quinta-feira, 19 de junho de 2014

REFLEXÃO - O BRASIL NÃO É O PAÍS DO FUTEBOL

         "A verdade é o tipo de erro sem o qual um certo tipo de vida não poderia subsistir"  Nietzche  


             Olá colegas! Uma bela copa do mundo está ocorrendo em nosso país do ponto de vista esportivo. Jogos bacanas, muito gols, e as torcidas dando um show a parte. Se a outra copa do mundo (aquela que ocorre fora dos estádios) foi um fiasco do ponto de vista da gestão, a copa do mundo esportiva está muito boa. Várias bandeiras brasileiras na rua, uma pena que as bandeiras brasileiras só entram em moda em copa do mundo, e o brasileiro mostrando que é o povo mais apaixonado por futebol, pois aqui é a terra do futebol. Será mesmo, amigos? Como o objetivo aqui sempre foi pensar sobre temas de maneira às vezes não convencional, vou refletir um pouco acerca das máximas “O Brasileiro é apaixonado por futebol como em nenhum lugar do mundo” e “Aqui é a terra do futebol”.

                Soul, é claro que o brasileiro é apaixonado por futebol! É mesmo? Então responda qual é o time que possui a maior torcida no Brasil? O mengão? O Corinthians meu? Não, é o time das pessoas que não dá a mínima para futebol. Esse resultado nem de longe é encontrado na Argentina, onde a preferência maior é sempre por um dos dois maiores times do país,  ou em países onde o futebol é muito forte. Ah, e daí? O que importa é que a maioria da população gosta de futebol, mesmo que uma parcela significativa não dê a mínima importância. É um ponto.  Então, esmiucemos um pouco mais a questão.



                Há alguns blogueiros (cito o investidor sócio, bem como o valores reais) escrevendo artigos sobre a emoção de ver um jogo de copa do mundo, a empolgação de estar no estádio, e sobre o fato que é muito mais divertido do que ver um jogo pela TV. Eles estão absolutamente certos. Como disse uma vez aqui, minha adolescência eu passei na Vila Belmiro. Eu ia a absolutamente todos os jogos. Lembro de uma vez meu pai me deixando perto do estádio, uma baita chuva, me dando o casaco dele para me proteger, e eu na arquibancada cantando e incentivando o tempo inteiro com meia dúzia de gatos pingado num jogo que não valia nada. Ou lembro-me também uma vez no Morumbi, onde eu cantava e gritava que nem um louco, e de repente empolguei milhares de santistas que começaram a cantar também. Ou quando o Santos fez o gol de empate na final do brasileiro de 2002, o gol do título, quando eu simplesmente sai rolando arquibancada abaixo de tanta emoção de ver o meu time campeão pela primeira vez em cima do maior rival. Enfim, estar ao vivo no estádio é uma emoção diferente.

                Logo, presumir-se-ia que um povo tão apaixonado por futebol como o brasileiro iria lotar sempre os estádios, correto? Não é nem de longe o que ocorre. A média de público do campeonato brasileiro é simplesmente medíocre. Não acredita? Irei colocar três links ao final, muito interessantes por sinal, onde mostra que a taxa de ocupação dos estádios brasileiros é de 30% nos jogos da primeira divisão nacional, contra uma taxa que em alguns países é superior a 90%. Além do mais, a média de público no Brasil é  muito inferior a média das principais ligas da Europa, sendo que o Brasil também perde em média de público para as segundas divisões do futebol Inglês e Alemão (não, você não leu errado, a segunda divisão lá leva mais torcida do que o nosso “Brasileirão”), Japão, EUA (mesmo sendo o futebol  o quinto esporte em audiência), China e México. Os resultados podem ser conferidos em

                Se você prestou atenção no segundo link disponibilizado, a torcida do  time brasileiro que foi mais ao estádio em 2013, o “bando de loucos”, foi a 91º torcida do mundo em comparecimento aos estádios. Sim, a nossa torcida que mais compareceu aos estádios foi a nonagésima primeira torcida no mundo. Talvez o bando não seja de tão loucos assim, principalmente se compararmos com outras torcidas do mundo.

                Ok, Soul, o Brasileiro não vai ao estádio porque o ingresso é caro. Não parece ser o caso, segundo (não conferi para saber se a fonte é fidedigna ou não) a informação que consta aqui http://dribles.com/artigos/bilhetes-futebol-mais-caros-mundo, já que os preços parecem guardar alguma correspondência com a renda per capta numa primeira análise superficial. Pode ser, Soul, mas as pessoas não vão porque há muita violência, desorganização, etc. É uma afirmação justa, e vai me remeter a outra máxima se “O Brasil é o País do futebol”, já que os dados parecem apontar nitidamente que não somos o país onde há a maior paixão do mundo pelo futebol, e não creio que isso seja necessariamente bom ou ruim é apenas um juízo de fato.

                Somos pentacampeões do mundo, é claro que somos a "pátria de chuteiras" alguém pode afirmar. Primeiramente,  quem realmente gosta de futebol tem uma paixão muito forte pelo seu clube, e não pela seleção, principalmente nas últimas décadas onde a seleção foi se distanciando cada vez mais do Brasil pelo elevado número de jogadores jogando no exterior. O clube é o que faz a pessoa que realmente gosta de futebol se emocionar e sofrer em graus elevados. Logo, na minha perspectiva, o melhor futebol do mundo teria que se manifestar no melhor campeonato de futebol do mundo, até porque a copa do mundo é um evento de quatro em quatro anos e disputado em apenas sete jogos. E como está o nosso futebol?

                O nosso futebol , jogado no Brasil, vai muito mal.  O nível técnico da principal competição nacional é baixo. O desinteresse das pessoas pelo futebol nacional é cada vez maior. Não acredita? No começo da década de 1990, eu nunca via ninguém com a camisa de uma equipe estrangeira (é verdade que o Brasil não era tão aberto, nem o futebol tão globalizado), e muito menos alguém dizendo que torcia para um clube espanhol ou inglês. Hoje, o mais comum, infelizmente, é ver crianças com camisas de agremiações estrangeiras, mesmo no futebol brasileiro existindo mais de 10 clubes com grandes torcidas. Por que isso ocorre? A resposta é simples: nós temos matéria-prima, mas não sabemos nos organizar de uma maneira eficiente.  Alguma semelhança com a questão mais geral organizacional do país? Eu acho que tem muita, na verdade acho que o futebol é um dos maiores retratos da nossa incapacidade de gestão.

