sexta-feira, 30 de junho de 2017

DETALHANDO OS ELEMENTOS DO RETORNO FINANCEIRO DE UM ATIVO



Olá, colegas. Como uma continuação do artigo fundamento - explicando o retorno de um ativo financeiro, hoje abordo um pouco mais sobre retornos financeiros. Se quiser saber um pouco mais sobre os fundamentos, sugiro a leitura do artigo supracitado.



 Como explicitado, o retorno de um ativo financeiro basicamente é dado pela seguinte fórmula:


RETORNO DO ATIVO =  (DIVIDENDO + CRESCIMENTO DOS LUCROS) X MUDANÇAS DE PRECIFICAÇÃO


  Vamos analisar mais detidamente cada um dos elementos dessa fórmula.


1 – DIVIDENDO 


      Esse é o o elemento mais fácil, talvez o único que o investidor tem um grande controle.  É pelo yield que geralmente se analisa se um investimento está ou não esticado. Em instrumentos de dívida, ou renda fixa, esse elemento é o que vai determinar quase todo o retorno do investimento.


    Se eu compro uma Debênture que  remunera 12% aa ( deixemos de lado questões tributárias e supondo que não há mercado secundário para a venda desse título - ou seja sem liquidez e a correspondente marcação a mercado), o retorno do meu investimento será:


RETORNO ESPERADO = 12% + 0% (não há crescimento de distribuição) x 1 (ou seja não há alteração na precificação)

RETORNO ESPERADO = 12% aa.



      Portanto, tudo mais constante e idêntico, um ativo com yield de compra maior terá uma expectativa de retorno maior. É  nesse aspecto que a maioria dos investidores amadores se concentra: a busca por "bons" preços nos ativos. 

     Para quem gosta de Fundo Imobiliário é comprar fundos com um yield alto, para quem gosta de títulos indexados a inflação é adquirir com um prêmio mais alto, e quem gosta de dividendos acionários é comprar um papel com o maior dividend yield possível.



2 - CRESCIMENTO DOS LUCROS OU DA DISTRIBUIÇÃO

               
 Esse é um ponto mais difícil de análise. Por qual motivo? Porque ao contrário do yield, ele requer que o investidor faça estimativas sobre o futuro.  Como funciona a grosso modo com as três grandes classes de ativos brasileiros?

Renda Fixa – Não há crescimento da distribuição, ou o crescimento se dá indexado pela inflação (pense numa NTN-B onde a distribuição é corrigida pela inflação do período).


Imóveis/FII – Em teoria, não há crescimento real das distribuições. O que quer dizer? Que em períodos maiores de tempo, o aluguel tende a corrigir pela inflação, ou levemente abaixo ou acima. Não há possibilidade de grandes crescimentos reais da renda gerada pelo ativo. “Mas Soul, e os FII que estão diminuindo a renda seja por diminuição dos aluguéis, seja por vacância?”. É verdade, colega, mas repare que disse que isso é uma tendência e de longo prazo, ou seja , pelo menos durante um ciclo imobiliário de uns 15-20 anos. Não podemos nos esquecer que houve forte crescimento real dos aluguéis entre os anos 2003-2012, e os últimos anos talvez sejam apenas uma correção do excesso, e que se analisarmos no futuro o período de 2003-2022, os aluguéis terão mantido em média o mesmo patamar real.


Ações – Aqui que mora o sonho acalentado de muitos blogueiros. Uns investem em ações “aristocráticas”, ou seja, que possuem um histórico de aumento dos lucros, e conseqüentemente aumento dos dividendos, por décadas. Há aqueles que querem descobrir uma empresa pequena, que tem o potencial de crescer os lucros 20/30 vezes. Não há dúvida que o mercado acionário é o tipo de ativo mais indicado para se ter um retorno potencial maior oriundo do crescimento dos lucros.


  É nesse fundamento que alguns educadores financeiros falam para se concentrar. “É uma empresa que cresce os lucros de forma consistente durante os anos”, então é uma boa candidata para compor a sua carteira. É aqui também onde analistas, profissionais ou não, tentam entender o negócio da empresa, projetar para onde a companhia pode crescer, onde pode se tornar mais eficiente, tudo isso para que os lucros aumentem.



   Eu tenho sérias dúvidas sobre a capacidade de investidores amadores analisarem isso. Porém, tenho que reconhecer que já vi boas análises sobre fundos imobiliários em grupos de discussão que eventualmente participo. Pessoas que muitos meses antes faziam análises de que um determinado fundo tinha potencial para aumentar a sua distribuição, potencial esse que não estava refletido na cota num determinado momento.



 Logo, por mais que ache difícil, e algo que pode consumir muito o tempo escasso de um investidor, que antes de tudo é um ser humano com diversos outros interesses, é possível investidores em alguns casos estimarem com certo grau de acerto o crescimento, ou eventual decréscimo, dos lucros.



