segunda-feira, 19 de agosto de 2019

O RECADO (COMPLEXO) QUE VEM DA ARGENTINA


Olá, colegas.  Não, o texto não é uma provocação ao colega Rafael do site Investidor Internacional que publicou artigo com o mesmo título.  O blog dele já foi, e continua sendo, o mais indicado para investimentos internacionais, material de muito boa qualidade. O meu intuito é apenas refletir como um fato pode ser apreendido das mais diversas formas, e procurarei fazer um texto ainda mais abrangente do que o tópico da chamada do artigo.

HORMESE E IATROGENIA–  NICHOLAS NASSIM TALEB

                No começo desse blog, lá pelos idos de 2015, diversas vezes um comentador dizia que eu não entendia os livros que citava, especialmente quando fazia referência ao famoso escritor de “A Lógica do Cisne Negro”.  É bem possível que eu não tenha entendido tudo profundamente, afinal falhas de interpretação é algo normal e natural, ainda mais para alguém que não é superdotado como eu. 

                Desde então, eu reli o livro, e li alguns outros do mesmo autor. Não sei se a minha compreensão aumentou, eu acredito que sim. Apesar de ele ser bastante citado pela comunidade financeira, os conceitos que mais me chamam atenção na obra dele são a Iatrogenia e a Hormese.

                Iatrogenia é um termo bastante usado em medicina, e um dos motivos da minha busca pessoal por autoconhecimento em relação à saúde do meu corpo. Basicamente, esse termo se refere a um dano que pode ser causado quando se realiza um ato na perspectiva de melhorar uma situação.  Por exemplo. Alguém descobre que possui uma hérnia entre a L4-L5. A hérnia não é sintomática, ou seja, a pessoa não sente dor. Um médico resolve mesmo assim operar essa hérnia, e na operação alguma complicação surge. A complicação é a iatrogenia do ato médico de tentar melhorar a situação do achado de imagem (a hérnia entre L4-L5).

                A profissão médica sempre estará sujeita a iatrogenia, pois está lidando com situações limites dentro da complexidade fisiológica de um ser humano. Porém, ao se saber que fazer alguma coisa pode ocasionar efeitos iatrogênicos, pode-se refletir melhor sobre se um determinado ato realmente necessita ser feito. Taleb acredita,  e eu também, que um excesso de medicação e intervenções cirúrgicas pode ocasionar mais mal do que bem, justamente pelo efeito iatrogênico.

                O outro conceito, Hormese, é muito interessante.  Ele é central para a toda a linha de argumentação do Taleb. Na verdade, talvez seja o conceito mais importante tratado por ele no imenso livro de 700 páginas “Antifrágil”. Hormese é o fenômeno de que um organismo submetido a uma dose moderada de algum estressor pode na verdade ocasionar que esse organismo saia fortalecido e não enfraquecido.

                Exercício com cargas, por exemplo, é um caso típico de Hormese. Ao se levantar cargas pesadas, submetemos o nosso organismo a um estressor externo, nosso corpo sofre com o stress momentâneo, mas como uma forma de se preparar para futuros stress parecidos, nosso corpo se adapta criando, e aumentando, fibras musculares, nos tornando mais fortes, para que assim nosso organismo não seja estressado ao ser submetido novamente a uma sessão de levantamento de peso.

                A Hormese está presente em tudo. Expor o corpo ao frio fortalece o mesmo. Expor o corpo ao calor fortalece o mesmo. Talvez a exposição alguma desilusão profissional, ou amorosa, tem o efeito de nos tornar mais resilientes. Esse é um dos motivos, e claro compatível com a idade, pelos quais não irei tirar todos os estressores da vida da minha filha. Muito amor e Hormese controlada e compatível para uma criança, talvez seja a forma de se criar adultos fortes e resilientes.

                Infelizmente, quase nunca vejo pessoas que comentam a obra de Taleb abordando esses dois tópicos que em minha opinião são centrais para entender o pensamento desse escritor.