                Há uns 13/14 anos atrás, numa época onde a economia do Brasil estava cambaleante, eu já discorria para meus amigos que o futebol era um teste para o Brasil, pois se nós, com tantas coisas favoráveis como torcida, grandes clubes, histórias, jogadores bons, reconhecimento internacional, não fossemos capazes de nos organizar e fazer um  futebol nacional a la NBA,  por quais motivos nós conseguiríamos nos organizar e nos destacar em áreas em que o Brasil é muito carente e tem pouca tradição como ciência e economia de ponta? 

                Passados esses anos, o futebol brasileiro quase não andou, e em certa medida eu acho que regrediu.  Uma emissora continua monopolizando o futebol, ao ponto de colocar jogos  às 10 da noite de uma quarta-feira, o que é algo que não faz o menor sentido. Os clubes nunca estiveram tão endividados(http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2014/05/flamengo-reduz-dividas-mas-segue-na-lideranca-entre-os-clubes-brasileiros.html ), a seleção brasileira nunca esteve tão distante do país (dos 23 convocados, 19 não jogam no Brasil, sendo que dos 4 que jogam dois são goleiros reservas e um é atacante reserva) e o interesse por futebol cada vez vai perdendo espaço seja para o futebol europeu, seja para outras atrações.  É evidente o problema de gestão.Nada mostra que essa situação irá se modificar, pois a seleção da CBF nunca ganhou tanto dinheiro em patrocínios, a seleção é a galinha de ovos de ouro dos nossos cartolas maiores, não o futebol nacional, é por isso que  os dois últimos títulos mundiais da seleção em absolutamente nada se reverteram para a melhora do nosso futebol.

                Além da questão da fraqueza cada vez maior do  futebol interno em si, o fato é que nem mesmo um futebol  bonito o Brasil apresenta dentro de campo com seus melhores jogadores, e para mim isso vem desde 1982. A grande verdade é que o Brasil ficou marcado no mundo como o país do futebol pela geração de Pelé, e pela absolutamente magnífica apresentação do Brasil na copa de 70. Tivemos uma outra bela seleção em 1982, e depois da derrota de 1986, fica claro que o Brasil deixou de apresentar um futebol diferenciado e foi cada vez mais se tornando mais uma seleção, chegando hoje em dia a ter um futebol como qualquer outro, e ouso dizer até mesmo inferior a outras escolas de futebol. Não há mais absolutamente nada de diferenciado no futebol jogado pelos jogadores brasileiros, e como poderia haver se quase todos jogadores jogam na Europa?

                Eu não dou mais tanta importância para o futebol, pois a questão de gestão realmente me frustrou bastante. Eu acho que o futebol tem o seu papel na nossa cultura, e não vejo necessariamente como “pão e circo” ou como “ópio do povo”. É claro que também pode ser isso e ser manipulado para ter essa função, mas há um grande fator de integração social. Num estádio de futebol, pelo menos na minha época, o rico, o pobre, o branco e o negro se tornavam iguais, sofrendo, gritando e se abraçando na hora do gol sem qualquer tipo de preconceito ou discriminação. Eu, por exemplo, que quando adolescente tinha um cabelo loiro tipo do Brad Pitt, era o único loiro de uma torcida organizada que fazia parte, e sempre convivi com pessoas pobres, mulatas, negras e nunca me questionei sobre nenhuma dessas características como algo diferenciador. Talvez esse convívio com pessoas diferentes do meu estrato social, algo cada vez mais raro no Brasil o que é um grave problema para a nossa convivência no futuro em minha opinião,  foi um dos grandes fortalecedores da minha índole de não ver diferenças morais onde elas não existem baseado em algum critério de riqueza ou de posição social. Portanto, o futebol pode sim ter uma grande função de coesão social.

                Entretanto, e aqui me despeço, eu não creio que o Brasil seja atualmente o “País do Futebol”, nem mesmo creio que os brasileiros sejam os mais apaixonados. Espero, pelo menos com esses novos estádios modernos, que o futebol brasileiro possa se organizar e ser mais forte, mas eu temo que isso não irá se concretizar, pois mentalidades arraigadas são difíceis de modificar, assim como é difícil modificarmos algumas estruturas débeis nacionais, e é por isso que o Brasil não melhora do ponto de vista político, tributário, de segurança, etc. 

                Um grande abraço a todos!






terça-feira, 17 de junho de 2014

BIBLIOGRAFIA - INDICAÇÕES DE LIVROS SOBRE INVESTIMENTO - PARTE 2



LIVROS AVANÇADOS

                Colegas, os livros dessa seção já são mais complexos e muito mais aprofundados sobre diversos temas. Ler estes livros sem ter um bom domínio sobre diversos aspectos do mercado financeiro, o que vim a descobrir há mais de um ano atrás quando tentei ler um deles, não é recomendável. Um investidor amador, como a esmagadora maioria dos investidores da blogosfera, precisa ler estes livros? Eu creio que não. Se assim o é, por que você os cita Soul? Ora, a razão é simples. Se especializar, se aprofundar num tema como esse mal não irá fazer, muito pelo contrário. Além do mais, eu creio que os conhecimentos financeiros podem ser aproveitados durante toda a vida, e em diversos outros ambientes que não o mercado de capitais. Pego o meu exemplo específico. Quanto mais vou aprofundando minhas leituras, mas sinto que vou compreendendo, nem que seja levemente, o “esquema mais geral das coisas”. Assim, eu me sinto mais capaz de pensar por mim mesmo acerca de um assunto que, sem algum conhecimento mais específico, seria bem mais difícil.




