sexta-feira, 13 de junho de 2014

COPA - COMEÇAMOS MAL...


                Colegas, estava terminando o meu artigo sobre recomendações de leitura, mas depois dos acontecimentos de ontem, resolvi escrever sobre minha visão. Vou escrever sobre três fatos que infelizmente para mim denotam muitas características atuais da nossa sociedade brasileira.

                Primeiramente, foi o quase “boicote” para algo simplesmente fabuloso. Refiro-me ao exoesqueleto fruto do trabalho da equipe do professor Miguel Nicolelis. Para quem não sabe, este cientista é o mais cotado para ser o primeiro brasileiro a ganhar um prêmio Nobel, e se o fizer será na área da ciências, e não em prêmio como de literatura e paz (que são importantíssimos, e geralmente são os únicos prêmios que pessoas de países mais pobres ganham). O trabalho dele é interessantíssimo e está na vanguarda da ciência. Ele trabalha a interface homem-máquina, e este brasileiro pode dar contribuições absolutamente fabulosas para a humanidade.  Além do mais, Nicolelis possui um projeto educacional interessantíssimo sendo realizado no Nordeste. A ideia dele é levar ensino de alta qualidade para regiões carentes educacionalmente falando. Em suma, o cara é um brasileiro para se ter orgulho e tirar o chapéu.

                                              Miguel Nicolelis, grande cientista brasileiro

                Pois bem, lembro de uma entrevista dele no roda viva da TV cultura há uns anos atrás, ele dizendo que se empenharia bastante para fazer com que um tetraplégico desse o pontapé inicial para a copa do mundo usando um exoesqueleto montado por sua equipe. Para mim, esse seria o auge da abertura da copa, mostrar para o mundo que o Brasil estava mudando, que nós somos capazes de produzir conhecimento científico de alta qualidade. Para minha completa frustração, não só esse ato sensacional não foi destaque, como ele não foi sequer televisionado.  Isso me deu uma tremenda tristeza.  Ficamos uns bons cinco minutos mostrando uma música chata e repetitiva (logo  nós que possuímos uma riqueza musical que nenhum outro país do mundo tem), com dois estrangeiros cantando em inglês em PlayBack, e uma brasileira rebolando até o chão. Ficou muito claro para o que os brasileiros dão importância e relevo, e a ciência e o conhecimento não estão nem de longe em primeiro plano.

Experiência fantástica. Há centenas de eletrodos conectados ao cérebro do rapaz, esses dispositivos "traduzem" a atividade eletromagnética do cérebro para estímulos que movimentam um exoesqueleto mecânico.

                O segundo fato lamentável foi o coro xingando com palavras de baixo calão a presidente da república. Ah, Soul, eu não gosto do PT, não gosto do governo, para mim estão fazendo um monte de bobagem, fazendo o Brasil retroceder, tem que protestar mesmo. Colega, eu tendo a concordar com quase tudo.  Creio que temos, enquanto sociedade e cidadãos, que mostrar nosso descontentamento.  Porém, há uma grande distância entre falta de respeito e baixo nível com um protesto legítimo.  Gostemos ou não, a Presidente Dilma estava naquela solenidade representando o Brasil.  Receber vaias seria do jogo democrático, ofender com xingamentos apenas demonstra com nós estamos regredindo no debate político no Brasil a olhos vistos.

                No filme tróia, quando o Rei de Tróia vai pedir a Aquiles que devolva o corpo do seu filho Hector para que ele possa ter um enterro digno, Aquiles diz que se ele entregasse o corpo do filho do rei, isso não representaria que eles não voltariam a ser inimigos no outro dia. O rei responde que eles continuariam sendo inimigos mesmo naquela oportunidade, mas que mesmo entre inimigos deve haver respeito. Se é necessário haver respeito mesmo entre inimigos de guerra, e é por isso que existe uma convenção internacional sobre condutas aceitáveis ou não na guerra – A Convenção de Genebra-, é mais claro ainda que deve haver respeito entre adversários políticos. Quando  o respeito é perdido, a possibilidade de diálogo diminui. Se o diálogo não é mais possível, a única forma de resolução de conflitos é pela violência. Se o conflito é grande e a sociedade é polarizada, isso descamba em guerra civil.

