segunda-feira, 6 de abril de 2015

A AVENTURA DE UMA VIDA

Olá de novo colegas! Se quiserem conferir o outro artigo escrito hoje vejam http://pensamentosfinanceiros.blogspot.com.br/2015/04/minha-historia-financeira.html.  Quais são os seus sonhos e objetivos? Quer ser Pai? Quer viajar o mundo? Quer ser um ser humano melhor? Confesso que tenho os três objetivos citados em mente quando penso no quero para a minha vida.

Sempre gostei muito de viajar. Já tive a oportunidade de conhecer quase 60 países. Já vi e vivi muitas coisas em viagens pelo mundo. Experiências essas que apenas tornaram a minha vida mais colorida e um ser humano melhor. Uma das coisas mais importantes que aprendi com as minhas andanças  foi que o ser humano é diverso e ele pode ser feliz de diversas maneiras.  Logo, a pessoa não precisa ir para universidade, ter um apartamento, um carro e uma bela mulher para ser feliz (o padrão para nós brasileiros de baixa a alta classe média). Claro que a pessoa pode ser satisfeita assim, mas há diversos outros modos. Seja numa aldeia no Nepal, numa festa eletrônica em Amsterdam, no caos urbano de Mumbai na Índia, pegando onda em Trestles na Califórnia, os seres humanos, não importa onde eles estejam, querem ser realizados e satisfeitos com as suas próprias vidas. As formas que as pessoas se sentem realizadas podem ser as mais diversas possíveis. Esse insight fez me ser mais humilde e compreensível com pessoas com pensamentos diversos do meu ou com hábitos e atitudes diferentes das minhas. Fez-me perceber como o mundo é vasto, e que se fechar em ideias, hábitos, formas de pensamentos "imutáveis" é uma forma bem pobre de passar pela vida.

Uma das formas de eu atingir estados de maior bem-estar é viajando. Adoro a sensação de sair da rotina, e cada dia ser diferente do outro. Quando se viaja como Mochileiro, independente se tenha uma mochila ou não já o que importa é a postura, cada dia de viagem é uma aventura com encontros novos, desencontros, paisagens e pessoas diferentes.  Quando se viaja, temos que aprender que os encontros são mais fugazes, mas nem por isso são desimportantes. Ou seja, o caráter da impermanência das coisas  fica cristalino, quando na vida rotineira as pessoas tendem a se iludir com a continuidade com a falsa sensação de que as coisas não mudam, quando não é isso o que ocorre. Ao se perceber e admitir que as coisas constantemente mudam, inclusive nós mesmos, creio que é se dado um passo importante para viver melhor e sofrer menos.

Lembro quando estava na Cracóvia na Polônia, conheci um rapaz que estava fazendo 30 anos. Trocamos ideia numa cabine telefônica. Juntamos-nos a mais dois brasileiros e fizemos uma festa pelas ruas da Cracóvia. Divertimos-nos, rimos, falamos de viagens, sobre a vida, planos para o futuro.  O Edu, nome do rapaz, tinha vendido a sua empresa e resolvido viajar o mundo. Disse que não suportava mais a vida na cidade de São Paulo, nem uma vida, na percepção dele, sem sabor, sem viço. Ele queria mais. Sempre quando vejo alguma mensagem dele está implícito que um dos motes principais da vida dele é "dessa vida só se leva a vida que se leva". Isso foi em 2007. Em 2015, ele ainda continua viajando. Mês sim, mês não, vejo uma postagem dele em alguma festa na Tailândia (essas festas dão o que falar...). Nunca mais o vi pessoalmente. Muito provavelmente a vida que ele vem levando não me satisfaria, mas essa é a beleza da vida e dos encontros humanos.  O breve encontro em uma noite fria ao Sul da Polônia, a possibilidade de trocar algumas idéias naquela noite foi algo muito bacana, algo que dificilmente aconteceria se eu estivesse na minha cidade, na mesma rotina. É algo que eu sempre lembrarei, pois faz parte do que eu sou, das minhas experiências de vida, daquilo que define o que é o SOULSURFER. O que sou eu se não as minhas experiências, como eu vivi a minha vida?

Sempre quis embarcar numa longa jornada, e finalmente esse dia chegou. Não sei como irei reagir a uma aventura dessas.  Não sei se será ano ou anos na estrada. Só sei que uma leve ansiedade começou a bater há alguns dias. Não é um processo fácil. Vende carro, aluga apartamento, passa diversas procurações para cuidar dos meus interesses aqui. Além do mais, planejar uma viagem dessas não é moleza, será que dá para passar na Mongólia em março ou é muito frio? Como será surfar nas poderosas ondas de FIJI, ou será que vou conseguir dirigir uma Campervan na mão inglesa na Austrália e Nova Zelândia? Não sei a resposta para nenhuma dessas perguntas. O que eu sei é que vou me aventurar e me entregar às surpresas que a vida possa oferecer. Fico contente de poder ter uma companheira que está disposta a embarcar na mesma aventura.