- “Avaliações de Empresas”–  do Aswath Damodaran
                Sim! É o famoso livro que nosso colega DI Marcinho gosta bastante de citar ao falar sobre Valuation. Como ele, eu também não passei do quarto capítulo, pois comecei a ler o livro há um ano atrás, e não estava preparado teoricamente. Hoje em dia, sinto que a leitura dele seria muito mais útil, e pretendo voltar assim que terminar alguns livros que atualmente estou lendo. O livro é muito bom. Algumas pessoas sem conhecer o que o Damodaran faz o criticam como se ele fosse algum autor que tivesse inventado um método de “fique rico com o mercado acionário”. Nada mais falso. Se você gosta de “boas empresas”, se acha que filtros fundamentalistas são essenciais para montar o seu portfólio, então Damodaran é o cara que vai te ensinar como aprofundar esses filtros, como olhar com outros olhos para balanços de empresas e para o mercado como um todo. Muitos não percebem que ao fazer a valoração de uma empresa, se deve passar necessariamente por muitos filtros fundamentalistas. Ao se escolher empresas, ou ativos, sem usar Valuation, está se fazendo na verdade uma análise fundamentalista mais superficial.  Pô, Soul, quer dizer que então preciso aprender esse raio de Valuation? Não necessariamente, e aqui os autores citados nos livros introdutórios, e em sites como bastter tem razão. Se você poupar mais do que ganha, se você ganhar bem,  aplicar filtros fundamentalistas mínimos, diversificando seus investimentos, e se mantendo fiel a uma estratégia de investimento por dezenas de anos,  a probabilidade de ter um patrimônio suficiente para os objetivos financeiros traçados é muito grande. Porém, é inegável que análises feitas com a utilização de algumas técnicas ensinadas pelo método de Valuation são de extrema valia, mesmo que para atividades fora do mercado acionário, como empreendedorismo, por exemplo. Enfim, é um grande livro, mas ele cobra dedicação e conhecimento prévio.


- “Avaliação de Investimentos” do Aswath Damodaran
                Pô, tá de brincadeira, mais um livro do Damodaran? Pois é. Eu ainda não li esse livro, apenas folheie algumas páginas na biblioteca de uma universidade uma vez. O livro parece ser bem completo, e é uma análise sobre como avaliar qualquer tipo de investimento e não apenas empresas. Pretendo lê-lo também.





- “Expected Returns” do Antti Ilmanen
                Estou lendo atualmente esse livro. É um calhamaço de 600 páginas daqueles livros que possuem folhas grandes e letras pequenas. Como definir esse livro? Como o próprio nome diz é focado em retornos esperados. O que isso quer dizer? Lembra do equity premium (retorno esperado a mais que alguém recebe por assumir o risco de investir em ações) que abordei no artigo http://pensamentosfinanceiros.blogspot.com.br/2014/05/acoes-os-tres-fatores-de-risco-de-fama.html, pois então esse é um livro extremante aprofundado sobre estes retornos esperados.  O livro é uma grande descrição de como está o “estado da arte” no que se refere ao mundo das finanças. Ele aborda absolutamente tudo: retornos históricos, Capital Asset Price Model, prêmio acionário, prêmio por iliquidez, prêmio inflacionário, estratégias de value, carry, momentum, renda fixa de forma aprofundada, riscos da renda fixa, tail risks, e muito mais. É um grande compêndio financeiro. O livro possui muitas informações, e a cada 10 páginas equivale, sem nenhum exagero, a leitura de um livro intermediário sobre finanças dado a riqueza de detalhes. O autor é um cara extremamente experiente, é gestor de um dos maiores fundos hedge da Europa, foi conselheiro do fundo soberano da Noruega (para quem não sabe, esse é o fundo que a Noruega constituiu para administrar o superávit em petróleo. Atualmente possui mais de 800 bilhões de dólares, para se ter uma ideia do tamanho é quase cinco vezes o patrimônio da empresa do W. Buffett), e trabalhou em diversas empresas financeiras gigantes. Enfim, é um cara com extrema experiência prática e conhecimento.  Se você gosta de finanças, se lê com certo prazer sobre o tema, é um belo livro, e traz temas que nem em sonho são abordados no mercado brasileiro.

- Artigos Acadêmicos
                Aqui não são bem livros, mas artigos escritos por acadêmicos. Não são de fácil leitura e envolvem geralmente estatística pesada (estatística T, regressões, erros padrões, etc). Citei um, que foi seminal no mundo de investimentos, escrito em 1992 pelos professores Fama&French no meu artigo http://pensamentosfinanceiros.blogspot.com.br/2014/05/acoes-os-tres-fatores-de-risco-de-fama.html. Ler estes artigos apenas faz sentido para quem talvez queira seguir carreira na área ou tenha um interesse muito grande no assunto

- Análise quantitativa
                Colegas, até agora basicamente tratei de análise qualitativa. Entretanto, a nova fronteira em finanças são as análises quantitativas. É extremamente complexo, utilizam-se modelos matemáticos muito fora da minha compreensão, e geralmente só Phd em matemática ou física para trabalhar com isso. Esses modelos complexos varrem o mercado em busca de micro-ineficiências para utilizar alguma forma de arbitragem estatística. Às vezes se utilizam de transações que ocorrem em menos de um segundo (as chamadas High frequency trading – transações feitas numa velocidade que apenas computadores podem operar), e operam muitas vezes fora do mercado normal (sim há isso também, o mundo é muito mais estranho do que vemos no dia a dia da mídia e dos livros básicos). Esperava-se que depois do colapso de 2008, onde as análises quantitativas tiveram um protagonismo importante, haveria uma redução da importância dos quants (termo que se dá aos que utilizam análise quantitativa) nos mercados financeiros, entretanto isso não ocorreu, conforme um artigo que li recentemente, muito pelo contrário. Escrevo sobre análise quantitativa apenas por curiosidade, pois quem realmente quer aprender análise quantitativa deveria o fazê-lo para ganhar milhões de dólares por ano em alguma firma de investimento, estrangeira de preferência, sabedor que terá que dedicar muitos e muitos anos para adentrar nos mistérios e complexidade dessa forma de análise.

                É isso pessoal. Quem tiver vontade e paciência de ler todos os livros em ordem de complexidade do iniciante ao avançado, creio que no final atingirá um razoável grau de conhecimento sobre os mercados. Se não o suficiente para sair ganhando 20/25% aa (o que algumas pessoas pensam ser possível, mesmo sem qualquer conhecimento mais profundo, num grande ato de auto-engano, conhecido nas finanças comportamentais como overconfidence), pelo menos para formular as próprias idéias sem seguir cegamente quem quer que seja, bem como para sobreviver e prosperar no mercado com mais segurança, e esse é o meu objetivo primordial de dedicar tanto tempo a esta parte do conhecimento humano: poder alcançar e manter minha IF com certa segurança do que estou fazendo, sabedor é claro que podem ocorrer diversos cisnes negros e tudo ir para o saco, mas daí estamos falando de coisas completamente fora do nosso controle.


