quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

GESTÃO ATIVA X GESTÃO PASSIVA: QUEM ESTÁ CERTO?

Olá, colegas. Se há um assunto financeiro que causa emoções na blogosfera de finanças é o debate entre gestão passiva x gestão ativa de patrimônio. Sério, já vi discussões ferozes a respeito do tema em alguns espaços, descambando até mesmo para simples choques de egos. Sim, o assunto traz à tona não apenas finanças, mas também egos.

 “Por qual motivo egos, Soul?”, chegarei lá. Para prosseguir é bom que se defina o que entendo como gestão passiva e por gestão ativa. Antes de mais nada, ninguém faz gestão puramente passiva com todo o seu patrimônio. Repito: NINGUÉM. Nunca li isto escrito em língua portuguesa, mas a definição de gestão passiva  que acho mais acertada é aquela que a expressa como a forma de se obter o retorno oferecido pelo mercado. E o que seria isso?

  O retorno de mercado é o que um determinado mercado oferece de retorno num determinado período. O Portfólio de Mercado, termo utilizado por vários doutrinadores estrangeiros, é aquele que tenta espelhar o mercado como um todo. Se a capitalização do mercado acionário mundial como um todo corresponde a 50% dos EUA e 20% da Europa, por exemplo, um portfólio de mercado é aquele que tentará dar  peso de 50% para o mercado americano e 20% ao mercado acionário Europeu na sua composição.

 Se por seu turno, o mercado acionário mundial corresponde a 25% do total da capitalização dos ativos financeiros do mundo, o Portfólio de Mercado tentará ter 25% do seu peso investido em ações. Isso seria a gestão passiva por excelência, um investidor teórico com um Portfólio de Mercado obteria retornos idênticos ou muito parecidos com o que o mercado como um todo oferece.

  Porém, dá para perceber que montar um Portfólio de Mercado é quase que impossível para o investidor amador. Além do mais, preferências, receios, e características pessoais, fazem com que os investidores tenham alocações diferentes das do peso do mercado. Logo, se os Fundos Imobiliários Brasileiros correspondem a 2% da capitalização de instrumentos financeiros negociados na bolsa brasileira, quem possui uma alocação de 30% em FII no total do seu patrimônio não está fazendo gestão passiva na acepção correta do termo.

  Portanto, gestão passiva não se confunde necessariamente com não movimentar o seu patrimônio, conhecido tecnicamente como turnover, mas sim com se contentar com retornos oferecidos pelo mercado como um todo. Ninguém faz 100% de gestão passiva, mas é possível diminuir o grau de “atividade” de um determinado portfólio.

  Gestão Ativa, por seu turno, é a não aceitação dos retornos oferecidos pelo mercado. É a tentativa de obter retornos em excesso a um determinado mercado. 

  Este talvez seja um dos temas mais vivos e intensos em debate no mundo das finanças nas últimas décadas. Pode o mercado ser batido? Há técnicas que garantem retornos acima do mercado? 

  Não há concordância absoluta neste campo, mas, ao contrário do que erroneamente é afirmado em alguns escritos, há sim algumas ideias convergentes no mundo da prática e da academia no tocante ao tema. Esse assunto interessante foi abordado de forma muito bacana pelo gestor do fundo Hedge AQR chamado Cliff Asness

Estou ficando parecido com o Careca Cliff


 A primeira vez que ouvi falar dele foi lendo um livro chamado “Mentes Brilhantes, Rombos Bilionários”. Ele era um dos personagens da trama, mas para mim ele parecia mais uma personagem ficcional. Qual não foi a minha surpresa quando comecei a ler alguns artigos dele. Pensei comigo mesmo “poxa, esse cara é de carne e osso, ele realmente existe, não é apenas um Quant brilhante ficcional de um livro sobre o mundo financeiro”.

Um Livro Interessante


  Ele escreveu um artigo chamado “The Great Divide over Market Efficiency” , onde presta homenagem aos três ganhadores do prêmio “Nobel" (entre aspas, pois não há Nobel de economia propriamente dito) do ano de 2013:  Eugene F. Fama, Lars Peter Hansen e Robert J. Shiller.

  Hansen, eu confesso que não conhecia. O trabalho de Eugene Fama, parte dele ao menos,  já foi inclusive abordado neste blog num artigo escrito a respeito dele no início de 2014, que teve poucas visualizações, mas acho um dos bons artigos financeiros deste espaço: Ações: Os Três Fatores de Risco de Fama e French.  