SISTEMAS COMPLEXOS


                A fisiologia de um corpo humano é de uma complexidade ímpar, isso ninguém pode negar. Quanto mais complexo um sistema, por uma questão de lógica, mais iatrogenia pode ser ocasionada por alguma interferência nesse mesmo sistema. Talvez uma medicação que suprima um determinado hormônio para aliviar algum sintoma no fígado, pode ocasionar uma interferência em como uma determinada parte do cérebro processa uma determinada proteína. Talvez, ao se testar a medicação, nunca se imaginasse que uma proteína poderia ter os seus efeitos modificados numa região do cérebro, e não se imaginou, pois como dito a fisiologia do corpo humano é complexa com milhares, dezenas de milhares, de interações entre hormônios, enzimas, genes, moléculas sinalizadoras, etc.

                Se o corpo humano é complexo, as sociedades modernas do século 21 são sistemas ainda mais complexos. A complexidade das interações humanas é tão grande,  que  um ser humano (ou um grupo de seres humanos) por mais inteligente que seja não é capaz de antever os efeitos de intervenções profundas na sociedade. Esse é o argumento principal contra regulamentos, a existência do Próprio Estado, de uma miríade de pessoas simpatizantes do liberalismo mais radical, escola austríaca, etc.  Como Taleb gosta bastante de pensadores como Mises, é natural que ele derive que interferência em sistemas complexos do ponto de vista econômico tem um potencial de ocasionar mais mal do que bem.

                Eu acredito que explicações da realidade que focam apenas no fenômeno econômico são no mínimo míopes. Desde o advento da economia comportamental, e talvez muito antes disso com os filósofos clássicos, sabe-se que o ser humano está longe de ser racional em todos os momentos. Pelo contrário, muitas das decisões são tomadas a nível inconsciente. Além disso, há questões culturais, geográficas, históricas, hormonais, e talvez uma miríade de muitos outros aspectos na existência humana.

                Sendo assim, se do ponto de vista econômico um agrupamento humano de centenas de milhões de pessoas é de uma complexidade absurda, se colocar os diversos outros aspectos na problemática, a complexidade salta algumas ordens de grandeza.

                É por isso, pelo conceito de iatrogenia e sistemas complexos, que intervenções militares podem ocasionar efeitos de segunda e terceira ordens inimagináveis. Eles não são previsíveis, pois os sistemas são complexos. É por esse motivo que Taleb sempre via com extrema reserva interferências militares dos EUA no oriente médio pós 09/11. É por isso que a Líbia possuía um dos maiores IDHs de todo o continente africano na era Kaddafi, e agora há feiras de vendas de escravos acontecendo em algumas cidades líbias.

                Pensem por um momento, leitores. Um país que talvez tivesse um IDH melhor do que o Brasil, e alguns anos  depois há feiras de escravos. Já imaginaram ir trabalhar e passar pela Praça da Sé e ver um leilão de escravos sendo feito em praça pública? Bizarro? Incompreensível? Pois é o que acontece na Líbia hoje em dia. Essa reflexão não significa que Kaddafi não era um ditador, ou que ele não cometia graves violações contra o seu próprio povo, apenas significa que quando se intervém em sistemas complexos (no caso o regime de um país que sempre foi dividido entre muitas tribos) mesmo com o intuito de melhorar a situação, pode ocorrer efeitos iatrogênicos graves, e a situação pós-intervenção ficar ainda pior.


BRASIL, TRUMP, SANDERS , ARGENTINA, ETC  

               
                E qual é a relação disso tudo com Argentina? Bom o texto do outro blog parte do pressuposto que a eleição da Argentina será ganha por um esquerdista, e isso é um recado para o Brasil que o mesmo pode acontecer aqui, e se isso ocorrer, o caos instalar-se-á.

                Eu concordo que é um recado para o Brasil, mas na verdade é um recado para todos, ainda mais em tempos de simplificações grosseiras, e visões de curtíssimo prazo. Primeiramente, um exercício de sinceridade. Nem eu, e muito provavelmente nenhum leitor, tem um conhecimento, talvez nem grosseiro, sobre a Argentina e sua história. 

           É possível que nem mesmo em relação ao Brasil boa parte das pessoas tenha um conhecimento firme. Se eu perguntar qual presidente veio primeiro, Prudente de Moraes ou Campos Sales, ou o que Rodrigo Alves fez ou deixou de fazer, é muito provável que quase ninguém saiba. Eu mesmo não sei (apesar de recomendar o fenomenal podcast presidentes da semana da Folha de São Paulo, um guia rápido para termos ao menos uma visão mais geral da história do nosso país. É provável que a maioria vai se surpreender como discursos anti-corrupcão, anti-sistema, corte de gastos, são velhos e já foram feitos algumas vezes na história de nosso país).