- LIVROS QUE TRATAM SOBRE FINANÇAS DE FORMA MAIS GERAL E LÚDICA

                Colegas, aqui são livros que tratam sobre diversos temas desde bolhas imobiliárias (que é um assunto que atrai muita atenção de jornalistas econômicos) a quants. São livros divertidos e muitas vezes instrutivos de se ler. Cito apenas alguns, há diversos outros. O último livro que cito é uma obra-prima sobre um tema extremamente atual e interessante: finanças comportamentais




- “Crash” do Alexandre Vergignassi
            Este é um livro escrito por um jornalista que trabalha para a superinteressante. É um livro bem bacana e foca na história de diversos “crash” de forma bem lúdica. Uma das coisas mais interessantes que li foi saber que no antigo império romano se tentou congelar preços e em menos de três meses começou a ocorrer desabastecimentos (alguma semelhança com o Brasil da dedada de 80, ou nossos hermanos argentinos e venezuelanos atualmente?). Recomendo




- “Bumerangue” do Michael Lewis
                O autor possui diversos livros sobre W. Street, mercados, etc. Nesse, o autor tentar contar a história da crise de 2008 na perspectiva de alguns países protagonistas como Grécia, Islândia, Irlanda e Alemanha. Acha que estamos numa bolha imobiliária no Brasil? É porque você não viu o que ocorreu na Irlanda. Acha que é só no Brasil que o pessoal passa preços inferiores na escritura quando compra e vende um imóvel para pagar menos imposto? É porque você não leu mais profundamente sobre a Grécia. Aliás, as semelhanças da Grécia com o Brasil em muitas matérias é aterradora. Eu fico imaginando que daqui uns 30 anos (quando seremos um país muito mais envelhecido) talvez a gente se transforme numa Grécia piorada, se não abrirmos nossos olhos para os diversos desafios e problemas que nosso país possui para os próximos 20 anos. Quer ver um país inteiro ficar louco pela ganância? Veja o caso da Islândia. O livro é muito bem escrito e divertidíssimo, e nos dá uma panorâmica da crise européia iniciada em 2008.


 
- “Mentes Brilhantes, rombos Bilionários” do Scott Paterson
                Este é um livro focado na crise de 2008 pela perspectiva dos quants. Os quants são aqueles gênios que modelam atualmente o mundo das finanças em busca de retornos superiores.  O livro é interessante, mas não é tão massa de ler como um “Bumerangue”. O mais interessante é que os personagens do livro são tão brilhantes e geniais que você acha que eles não existem de verdade. Qual foi a minha surpresa ao ver que o livro “Expected Returns” foi prefaciado por um deles: Clifford Asness.



- “Salve-se quem puder”  Edward Chancellor
                É um livro sobre bolhas. Desde a famosa bolha das tulipas, as bolhas nas IPOs (sim, a história de bolha em IPO é antiga) da Inglaterra do século 18, passando pelo crash de 29, a bolha japonesa, bolha tecnológica e muito mais. Como o livro é um pouco mais antigo, o crash de 2008 não é tratado. É um livro interessante para vermos que a loucura humana sempre existiu, e é possível que continue existindo. Talvez em nossas vidas financeiras nós nos deparemos com situações como essa, cabe a nós tentar evitar as armadilhas, e até mesmo prosperar em cenários como esse.

               


- "Rápido e Devagar" do Daniel Kahneman

           Eu parei de ler mais ou menos na metade nesse livro no ano passado, e ainda não voltei. Para quem não conhece o Kahneman ele foi, junto com Amos Tversky infelizmente já falecido, o fundador da área de estudo chamada finanças comportamentais. O tema é muito vasto e merece um artigo próprio. Resumidamente, as finanças comportamentais vão colocar em cheque a crença de que os agentes são seres racionais maximadores de utilidade. Há um grande debate, muito em parte pelos ensinamentos das finanças comportamentais, se a teoria dos mercados eficientes pode se sustentar ou não, já que a mesma é baseada em agentes racionais. Há diversos livros que trata sobre o tema, mas nada melhor do que ir na fonte, e esse é um grande livro para se fazê-lo. Acha que pode bater o mercado com pouco conhecimento e pouca prática? As finanças comportamentais explicam. Está maravilhado com os retornos conseguidos nos últimos meses ou ano (o que é conhecido como um erro de extrapolar os resultados recentes para o futuro, dando um grau menor de importância para os resultados mais antigos, o que é outro erro)? As finanças comportamentais explicam. É um grande campo de estudos para nos deixar mais conscientes das nossas limitações e para diminuir as nossas eventuais grandes expectativas com os mercados. Como já dizia Sócrates: "Homem, conhece-te a ti mesmo", não há nada melhor do que estudar finanças comportamentais para conhecer nós mesmos, pelo menos sobre a ótica de investidores.


            Há muitos livros sobre estes temas. E tenho certeza que os colegas conhecem diversos outros. Os livros aqui citados foram apenas uma sugestão de leitura.


LIVROS SOBRE FII/REITS


               A literatura sobre FII no Brasil é quase inexistente. Uma literatura mais profunda sobre FII simplesmente não existe no Brasil. Como é um instrumento financeiro que gosto bastante, e como sei que muitas pessoas também gostam, indico algumas leituras.


- “Introdução aos Fundos de Investimento Imobiliário” do Andre Bacci
                O André é um dos colaboradores do site Bastter. É um sujeito bem inteligente e esforçado, e entende bastante de FII, principalmente dos de papel. Ele possui um e-book, não consegui capturar nenhuma imagem para colocar aqui, sobre FII. É um livro bacana e interessante para quem está iniciando no mundo dos FII, sendo que há alguns capítulos bem legais sobre legislação e declaração de IR nos FII.


- “Fundos de Investimento Imobiliário” do Cristian Tetzner
                O Tetzner possui um livro sobre FII. Infelizmente, nunca o li, mas se o livro for tão organizado e caprichoso como o seu BLOG, creio que deve ser uma leitura bacana.