3 - MUDANÇA DE PRECIFICAÇÃO


   Porém, é esse o componente que geralmente traz os maiores  ou piores retornos. É atrás disso que os grandes gestores estão atrás. É isso que o gestor do fundo verde tenta descobrir. É claro que o Luis Stuhlberger deve analisar o mercado num todo para saber se ele tem uma tendência de aumentar os lucros/distribuição, e por via de consequência aumentar os retornos,  mas o que ele realmente quer acertar é mudanças na precificação.



   E o que é isso exatamente? É simplesmente a mudança da relação entre a quantidade de dinheiro que o mercado quer pagar por uma determinada quantidade de lucro de uma  determinada empresa ,  de um determinado imóvel para renda, de um título de dívida soberano, de um setor da economia, ou de um mercado inteiro.



   Se alguém diz que o mercado acionário americano está “bolhudo”, por exemplo,  o que na verdade essa pessoa está expressando é que ela acredita que a quantidade de unidades monetárias que se paga por uma unidade de lucro não faz mais sentido. No íntimo, ela acredita que essa relação irá diminuir, irá ocorrer uma mudança na precificação.



   Nesse item, colegas, eu posso dizer com certa confiança que nunca vi um investidor amador, principalmente em mudanças de precificação para baixo, acertar em cheio uma mudança. Muitas vezes, talvez na esmagadora maioria das vezes, é apenas sorte ou azar. O investidor pode cometer um  autoengano e sinceramente achar que o seu retorno consistente é devido a uma capacidade superior de análise, a uma habilidade de analisar dezenas de elementos, e então fazer um investimento correto.  Nada mais enganoso.



 Se alguém começou a investir em ativos financeiros brasileiros em 2015, ou melhor ainda no começo de 2016, essa pessoa muito provavelmente terá retornos muito altos,  quase garantido que em excesso ao CDI, ou a gestores profissionais. Por quê? Ora, houve uma mudança de precificação nos ativos brasileiros para cima, e quase qualquer ativo que a pessoa por ventura tenha comprado subiu única e exclusivamente pelo efeito de mudança de precificação.



 Basta ver os Fundos Imobiliários. Seja com vacância, sem vacância, revisional negativa ou não, o simples fato é que quase tudo subiu desde 2015, e principalmente desde o começo do ano de 2016. Ora, se quase tudo subiu, a capacidade de analisar ativos em separado teve pouca ou nenhuma relevância, o fator principal de um bom retorno no período foi simplesmente o começo dos investimentos no momento certo. 

 É possível que seja por habilidade, mas é difícil imaginar habilidade em alguém com pouco dinheiro e início de investimento, a probabilidade maior é que seja pura aleatoriedade, ou seja sorte, ou Fortuna como diziam os antigos gregos (uma palavra mais bonita realmente).

    Por seu turno, alguém que começou a investir no mercado acionário brasileiro em 2012-2013 muito provavelmente terá retornos tímidos se comparados com uma simples aplicação em algum título do tesouro direto. Péssimo investidor? Não soube analisar as peculiaridades de cada empresa ou setor? Não soube escolher boas empresas? Muito provavelmente a simples resposta seria algo como: azar na escolha do momento de começar a investir ou uma má Fortuna.



 É muito difícil antever essas mudanças de precificação, principalmente quando se está com preços não muito destoantes de médias históricas. Por que é difícil? Bom, porque é simplesmente muito complicado saber os impactos positivos ou negativos que uma sucessão de eventos podem ter na precificação dos ativos (sem contar os eventos aleatórios, eventos imprevisíveis, etc, etc). 

  Geralmente, e isso é um erro de julgamento que já foi abordado netse blog HINDSIGHT BIAS (recomendo muito a leitura do artigo), as explicações posteriores fazem todo o sentido de porque uma precificação aumenta ou diminui, mas na hora dos acontecimentos é uma tarefa das mais complexas antever mudanças bruscas de precificação.


  É isso, colegas, espero que tenham gostado. Um grande abraço!

domingo, 25 de junho de 2017

O ESCAFRANDRO E A BORBOLETA E SUA LIGAÇÃO COM A ONSEN JAPONESA

 Revolutionary Road, esse é o nome do filme. Foi apenas um sonho, esse o nome que deram em português.  Lembro-me de ter recomendado esse filme para um dos meus melhores amigos. Há uns meses, ele apenas me mandou uma mensagem de que tinha ficado impressionado com a história. No meu primeiro dia com 37 anos, resolvi assistir novamente esse drama.
  
   É um filme forte, daqueles para se refletir bastante. A história me atrai porque eu creio que ela é real, toca na realidade de uma forma muito intensa, quer o espectador se veja na situação dos protagonistas, quer não. Esse é um dos motivos de gostar de um escritor como Doistoiéviski, por exemplo, a habilidade do gigante russo de nos tocar com personagens tão profundos e  tão reais. Ao me aproximar do final de mais de 1000 páginas do livro “ A Revolta de Atlas”, não consigo entender como uma história com personagens tão irreais,  que nada mais são do que caricaturas mal construídas, possa atrair tantas pessoas. A fábula moral da história  é uma construção interessante, o aspecto literário não faz jus à fama.