                Sendo assim, eu sei pouca coisa sobre a Argentina. Porém, sei que a Argentina é um sistema complexo. Eu sei que o Brasil talvez seja um sistema ainda mais complexo, assim como os EUA. Logo, é muito difícil realmente, se é que isso de alguma maneira é possível, entender a complexidade de um país inteiro.         
                E o que isso significa? Significa que como os sistemas são complexos, é muito difícil imaginar que o futuro será uma mera repetição do presente, ainda mais quando alguns atores importantes de certa forma tentam interferir de forma drástica nesses sistemas complexos. Sempre me causou certa graça ao ver com a eleição do Trump , e de outros populistas de "direita" como nas Filipinas, Hungria, Brasil, que o mundo estava se transformando por completo.

                Amigos, o mundo sempre está em eterna transformação. Essa é a lição de Heráclito de Efésios há mais de 2000 mil anos quando ele disse que “o mesmo homem não se banha no mesmo rio duas vezes”.  Há para mim certa ingenuidade em achar que a transformação é linear, e depois de ter ocorrido certa transformação, ela pára de ocorrer, e o presente se congela em direção ao futuro.

                Imagine se Bernie Sanders ganhar a próxima eleição. Para quem não conhece (eu ouvi uma entrevista dele no Joe Rogan, e ele é um senhor bastante inteligente), ele é um político com idéias como saúde universal, educação superior gratuita, etc, isso tudo nos EUA. Por muitos ele é visto como um autêntico comunista-socialista.  Eu acredito que o termo comunista não faz sentido em relação a ele, mas ele com certeza possui pautas muito mais inclinadas "à esquerda" do que outros democratas, como o próprio ex-presidente Obama.

                Não seria uma ironia? Se o mundo estava se transformando numa direção, como 4 anos depois pode haver a vitória de um candidato que representa outro espectro de idéias?   Trump pode ganhar, perder, não se pode saber. Porém, o fato é que alguém como Trump pode ocasionar a presidência de alguém como Sanders.

                Logo, o recado que vem da Argentina deveria ser para reconhecermos que o mundo é muito mais complexo e nuançado do que memes parecem sugerir. O presente não é o futuro, é bem provável que o futuro seja bem diferente do que os acontecimentos do presente sugerem. Quando há interferências em sistemas complexos, e Bolsonaro está fazendo várias dessas interferências (algumas até mesmo patéticas), iatrogenias inesperadas podem ocorrer, uma delas o fortalecimento de alguma ideia oposta até mesmo contra o que o Bolsonaro representa, e isso não significa um retorno ao bom-senso, mas talvez a idéias ainda mais extremadas.

                Por fim, encerro esse artigo com o conceito de Hormese. O stress saudável a um organismo ou a um sistema, não pode ser um stress maior do que as capacidades desse organismo ou sistema. Expor-se a temperatura de uma sauna por 15 minutos é uma coisa, expor-se a 300 graus Celsius por meia hora é outra.  E esse é o problema com grandes interferências em sistemas complexos como invasões militares estrangeiras ou mudanças no sistema político abruptas.  Se vamos ver esse tipo de coisa em nosso país (um estressor mais pesado do que nossas instituições possam aguentar?), não sei, apenas vivendo um dia após o outro para saber.

Um abraço!

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

OS SEIS PILARES PARA UMA BOA VIDA - SONO


                Os pilares de uma vida mais plena. Sim, é título de livro popular e de cursos a venda online.  Nunca gostei muito desses títulos, mas acabei adotando nesse artigo.  Eu tinha iniciado uma série sobre otimização de saúde, e escrevi apenas dois textos. Na verdade, era uma introdução a conceitos de como analisar uma evidência científica, principalmente no que toca a diferenciação entre duas variáveis associadas que podem ou não ter alguma relação de causa e efeito. Sem entender isso, e  quase ninguém (inclusive profissionais de saúde) compreende bem, não tem como realmente analisar o que pode ou não fazer bem ou mal aos nossos corpos de uma perspectiva científica.

                Neste texto, porém, irei abordar muito superficialmente alguns aspectos da vida humana que possuem relevância para o nosso bem-estar físico e mental (e quiçá “espiritual”).

SONO

                Ainda não mergulhei profundamente na análise desse componente da vida humana. Já li alguns artigos científicos, ouvi horas e horas de palestras de especialistas, mas ainda não posso dizer que tenho uma percepção aprofundada sobre o tema.