-Artigos do Soulsurfer sobre o tema no Blog Pensamentos Financeiros

                Pô, deixa eu vender o meu peixe aí! Ehhehe Creio que a leitura dos meus artigos sobre o tema, modéstia a parte, podem dar bons insights sobre os FII, bem como para sua importância e finalidade dentro de um portfólio. Cito os seguintes artigos: http://pensamentosfinanceiros.blogspot.com.br/2014/01/fii-pessimo-negocio.html (primeiro artigo sobre a importância e finalidade dos FII como geradores de renda), http://pensamentosfinanceiros.blogspot.com.br/2014/02/comentarios-sobre-fii-fundos-com-rmg-e.html (um dos sete artigos sobre análise de cada FII em particular),  http://pensamentosfinanceiros.blogspot.com.br/2014/04/fii-meu-rating-pessoal-dos-fundos.html (meu rating com os melhores FII), http://pensamentosfinanceiros.blogspot.com.br/2014/04/reits-um-estudo-sobre-suas.html (estudo sobre os REITs em mais de 12 temas diferentes. Foi um dos bons artigos que escrevi, e não lembro de ter visto nada parecido escrito em língua portuguesa), http://pensamentosfinanceiros.blogspot.com.br/2014/04/fii-vamos-de-all-in.html (artigo sobre diversificação em FII, e por qual motivo concentrações muito altas podem carregar riscos altos, sem retornos tão maiores),  http://pensamentosfinanceiros.blogspot.com.br/2014/05/fii-minha-carteira-meus-erros-e-meu.html (falo sobre minha carteira em FII e meus erros, e tento passar a ideia que a busca por uma carteira "perfeita" em FII é algo que apenas vai consumir o seu tempo, e não vai te trazer retornos adicionais)http://pensamentosfinanceiros.blogspot.com.br/2014/05/investimentos-imoveis-proprios-fii-cap.html (artigo fazendo uma comparação com imóveis próprios, abordando diversos aspectos, creio que é um bom artigo para refletirmos sobre as vantagens dos FII como geradores de caixa) e http://pensamentosfinanceiros.blogspot.com.br/2014/05/fii-parametros-objetivos-para-analise-e.html (artigos sobre filtros prévios para análise de um FII).
Eu creio que com a leitura desses artigos, combinada com um estudo dos FII individualmente por conta própria, é material mais do que suficiente para a pessoa montar uma carteira boa de FII, e evitar algumars armadilhas.



- "Investing in Reits" Ralph L. Block
Se alguém realmente quer entender mais profundamente sobre FII (além de ler os meus artigos! brincadeira:)), esse livro é leitura imprescindível. Apesar de ser focado em REITs (os FII americanos, ou os FII seriam os REITs americanos?), inúmeras questões são analisadas detidamente no livro: gestão passiva x gestão ativa, alavancagem, diferenças setoriais, requisitos objetivos de um bom REIT, retornos históricos, riscos, alocação ideal de REITs num portfólio, e muitos outros temas. Foi por meio da leitura desse livro, e pelo meu estudo sobre REITs, que fiquei mais confortável em destinar 25/30% do meu patrimônio para investir em FII (é a alocação que espero chegar no futuro, pois vou indo aos poucos).


             Colegas, depois de completado esse ciclo de livros, eu gostaria de me aprofundar mais em análise técnica e derivativos. Sendo assim, se alguém possuir material de iniciante até intermediário sobre análise técnica (já li um livro sobre Candles e estou vendo alguns vídeos na internet) e sobre derivativos para indicar ficarei bastante agradecido.

            É isso colegas, espero que tenham gostado destes últimos dois artigos sobre indicações bibliográficas e de que alguma maneira possa ser útil para alguém.

               Grande abraço!






sábado, 14 de junho de 2014

BIBLIOGRAFIA - INDICAÇÕES DE LIVROS SOBRE INVESTIMENTO - PARTE 1

                Olá colegas!  A colega Paris2022  perguntou sobre alguma indicação bibliográfica. Vou fazer um passeio sobre os livros de finanças em português, mas também em Inglês (infelizmente a literatura de mais profundidade apenas em língua inglesa). Alguns dos livros citados eu não li, mas como já vi referências sobre eles, irei citá-los mesmo assim.

LIVROS  PARA QUEM PENSA CONSIGO MESMO “DO QUE ELES ESTÃO FALANDO?”

                Aqui são livros destinados a pessoas que nunca pensaram seriamente sobre educação financeira. Provavelmente, essa é a fase mais importante da educação financeira de uma pessoa. É o momento que vários insights serão formados, que a pessoa poderá perceber que altos salários não necessariamente redundam em altos patrimônios, e que devemos concentrar em ter ativos, não passivos. São vários livros nessa linha, cito alguns:




- “Pai rico, Pai pobre” de Robert T. Kiyosaki
É um livro criticado por alguns pela ausência de profundidade. Entretanto, um livro desses tem que ser tudo, menos profundo. É um bom livro para as pessoas começarem a meditar sobre atitudes financeiras mais inteligentes.

- “Investimentos” de Mauro Halfed
Esse é um livro diferente do “Pai Rico, Pai Pobre”, e foca mais em explicar alguns veículos financeiros, não tem a pretensão de discorrer sobre conceitos mais gerais como o livro citado.  É um livro interessante e pode ser lido em algumas horas. O autor sempre comenta na CBN sobre finanças (quando vai se aprendendo um pouco mais sobre finanças, percebe que o comentarista às vezes fala algumas bobagens, mas como educação financeira os comentários são bons).




- livros Conrado Navarro
Depois do Mauro, o Conrado é o mais conhecido educador financeiro. Há vários livros dele, eu li apenas metade de um, não me lembro qual, quando estava na livraria esperando alguma coisa. São livros razoáveis para quem está começando a jornada em educação financeira.




- “O milionário mora ao lado” de Stanley e Danko
Este livro eu nunca li, mas há pessoas que falam bem a respeito. Pretendo ler, pois pelo que li em algum lugar é mais um estudo sociológico do que um livro na linha de “Pai Rico, e Pai Pobre” – que não tenho nenhuma vontade de ler mais algo parecido.

                

     
          Há muitos outros livros nesse nicho. Não há qualquer necessidade de ler mais de dois ou três livros nessa categoria.


LIVROS PARA INICIANTES


                Aqui já são livros para quem já aprendeu a importância das finanças em sua vida, e quer começar a desvendar o mundo aparentemente complexo por trás de números e nomes complicados como Fundos Imobiliários, Debêntures, derivativos, etc. Há muitos livros para se ler também, e felizmente livros em português.