                Portanto, o respeito é fundamental para evoluirmos enquanto humanos e sociedade. O fato de alguns brasileiros terem xingado a própria presidente para todo o mundo assistir, apenas demonstra  a agressividade cada vez mais latente em nossa sociedade, bem como um total despreparo para conviver com o outro, algo que é cada vez mais fundamental em sociedades urbanas cada vez mais complexas. Eu imagino o exemplo que um pai ou uma mãe deram ontem ao xingar uma pessoa na frente de seus filhos. É assim que queremos construir um país melhor?

                Não gosta do governo, ou do partido que está no poder? Ótimo. Em outubro teremos eleições, participe do processo, tente influenciar positivamente outras pessoas, procure se informar. A polarização crescente do nosso debate político (coxinhas x petralhas, PIG, imprensa golpista, etc, etc) com críticas de caráter unicamente subjetivo (que são verdadeiras falácias) e não discussões de idéias apenas vai produzir um país pior.  Precisamos voltar a debater idéias no Brasil, se quisermos superar o desafio da renda média, como bem ilustrado pelo Troll no seu último artigo, e caminhar para um desenvolvimento social, econômico e humano desse país.

                Por fim, sabemos que o futebol brasileiro sempre foi de “malandragem”. Boa parte das pessoas até mesmo enaltece esse comportamento. Porém, convenhamos que isso não é das práticas éticas mais recomendadas. O jogador Fred ao simular um pênalti mostra que a tendência do brasileiro de se aproveitar da ingenuidade, credulidade ou erro de outras pessoas ainda está bem viva entre nós.  Ah, Soulsurfer, é do jogo, isso é viagem sua. Sim, pode ser do nosso jogo, mas não é algo comum de ocorrer em outros países, principalmente os europeus.  O problema é saber se esse tipo de comportamento não pode ser um mau exemplo para muitas outras pessoas que podem associar que é justificável certas atitudes de caráter ético duvidoso para obter algum fim específico. Como desejar transparência e seriedade na política, se talvez nós não nos comportamos assim no dia a dia? Tal fato se mostrado para todo mundo numa abertura de copa do mundo, apenas escancara o problema.

Fred desabando como um saco de batatas largado sobre a influência da gravidade. Precisamos realmente disso?

                Enfim, colegas, não gostei muito do que eu vi na abertura da copa. Vamos ver como se desenrola o resto do campeonato.


          Abraço a todos!

26 comentários:

  1. Realmente o garoto no exoesqueleto não ter sido mostrado foi lamentável, pois o trabalho desse homem é algo que devia ser mostrado e financiado. Xingar a Dilma tbm não foi positivo pq os olhos do mundo estavam ali. Má fama é ruim para os negócios. E por fim, o penalti inexistente que permitiu ao Brasil virar o jogo, fazendo com que a Croácia se abrisse para o ataque e permitindo o terceiro gol foi realmente decepcionante. Não sei se o àrbitro foi enganado ou estava mal intencionado mesmo (hoje em dia não duvido de mais nada), espero que tenha sido a primeira.

    Ontem foi um dia péssimo para o Brasil em todos os sentidos. E o pior é que a maioria dos brasileiros acha que foi maravilhoso.

    Abs

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    1. Olá, Mr. Rover.
      Primeiramente, parabéns pelo seu blog, dei uma olhada e gostei das postagens.
      Não creio que o árbitro estivesse mau intencionado, ainda mais sendo um japonês. O juiz foi enganado, como qualquer um pode ser enganado seja numa transação comercial, seja por um gerente de banco, etc. Quem nunca foi ludibriado? Também aqui não quero crucificar o jogador brasileiro, mas sim uma certa mentalidade que ainda persiste em nós, de que às vezes é permitido enganar outras pessoas para obter nossos objetivos.

      Obrigado pela visita.

      Abraço!

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  2. Estamos degringolando.

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    1. Espero que não. Não precisamos ser tão pessimistas, mas creio que realmente precisamos começar a prestar atenção em certos aspectos da nossa conduta enquanto sociedade.

      Abraço!