 Ele é um dos proponentes da Teoria dos Mercados Eficientes. Schiller, por seu turno, é conhecido pela expressão “Exuberância Irracional”, nome de um ótimo livro escrito por ele o qual eu recomendo, onde ele tenta fazer uma anatomia de por quais motivos bolhas de ativos ocorrem. Obviamente, as ideias de Fama e Schiller são antagônicas, ao menos se analisadas de forma apressada e superficial.

Este é um excelente livro não só sobre investimentos, mas sobre como nós humanos agimos em determinadas circunstâncias


 O simples fato de dividirem o prêmio para duas pessoas que pensam de forma tão diferente sobre precificação de ativos financeiros só faz ecoar como um sino o alerta sempre dado por este Blog de que só evoluímos quando discutimos e quando somos desafiados por ideias diferentes das nossas. Sobre este aspecto, a atitude dos organizadores da premiação é de tirar o chapéu.

O Sr. Mercados Eficientes Eugene Fama

E o cabeludo Schiller


  A grande verdade é que as ideias dos dois personagens foram, são e talvez continuem sendo muito importante para a análise de finanças. A Teoria dos Mercados Eficientes basicamente diz que toda informação é convertida rapidamente em preço. Quanto mais maduro um mercado, mais atores há processando cada pedaço novo de informação. O preço de mercado de um ativo nada mais é do que um reflexo de diversos agentes processando as informações e chegando num preço de equilíbrio. Sobre esta perspectiva, tentar encontrar algum valor intrínseco num determinado ativo, ou seja alguma “barganha”, é pura perda de tempo.

  Evidentemente, essa análise tomada a ferro e fogo não é correta. Se assim fosse, como explicar a formação de bolhas fenomenais como a dos ativos japoneses na década de 80. Teria algum sentido o terreno onde está o palácio do imperador em Tóquio valer quase que a totalidade de todos os imóveis da Califórnia como ocorreu na década de 80? Parece que não. Neste ponto, entra Schiller dizendo que os investidores agem irracionalmente, fazendo com que os preços dos ativos possam flutuar muito para mais e para menos em relação a um valor que um investidor racional poderia apontar como correto em relação a um ativo.

  As bolhas existem, exemplos de crash e euforias abundam pelo mundo, parece evidente que os mercados não são eficientes, ao menos não a todo tempo. Essa última expressão é que faz toda diferença do mundo. 

 Não, os mercados não são eficientes e racionais a todo tempo, porém eles também não se comportam de forma irracional a todo tempo. Pelo contrário, talvez os períodos de irracionalidade são a exceção, não a regra. Se não se pode aceitar a teoria dos mercados eficientes em sua plenitude, sob pena de se negar a realidade, também não se pode aceitar que os mercados a todo o tempo estão a precificar ativos financeiros baseados em impulsos irracionais dos seres humanos, e não em técnicas racionais de avaliação de ativos.

 O que eu acho pessoalmente? Eu aprendi muito lendo artigos acadêmicos de sujeitos como o Eugene Fama. Uma vez um blogueiro me perguntou se não era uma perda de tempo ler um livro como o “Expected Returns”, se isso serviria para alguma coisa. Hoje, eu percebo como valeu, e como consigo navegar nos mais diversos temas de finanças porque me esforcei a tentar entender os trabalhos acadêmicos que apontavam numa direção de “maior racionalidade” do mercado.  

Um verdadeiro compêndio. Livro grande e longo de letras miúdas. De longe o melhor livro sobre finanças que já vi na minha vida. É uma verdadeira aula capítulo após capítulo. Não consegui ler todo o livro, devo ter lido uns 75%, e sempre penso em recomeçar a ler novamente. Quando vejo artigos citando o livro do Siegel "Ações para o Longo Prazo" como um marco nos livros de investimentos, apenas constato como há ainda pouco acesso à  informação de qualidade técnica mais densa em língua portuguesa.


 Não se enganem, quanto mais maduro e líquido um mercado, mais difícil é obter qualquer retorno em excesso a este mesmo mercado. W.Buffett que o diga, pois nos últimos 7-8 anos o valor patrimonial das ações da Berkshire vem constantemente perdendo para o S&P500. Talvez aqui pese o fato da empresa ter ficado grande demais, ficando muito difícil ter retornos em excesso.

 Há muita gente competente e inteligente tentando ganhar dinheiro em excesso do mercado. Isso acaba gerando muita competição, e onde há muita competição, invariavelmente os lucros são menores. É assim que vejo os mercados financeiros hoje em dia, muita competição de pessoas muito boas, tornando lucros em excesso cada vez mais difíceis.