                Talvez o sono seja o aspecto mais fundamental na saúde de um indivíduo, ultrapassando até mesmo a dieta alimentar.  Uma pessoa pode tranquilamente fazer jejum de uma semana sem qualquer conseqüência adversa ao corpo, pelo contrário jejuns um pouco mais prolongados podem ser uma forma eficaz de regularização, ou ao menos melhoria, da função metabólica. Para se ter ideia 88% dos americanos são metabolicamente doentes, e os brasileiros não devem ficar muito atrás (1). Portanto, é quase certo que boa parte dos leitores desse texto esteja metabolicamente doente, e jejum pode ajudar bastante. Até mesmo jejum de várias semanas pode ser feito sem qualquer efeito deletério ao corpo humano (o jejum humano mais longo analisado num estudo foi de 382 dias ) (2) .

                Se um ser humano pode ficar semanas, e a depender dos estoques de gordura, por meses sem comer, quanto tempo o nosso corpo aguenta sem dormir? O maior tempo registrado de uma pessoa sem dormir foi de aproximadamente 11 dias (3).  Ao contrário do jejum, efeitos de privação de sono começam a ficar agudos depois de apenas 3 ou 4 dias acordados. A coisa começa a ser tão severa que alucinações começam a acontecer, e a pessoa entra num estado de psicose (4).  O fato é tão severo que hoje em dia não se considera ético fazer estudos de privação de sono que ultrapassem 48 horas, sendo que o estudo citado em “4” tem na sua conclusão o seguinte:

Psychotic symptoms develop with increasing time awake, from simple visual/somatosensory misperceptions to hallucinations and delusions, ending in a condition resembling acute psychosis (Sintomas psicóticos desenvolvem com aumento do tempo acordado, de simples visual/sensorial má percepções para alucinações, terminando numa condição semelhante a psicose aguda).

                Uau. Se ficar 3-4 dias sem comer pode até mesmo ter um efeito terapêutico no corpo, ficar 3-4 dias sem dormir pode ocasionar psicose.  Isso me fez refletir, principalmente depois de ler o livro e ouvir umas 10 horas de entrevistas com o Dr. Matthew Walker, que o sono possui uma centralidade em nosso bem-estar. Na bem da verdade, apenas uma noite de sono mal-dormida (algo como cinco horas) pode ocasionar aumento de resistência insulínica (talvez o principal problema de saúde e quase nunca discutido em nenhuma visita a um médico tradicional), perda da capacidade de aprendizado, queda no sistema imune, entre outros malefícios. Sim, com apenas uma noite de sono ruim.

                Dá para imaginar os efeitos em nosso organismo de cronicamente dormir abaixo do número de horas necessário, ou ter as fases de sono desreguladas. O sono é dividido em ondas, ou ciclos, de períodos onde estamos numa fase chamada REM (Rapid Eye Movement – movimento rápido dos olhos) e NREM (NO REM) (5). Tanto o sono REM, como o NREM possuem funções vitais em todo o nosso organismo que vão desde a incorporação de memórias de longo prazo, combate via sistema imunológico de células pré-cancerígenas, “limpeza” de nosso cérebro de metabólitos que são associados com doenças neurodegenerativas e uma pletora de outros mecanismos importantes.  Mesmo que uma pessoa esteja dormindo de 7 a 9 horas, ela pode estar tendo uma péssima qualidade de um sono profundo (NREM fases 3 e 4), por exemplo.

                Logo, dormir por um tempo adequado, e ter um sono reparador é essencial para uma boa saúde física e mental. Há maneiras de medir se o nosso está sendo de qualidade ou não, mas eu ainda não me aprofundei nesse tópico (inclusive há dispositivos portáteis que ajudam nessa medição, não necessitando dormir num laboratório, por exemplo). Um simples indicativo se a pessoa está dormindo uma quantidade adequada de tempo e tendo um sono reparador nas duas fases (REM e NREM) é simplesmente observar se ao acordar, a pessoa se sente renovada ou não. Basta “ouvir” o que o seu corpo está sentindo.

                Algumas dicas simples para a melhora da sua qualidade de sono:
A – Não use aparelhos eletrônicos de 1 hora e meia a 2 horas antes de dormir. Eu ainda tenho o péssimo hábito de ler artigos no laptop antes de dormir, estou tentando evitar ao máximo nas últimas semanas. Aparelhos eletrônicos são pródigos em luz azul, e luz azul inibe a produção de melatonina.