Aliás, por falar em aluguel de imóvel físico, vou conseguir a fantástica quantia de 0,25% líquido por mês de aluguel ou 3% aa. E tem pessoas que ainda falam que FII pagando 11/12% aa com a possibilidade de se fazer, por meio de uma carteira bem balanceada, uma diversificação absurda em centenas de imóveis é um mico. Vai entender. Aliás, agora lembrei que no meu segundo artigo desse blog eu deixei claro qual era um dos meus grandes objetivos.

Com qual dinheiro? Com a minha poupança acumulada. Esse é um objetivo financeiro bem particular meu, outras pessoas podem ter outros. Como vou me manter? Já disse aqui em algum artigo que eu já tinha Independência Financeira. A mesma foi aumentada com os meus retornos em negócios imobiliários.  O que eu precisava era apenas foco e confiança no que estava fazendo, e esses últimos três anos me deram isso.

Eu espero continuar escrevendo nesse blog. Foi e tem sido uma grande experiência. Não sei se conseguirei por alguns meses, mas quem sabe em algumas semanas não escrevo alguma coisa. Caso eu não o faça, desejo tudo de bom aos outros blogueiros, aos amigos que escrevem aqui sem ser blogueiros e as pessoas que leem e não escrevem nada. Espero que possam alcançar os seus objetivos sejam eles quais foram:)

Sempre que olhava esse mapa no meu escritório, minha imaginação às vezes voava. Chegou a hora. Duas mochilas, três pranchas e um desejo imenso de viver.


Um enorme abraço a todos!

MINHA HISTÓRIA FINANCEIRA

               Olá, colegas. Hoje escrevo dois artigos diversos. Resolvi fazê-lo, tendo em vista o momento pelo qual passo na minha vida. Esse primeiro artigo é um pouco sobre a minha história financeira e está relacionado a alguns artigos que escrevi ultimamente. Se já quiser ler o próximo artigo clique http://pensamentosfinanceiros.blogspot.com.br/2015/04/a-aventura-de-uma-vida.html

                Primeiramente, é sempre bom relembrar que a taxa de poupança, ou seja, o percentual não gasto em consumo de sua renda, bem como a própria renda em si são quase sempre os dois fatores primordiais para investidores amadores. Por que as pessoas investem? Antes de mais nada, é sempre preciso lembrar que é uma minoria que realmente investe no Brasil. Logo, se você ganha um salário e consegue economizar alguma coisa já faz parte de uma minoria. O que é uma pena, pois o Brasil precisa para crescer com mais qualidade taxas de poupança muito maiores, mas aqui me distancio um pouco do tema. Geralmente, as pessoas investem, pois almejam alcançar objetivos financeiros. E quais são esses objetivos? Pode ser viver de renda (foco de boa parte dos blogueiros), pode ser juntar uma grande quantia para pagar um curso de medicina em Harvard para um filho, pode ser para ter dinheiro próprio para poder abrir uma franquia, pode ser para complementar a aposentadoria, pode ser um número muito grande de coisas a depender da pessoa e do seu estágio atual de vida.

                Logo, eu creio que a esmagadora maioria das pessoas não quer se profissionalizar em finanças, não quer devotar horas e horas do seu dia para acompanhar o mercado e talvez não faça questão nenhuma de ser considerado um ótimo investidor com retornos espetaculares. O que a esmagadora maioria dos investidores pessoas físicas quer é alcançar os seus objetivos.  Eu creio que eu sou um exemplo disso.

                Minha família sempre poupou. Por parte de mãe sou descendente de alemães. Minha Mãe nunca admitiu que eu deixasse comida no prato. Eu simplesmente não deixo comida, como inclusive os grãos de arroz que sobram no canto do prato. Pote de requeijão em casa era completamente raspado. Minha querida Mãe não fazia isso, pois era sovina, mas sim porque ela recebeu educação da Mãe dela sobre a necessidade de não desperdiçar e dar valor as coisas que possuímos. Minha Avó (eu infelizmente não conheci nenhum Avô ou Avó vivos. Quem possui, aproveite esse privilégio) por parte de Mãe foi uma guerreira. Ela, em plena década de 40, sendo mulher tocava uma loja de mantimentos básicos sozinha no interior do Rio Grande do Sul. Como se isso não bastasse, ela ainda criava seis filhos sozinha, pois meu Avô faleceu quando minha Mãe tinha poucos meses.  Minha Mãe me conta como ela era esperta, e apesar de nunca ter tido um ensino formal era culta. Certa vez, se não estou enganado, ela teve que fazer uma traqueotomia numa tia minha, algo que eu nem tenho nem a mínima noção de como fazer ou se eu teria coragem para tanto.  Creio que a minha Avó passou essa força de caráter e determinação para minha Mãe que por sua vez, claro que em outro contexto muito mais favorável do que a vida no interior do RS na década de 40, passou isso para mim. Sendo assim, eu venho de uma família de mulheres muito fortes, e tenho profunda admiração por elas, bem como por tantas outras mulheres fantásticas que existiram e existem no mundo.