  Por seu turno, não posso negar que em determinados momentos o mercado fica eufórico e depressivo, talvez passando do limite para mais ou para menos por uma boa margem. Isso é muito mais normal em mercados mais voláteis e não tão líquidos como o Brasileiro. Como disse em outro artigo, eu creio ser muito mais fácil ver quando algo está “barato" do que quando algo está começando a ficar “caro demais”. Porém, isso é apenas um achismo meu.

 Assim sendo, eu creio que os mercados são instrumentos muito bons para precificar ativos financeiros. Eu creio que investidores amadores devem cada vez mais partir para gestões mais passivas de portfólio e se contentar com retornos de mercado. Tentar bater o mercado é uma atividade difícil, que consome tempo e energia. 

 Entretanto, o nosso mercado nacional é muito mais volátil do que mercados mais consolidados. O nosso sistema político, que aparentava estar dando passos para solidez, se mostra ainda frágil, ocasionando toda uma miríade de incertezas. Portanto, é inegável que podem aparecer oportunidades ao longo dos anos.

  O Brasil, com os seus juros reais altos, é o país ideal para ser conservador na maior parte do tempo e muito agressivo em algumas oportunidades. Com instrumentos de liquidez imediata, sem risco de oscilação negativa, e pagando juros reais razoáveis de 4 a 6% aa, o nosso país faz com que não seja custoso guardar uma certa quantidade de dinheiro para comprar determinados ativos em determinadas épocas.

 Nos EUA, se alguém quer ficar líquido sem risco de oscilação negativa, tem que se contentar com retornos de 0.5-0.75% aa. Ora, se a pessoa resolver ficar líquida muito cedo ou por um período mais longo, o custo de oportunidade é gigantesco. Isso não acontece com investidores no Brasil. Quando essa ficha caiu para mim , a minha estratégia ficou muito mais clara.

 Por isso colegas, a minha conclusão deste texto é que tanto a ideia de mercado eficientes, bem como o argumento contrário de investidores irracionais guiando o preço dos ativos, são argumentos válidos e interessantes, mas incompletos se analisados separadamente, ou se defendidos como única verdade. Eu creio que este é um dos tópicos onde realmente a posição mais acertada está em algum ponto no meio destas duas vertentes.  

 Entretanto, é fato mais do que comprovado que os retornos dos mercados são difíceis de serem superados até mesmo por investidores profissionais, o que dirá de investidores amadores. Sendo assim, creio que cada investidor deve fazer uma profunda auto-crítica para saber se realmente vale a pena investir tempo e energia na busca de retornos em excesso. No Brasil, ao menos, temos instrumentos de renda fixa que são líquidos, não possuem potencial de rentabilidade nominal negativa e ainda pagam altos juros reais. Se realmente quer tentar ganhar dinheiro em excesso ao mercado, utilize-se destes instrumentos financeiros como reserva de liquidez.

  "E onde entra o ego nisso tudo Soul? você disse que iria chegar neste ponto no primeiro parágrafo". Claro, querido leitor. Coloque na sua cabeça que finanças pessoais é apenas um meio. É um meio para que você alcance outros objetivos. Não faça das finanças uma questão de ego. "Ah, acertei a compra de um ativo, sou muito bom" ou "ah, essa ideia que tenho parece não fazer muito sentido, mas eu não posso estar errado". O Ego inflado ou ferido na vida não costuma ser boa coisa. Nas finanças pessoais, é receita para o desastre.

  Quantos egos feridos ou inflados eu não acompanhei em algumas discussões sobre finanças. Lembro de um episódio acontecido nesta  última "crise" nos FII no começo de 2016. Num grupo de discussão, havia algumas pessoas falando que estavam enchendo o balde, e comprando um monte de FII, na "oportunidade da década". Porém, alguns meses antes eu via as mesmas pessoas dizendo que estavam 100% investidas em FII e estavam satisfeitas.  Se elas há poucos meses estavam 100% investidas em FII, de onde estava saindo o dinheiro para comprar mais FII a não ser dos aportes regulares, que a depender do tamanho do patrimônio não significa muita coisa? Fiz essa pergunta, e alguns egos ficaram feridos. 

 Na verdade, a gestão ativa, o sabor de dizer que acertou e ganhou dinheiro com alguma coisa ao contrário de muitas outras pessoas que perderam dinheiro ou alguma oportunidade, é algo de extrema importância para muitos investidores.

  Não seja uma dessas pessoas, prezado leitor. As finanças pessoais para investidores amadores não é uma corrida contra outras pessoas. Se você quer economizar para dar uma volta ao mundo de um ano, o que isso tem a ver com uma pessoa que está economizando para pagar a universidade no exterior para um filho? Nada. 