  É um filme sobre o quê? Amor, ódio, frustração, pressões sociais, depressão, medo, coragem, ambição, filhos? É sobre tudo isso colegas. Amor. Talvez um dos temas mais importantes e quase que complemente negligenciado em nossas vidas frenéticas atuais.  É um assunto sobre o qual gosto de conversar, ler e escrever. 

 Lembrei-me então de um filme maravilhoso que vi há muitos anos. O filme teve um impacto tão forte em mim, que quando ele acabou, recordo como se fosse hoje, eu ao invés de dormir, fui para o computador e escrevi um e-mail sobre amor para uma pessoa importante da minha família. Foi quase que uma necessidade de exprimir algo de bom que o filme aflorou em mim. Quão maravilhoso não é isso? Imaginem exercer alguma atividade humana onde você possa fazer aflorar um sentimento tão bom em outras pessoas? Quão magnífico não pode ser?

 O Escafandro e a Borboleta, esse é o nome do filme. Uma das cenas mais lindas que já vi numa tela foi nesse filme. Um filho com quarenta e poucos anos fazendo a barba do pai de uns oitenta e poucos anos. O afeto da cena, a delicadeza do momento, o amor do filho para com o pai demonstrado sem qualquer fala num simples ato de carinho, eu não sei, de alguma maneira me toca de uma maneira que me faz querer ser uma pessoa melhor.

Que filme. A sonoridade do Francês realmente às vezes pode ser algo especial : "Le Scaphandre e  Le Papillon".


  Esse é um dos poucos filmes que realmente gosto que vi apenas uma vez. Talvez seja o momento de revê-lo.  “E foi apenas um Sonho?”.  É um filme com muita dor. Há muita dor no filme francês também, mas o sofrimento, mesmo que para mim e provavelmente para a esmagadora maioria dos leitores fosse insuportável, é de certa maneira conquistado. 

 A dor. É possível entender a dor dos outros? Até que ponto realmente podemos entender algo que uma dor lancinante para alguém, mas por ventura não tenha qualquer impacto em nós mesmos? Se isso ocorre, podemos realmente nos sensibilizar com um outro ser humano que esteja sofrendo?

É um filme sobre dor. Apesar de se passar na década de 50, não consigo imaginar um filme mais atual do que esse sobre diversos aspectos na forma que nos relacionamos com nossos companheiros e com nós mesmos.


  Não tenho as respostas para essas perguntas, mas gostaria de terminar esse brevíssimo texto escrevendo não sobre dor, mas sobre amor. Os Japoneses possuem um “esporte nacional” que é ir a Onsen. Uma Onsen nada mais é do que uma Hot Spring, e existem mais de 3 mil no Japão, já que há intensa atividade vulcânica nas ilhas japonesas. Apenas sobre Onsen eu tenho várias histórias interessantes do mês que passei no Japão, mas há uma cena em especial que guardarei comigo por muito tempo.

 Você deve entrar pelado numa Onsen, e há separação entre homens e mulheres. É interessante que os Japoneses são tímidos, mas possuem uma relação, em muitos aspectos, muito mais natural com corpos nus, do que nós próprios brasileiros que supostamente somos sensuais e bem conscientes dos nossos próprios corpos, ao menos em teoria. 

 Eu estava numa vila bem no interior do sul do Japão, que era uma “Vila Onsen” no meio de uma floresta. Eu estava quase que num estado meditativo naquela Onsen natural no meio de uma floresta. Foi quando vi um Japonês segurando uma criança de uns dois anos no colo, e vi a criança alisando o rosto do Pai, e o Pai sorrir para criança. 

  Pensei comigo mesmo “Eu já vi isso em algum lugar”. Sim, já tinha visto, ao observar num filme francês um filho barbear o seu pai idoso. O mesmo carinho, o mesmo amor, a mesma delicadeza, aquela mesma coisa pela qual a vida, que às vezes parece um emaranhado de fatos e sensações que não fazem muito sentido, de repente ganha um significado profundo e bonito.

 Gostaria de ser um artista para poder de alguma maneira transmitir  aquela cena da forma como ela mereceria ser retratada. Ainda bem que existem poetas, escritores, músicos, artistas de teatro. 



  Um abraço a todos!

domingo, 11 de junho de 2017

UM PASSEIO POR TRÊS NOTÍCIAIS DA SEMANA

Olá, colegas. Eu firmemente encorajo uma dieta de informação, principalmente as completamente desnecessárias e que só fazem mal aos nossos sentidos. Porém, confesso que nas últimas semanas tenho visto, talvez mais do que o desejável, sobre notícias do dia a dia. Assim, comento três delas não conectadas, ou talvez interligadas num plano extremamente abstrato, mas que chamaram muito a minha atenção.