                Portanto, eu tive uma infância muito boa. Minha mãe sempre me deu tudo que eu quis, mas eu nunca desperdicei nada ou nunca abusei. Ela sempre me lembra que uma vez ela foi me dar dinheiro para comprar alguma coisa, e eu disse para ela que a quantia era maior do que eu precisava. Devia ter uns 6/7 anos.  Talvez por isso a minha Mãe sempre confiou em mim, mesmo quando eu era pequeno, em relação a dinheiro. Creio que isso moldou profundamente  a minha relação com o dinheiro.

                Por outro lado, o meu pai sempre foi de conselhos mais abstratos. Aqui alguns deles recebidos quando eu tinha tenra idade: “O finito nunca irá compreender o infinito” – quando eu perguntei a primeira vez sobre Deus – ou “chegue num lugar e observe, você tem dois olhos e dois ouvidos, mas apenas uma boca” ou “o dinheiro lhe traz liberdade, mas não faz de você uma pessoa melhor ou outro que não tem pior do que você”, entre tantos outros.  Isso também moldou a minha visão e percepção em relação a dinheiro, consumo, poupança, boa vida, etc.

                Assim, eu desde criança economizava. Quando era adolescente, pelo meu envolvimento com o jogo de xadrez, eu comecei a ganhar mais dinheiro. Eu, junto com um grande amigo que hoje é campeão brasileiro profissional de Poker (aliás, começamos juntos jogando), mais outra pessoa, criamos uma empresa de xadrez. Eu já era conhecido e tinha alguns títulos e resolvi me juntar com esses colegas. O objetivo era implantar a disciplina de xadrez nos colégios particulares de Santos.  Fizemos um pequeno projeto, imprimimos umas 30 cópias encadernadas (isso lá nos idos de 1995/96), fizemos um mapa de todos os colégios particulares de Santos e fomos à luta.  Lembro até hoje, três garotos de 15/16 anos, eu vestindo uma camisa do Iron Maiden, batendo na porta dos principais colégios de Santos e pedindo para lecionar xadrez nos colégios.

                Por incrível que possa parecer nós fomos a todos os colégios, andamos vários quilômetros, e algumas das mais prestigiadas escolas de Santos disseram “sim”. Começamos a dar aula, cobrávamos R$20 ou R$30,00 por aluno (lembre-se isso foi em 1995/96). Qual pai não ia querer o seu filho de 6 a 10 anos tendo aula de xadrez dentro da própria escola? Ainda facilitávamos, pois dávamos algumas aulas logo depois do final do expediente. Assim, alguns pais podiam chegar mais tarde no colégio sem que os seus filhos ficassem agoniados e deixassem os responsáveis pela escola loucos. Sem saber estávamos atendendo uma demanda onde não havia qualquer oferta.

                O resultado? Bom, eu não me lembro exatamente, mas em dinheiro de hoje, eu creio que deveria ganhar uns R$ 2.500/3.000,00 para dar 4 aulas de uma hora na semana. Isso mesmo, eu trabalhava 16 horas por mês para ganhar um salário de um engenheiro recém-formado. Com a empresa começamos a fazer campeonatos, cobrávamos de alunos de escolas particulares e permitíamos estudantes de escolas carentes jogarem sem pagar inscrição. Fazíamos torneios onde todas as crianças recebiam pelo menos uma medalha. Ver a cara de satisfação de um senhor humilde, pois o seu filho ganhou uma medalha jogando xadrez, um esporte intelectual, era muito bacana. Organizamos torneios maiores. Fazíamos parceria com hotel, assim a cada 7 quartos de competidores do torneio, um era nosso. Começamos a vender material de xadrez (tabuleiro, peça, relógio). Lembro de tirar dinheiro da minha poupança e comprar uma quantidade imensa de jogos de xadrez e em menos de dois meses ter revendido tudo com quase 100% de lucro. Uma coisa foi puxando a outra. Em algo completamente restrito como xadrez, foi possível ganhar dinheiro. Imagina em outros setores da economia. Mesmo depois de já ter abandonado, de ter me mudado vários anos depois para o Sul para estudar Direito, soube que várias pessoas estavam pagando as suas contas, faculdades, etc, nas vagas abertas por mim nas escolas.

