. Estava muito bem alimentado também, pois éramos nós que cozinhávamos todas as nossas refeições e não economizávamos nas compras de supermercado. Assim, fazíamos trilhas de 12-15km no país do Senhor dos Anéis, ficávamos cansados, mas no outro dia estávamos recuperados. Andar 10km sem estar comendo muitas frutas, já um pouco cansados de oito meses de viagem, no meio de uma floresta úmida, não é fácil, e chegamos quase que no limite das nossas energia nesse dia.

  Vimos formações rochosas espetaculares, praias desertas e selvagens, vegetação de inúmeros tipos, mas infelizmente não vimos muita vida selvagem. Eu pensei que seria mais fácil ver os macacos, mas nesse primeiro dia não foi. Pensei comigo mesmo “Amanhã, conseguiremos ver”.  

Vistas sensacionais de praias baías desertas...

Caminhar uphill num clima tão abafado e quente numa floresta densa é bem difícil

Belíssimo Bako National Park

Essa rocha foi uma das mais bonitas que já vi, encontrava-se na praia em frente ao alojamento


  Depois de jantarmos no nada especial restaurante do parque, resolvemos ir ao Night Walk, que nada mais é do que uma trilha de duas horas no meio da mata de noite, na companhia de um guia, para se avistar animais noturnos, principalmente insetos e répteis. O passeio foi muito bom mesmo, ainda mais pelo preço de apenas 10,00 Ringgit (algo em torno de R$ 8,50). Eram três guias e fiquei surpreendido como eles conseguia avistar os animais no meio da noite apenas com uma lanterna. Vimos cobras (uma bem venenosa), aranhas de vários tamanhos e cores, formigas gigantes, sapos de várias cores e a estrela da noite o Flying Lemur. Este último é bem raro de ser avistado, mas tivemos a sorte não só de vê-lo, mas como também de observar ele “voando" (na verdade, ele não voa, mas plaina no ar). Foi uma experiência bacana.

Uma Viper, cobre extremamente venenosa. Eu fiquei muito impressionado como o guia achou essa cobra na escuridão.

Aranha gigante

Muitas espécies de sapo que faziam um barulho ensurdecedor. Aliás, a floresta de noite parece uma sinfonia de barulhos.

A foto não é minha, mas ver um Flying Lemur foi o auge da noite. Na verdade ele não voa (O único mamífero que pode voar é o Morcego, falarei mais sobre esse fantástico animal em outro artigo)

Alguma semelhança? Há uma área da engenharia que se chama Bio-Engeharia. Tenta pegar aspectos da natureza em plantas e animais e transformar em tecnologia acessível para nós humanos. Esse é apenas mais um dos muitos exemplos.


  No outro dia, ainda bem cansados das trilhas feitas, resolvemos fazer mais duas trilhas para ver se conseguíamos ver a estrela do parque. As trilhas foram curtas, mas eram bem íngremes e muito cansativas. Andávamos, e a cada barulho na mata, pensávamos que podia ser o Proboscis Monkey, mas nada de avistarmos um indivíduo da espécie.

  Bem cansados, resolvemos voltar para o centro de informações do parque, almoçarmos, descansar um pouco e irmos embora. “Poxa, eu gostaria muito de ver esse animal, mas é assim mesmo” pensei comigo mesmo. Quando estávamos quase chegando no HD do parque, eu avisto um macaco muito diferente sentado numa árvore. Concentro a minha visão no animal e confirmo na minha cabeça “é ele!”. Um grupo de 6-7 macacos estavam ao redor em várias árvores e ficamos durante uma meia hora tirando fotos e olhando aquele macaco tão diferente. Quão diferente ele é? Vejam vocês mesmos, prezados leitores, nas fotos abaixo. 

Eu não sei, mas quando vi pela primeira vez o macaco, pensei comigo mesmo que ele parecia o Homer Simpson por causa do barrigão e da cara meio perdida. 

Barrigudo e Narigudo...

E segundo um guia do parque, quase sempre pronto para o bem bom. Mesmo dormindo, o "bingolin", ou como uma escocesa casada com um italiano iria me dizer dias depois numa outra excursão o "red chili" estava a ponto de bala. 


   Praias selvagens, rochas lindíssimas, aranhas e formigas gigantes, cobras venenosas, trilhas no meio da selva, um macaco que parece o Homer Simpson, e ainda por cima a companhia de dois portugueses gente boníssima, o que mais querer de um parque nacional? Nossa estada no Bako National Park foi muito boa mesmo. Uma experiência para se relembrar por muito tempo.

  De volta a Kuching, fomos jantar com nossos amigos Rui e Nuno e foi uma noite muito agradável. Falamos sobre os problemas dos nossos países, séries de TV, cinema, capitalismo, finanças públicas, viagens e foi um papo divertidíssimo. O ponto alto da noite foi quando o Nuno estava falando das diversas séries de TV (confesso que depois de Breaking Bad, comecei a assistir mais séries, isso quando estava no Brasil, estou querendo saber o que vai acontecer na quarta temporada de House of Cards), quando o Rui virou para ele e disse num tom meio que sério “Não está na hora de você parar de ver televisão e trabalhar um pouco mais não?”. Eu e a Sra.Soulsurfer caímos na gargalhada. Figuraças.

Nuno (sentado) e Rui (de pé), grande companhia de nossos irmãos portugueses. O repelente é porque foi um dos lugares com o maior número de mosquitos que vi na vida. A Sra. Soulsurfer sofreu, eu, ainda bem, quase nem sinto as picadas de pernilongos.


  É isso colegas, grande abraço!


  

4 comentários:

  1. Soul! Muito legal seu blog, andei na blogosfera ultimamente para expandir meus conhecimentos e gostei muito daqui. Abri meu próprio blog para participar da comunidade e já te linkei lá. Se puder dá uma passada lá.

    frugalsimple.wordpress.com

    Abraço

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  2. Soulsurfer, o Nuno parece ser um gajo bem interessante e divertido.
    Assinado: O Nuno. lol

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