- “Investindo em Small Caps” de Anderson Lueders
Esse é o livro do amigo Anderson. Já li duas vezes, e é muito bem escrito e organizado. Aqui, a pessoa pode ter um primeiro contato com métricas fundamentalistas (P/L,P/VP, margens, etc) de uma maneira fácil de compreender. É um bom ponto de começo, antes de ler outros livros.





- “O Investidor Inteligente” de Benjamim Graham
                Esse aqui é um clássico da década de 60. Deveria ser lido por todos que querem investir, principalmente de forma ativa. O autor foi o primeiro, pelo menos de forma sistemática, a analisar ações por meio de filtros prévios fundamentalistas, e a considerar que as ações poderiam ter preços justos, o que leva a ações estarem sobre ou sub avaliadas. O seu grande livro é “Security Analyses” escrito na década de 30, porém este livro é mais técnico e não possui tradução para o português. 




- “Ações comuns, Lucros extraordinários” de Philip Fischer
                Esse é um  livro clássico de Philip Fischer da década de 50. Para quem não sabe, Fischer foi um dos mentores de W.Buffett. Foi dele que o nosso amigo de Omaha veio com a máxima “empresas com vantagens competitivas a preços razoáveis”.  O Graham queria comprar ações baratas, o Fischer não se importava em pagar múltiplos esticados, mas não muito, se a empresa fosse, baseado em seus critérios que são bem objetivos (não é algo meio que subjetivo de dizer que uma empresa é simplesmente "boa" e deve a atender a critérios do investidor, sem especificar quais seriam estes), muito boa. O Buffett resolveu pegar o melhor dos dois mentores, e veio com empresas com vantagens competitivas a preços razoáveis (atenção, não a qualquer preço).
Ótimo livro. Recomendo a leitura.


- Faça Fortuna com ações, antes que seja tarde” de Décio Bazin e “O mercado acionário em 25 episódios” do Paulo Portinho
                Eu não li esses dois livros (apenas uma parte do livro do portinho). Entretanto, sempre ouvi falar muito bem desses livros, e creio que seja uma boa leitura. O portinho possui um blog, e é um cara que entende bastante sobre o mercado. Os livros, pelo que já ouvi falar, tratam do mercado acionário com uma abordagem simples para quem ainda não está habituado.






- “Warren Buffett e análise de balanços” de Mary Buffet
Este é um livro simples que se pode ler em duas horas. É interessante para quem nunca se deparou com uma balanço de uma empresa e nunca teve que refletir a respeito. Porém, este livro está longe, em minha opinião é claro, de ensinar qualquer estratégia que já não esteja devidamente precificada. Basta refletirmos se a leitura de um livro em duas horas seria suficiente para descobrimos “jóias” escondidas no mercado acionário, com suas vantagens competitivas duráveis a preços razoáveis. Parece-me que estaríamos nos auto-enganando. As coisas são simples, mas não tão simples.  Entretanto, é um bom livro para quem está começando a ler sobre investimentos.




- “O jeito Peter Lynch de investir” de Peter Lynch
                Eu não li esse livro, mas pretendo.  O nosso amigo Além da Poupança gosta bastante dele. Pelo pouco que sei o Lynch gosta de empresas de crescimento com desconto nos múltiplos (e quem não gosta?), o que na verdade nada mais é do que empresas com PEG  (PRICE/ERNIGNS/GROWTH) baixo. Deve ser uma boa leitura.





Há inúmeros outros livros como “Bola de Neve”, “O Jeito Ken Fischer de investir”, etc. Entretanto, a partir de certa leitura, os livros talvez começarão a se tornar repetitivos. Logo, não há necessidade de ler todos os livros aqui listados.


LIVROS INTERMEDIÁRIOS

                Estes já são livros para quem compreendeu os fundamentos do funcionamento do mercado de capitais e seus conceitos básicos e deseja se aprofundar em temas um pouco mais complexos. Há alguns livros traduzidos para o português, mas boa parte da literatura é em língua inglesa.




“Investindo em ações no longo prazo” do Jeremy Siegel
                Este é um livro interessante do professor Jeremy Siegel. Muitos dados são apresentados, e é muito trabalhado no livro a questão de prêmio pelo risco (equity premium se falarmos do mercado acionário). É uma boa leitura para se acostumar com alguns dados históricos do mercado.






- “Valuation – Como precificar ações” do Alexandre Póvoa
                Este é o único livro brasileiro nessa categoria. Foi escrito por um gestor financeiro de banco, se não me engano. Aborda a forma de tentar encontrar o valor intrínseco de uma ação de uma forma bem didática. O livro é bacana, e a primeira parte é dedicada a análise de alguns filtros fundamentalistas, sendo que o restante do livro é devotado a valuation.






-“ All About Asset Allocation”  do Richard Ferri
                 Um ótimo livro que trata sobre alocação de ativos. Por qual motivo matemático e lógico devemos diversificar? O livro tenta responder essa pergunta, e por meio da introdução de conceitos como fronteira eficiente, volatilidade dos retornos, portfólio otimizados, muitos conceitos interessantes são apreendidos.







- “The Intelligente Asset Allocator”  do Willian Berstein
                Livro que também trata sobre asset allocation do conhecido Berstein.  É um livro um pouco mais aprofundado do que o de Ferri, com alguns insights bem interessantes. Creio que a leitura de ambos os livros é suficiente para se ter uma boa noção do cabedal teórico do asset allocation.








-  “The Quest for Alpha” do Larry E. Swedroe
                Esse é um livro bacana que foca única e exclusivamente em analisar se a busca por alpha (termo utilizado no mercado financeiro para retornos em excesso, depois de ajustado pelo risco, sobre um determinado benchmarket) produz resultados ou não. O autor analisa dezenas de estudos sobre fundos de pensão, fundos hedge, fundos de investimento e investidores individuais. Os dados são aterradores de como uma estratégia ativa é derrotada, por larga vantagem, por uma simples gestão passiva. Em relação aos investidores não profissionais então (pessoas físicas)  a diferença é absurda. Todos aqueles que acreditam no mantra da gestão ativa como escolher “boas empresas” deveriam ler este livro para ao menos refletirem para saber se horas dedicadas a análise de empresas e balanços realmente produz algum resultado satisfatório, principalmente se levarmos em conta o custo de oportunidade.