A VERGONHA DO TSE


  Uma parte significativa dos leitores desse espaço sabe que minha formação é jurídica. Alguns perguntam se sou servidor do Judiciário ou de algum outro órgão. Não, trabalho como Procurador. Talvez algum dia fale mais sobre o que aprendi com o meu cargo, os meus desgostos, etc, mas não é o ponto desse artigo. Apenas mencionei a minha profissão para deixar claro que entendo todos os termos jurídicos utilizados numa decisão judicial, o que a maioria da imprensa, e com certeza da população, não faz muita ideia. Sou um grande conhecedor do direito, um acadêmico? Não, longe disso, mas considero que tenho um senso jurídico razoável ao menos.

  Pois bem. Resolvi acompanhar boa parte do Julgamento da chama Dilma-Temer. Para quem acompanha os meus textos, esse acontecimento, e não o impeachment , deveria ser o ato mais importante de todo o imbróglio político em que nosso país se meteu. Falo isso desde 2015.  Evidentemente, o julgamento em junho de 2017 de um mandato que começou em janeiro de 2015 não faz sentido. Esse processo tinha que ter sido julgado antes.

 Todo julgamento feito por um Tribunal, ao menos no Brasil, precisa ter um relator, um juiz que ficará responsável por dar andamento ao processo. Nesse caso, foi o Ministro Herman Benjamin. Tenho que admitir que o conhecia apenas de nome, mas depois fiquei sabendo que ele tem uma produção acadêmica muito extensa.  O voto dele sobre o caso foi simplesmente primoroso. A condução dele foi absolutamente escorreita. Calmo, rápido em responder as provocações, não se alterou em nenhum momento. A conduta técnica dele foi exemplar.

Ele é ético? Não posso afirmar. Ele é um bom pai de família? Como vou saber. Ele já cometeu algum ilícito? Não faço a mínima ideia. Entretanto, o Ministro Herman Benjamim agiu da maneira que se espera que um magistrado de um Tribunal Superior num caso tão importante agisse.

 Surgiu então uma "tese", tratada como preliminar ao mérito, de que houve uma ampliação indevida da causa de pedir. Não vou entrar em técnica jurídica aqui, mas o Sr. Herman Benjamin, ajudado pelo Ministro Fux que é um processualista conhecido, tratou de maneira tão clara e elucidativa de que não estava ocorrendo uma ampliação indevida da causa de pedir que até um estudante de direito que prestou atenção compreendeu. A "tese" tinha como único escopo não levar em consideração as provas produzidas pelos marqueteiros de campanha e pelas delações da empresa Odebrecht.

 O que tornou tudo ainda ainda mais insólito, e porque não dizer fétido, é que o julgamento que estava programado para acontecer em abril deste ano, foi adiado por decisão do próprio Tribunal, para que se ouvissem os marqueteiros. É claro que o pedido de adiamento foi costurado para que o Presidente Temer pudessem indicar dois novos Ministros, já que o mandado de dois Ministros estava acabando.  Mas mesmo assim, como pode o Tribunal que determinou a produção de uma determinada prova, dois meses depois dizer que aquela prova não deveria ter sido produzida? Eu não estou analisando aqui as questões políticas, mas sim apenas a parte lógica e técnica da questão. Evidentemente, não faz o menor sentido.


 Ao ver que essa “tese" iria prevalecer, o Ministro Herman então explicitou de forma didática que mesmo se as provas da chamada "fase Odebrecht” não fossem aceitas, ainda sim havia provas mais do que suficientes para a cassação da Chapa.

 O que se seguiu no voto dos ministros discordantes foi um verdadeiro show de horrores, seja da técnica, seja do bom senso. Houve até mesmo um voto de que o Ministro não abordou nenhuma prova, absolutamente nenhuma prova. O Voto dele não tinha começo, meio e fim. Chegou até mesmo  a falar de Maomé, mas não analisou as provas nos autos. Julgou improcedente as ações, pois os fatos eram sim graves, mas deveriam ser apurados em outras esferas. Uau.

 O último voto do Ministro Gilmar Mendes foi um escárnio total e completo. Ele disse que a ação era muito importante porque se tratava do Presidente da República. Correto. Asseverou que só poderia haver cassação se houvesse provas e fatos graves. Correto mais uma vez. No final, expressou que a estabilidade do país tinha que ser mantida. Ele não fez a conexão entre a premissa, existência ou não de fatos graves, e a sua conclusão de necessária estabilidade do país.

 Ora, se o argumento era a estabilidade do país, com muito mais razão então o processo de impeachment contra a Dilma não deveria prosperar, muito menos por alegadas pedaladas fiscais. E aqui não digo que não deveria haver o impedimento, mas simplesmente se o argumento é que a estabilidade do mandato presidencial é tão importante, mesmo diante de claros desvios de condutas, como foi asseverado diversas vezes no voto do Ministro Gilmar, o mesmíssimo argumento se aplicaria ao impedimento da Dilma. Eu acho que a estabilidade institucional se alcança com a aplicação da Lei, e com a obediência à Constituição. E a decisão do TSE vai em direção contrária a isso.