O jogo de Xadrez me fez viajar o mundo, ganhar dinheiro, conhecer pessoas diversas, elaborar formas de pensar estratégias e amadurecer como ser humano. Só tenho a agradecer

                Como também sempre fui um bom aluno, e por causa do xadrez, sempre estudei nas melhores escolas particulares de Santos e nunca paguei mensalidade a partir da oitava série. Como forma de me recompensar, minha mãe depositava na minha conta uma parte da mensalidade que ela não precisava pagar. Eu também jogava xadrez pela cidade de Santos e ganhava salário por isso. Sendo assim, ao entrar na faculdade eu já tinha um belo patrimônio acumulado.  O que eu sabia de finanças? Absolutamente nada. Eu apenas depositava o meu dinheiro em um fundo de renda fixa.

                Entrei na faculdade, tive uma vida muito boa. Em 2002, resolvi ser empresário da noite. Qualquer dia conto sobre essa minha aventura. Fiz uma festa rave com DJs conhecidos como o Patife (na época ele era um dos mais conhecidos no Brasil). Cometi diversos erros, fui do céu ao inferno, vi como as pessoas ficam ao seu lado quando a coisa vai bem e te abandonam quando você está na pior e descobri o valor de uma verdadeira amizade (o meu amigo do Pôker é um deles). Creio que perdi R$ 40.000,00 numa única noite em 2002. Coloque 12% aa nominal, o que é até conservador, e isso equivale a módica quantia de R$ 160.000,00 indo para o ralo numa única noite.

                Eu fiquei arrasado. Uma das únicas vez que talvez fiquei um pouco depressivo. Pensei em largar a faculdade e me senti o maior idiota do mundo. Seis meses depois estava eu fazendo outra rave. Porém, dessa vez foi bem diferente, entrei com mais sócios (ou seja diversifiquei o risco), associei como uma grife de raves – chamada Rave Patrol – e fiz a festa no dia 2 de janeiro em Florianópolis. A noite em si foi uma loucura e poderia fazer um artigo apenas sobre isso. No final ganhei uns R$ 8.000,00 numa única noite. Fiquei satisfeito, mas vi que não era para mim aquela vida. Superei a minha decepção e amargor pelo prejuízo maior anterior, tive coragem de tentar novamente e deu certo. Minha irmã diz que foi um MBA da vida. Tendo a concordar com ela.

Soulsurfer produzindo Raves? Quem diria! Foram duas experiências bem interessantes. Queria eu que a minha primeira tivesse bombado como nessa foto....Faz parte do aprendizado. MBA da vida.

                Porém, mesmo com o grande prejuízo, 50/60% da minha poupança continuavam intactas. Formei-me. Logo depois já assumi o cargo que ocupo. O salário é e sempre foi muito alto para as minhas necessidades, portanto eu tinha uma taxa de poupança altíssima de 70/75%, mesmo tendo uma vida muito boa. Sabe o que eu sabia de investimento, rentabilidade, etc? Nada.

                Eu apenas ganhava o meu salário, vivia bem e depositava o que eu poupava num fundo de renda fixa. Durantes anos eu fiquei pagando 1% de taxa de administração quando eu já podia estar num fundo com taxa inferior a 0,5% aa. Durante muitos anos meu dinheiro ficou num fundo come-cotas, ou seja eu não entendia absolutamente nada. Fiquei mais pobre? Não, meu patrimônio aumentou muito, apenas por causa dos vários anos acumulando um salário alto para as minhas necessidades e da minha alta taxa de poupança.

                Em 2011, tive uma grave crise no meu trabalho. Decidi que precisava mudar algumas coisas na minha vida. Meu pai entendia muito de finanças, mas eu nunca prestava muita atenção. Eu sabia mal e porcamente. Hoje algo tão instintivo para mim como o efeito da taxa de juros na precificação de títulos, eu lembro que era grego quando o meu pai falava a eu escutava apenas de relance.  Um dia, movido por essa insatisfação no meu trabalho, digitei no Google “Como Viver de Renda?” e fui parar num blog chamado Viver de Renda. Eu comecei a ler e não entendi absolutamente nada. Fui então para outros blogs com escritos mais amigáveis para quem estava começando a ler sobre o assunto como do Corey, Di Finance, Além da Poupança, Investidor Defensivo, HC Investimentos, etc. Comecei a ler os livros indicados. Fui pegando gosto pela coisa e lendo cada vez mais. Nestes últimos anos, devo ter lido muita coisa mesmo.  Hoje em dia tenho razoável conhecimento sobre finanças pessoais e um leve conhecimento sobre macroeconomia. Virei um expert? Vixe, longe disso. Muito longe mesmo. Não tenho essa pretensão e nem desejo.