-  “A random Walk Down Wall Street”  do Burton G. Malkiel
                O livro é um clássico da década de 70. É uma leitura bem bacana sobre diversas teorias, sobre mercados eficientes, sobre como analisar P/L de uma maneira mais profunda, sobre como graus de precificação elevados podem alterar retornos esperados (algo bem mais complexo que é tratado de forma mais sistemática em  livros mais avançados) e muitos outros tópicos. Recomendo bastante a leitura.






- “What Has worked in investing” – paper da Tweedy and Browne company
                Esse é um paper interessantíssimo feito por uma firma de investimento acerca do que tem provado ser a melhor forma de se investir. O paper advoga os retornos superiores de uma estratégia baseada em valor, baseando-se para tanto em dezenas de estudos feitos em diversas partes do mundo. É muito interessante mesmo, principalmente para mim o estudo que trata de yield e payout, que para mim é um dos grandes filtros fundamentalistas que atualmente eu dou grande prevalência.


-  “Value Averaging” do Michael E. Edleson
                Não, colegas, comprar sem se importar com o preço não é algo nem remotamente novo. São estratégias há muito tempo conhecidas como DCA (dollar cost averaging – a todo período pré-determinado compra-se o mesmo valor em dólar – no nosso caso seria em reais) ou Value Averaging (a cada período se faz com que o investimento cresça por um determinado valor pré-determinado). O livro creio que é de muita valia para quem quer comprar sem olhar a cotação (apesar de funcionar melhor com ETF), pois o DCA é até razoavelmente conhecido, mas o value averaging não, e esta forma de investir produz retornos maiores do que um simples DCA. O autor trabalha muitas variáveis, e é uma leitura interessante.



-“Mitos de Investimento” do Damodaran
                É um livro bem interessante e aborda alguns “mitos” de investimento, como vale a pena investir em empresas com baixo P/L e baixo P/VP? A estratégia contrária (ou seja comprar quando caiu ou vender quando subiu) possui alguma vantagem? É um livro relativamente simples, mas bacana por tentar abordar essas perguntas usuais de uma maneira mais sistemática.

           


 Há muitos outros livros nesta categoria. O Berstein tem inúmeros (Against the Gods,  The investor´s Manifesto, etc), por exemplo, e há vários outros autores. Meu intuito não foi fazer uma revisão completa, até porque seria humanamente impossível, mas apenas apontar alguns livros para se dar uma panorâmica um pouco mais completa dos mercados financeiros.


                É isso aí, na continuação falo de livros avançados, livros sobre finanças, mas com outros enfoques e um pouco sobre literatura em FII.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

COPA - COMEÇAMOS MAL...


                Colegas, estava terminando o meu artigo sobre recomendações de leitura, mas depois dos acontecimentos de ontem, resolvi escrever sobre minha visão. Vou escrever sobre três fatos que infelizmente para mim denotam muitas características atuais da nossa sociedade brasileira.

                Primeiramente, foi o quase “boicote” para algo simplesmente fabuloso. Refiro-me ao exoesqueleto fruto do trabalho da equipe do professor Miguel Nicolelis. Para quem não sabe, este cientista é o mais cotado para ser o primeiro brasileiro a ganhar um prêmio Nobel, e se o fizer será na área da ciências, e não em prêmio como de literatura e paz (que são importantíssimos, e geralmente são os únicos prêmios que pessoas de países mais pobres ganham). O trabalho dele é interessantíssimo e está na vanguarda da ciência. Ele trabalha a interface homem-máquina, e este brasileiro pode dar contribuições absolutamente fabulosas para a humanidade.  Além do mais, Nicolelis possui um projeto educacional interessantíssimo sendo realizado no Nordeste. A ideia dele é levar ensino de alta qualidade para regiões carentes educacionalmente falando. Em suma, o cara é um brasileiro para se ter orgulho e tirar o chapéu.

                                              Miguel Nicolelis, grande cientista brasileiro

                Pois bem, lembro de uma entrevista dele no roda viva da TV cultura há uns anos atrás, ele dizendo que se empenharia bastante para fazer com que um tetraplégico desse o pontapé inicial para a copa do mundo usando um exoesqueleto montado por sua equipe. Para mim, esse seria o auge da abertura da copa, mostrar para o mundo que o Brasil estava mudando, que nós somos capazes de produzir conhecimento científico de alta qualidade. Para minha completa frustração, não só esse ato sensacional não foi destaque, como ele não foi sequer televisionado.  Isso me deu uma tremenda tristeza.  Ficamos uns bons cinco minutos mostrando uma música chata e repetitiva (logo  nós que possuímos uma riqueza musical que nenhum outro país do mundo tem), com dois estrangeiros cantando em inglês em PlayBack, e uma brasileira rebolando até o chão. Ficou muito claro para o que os brasileiros dão importância e relevo, e a ciência e o conhecimento não estão nem de longe em primeiro plano.

Experiência fantástica. Há centenas de eletrodos conectados ao cérebro do rapaz, esses dispositivos "traduzem" a atividade eletromagnética do cérebro para estímulos que movimentam um exoesqueleto mecânico.

                O segundo fato lamentável foi o coro xingando com palavras de baixo calão a presidente da república. Ah, Soul, eu não gosto do PT, não gosto do governo, para mim estão fazendo um monte de bobagem, fazendo o Brasil retroceder, tem que protestar mesmo. Colega, eu tendo a concordar com quase tudo.  Creio que temos, enquanto sociedade e cidadãos, que mostrar nosso descontentamento.  Porém, há uma grande distância entre falta de respeito e baixo nível com um protesto legítimo.  Gostemos ou não, a Presidente Dilma estava naquela solenidade representando o Brasil.  Receber vaias seria do jogo democrático, ofender com xingamentos apenas demonstra com nós estamos regredindo no debate político no Brasil a olhos vistos.