  Quando do impedimento, imaginava que a situação do Brasil do ponto de vista político iria piorar, e tinha receios de que em 2018 nós pudéssemos encarar algo completamente inusitado na eleição. Hoje, tenho uma sensação muito mais forte de que estamos pavimentando o surgimento de algo ainda pior para o país.  Talvez pelo meu passado de jogador semi-profissional de xadrez, eu não consigo imaginar nada sem projetar os reflexos no futuro muitos “lances” a frente, algo que talvez não seja normal para boa parte das pessoas, mesmo analistas profissionais.

 Agora, Temer, vai ser Denunciado pela Procuradoria. Muito provavelmente a Denúncia será barrada no Congresso e com todos esses atos estaremos produzindo um futuro incerto para o país, com consequências talvez profundamente negativas. 

 Já ouvi pessoas falando no mesmo Parágrafo que Temer era um grande político por causa de sua habilidade, e Lula um ladrão inveterado. Isso pode ser verdade. Como se pode inverter a frase e dizer que Lula é um grande político habilidoso e Temer um ladrão inveterado. Também pode ser verdade. Na bem da verdade, as duas frases podem ser corretas, elas não são excludentes.  A cegueira a esse fato de pura lógica formal, e que muitas pessoas parecem estar no mínimo míopes, é algo que além de me causar curiosidade, causa me tristeza de como nossa educação realmente é falha.


O ATENTADO AO ÚLTIMO LUGAR QUE VISITEI NA MINHA VIAGEM DE DOIS ANOS


    Às 12:00 do dia 07 de dezembro de 2016, o meu corpo foi submetido a uma sensação térmica de -30 graus Celsius. Estava em Teerã, a capital do Irã, mais especificamente numa estação de esqui que fica na própria cidade. Como para chegar da Estação ao metrô mais próximo teríamos que andar bastante, como já estávamos acostumados a fazer nos últimos meses, fizemos o sinal e quase que imediatamente um Iraniano parou para dar carona.

Esse foi o visual do Último dia, sensação térmica de -30 graus.

  Rapaz simpático, ficou muito feliz de praticar o Inglês dele, e quando dissemos que éramos do Brasil, abriu um grande sorriso.  No meio do engarrafamento caótico da capital Iraniana, o nosso caroneiro acende um cigarro de maconha e começa a falar mal do regime iraniano atual (algo que ouvi diversas vezes, principalmente de pessoas da classe média).  Oferece o cigarro, mas eu tenho pavor de qualquer tipo de cigarro com qualquer tipo de substância, declino com educação. Liga até mesmo para a mulher para dizer que está com dois brasileiros no carro. 

 Fomos deixados pelo motorista numa estação de metrô, vamos então até um bairro tradicional para comermos num restaurante típico.  Voltamos para o nosso hotel.  São 20:00. "Vamos parar no mausoléu do Khomeini antes de irmos para o aeroporto?", pergunto para  minha companheira, “sim, vamos” é a resposta.

 Em poucas horas estaríamos pegando um voo de volta para o Brasil, após quase dois anos de uma viagem inesquecível. A parada no mausoléu seria a nossa última atividade, seria o fim da nossa viagem. O Aeroporto de Teerã fica a uns 50km do centro, e o mausoléu a uns 20km do Aeroporto. Conseguimos ir de metrô até a última estação que era do mausoléu. Combinamos então com um taxista que depois de uma hora, iríamos para o aeroporto. Negociamos o preço de U$4,00 para ele nos esperar e nos levar ao aeroporto.

  Não deixamos a mochila com o taxista, andamos pela última vez com elas nos ombros. É noite, não tem quase ninguém e a construção é imensa. Queria ir ao cemitério dos mártires (soldados iranianos mortos na Guerra Irã-Iraque), mas não tenho disposição. Deixamos as mochilas de fora, e eu entro na construção. Gigantesca, luxuosa. Não é o tipo de coisa que gosto de ver. Penso no dinheiro para construir um prédio daquele,  e que assim como o Brasil, o Irã não é um país rico, e o Governo deveria ter outras prioridades de gastos (como nota de curiosidade, o Irã é um dos países com a menor carga tributária do mundo. De país funcional, tirando países como Guiné Equatorial, Arábia Saudita, talvez o Irã seja o país com a menor carga tributária do mundo). 

  Entro então na grande mesquita, não há estrangeiros, e sou recebido com olhares tranquilos e sorrisos. Muitas pessoas dormem. Viemos a perceber, durante nossos 30 dias no Irã,  que as mesquitas servem como uma espécie de refúgio para as mulheres, ou para pessoas com dificuldade. A Religião lá, ou melhor dizendo a parte institucionalizada da religião, tem um papel muito forte na vida de muitas pessoas no país, algo que não existe mais tanto no ocidente, principalmente em países mais ricos. Esse tipo de coisa você não lerá ou ouvirá em nenhum lugar, muito menos no Brasil.