                Hoje em dia, com certeza sei muito,  muito mais do que em 2011 ou 2006 ou 2003 sobre finanças. Não tem nem comparação. Tive retornos muito maiores então? O aumento exponencial do meu conhecimento me levou a retornos incríveis? Não, não tive. Pelo contrário. Ainda bem que investi pouco em renda variável, não em quantidade, pois é muito, mas em relação ao meu patrimônio. Perdi, amadureci, estudei, fiquei encanado, depois desencanei, creio que passei pelos ciclos que um investidor pequeno sempre passa ou deveria passar

                Não valeu de nada o conhecimento? Nossa, como valeu. Hoje sou absolutamente tranqüilo em relação às minhas finanças. Sei o que os ativos podem ou não oferecer. Conheço os fundamentos básicos e as armadilhas mais comuns.  Sei das minhas limitações e sei com clareza onde quero chegar e quais são os meus objetivos financeiros. Além do mais, os conceitos de finanças ainda ajudaram a aprimorar ao máximo minhas técnicas de análise de imóveis, como eu já abordei em outro artigo sobre leilões.  Consegui retornos espetaculares como 100% anualizado em  algumas operações. Portanto, foi uma jornada muito satisfatória, porém o resultado financeiro a maior meu veio de operações imobiliárias e da minha poupança e aporte, não da minha rentabilidade no mercado financeiro.

                Portanto, colegas, não se percam em minúcias desnecessárias no mercado financeiro. Vejam o último artigo do Além da Poupança, técnicas fundamentalistas bem simples para escolher uma empresa. Faça o mesmo com FII e mercado de dívida. Há uma grande diferença entre comprar uma ETER e ela cair de cotação, ou uma ABEV aparentemente “cara” (não estou dizendo se está ou não) e comprar uma OGX. São coisas completamente distintas. O que vai fazer você alcançar os seus objetivos financeiros será a sua taxa de poupança, sua capacidade de aporte e a sua habilidade de manejar e conhecer alguns conceitos financeiros que não são complexos.  Não somos fundos de investimento. Não manejamos centenas de milhões de reais, somos apenas pessoas físicas com seus sonhos, desejos, limitações querendo alcançar alguns objetivos financeiros que possam nos trazer mais próximos a estados de felicidade que perseguimos. As finanças são um meio para a esmagadora maioria não um fim em si mesmo.

   É isso colegas, você pode continuar no próximo artigo http://pensamentosfinanceiros.blogspot.com.br/2015/04/a-aventura-de-uma-vida.html.

O mundo é tão vasto e belo. Somos tão diversos, mas mesmo assim tão iguais. Reflita nos seus objetivos, no que realmente deseja para a sua vida e vá atrás, siga em frente.



               Abraço!

sexta-feira, 3 de abril de 2015

INVESTIMENTO - ALGUNS PENSAMENTOS FINANCEIROS

Olá, colegas. Hoje escrevo algumas reflexões a respeito de temas variados em finanças pessoais.

NÃO GIRE PATRIMÔNIO SEM SABER AO CERTO O QUE SE QUER

a)    Há muitos conselhos de não se vender ativos ou girar patrimônio desnecessariamente. Isso não é novo, aliás é bem antigo, vem pelo menos desde o seminal e clássico “O Investidor Inteligente” de um dos investidores mais respeitados do século passado: Graham.

b)  Quando se gira patrimônio geralmente conseqüências tributárias negativas são disparadas. Além do mais, há custos de transação, custos de pagar o spread BID/ASK em mercados ilíquidos, etc. Isso geralmente é a receita para retornos inferiores;

c ) O conceito que captura bem o giro do patrimônio é o Turnover.  É fácil de entender.  Se um investidor possui 500k em ações, por exemplo, e comprou e vendeu 500k em ações, ele teve um turnover de 100%. Se ele comprou e vendeu 1M em ações o  Turnover foi de 200%. Na média, ter um alto Turnover é algo que leva simplesmente a retornos menores como se pode ver no gráfico abaixo:

Tem certeza mesmo que quer ficar girando patrimônio com alto Turnover? 