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  3. Comentei a mesma coisa com familiares sobre o show ridículo e enlatado que apresentamos e sobre o exoesqueleto que foi ignorado pelo Galvão.

    Também não gosto das simulações e malandragens e aquele pênalti mandraque me incomodou muito, e foi alvo da imprensa mundial.

    Apenas discordo dos xingamentos à Dilma. Disse no blog de algum colega que não acho excludente torcer pela seleção brasileira e abominar a presidenta. E veja o outro lado, amigo Soul. O governo quer tirar a todo custo proveito da copa no nosso país. E o que vi ontem foi uma manifestação legítima e não violenta, acima de tudo democrática, do povo contra sua representante. Quantas oportunidades de manifestarem DIRETAMENTE para sua representante aquelas pessoas têm no seu dia a dia normal?

    Assim, entendo até sua posição julgando termos xingado o cargo e não a pessoa, mas discordo completamente. Xingou-se aquela que está a frente de um governo incompetente, perdido e com absurdo nível de corrupção.

    Por fim, achei que ontem se fez presente a minha teoria de não serem excludentes nossa torcida pela seleção e nossas manifestações contrários à essa balbúrdia que se encontra no poder do país.

    Abraços.

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    1. Olá Guardião!
      Eu acho as manifestações legítimas, mas atos de desrespeito não, pelo menos na minha concepção.
      Que se vaiasse, que se desse as costas durante 1 minuto para o jogo de protesto, agora dizer xingamentos eu acho que mostra que estamos desorientados. A violência, guardião, não é apenas física, mas também verbal. Há uma distância muito grande entre o ato de vaiar e o ato de xingar na minha concepção. O meu temor é que, do jeito que os ânimos estão a flor da pele, vamos começar a achar que é a mesma coisa, e isso pode simplesmente se alastrar para toda a sociedade. Imagine um Pai com uma criança de sete anos e o pai xingando com palavras de baixo calão uma pessoa em coro? Para mim seria um péssimo exemplo. O que é inusitado é que as pessoas ficam atônitas com os petit sauvage que elas mesmos estão ajudando a criar.

      No mais, concordo contigo colega.

      Abraço!

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    2. Também acho o mesmo do Guardião. Não estava no estádio, mas xingaria a Dilma sem nem pensar 2 vezes. É uma forma de demonstrar a ela o quanto estou insatisfeito, sem agredir ou ultrapassar medidas democráticas. Não fazemos o mesmo quando o técnico erra em uma substituição com o coro de "burro", ou quando o time joga mal e é chamado de "time sem vergonha"? O ambiente (estádio) é do tipo onde esse modelo de protesto existe, e nada a ver querer comparar com falta de respeito. E tenho dito. Ass.: Baiano Letrado

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    3. Este comentário foi removido pelo autor.

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    4. Olá Baiano Letrado!
      Então, num debate seria admitido agressões verbais? Presumo que a resposta seria não.
      Isso nos leva ao ambiente do estádio. Podemos admitir que neste ambiente certas regras de respeito podem ser quebradas (e, com a devida vênia, creio ser situações bem distintas um torcedor "xingando" o técnico de burro de uma situação de abertura de copa do mundo mandar a presidente da república ir tomar no $%). É uma opinião, no qual não compartilho.
      O problema disso é que daqui a pouco pode ser normal num debate público mandar as pessoas se fu..., ir tomar no $%, etc. Não há nada de bom que vem daí, em minha opinião, muito menos no Brasil atual onde não se tem mais qualquer debate de ideias, e talvez nem mesmo em ano de eleições teremos.
      Grato pela participação, colega.

      Abraço!

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    5. Foi entendida sua posição Soul.

      Apenas reafirmo que as agressões verbais se dirigem à pessoa que ocupa um cargo muito acima de sua capacidade, e não ao cargo em si.

      Entendo que você não tenha separado isso, e que por tal razão ache absurda a idéia daquela manifestação. Penso, no entanto, que o brasileiro quer se fazer ouvir para a sua representante, e é um povo irreverente e nada tradicionalista, assim não vê essa formalidade do cargo na questão.

