segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

BRUNEI - O PAÍS QUE NÃO FOI OU ANATOMIA DE UMA BURRICE



   Olá, colegas. Hoje o artigo será bem curto. Estou escrevendo do aeroporto de Miri na província de Sarawak esperando um voo para Kota Kinabalu na província de Sabah. Muito provavelmente, publicarei este artigo daqui vários dias, pois tenho vários artigos prontos sobre Bornéu para serem publicados antes. Entretanto, resolvi escrever esse artigo, pois de vez em quando faz bem “colocar para fora” certas coisas.


  Quando ainda estava em Kuching, comprei uma passagem do parque nacional Mulu para a cidade de Miri. Não há muito o que um turista fazer em Miri, a não ser visitar as cavernas de Nias há 100 km ao sul. Como iríamos ver cavernas espetaculares em Mulu, decidi ir para Miri apenas por ser um bom ponto para se ir ao sultanato de Brunei. O meu plano era ir para Brunei, passar duas noites lá, voltar para Malásia, pegando assim mais 30 dias de estada no país, e ir para Kota Kinabalu. Assim, conseguiria estender o visto e de quebra conheceria mais um país. Faltavam apenas Brunei e Timor-Leste para eu ter visitado todos os países do Sudeste Asiático.

  Assim, hoje disse adeus ao fabuloso parque de Mulu e aterrissei na cidade de Miri. Peguei um Táxi para o terminal de ônibus e comprei duas passagens para a capital de Brunei Bandar Seri Begawan. Eram 11 e meia da manhã e o ônibus partiria apenas às 15:30. O taxista então perguntou se nós não queríamos ficar no Shopping. Perguntei se ele iria cobrar alguma coisa, ele respondeu que não. O cara foi tão simpático que nos levou perto do shopping e depois voltou de carro para mostrar como se fazia para ir a pé de volta a estação de ônibus, já que o trajeto era um pouco complicado. Um dos taxistas mais gente boa que conheci.

  Chegando ao shopping, resolvi apenas por curiosidade checar se brasileiros precisavam realmente de visto  prévio para entrar em Brunei. Claro que não precisavam. Quase todos os países do Sudeste Asiático isentam brasileiros de Visto (Malásia, Cingapura e Tailândia, Filipinas) ou você pode pegar na fronteira (Camboja, Laos e Indonésia). Além do mais, eu tinha lido no Lonely Planet que se podia pegar o visto de graça na fronteira, a exceção dos Australianos que deveriam pagar. Está dito isso literalmente no mais famoso guia de viagem. 

  Quando eu comecei a ler que brasileiros sim precisavam de visto prévio e não faziam parte da lista de dezenas de países que não precisam de pré-agendamento, eu só pensei comigo mesmo “P…que pariu…, eu não acredito que fui tão burro”. Sim, eu não chequei a informação, e descobri que brasileiros não podiam entrar em Brunei sem agendar previamente, ao contrário de Peruanos, por exemplo, que recebem um visto de 14 dias na fronteira. 

  Imediatamente, abri o guia e pensei “Bom, a bobagem foi feita, vou de ônibus para Kota Kinabalu”. Sabem quanto tempo demora a viagem de 300km meus queridos leitores? De 12 a 15 horas. Sim, você não leu errado. O passaporte é carimbado 10 vezes no percurso e o ônibus passa duas vezes por Brunei. Fui pesquisar na internet se havia alguma espécie de transit visa, e Brunei fornece um de 72 horas, mas as regras não estavam claras nem no site do Ministério de Relações Exteriores do Sultanato. O que fazer? A Sra. Soulsurfer perguntou na companhia de ônibus, e eles não souberam responder se poderíamos ou não pegar um visto de trânsito, acho que latinos viajando por aqui é coisa rara de se ver, e os europeus que fazem esse trajeto, a exceção de habitantes da Croácia, podem receber visto na fronteira sem problemas.

  A passagem de ônibus custava 90,00 Ringgit (1 real = 1.15 ringgit). Entrei na internet e vi que havia voo para hoje de noite para Kota Kinabalu por 270,00 Ringgit. Refleti um pouco, e acabei desistindo da ideia de ir de ônibus e visitar Brunei (até porque não poderia) e cá estou esperando por algumas horas o voo para a província de Sabah.

  Se eu tivesse visto este detalhe, simplesmente teria pego o voo de Mulu direto para Kota Kinabalu que era apenas um pouco mais caro do que o voo para Miri.  Por uma falta de planejamento básico, perdi um dia de idas e vindas, e vou gastar quase R$ 500,00 a mais. Dinheiro esse que não me faz falta, mas se tem uma coisa que não gosto é jogar dinheiro na lata de lixo. 

  Viajar sem planejamento é uma coisa que realmente gosto de fazer. Planejar uma viagem tão longa como essa então é muito difícil, e creio que destrói um pouco o encanto. Não há nada melhor do que ir decidindo para onde ir de acordo com as novas descobertas que vão se fazendo no decorrer da viagem. Entretanto, visto é algo essencial. Esqueci essa lição básica e singela de viagens overland. Na verdade não esqueci, foi apenas, falando o português claro, uma grande burrice cometida da minha parte.

  Bom, ao menos tenho uma história para contar e o que não seria das viagens, e da vida em geral, sem histórias como essa? 

               
Brunei, não foi dessa vez, e tenho uma sensação que nunca será...


Grande Abraço a todos!

6 comentários:

  1. Acontece, Soul...

    Não dá para acertar todas.

    Erros reforçam a lição. Enfim... Curta o que está por vir.

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  2. Que sensação é essa de que nunca será?

    Você é jovem, tem toda a vida pela frente.

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    1. Olá, colega. Nunca será em relação a visitar o país chamado Brunei. Muitos estrangeiros me disseram que não tinha nada para ver. Entretanto, como estava do lado, resolvi conhecer. Dificilmente devo voltar para Bornéu tão cedo, e visitar Brunei mais difícil ainda. Porém, nunca sabemos o que o futuro nos reserva.

      Abraço!

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  3. Seus textos são ótimos, Soul.
    Sou novo por aqui e gostaria de lhe dizer que as suas palavras me inspiram!

    Obrigado!

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