 BOGLE, MUITO MAIS IMPORTANTE DO QUE W.BUFFETT PARA OS PEQUENOS INVESTIDORES

a)       Muito se fala de um investidor como W.B. e quase nada de John Bogle. Eu consigo entender os motivos. W.B. é o investidor que ficou bilionário fazendo investimentos acertados. Ele de certa forma é uma miragem, um exemplo, de um futuro com retornos altíssimos no mercado financeiro. É a imagem do sucesso, e quem não gosta de se influenciar por histórias de sucesso e dinheiro? Entretanto, alguém se beneficiou, fora os acionistas de sua empresa, com as técnicas de W.B.? Com certeza muitas pessoas podem ter se aproveitado das excelentes lições de investimento, mas provavelmente estas pessoas representam uma minoria;

b)      E o Bogle? Bom, esse Senhor teve a brilhante ideia, e na sua época revolucionária,  de fazer com que um investidor médio pudesse ter retornos razoáveis sem necessitar ficar horas e horas acompanhando o mercado.  Como? Ele aprimorou a técnica de se investir em índices, o que levaria a criação de ETFs. Eu consigo entender o motivo dele não ser tão conhecido (pelo menos aqui no Brasil) . É a velha e quase infalível técnica de se focar mais nos aportes e no crescimento dos mesmos, e não em obter retornos extraordinários. É se “contentar” com o retorno de mercado, sem a ilusão de achar que vai fazer fortunas investindo no mercado financeiro. É um tipo de investimento um pouco sem graça, e dá para entender por qual motivo não tem tanto apelo. Não há um case de sucesso de um grande investimento.  O que existe é disciplina financeira, taxa de poupança e objetivos financeiros factíveis de serem atingidos.  Ao contrário do W.B., o Bogle sim ajudou centenas de milhares, talvez milhões, de pequenos investidores em ter retornos razoáveis sem precisar dedicar uma vida para isso;

c)       No fim, não deixa de ser a velha discussão sobre gestão ativa x gestão passiva. Como gosto sempre de lembrar quando escrevo sobre tema  há dois custos em se fazer gestão ativa: 1) o custo de se perder para uma simples gestão passiva e 2) e o altíssimo custo do seu tempo aplicado para isso;

d)      Sobre o risco “1”, ele é real e há muito tempo conhecido no mercado financeiro. Não acredita? Colaciono um gráfico (há literalmente dúzias de estudos a respeito) sobre a performace de gestores profissionais (não de investidores amadores pessoas físicas, pois o número é muito pior). Depois de descontadas as despesas operacionais  dos fundos de investimento, apenas pouco mais de  15% dos gestores profissionais conseguem performar melhor do que uma simples estratégia passiva. Pensem nisso. 
Quase todos profissionais fazendo gestão ativa perdem para um índice. Os que ganham, e são poucos, ganham por pequenas margens. Os que ganham com grandes margens (como 4/5%) é a exceção da exceção

e)      Aliás, sobre o tópico despesas operacionais, o Bogle, mesmo ele sendo um gestor  financeiro de recursos (se não me engano o Vanguard  possui 3 trilhões de dólares em ativos sobre gestão, é mais de 10 vezes o valor de mercado da Berkeshire), possui um livro chamado na “A Dose Certa”, onde ele faz pesadas críticas aos incentivos às avessas que existe hoje no mercado financeiro. Tem-se uma elite financeira ganhando bilhões de dólares por apenas trabalhar no mercado financeiro. Sim, esse dinheiro vem do bolso de investidores pequenos.  Para mim é uma situação absurda. Há gestores que ganham não milhões de dólares, mas centenas de milhões de dólares por ano (não, você não leu errado). Nada justifica uma remuneração desse nível, e o que é pior às custas de retornos para os pequenos investidores;


Um ótimo livo. Se não conhece o John Bogle e se interessa por finanças pessoais, chegou a hora de conhecê-lo.

f)       Portanto, os gestores serão remunerados mesmo que perderem para uma estratégia passiva, pois essa é a profissão deles.  Assim, eles não possuem o risco “1”, pois são remunerados e nem parcialmente o "2", pois é a profissão deles. Investidores amadores sim. Gastar horas e horas tentando fazer timing além de ser algo que não leva na média a retornos maiores, pode fazer com que você perca o que temos de mais precioso: tempo com saúde.

g)      Há umas semanas atrás li uma “discussão” no blog do Tetzner sobre estratégias de investimento. Um dos debadores  disse que o investidor deveria evoluir. Saber mais e mais informações, aplicar conceitos cada vez mais apurados, refinar ao máximo a estratégia.  O  outro  replicou “claro, desde que a `evolução` não signifique ficar horas na frente de quatro telas de computador sabendo como o mercado japonês abriu ou se o barril de petróleo tipo Brent está em queda” (ou algo do tipo, ele falou).  Para mim a resposta foi muito boa. É claro que o investidor precisa se aprimorar, estudar, mas temos que tomar cuidado para que isso não nos leve para uma vida que para a esmagadora maioria das pessoas não faz o menor sentido. Além do mais (poderia escrever um artigo só sobre isso), será que achamos que nós temos capacidade de lidar com tantas informações ao mesmo tempo e saber o impacto na precificação dos ativos? Se o PMI da China veio abaixo de 50, mas o petróleo subiu, e a Noruega resolve adotar Currency Board, e a inflação dos EUA veio abaixo do esperado e o pacote fiscal talvez não seja aprovado, e... Colegas, sinceramente, é melhor criar um algoritmo e deixar a máquina colocar os inputs e fazer as probabilidades. do que achar que nós de forma individual conseguiremos lidar com essas informações e achar para onde os preços podem estar indo.