  O mausoléu do Aiatolá Khomeini ficou para trás, entramos no táxi e terminamos a nossa viagem. É no mausoléu, na entrada do complexo, que vejo pela televisão uma explosão. Atentados terroristas do chamado Estado Islâmico aconteceram na capital iraniana, tanto no Parlamento como no mausoléu. 

  O presidente Trump então se diz simpático as vítimas, mas que Estados que apóiam o terrorismo correm o risco de provar do próprio veneno. O mesmo Trump que semanas antes apareceu sorrindo ao lado dos dirigentes da Arábia Saudita, um país de orientação salafista com hábitos medievais que com um grau de probabilidade imenso coloca dinheiro em várias organizações terroristas. 

 No discurso feito na Arábia,  Trump diz que o Irã  é o perigo real por trás do terrorismo, não a Arábia Saudita. A razão parece sucumbir, será que ela tem alguma importância? A decisão do TSE e as falas de Trump dão a sensação que a racionalidade sobre o que é verdadeiro ou falso realmente em certos aspectos da nossa vida realmente se perdeu, e que a inteligência humana está sobre ataque (um bom cínico talvez pudesse dizer que sempre esteve).


A GRANDE DESCOBERTA E A MINHA ODE À RAZÃO (MAIS UMA VEZ)


  Sou um grande entusiasta da Ciência e de argumentos racionais. Tanto é verdade que para alguns às vezes posso soar irritante, pois eu não me irrito facilmente, muito menos se o que se está discutindo são argumentos. O que pode irritar mais uma pessoa que está obcecada com uma ideia do que encontrar alguém que não se ofende em ser contrariado?

  Sendo assim, e por realmente me interessar pelo tema, foi com extrema surpresa e satisfação que recebi a notícia de que a nossa espécie talvez possa ser mais antiga do que imaginávamos. Cem mil anos mais antiga para ser exato. Cem mil anos é muito tempo na escala evolutiva da nossa espécie. 

 O mais incrível é que os fósseis, que tinham sido achados na década de 60, foram encontrados numa Caverna do Marrocos.  Marrocos fica na parte Noroeste do continente. Os fósseis mais antigos, até então, de Homo Sapiens foram encontrados na Etiópia que está no Leste da África (milhares de quilômetros separados). Sendo assim, talvez a teoria de berço da humanidade, “O Jardim do Éden” da espécie talvez não seja a hipótese mais correta (e estou falando aqui do conceito científico, não do bíblico), talvez a humanidade tenha surgido em vários lugares da África ao mesmo tempo.

 Ainda haverá muito debate, pois os fósseis encontrados possuem uma aparência muito semelhante com um Homo Sapiens moderno, mas há certas diferenças no Crânio. Será que é realmente um Homo Sapiens? Será que foi os primeiros estágios da nossa própria espécie? Será que é uma outra espécie, uma transição que ajude a explicar a separação no tronco evolutivo entre a nossa espécie e o Homem de Naeanderthal com o ancestral comum?

 Muitas perguntas, e apenas a razão humana poderá tentar responder. Apenas o intelecto humano é capaz de solucionar essas perguntas tão importantes. Se elas aparentemente não tem importância para o preço da gasolina, ou de como o seu chefe o trata, elas são fundamentais para entender as nossas origens enquanto espécie, talvez seja uma das perguntas mais fundamentais que um ser humano possa fazer.

 As origens da nossa espécie não possuem apenas uma carga filosófica, mas também de origem prática. Por que agimos como agimos? Há cidadãos "de Bem"? Como nos comportamos em relação à desonestidade? Cada vez menos me interesso por ideologias a respeito do assunto e mais pelo que a ciência tem a dizer a respeito. É um dos temas que mais aprecio. É um dos temas que quase ninguém aprecia tanto. 

 Aprecia-se quando é relacionado a algo bem prático e utilitário, ou seja como usar gatilhos mentais para fazer com que o seu site tenha mais acessos, ou como evitar armadilhas mentais para não fazer erros muito grosseiros em mercados financeiros, por exemplo. Quando linhas de pesquisas semelhantes mostram que não somos tão honestos como achamos que somos, ou tão bons como achamos que somos, e que nossas ideias sobre aspectos fundamentais podem ter furos enormes, esses achados da Ciência são quase sempre ignorados, assim como quatro Ministros do TSE fizeram com as provas nos autos das ações que pediam a cassação da chapa Dilma-Temer.

 Terrorismo, política, finanças pessoais, Temer, brigas familiares, dietas, Lula preocupações com os filhos, Trump, Brexit, o mundo atualmente é um caldeirão de informações, fatos, obrigações e neuroses. A razão humana não é a única forma de lidarmos com tudo isso, é verdade, mas quando deixamos de lado a nossa inteligência e a capacidade de raciocínio, abrimos mão de uma das características mais especiais na nossa espécie.