      Enfim, existem formas outras de protestar, é verdade, mas a nossa presidenta nem quis fazer a abertura da copa para não ser vaiada... Isso é uma tradição. O chefe de Estado declarar os jogos abertos! Vaia, como houve na Copa das Confederações, você acha tolerável?

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    6. Olá, Guardião.
      Como disse no texto, a vaia é algo normal em qualquer sociedade madura e democrática, com certeza a palavra não é nem tolerável, pois quem é figura pública tem que saber lidar com isso.
      Eu não entendi a questão do cargo acima de sua capacidade.
      Não creio que seja questão de tradição ou de irreverência, mas de respeito mesmo. Essa semana tivemos o desrespeito de um advogado a liturgia do STF. Ontem desrespeito com palavras de baixo calão.
      Quer gostemos ou não, o atual chefe do executivo foi eleito democraticamente.

      Abraço!

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    7. Ah, concordo que não fazer um discurso de abertura por medo de vaia foi algo lamentável, e mostra fraqueza. Entretanto, isso não é e nunca pode ser motivo para o desrespeito. Ponto de vista apenas, colega!
      Vamos pensar em formas mais criativas e originais para protestar, há diversos exemplos pelo mundo.

      Abraço!

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  4. está muito puritano soul, o estádio é um ambiente hostíl aqui e em qualquer lugar do mundo

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    1. Claro, na minha adolescência eu não saia da Vila Belmiro. Sei muito bem as reações passionais que ocorrem nos estádios. Entretanto, mesmo assim, não achei de bom tom.

      Abraço!

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  5. Soul, só para fazer corrigir um erro. É Nicolelis.

    Excelente artigo, mas o problema do governo, bom.. o problema do governo é complicado... mas vamos que vamos,

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    1. Olá Grace!
      É verdade, obrigado por alertar! Já corrigi para o nome correto.
      Concordo, eu não gosto do atual governo, e muito menos de algumas políticas. Entretanto, tudo tem a sua forma de fazer.
      É como o advogado que chegou no Supremo e quis pautar um processo e ser ostensivo contra o presidente do Judiciário. Ora, não tem o menor cabimento, a liturgias e formalidades que devem ser seguidas, pois senão nós simplesmente regredimos.

      Abraço!

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  6. Respeito é defender o regime genocida de Cuba e de mês em mês tentar dar um golpe socialista no Brasil neh?

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    1. Colega, quando tiver pontos mais objetivos, podemos discutir com base de fatos mais concretos.

      Abraço!

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  7. Não se negocia/conversa com terroristas e ditadores, tem que tirar o PT daí a ponta-pés

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    1. Ok. Vamos supor que se tire um governo eleito a "ponta-pés" - o que eu interpreto que deve ser de uma forma violenta e não democrática.
      Coloca-se alguém no poder. E se as pessoas, ou grupo partidário-ideológico, que foi retirado do poder a "ponta-pés" resolver tirar o novo grupo do poder também a "ponta-pés"? Como faz? Iniciamos uma guerra civil? Basta olhar para o colapso da síria com mais de 160 mil mortos em menos de três anos, para entender que com a solidez das instituições não se brinca, porque o caminho é ladeira abaixo, não morro acima.


      Abraço!

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  8. Ótimo texto, Surfisfa! Contudo, você está confundindo o comportamento humano individual com o coletivo. O sujeito pode ser um gentleman no cotidiano, mas se tornar um animal durante um frenesi de fúria em uma massa de pessoas. E isso não tem nada a ver com covardia ou hipocrisia. É da natureza humana libertar o lado irracional quando em grupos. E um estádio lotado é o palco perfeito para a manifestações de catarse como a que presenciamos, às quais são, de certa forma, úteis para extravasar sentimentos oprimidos.

    Então se o comportamento individual difere do coletivo, insultos num debate de ideias entre duas pessoas devem ser abordados de forma diferente quando tais fatos ocorrem em uma turba.

    Resumindo: xingar a presidente por insatisfação com a condução do País não é diferente de xingar a mãe do juiz que não marca um pênalti claro.

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    1. Troll, você tem razão.

      Contudo, embora o efeito manada sirva para explicar o ocorrido, em nada serve para justificá-lo. Afinal, é sob o mesmo efeito que ocorrem as brigas de torcida, os linchamentos e estupros coletivos, por exemplo, e não há mente sã que possa aceitar tais atos como legítimos.