A.1 – A melatonina é um hormônio que ajuda o nosso corpo a regular o seu ritmo de acordo com o ritmo circadiano. Pensem num homem na savana africana há 100 mil anos. O seu padrão acordado e dormindo seguia a luz solar, já que não havia forma artificial de iluminação (a não ser uma eventual fogueira). Sendo assim, nosso organismo evoluiu, nosso ritmo circadiano, para que o nosso corpo seguisse o nascer e o pôr-do-sol. A melatonina é um hormônio que vai avisar o nosso corpo que é hora de “se preparar para dormir”.  Tendo isso em mente é fácil entender esse gráfico:



A produção de melatonina começa a aumentar drasticamente quando a luz solar não mais existe, chegando num pico no meio da madrugada e despencando quando a luz solar volta a existir, avisando o organismo que é hora de acordar.

A.2 - Eu nunca estudei a sério dosagens de melatonina, e pelo que eu ouvi de entrevistas, não há necessidade de uso de melatonina, a não ser em situações especiais como mudança de fuso horário. Muitas pessoas ficam refém do uso de melatonina, e eu tenho reservas ao uso de hormônios de forma exógena, pois o nosso corpo é tão complexo que não se pode saber ao certo se a melatonina exógena pode causar problemas em outros hormônios ou em outros funções do nosso metabolismo. Remédios para dormir então nem pensar, são drogas que causam dependência e pioram a qualidade do sono. É como ingerir álcool, a pessoa pode pensar que está dormindo com mais facilidade, mas na verdade ela está apenas ficando inconsciente. Essas drogas para dormir e álcool causam uma deterioração da qualidade do sono profundo (NREM fases 3 e 4).

B – Se quiser usar aparelhos eletrônicos, o que não recomendo, ou ver televisão (o impacto não é tão forte como um celular na melatonina), talvez faça sentido comprar óculos que bloqueiam a luz azul (eu ainda não comprei, mas estou pensando). É possível também fazer o uso de luz vermelha. Eu uso luz vermelha em meu quarto para ler antes de dormir, e a luz vermelha não tem impacto, ou se tem é muito menor, na produção de melatonina, a luz vermelha é a luz ideal para ambientes noturnos.

C – Tente ter um padrão alimentar mais compatível com a nossa evolução, ou seja, que a janta (se a pessoa tem o costume de jantar) seja logo antes ou logo após o anoitecer. Eu  tenho jantado às 17:30 e tenho gostado bastante da experiência. Até porque se eu como às 17:30 ou às 20:00, isso não faz nenhuma diferença no fato de as 09:00 no outro dia eu estar com uma leve fome, o que é algo interessante, já que a minha fome é a mesma estando 12 ou 15 horas sem comer. Tem a ver com o hormônio grelina, e posso abordar esse aspecto em outro texto.

D – Exercite-se, principalmente levantando pesos ou fazendo treinamento de alta intensidade intervalado.

E – Eu, às vezes, antes de dormir faço exercícios de respiração. Meditação por mais de cinco minutos ainda não é confortável para mim, mas um simples exercício de prestar atenção na respiração por 3-4 minutos pode ter um bom efeito para acalmar a mente e ter uma melhor noite de sono.

F – Banhos frios. O nosso corpo precisa diminuir a sua temperatura para começar a dormir (2 graus Celsius para ser exato) . É por isso que é mais fácil dormir quando se está num ambiente frio, do que quando está quente. Logo, ao contrário da crença popular, faz mais sentido tomar banhos frios do que quentes. Na verdade, banhos frios são excelentes para a saúde, e também posso abordar esse tópico num outro texto.

G - Escuridão total no local onde vai dormir. Se você se levantar para ir ao banheiro não acenda a luz, pois a luz simplesmente vai bloquear a sua produção de melatonina.

                É isso, amigos, falar apenas sobre o sono de uma forma resumida já ficou um texto enorme, falarei dos outros “pilares” em próximos textos.

               Sugiro essa conversa de cinco horas, extremamente completa, do médico   Dr. Matthew Walker com o Peter Attia https://peterattiamd.com/matthewwalker1/ . Ou o seu livro que é bem bom.



                Abraço!