Eu sempre me surpreendo ao ver reconstruções faciais da espécie humana Neanderthal, o quão parecidos eles são com a nossa espécie. Há teorias que indicam que eles trabalhavam a madeira, fazendo inclusive espécies de cabanas.  Incrível.



 Um abraço a todos!

domingo, 4 de junho de 2017

FUNDAMENTO - EXPLICANDO O RETORNO FINANCEIRO DE UM ATIVO



Olá, colegas. Volto a falar sobre investimentos.  Quanto é o retorno potencial de um determinado ativo? Evidentemente, essa é a pergunta que inúmeras pessoas fazem ao redor do mundo diariamente, sejam profissionais ou não. Há inúmeras nuances, é claro, mas espero que este artigo torne claro que não é tão difícil entender a dinâmica do retorno dos ativos.



 Um dos grandes clássicos na literatura sobre investimentos é um livro chamado “A Random Walk down Wall Street” de um sujeito chamado Burton Malkiel. Recomendo a todos a leitura do mesmo, já li duas vezes a obra, , pois em suas quase 500 páginas há quase que um resumo de muito boa qualidade sobre quase todos os tópicos de finanças que possam interessar um investidor amador .   

Recomendado pelo Soul :)


 No capítulo 13 da obra, ele aborda quatro eras de retornos do mercado americano começando em 1946 indo até 2009 (a edição do livro é de 2012).  As quatro eras ele divide da seguinte maneira:

a)      Janeiro de 1946 a Dezembro de 1968 – Era do Conforto

b)      Janeiro de 1969 a Dezembro de 1981 – Era da Angústia

c)       Janeiro de 1982 a Março de 2000 – Era da Exuberância

d)      Abril de 2000 a Março de 2009 – Era do Desencanto




 Podemos perceber pelo nome que o autor deu as Eras que em duas delas os retornos foram bons, em duas delas os retornos foram ruins.  Na Era da Exuberância, por exemplo, o autor diz que os retornos do S&P500 (Malkiel é um defensor do investimento passivo em índices de mercado para o pequeno investidor, e até mesmo para a maioria dos gestores profissionais), foram de inacreditáveis 18.3% aa , com uma inflação no período de apenas 3.3% aa.  Já na Era do Desencanto, o mesmo índice acionário S&P500 teve um retorno de -6,5% aa (ênfase no negativo na frente do número) com uma inflação de 2.4%aa, ou seja, o fumo foi grande para quem estava posicionado em ações nesse período.



   Apenas para maior detalhamento, ao consultar eu mesmo os retornos do índice S&P500 nesse site https://dqydj.com/sp-500-return-calculator/ , encontrei números levemente diferentes. Com o (re)investimento de dividendos o retorno foi de 18.4% aa para a Era da Exuberância e -5,46% aa para a Era do Desencanto.

  Porém, a ideia com esse texto não é dissecar os retornos do mercado acionário americano, mas apresentar a uma noção muito simples de como refletir sobre o retorno de um ativo financeiro.  Esse tipo de análise pode ser feita para qualquer ativo que tenha a capacidade de gerar renda, seja um título de dívida, um imóvel para alugar, ou uma franquia do subway.


  Malkiel então escreve que o retorno de um ativo se dá pela simples fórmula abaixo:

RETORNO DO ATIVO =  (DIVIDENDO + CRESCIMENTO DOS LUCROS) X MUDANÇAS DE PRECIFICAÇÃO



   Os termos em si são de fácil entendimento, mas entremos em mais detalhes. Essa equação parte da premissa que a quantidade de lucro distribuída para o dono do ativo se mantenha constante, ou dito de outra maneira que o payout não muda.  Para facilitar o entendimento, vamos supor uma empresa que distribuiu todo o seu lucro para os acionistas. Essa assunção não é real, pois uma empresa precisa reter nem que seja uma parcela pequena dos seus lucros para investimentos, mas com ela o entendimento dos termos da equação fica mais simples.



   Suponha-se então uma empresa que gera R$ 10,00 de lucro por ação. O mercado precifica que o lucro dessa empresa vale 10 vezes o seu preço, sendo assim temos um P/L de 10 e um Preço de R$100,00 por ação. Para Malkiel o retorno futuro dessa empresa pode ser estimado, ou entendido se olharmos para o que aconteceu no passado, aplicando a simples fórmula descrita. 


  No cenário A, a empresa em 1 ano cresce o seu lucro 10% e a precificação do mercado permanece a mesma. No cenário B a empresa cresce o seu lucro em 20% e a precificação do mercado cai pela metade.


CENÁRIO A: RETORNO DO ATIVO = (10% + 10%) X multiplicador de mudança da precificação = 20%

CENÁRIO B:  RETORNO DO ATIVO = (10% + 20%) X - X multiplicador de mudança da precificação = -30%

 Ficou confuso? Explico.