                No filme tróia, quando o Rei de Tróia vai pedir a Aquiles que devolva o corpo do seu filho Hector para que ele possa ter um enterro digno, Aquiles diz que se ele entregasse o corpo do filho do rei, isso não representaria que eles não voltariam a ser inimigos no outro dia. O rei responde que eles continuariam sendo inimigos mesmo naquela oportunidade, mas que mesmo entre inimigos deve haver respeito. Se é necessário haver respeito mesmo entre inimigos de guerra, e é por isso que existe uma convenção internacional sobre condutas aceitáveis ou não na guerra – A Convenção de Genebra-, é mais claro ainda que deve haver respeito entre adversários políticos. Quando  o respeito é perdido, a possibilidade de diálogo diminui. Se o diálogo não é mais possível, a única forma de resolução de conflitos é pela violência. Se o conflito é grande e a sociedade é polarizada, isso descamba em guerra civil.

                Portanto, o respeito é fundamental para evoluirmos enquanto humanos e sociedade. O fato de alguns brasileiros terem xingado a própria presidente para todo o mundo assistir, apenas demonstra  a agressividade cada vez mais latente em nossa sociedade, bem como um total despreparo para conviver com o outro, algo que é cada vez mais fundamental em sociedades urbanas cada vez mais complexas. Eu imagino o exemplo que um pai ou uma mãe deram ontem ao xingar uma pessoa na frente de seus filhos. É assim que queremos construir um país melhor?

                Não gosta do governo, ou do partido que está no poder? Ótimo. Em outubro teremos eleições, participe do processo, tente influenciar positivamente outras pessoas, procure se informar. A polarização crescente do nosso debate político (coxinhas x petralhas, PIG, imprensa golpista, etc, etc) com críticas de caráter unicamente subjetivo (que são verdadeiras falácias) e não discussões de idéias apenas vai produzir um país pior.  Precisamos voltar a debater idéias no Brasil, se quisermos superar o desafio da renda média, como bem ilustrado pelo Troll no seu último artigo, e caminhar para um desenvolvimento social, econômico e humano desse país.

                Por fim, sabemos que o futebol brasileiro sempre foi de “malandragem”. Boa parte das pessoas até mesmo enaltece esse comportamento. Porém, convenhamos que isso não é das práticas éticas mais recomendadas. O jogador Fred ao simular um pênalti mostra que a tendência do brasileiro de se aproveitar da ingenuidade, credulidade ou erro de outras pessoas ainda está bem viva entre nós.  Ah, Soulsurfer, é do jogo, isso é viagem sua. Sim, pode ser do nosso jogo, mas não é algo comum de ocorrer em outros países, principalmente os europeus.  O problema é saber se esse tipo de comportamento não pode ser um mau exemplo para muitas outras pessoas que podem associar que é justificável certas atitudes de caráter ético duvidoso para obter algum fim específico. Como desejar transparência e seriedade na política, se talvez nós não nos comportamos assim no dia a dia? Tal fato se mostrado para todo mundo numa abertura de copa do mundo, apenas escancara o problema.

Fred desabando como um saco de batatas largado sobre a influência da gravidade. Precisamos realmente disso?

                Enfim, colegas, não gostei muito do que eu vi na abertura da copa. Vamos ver como se desenrola o resto do campeonato.


          Abraço a todos!

quarta-feira, 11 de junho de 2014

REFLEXÃO - VIDA, A PERGUNTA FUNDAMENTAL

                Olá amigos! Soulsurfer um pouco baleado por uma cirurgia feita na segunda-feira. Ficar de molho por alguns dias. Resolvi escrever, mas não vou me alongar muito em nenhum tópico. O pequeno artigo de hoje é sobre uma reflexão fundamental na vida de qualquer pessoa.

                Há um monge budista vietnamita chamado Thich Nhat Hanh que eu admiro bastante. Perguntaram para ele o que ele achava sobre a condição humana atual. A resposta dele foi  simples e brilhante ao mesmo tempo, e foi contada em forma de uma pequena história. Havia um homem cavalgando muito rápido sobre uma estrada. Um amigo deste homem intrigado por qual motivo o mesmo cavalgava de maneira tão rápida, perguntou para onde ele estava indo, sendo que o homem respondeu “não sei”, “pergunte ao cavalo”. Essa descrição, meus amigos, foi a mais perfeita que já vi sobre a condição humana atual.

                Você sabe onde está indo, ou está sendo conduzido de maneira inconsciente pelo cavalo (uma metáfora para a vida)? Os valores que você busca são seus, ou de alguma maneira foram aceitos acriticamente? Para responder a essa dúvida fundamental, eu criei a seguinte pergunta e exercício mental: SE EU TIVESSE APENAS MAIS TRÊS ANOS DE VIDA, A MINHA VIDA MUDARIA  COMPLETAMENTE, MUITO OU  POUCO?

                Por que razão escolheu o prazo de três anos Soul? Se o prazo fosse muito curto como um mês, parece-me claro que a vida iria modificar radicalmente, por mais satisfeita que a pessoa pudesse estar com a sua vida, afinal seria apenas mais um mês de existência. Se o prazo fosse muito longo, como 10/15 anos, uma pessoa não satisfeita com a sua vida poderia talvez continuar na mesma rotina, já que o mal morte ainda estaria localizado num futuro longínquo

             Logo, três anos não é um prazo longo, se fosse a sua vida em jogo, mas também não é um prazo curto. Portanto, assim evitam-se extremos de hedonismo radicalizado, no caso de prazos muito curtos, e imobilismo, no caso de prazos muito longos. Se a alguém fossem dados apenas mais três anos de vida, essa pessoa teria que refletir profundamente sobre os seus relacionamentos, seus objetivos, seu trabalho, enfim sua vida na totalidade.

                E você? Mudaria completamente a sua vida? Então, amigo, sua vida não está equilibrada, e quem, infelizmente, está conduzindo a sua vida é o cavalo, não você. Mudaria algumas coisas, mas no cômputo geral seguiria o rumo que tem tomado? Parabéns, isso mostra que você tem uma vida razoavelmente plena, precisando talvez de alguns ajustes apenas.  Foi ao fazer essa pergunta há alguns anos atrás que percebi que minha vida precisava de mais reflexão, e que precisava fazer ajustes para ter uma vida mais satisfeita comigo mesmo.

                Fica aqui a provocação, não esquecendo nunca que talvez daqui a três anos não estejamos vivos, e nunca é cedo demais para refletir sobre quem realmente está no controle das nossas vidas, bem como para onde nós realmente desejamos ir.

                                         Um grande homem: Thich Nhat Hanh

             Grande abraço a todos!