VENDO FII, NÃO VENDO, O QUE EU FAÇO?

a)      Um colega, também no blog do Tetzner,  perguntou minha opinião sobre se era uma hora propícia ou  não para vender quotas de  FII (e aplica-se aqui a qualquer ativo). Só posso dizer o seguinte: Não gire patrimônio desnecessariamente. Senão, muito provavelmente engordará as estatísticas das pessoas que perderam dinheiro sem necessidade, ou melhor, dizendo, afastaram-se dos seus objetivos financeiros.

b)      Se você já tem quantidades grandes de poupança acumulada de uma vida, ou ao menos vários anos, em uma espécie de ativo, não saia vendendo baseado em notícias, análises de experts, medo, ou qualquer outra coisa. Venda, se a sua diversificação interna na classe de ativo, como FII, não estiver adequada. Tem 85% em escritórios, por qual motivo ter uma exposição tão alta? Venda, como eu já fiz com FVBI (e farei com CEOC e THRA) quando perceber que cometeu um erro e que aquele ativo específico não está em consonância com a sua estratégia. Venda quando precisar de dinheiro. Talvez uma doença na família que o seguro-saúde por ventura não cobre, o que vai ocasionar um gasto de  R$ 200.000,00, por exemplo. Talvez a filha queira fazer mestrado nos EUA, e você quer ajudar pagando as despesas. Talvez a mulher queira abrir um negócio e você quer bancar. Talvez você queira dar uma volta ao mundo  por um período longo de tempo, como eu irei fazer a partir da semana que vem, e quer gastar uma parte de sua poupança para realizar essa aventura.  Os motivos são variados e de ordem pessoal;

c)       É por isso que ficar apenas numa classe de ativo, e em ativos ilíquidos, pode ser complicado, mesmo com horizontes maiores de tempo. E se num momento de baixa do mercado, a pessoa resolve abrir uma empresa, pois apareceu um ótimo negócio? Liquida posições com prejuízo contábil ou deixa a oportunidade passar? É por isso, colegas, que iliquidez tem um prêmio (ou seja, ativos ilíquidos tem que pagar mais do que ativos líquidos), é por isso que ativos com fluxos mais incertos precisam pagar prêmio em relação a ativos com fluxos mais certos. Tudo, ao contrário quando falam de irracionalidade do mercado, tem uma lógica na configuração da precificação dos ativos;

d)      Assim, é essencial que se estabeleçam objetivos financeiros de médio e longo prazo e se reflita sobre estratégias para atingir esses objetivos da melhor maneira possível, respeitando tolerância a risco, tempo disponível para se dedicar aos investimentos, situação financeira atual, se há dependentes ou não, entre tantas outras variáveis. O que faz sentido para mim, talvez não faça para outra pessoa. Logo, não há estratégia única para todos. Venda e compre ativos se isso vai fazer você ficar mais perto dos seus objetivos financeiros. Não venda ativos a esmo;

e)      Os objetivos financeiros e a estratégia são estanques, Soul? Não posso mudar? Colegas, Buda já dizia que tudo é impermanente,  e não aceitar isso apenas traz sofrimento. Monges budistas, por exemplo, às vezes ficam meses trabalhando em Mandalas de areia (são obras lindíssimas). Quando elas ficam prontas,  os monges simplesmente as destroem, é uma metáfora para sempre se lembrar que até mesmo as coisas mais belas, mesmo que tenhamos colocado muito esforço nelas, um dia se esvaem. Heráclito de Éfeso (aliás, a cidade histórica de Éfeso localizado na Turquia é uma das coisas mais impressionantes que já vi) já dizia, em época quase contemporânea ao Buda histórico, que o mesmo homem não se banha no mesmo rio duas vezes;

f)       Portanto, a nossa vida é uma corrente contínua de mudanças. Logo, os objetivos financeiros mudam. Um filho a mais, uma Sueca conhecida numa viagem para o Nordeste, um acidente grave de moto, e de repente as suas prioridades e planos mudam.  Havia um ditado  na Grécia Antiga que se você quisesse ver os deuses rirem, bastava contar a respeito dos seus planos futuros. Logo, os seus planos vão mudar, assim como objetivos e estratégias financeiras;

g)      Porém, não confunda isso com mudar de estratégia porque o IFIX está caindo, ou porque os juros dos EUA talvez vão subir numa data futura ou porque o PMDB está endurecendo com o PT na governabilidade.  Aliás, se você diz isso e usa como parâmetro para a sua estratégia de aplicações, saberia dizer a diferença entre as taxas de juros nos EUA? O que é a FFR? Como o FED pode fazer ou não para influenciar a FFR? Qual é a taxa de equilíbrio da FFR para o curto e longo prazo? Isso apenas mostra como é complexo saber o efeito de tudo isso nas vendas do FII de shopping PQDP, por exemplo, e tentar precificar eventuais mudanças.