      Não estou dizendo que você concorda com o xingamento, visto que não emitiu sua opinião.

      Mas emito a minha: Episódio lamentável e sintomático da grave doença social que atinge o Brasil, notadamente nas classes C e B, que parece viver em um mundo polarizado, maniqueísta, onde tudo é preto ou branco, tudo ou nada. Uma sociedade atolada de certezas e que para todos os problemas e dificuldades possui respostas prontas, curtas, radicais e inócuas.

      Uma sociedade que "odeia a corrupção" mas vibra com um pênalti roubado. Uma sociedade que odeia a bolsa-família mas aceita de bom grado as bolsas de estudo das universidades federais. Uma sociedade que odeia a falta de educação da gentalha, mas xinga vorazmente, protegida pelo anonimato da multidão.

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    2. Olá Troll!
      Boa perspectiva, realmente não a mencionei no texto. Não sei se conhece, mas há uma filósofa judia chamada Hannah Arendt (uma das pensadoras mais influentes do século passado) que passou boa parte da vida dela escrevendo e refletindo sobre esse fenômeno. Ela procurou entender o que leva a individualidade a se perder numa loucura coletiva. O que leva um homem que tem filhos, família, trabalhar num campo de concentração? Enfim, o pensamento dela é riquíssimo a respeito, e expressões como "banalização do mal" foram criadas por ela.
      Portanto, você tem razão na parte que afirma que realmente o estádio de futebol é um momento para uma "catarse coletiva", e o que poderia ser um atenuante se compararmos com ofensas deferidas de indivíduo para indivíduo.
      É um ponto interessante. Entretanto, como o colega tarilonte escreveu, poderíamos também amenizar o comportamento de black blocks que quebram agência bancária, pois eles estão "sob influência da multidão"?
      Você pode contraargumentar que quebrar um patrimônio é diferente de agredir verbalmente uma pessoa num estádio de futebol? Sim, são coisas diferentes, mas dentro de um Estado de Direito, as duas manifestações são consideradas inadequadas e ilegais.
      Logo, percebe que partiríamos para um casuísmo do que, apesar de ser desrespeitoso e ilegal, pode ser considerado aceitável?
      Esse é o problema que talvez alguns não percebam. Ao permitimos que um advogado desrespeite o STF ou um ex-presidente - no caso o LULA (mesmo que eles possam ter razão materialmente - não analiso isso), estamos colocando em xeque a própria autoridade do poder Judiciário.
      Ao permitimos que comportamentos desrespeitosos contra uma instituição republicana - no caso uma presidente eleita democraticamente - sejam celebrados, está se colocando em risco as fundações dessas mesmas instituições, pois os apoiadores do atual governo poderão chamar os opositores de FDP, tomar no $%, etc, que vai ser considerado normal. Um estado de coisas como esse para descambar para violência é um passo.

      Por fim, vejo o caso do Juiz (já citado aqui) como algo bem diferente.

      Valeu pela ótima contribuição, Troll!

      Abraço!

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    3. Olá Tarilonte!
      Eu concordo contigo. Não creio que seja apenas de classe B ou C, acho que está espalhado para classes A e D.
      Não vejo como um problema da "elite branca" ou dos "sanguessugas de transferências governamentais", vejo, como você, um problema de início de polarização muito aprofundada. Percebo com certa preocupação, pois um país para ir para frente naturalmente a pluralidade de ideias é bem vinda, mas há necessidade de concordar com certas questões fundamentais.
      Veja o problema da segurança pública. Claramente é um problema supra-partidário, mas se a sociedade estiver tão dividida sobre o "tudo ou nada", talvez seja muito mais difícil fazermos um plano para tentarmos diminuir essa violência absurda que atualmente existe no Brasil. O índice de assassinatos cresceu novamente em 2012 (está em 29 por mil), estamos com a mesma marca de 1980. Regredimos 30 anos nesse ponto.

      Abraço!

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  9. Só desrespeitou a Dilma quem está sendo desrespeitado por ela. Fato.

    FHC cansou de ser xingado por aí e não fizeram esse mimimi todo.

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