 Vamos supor que no começo do ano seja distribuído R$10,00 em dividendos.  No cenário A, se os lucros subiram 10%, quer dizer que no começo do ano poderão ser distribuídos R$ 11,00 (R$ 10,00 + 10%), e como o nível de precificação se manteve o mesmo (P/L de 10), quer dizer que a ação agora vale R$ 110,00 (110/11 = 10), sendo assim o retorno no cenário A é R$ 10 + R$10 = R$ 20,00 (=20%).



  No cenário B, foram distribuídos R$ 10,00 também. Os Lucros aumentaram para R$ 12,00 (R$ 10,00 + 20% de aumento de lucros). Porém, o nível de precificação mudou para menos. Antes o mercado pagava 10 unidades monetárias por uma unidade de lucro, mas agora paga somente cinco unidades monetárias por uma unidade de lucro. Como o Lucro agora é R$ 12,00, para equivaler a um P/L de 5, o preço da ação agora é de R$60,00.  Logo, o retorno é R$10,00 – R$40,00 = -R$ 30,00 (-30%).



   Tudo isso é muito fácil de entender. Aliás, muitas das coisas importantes da vida não são tão complexas. Entretanto, entender os pressupostos fundamentais é algo muitas vezes não estimulado ou até mesmo esquecido.  Com essa simples equação, e com essas simples variáveis, nós podemos refletir sobre diversos aspectos dos mercados financeiros.



  Poderíamos raciocinar sobre o conceito popularizado pelo site Bastter de que a cotação de um ativo financeiro segue o lucro. Isso não é necessariamente verdade, ou melhor dizendo, uma meia verdade. Pela equação fica evidente que quanto mais o lucro aumentar, maior a rentabilidade, mas se a precificação diminuir, o retorno do ativo pode ser até mesmo negativo. “Ah, Soul, mas o cenário de B não é real, um ativo que aumenta os seus lucros e o mercado diminui a precificação? Isso não acontece”. Não?  Permitam-me então eu falar de novo nas quatro eras do livro de Malkiel.



 Na última era (do desencanto, ou podemos nomear como a era do fumo), essa é a divisão do retorno:

Yield inicial de 1.2%

Aumento no Lucro: 5.8%

 Sim, amigos, o lucro das empresas que compõem o S&P500 aumentou 5.8% aa, o que não é um número fraco. Na verdade, é um número excelente.  O que explica então um retorno de -6.5%aa?



 Na Era da Exuberância essas foram as divisões dos retornos:

Yield inicial: 5.8%

Aumento no Lucro: 6.8%


  O aumento dos lucros foi maior do que a Era do Desencanto, mas não muito maior, apenas 1% a mais. Como num determinado período o retorno anualizado foi de 18.3% e o outro foi -6.5%? A resposta simples é Mudança na Precificação.


 Portanto, aumento dos lucros não necessariamente leva a um retorno positivo de um ativo financeiro, e mesmo em períodos longos de tempo de 10 anos.  A diferença entre o começo de uma era e outra é que os níveis de precificação do mercado eram muito diferentes, e isso pode ser visto olhando apenas o yield inicial. Em janeiro de 1982 se tinha um yield absurdamente alto, para padrões americanos, de 5.8%. Em abril de 2000, esse mesmo yield era de 1.2%.



  Logo, precificação importa e muito para retornos futuros. Há vários artigos que quero traduzir para o português e o público da blogosfera de finanças sobre esse conceito, principalmente relacionado a Independência Financeira.



  E foi só desespero para o investidor americano na primeira década do Milênio? Não, os BONDs (renda fixa), por exemplo,  tiveram retornos excelentes de 6.4% aa na última Era. Mesmo na Era da Exuberância, o retorno dos BONDs foi de 13.6% aa, o que é algo muito alto. Nas outras duas Eras, o retorno da renda fixa americana foi abaixo da inflação média do período.  É verdade o que muitos livros estrangeiros falam, os BONDs estão num rali desde o começo da década de 1980, e isso pode estar chegando ao final com uma grande reversão, mas não é o objetivo desse artigo falar sobre isso.



  Portanto, a diversificação, e apenas ela, pode ter amenizado a crise do mercado acionário americano para um investidor americano.  Diversificação em mercados internacionais, em imóveis, e em títulos de dívida. Não preciso dizer que essa é uma lição para o investidor brasileiro também. 

 Não leve muito a sério quando alguns textos falam que os números de mercados desenvolvidos não podem ser aplicados para o Brasil. É claro que as suposições sobre crescimento de lucros, regulações boas ou ruins, etc, são diferentes, mas essa fórmula do Malkiel serve tanto para o mercado americano, como para o mercado brasileiro, como para o mercado iraniano.



  Iria continuar o artigo, mas vou deixar para um próximo. Nele vou abordar a gestão ativa de investidores amadores, e onde eles podem ter alguma chance de alcançar retornos em excesso, e onde é muito difícil ter retorno em excesso (e é basicamente onde estão os grandes retornos).



  Um abraço!