Essa é a verdadeira discussão. Para onde vai a taxa de equilíbrio de longo prazo da FFR? 1% a mais ou a menos, equivale mudança de centenas de bilhões, talvez trilhões, de dólares em precificação de ativos

CONSTRUA SUA ESTRATÉGIA, ESCOLHA BONS ATIVOS, SE QUISER DEIXE UMA PARCELA PARA TIMING

a)      Timing em mercados financeiros é  para a maioria absoluta das pessoas físicas que tentam fazer um jogo perdedor em rentabilidade, em energia vital e em tempo de vida;

b)      Sendo assim, estude, escolha bons ativos. Se é um FII, escolha um fundo com bons imóveis, se possível com bons inquilinos de contratos longos. Não fique apenas num FII, é possível e fácil comprar vários de inúmeros setores, e essa é uma das maiores vantagens de se investir em imóveis para locação via FII do que via imóvel físico. Se é relacionado a ações, escolha empresas sólidas, com lucro consistente, baixo endividamento, com bons produtos, com administradores que não ganham polpudos bônus em detrimento do lucro dos acionistas. Se é  renda fixa, títulos com bons emissores, com maturidades compatíveis com seus objetivos. Aplicando esses filtros básicos, podem ter certeza que o que fará diferença é a sua possibilidade de aporte e sua taxa de poupança. Não adianta nada ter estratégias complexas, devorar livros de finanças, e ganhar via salário R$ 6.000,00 e ter uma taxa de poupança de 20%. Mudo minhas palavras, claro que adianta, é muito melhor do que não poupar nada. Porém, uma pessoa que ganha R$ 20.000,00 e tem uma taxa de poupança de 50% alcançará os seus objetivos financeiros muito mais rapidamente, bastando aplicar filtros mínimos de análise;

c)       Faça isso, aumente o seu aporte via aumento da taxa de poupança ou aumento de salário. Faça que o seu rendimento do capital acumulado seja cada vez maior. Alimente a sua carteira. Uma vez por ano, ou a cada dois anos, avalie se os seus objetivos financeiros continuam os mesmo ou Se há necessidade de fazer reparos na estratégia ou, em casos mais radicais, uma mudança de estratégia.  Estude e se prepare, não fique horas na frente de um computador por causa disso, às vezes perdendo a beleza que a vida nos oferece;

d)      Pô, Soul, eu concordo, mas quando vejo BBAS abaixo de R$ 20,00, NSLU a R$ 160,00, BRCR a R$ 96,xx ou...bate uma vontade de “aproveitar” o “desespero” no mercado”, alguém pode estar pensando. Não vejo nenhum problema. Se você tem um patrimônio de 2M, porque não faz isso com 200k? Precisa menos de todo o seu patrimônio? Se você tem 200k, por que não faz isso talvez com 30k? Não há nenhum mal em alocar 10, 15 ou até mesmo 20% para tentar ganhar do mercado por uma ampla margem. Faça isso se você quer e gosta. Porém, não há necessidade de fazer isso com todo o seu patrimônio.

SOU UM INVESTIDOR BEM INFORMADO, COM ANÁLISE MUITO APURADA, O MERCADO CLARAMENTE É INEFICIENTE

Ok. Apenas responda-me a uma pergunta. O mercado de petróleo é complexo. Imagino que existam analistas muito bem preparados. Eu imagino que o presidente de uma gigante como a ExxonMobil saiba muito de petróleo. Então, porque ninguém percebeu o petróleo saindo de U$ 100,00 o barril para U$ 45,00? Li um artigo do Damodaran recentemente (esse sim entende de precificação e análise de ativos) onde ele colocava uma série de análise e previsões no final de 2013 de presidentes de companhias de petróleo, analistas dos mais renomados bancos de investimento, e não havia um sequer que previa um declínio desses. Por quê? Se pessoas altamente preparadas e bem pagas de um setor específico não conseguem antever nem mesmo um movimento abrupto  no seu setor de experise, por qual motivo um investidor amador que trabalha 8/10horas por dia fora do mercado, dorme 8 horas por dia, vai conseguir antever e de alguma maneira ganhar dinheiro com isso?


É isso colegas, grande abraço a todos!