 São pessoas diversas, com caminhos diversos e objetivos diversos. Quase sempre o único adversário na caminhada financeira é a própria pessoa, não os outros. Se assim o é, não há qualquer motivo de ordem racional para termos egos inflados ou feridos por causa de gestão de patrimônio, apenas motivos de ordem irracional (xi, cai na discussão gestão ativa x gestão passiva novamente!)

  Um grande abraço a todos!


30 comentários:

  1. Soul,

    Sensacional sua abordagem e vai muito de encontro com a minha. Excelentes referências também. Estava sentindo falta de um artigo mais técnico aqui no seu blog.

    Penso o seguinte: no curto prazo o mercado muitas vezes precifica mal, o que permite que encontremos ocasiões em que empresas específicas ou o próprio mercado como um todo se encontram sub ou sobrevalorizados. Porém, no longo prazo, percebo que há uma tendência de correção por parte do próprio mercado.

    Quanto a gestão, também estou de acordo com você e creio que seja possível bater o índice, porém, o esforço para isso vale a pena? Isso sabendo não só de que o sucesso não é garantido, mas muito além, o que sabemos é que 80% dos investidores profissionais são batidos pelo mercado. Minha conclusão é clara: a estratégia passiva de investimento é mais vantajosa; não vale a pena tentar bater o índice, principalmente sabendo do excelente retorno de investir em um fundo indexado de baixo custo.

    Mas há um porém: internacionalmente falando, temos excelentes opções, já no Brasil, em um mercado subdesenvolvido com pouquíssimas empresas, não sei se investir no índice vale a pena. Melhor dizendo: para mim, o Ibovespa não serve. Muita empresa ruim e mal administrada. Aqui, creio que fazer stock picking seja vantajoso no longo prazo, desde que haja uma diversificação e que as ações sejam seguradas por muito tempo. Mesmo assim, ainda volto a bater na tecla: isso gera um grande esforço em acompanhar balanços e selecionar empresas, e esse esforço no fim pode acabar não valendo a pena.

    Por isso tudo, meu planejamento (que obviamente pode não servir para outras pessoas) é tentar gradativamente aumentar o percentual passivo de minha carteira, de forma que quando chegue perto da IF já esteja com a maior parte de meu patrimônio alocada em investimentos que não exijam acompanhamento contínuo. Afinal, é como você mesmo disse: investir não é um fim em si mesmo, e sim uma porta para podermos fazer outras coisas que nos aprazem.

    Novamente, ótimo artigo.

    Abraços.

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    1. Olá, colega. Grato pelo comentário!
      O Brasil possui vantagens tributárias absurdas para se possuir ações individuais ao invés de ETFs (possuir alguma espécie de índice).
      a) Não se tributa dividendos (algo que só acontece em uns três países no mundo se não me engano)
      b) Há isenção de IR para venda de até 20 mil. Ou seja, teoricamente, a pessoa pode bancar 240 mil ano de vida, apenas vendendo posições de ações sem pagar IR.

      Essas duas vantagens tributárias, inexistentes no exterior, fazem com que minha opinião penda para que tente-se escolher ativos individuais.

      Abraço!

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    2. soul, ótimo texto. sinto falta de textos "tecnicos" como este. antigamente na blogosfera tinhamos textos e discussões muito ricas a este respeito, apesar dos egos.

      Me lembro de muitos comentários seus, bem longos e característicos, em posts polêmicos sobre a importância do preço, etc, antes mesmo de criar seu blog.

      Concordo plenamente com você e até mesmo com o que disse o Milionário, sobre o pseudo-aumento de eficiência do mercado no longo prazo.

      Estes pontos do seu comentário, seobre as vantagens tributárias são exatamente o motivo que me mantém fiel ao B&H.

      Abraços

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    3. Valeu, EI!
      Grato pelo comentário e visita. É verdade, já tivemos boas discussões em diversos blogs. Oxalá isso possa voltar.
      Abraço!

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    4. Olá Soul,

      A carga tributária no Brasil é imensa e essa suposta isenção de imposto nos dividendos nada mais é do que não tributar a mesma coisa duas vezes.

      Não vejo como nenhum benefício em relação a outros países.

      Abçs!

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    5. Olá, colega.
      Veja, quase todos os países tributam distribuição de dividendo. Eu, teoricamente, acho que é tributar duas vezes a mesma coisa, mas não se pode ignorar a realidade de que outros países não pensam assim. Nos EUA, a mordida em dividendos é muito grande. Tanto que não faz muito sentido ter instrumentos de alto yield em contas que não gozam de algum benefício fiscal (como 401k, etc).
      Para nós brasileiros, é melhor que se invista via Irlanda que possui acordo de tributação e diminui para 15% a mordida.

      Sobre a carga alta do Brasil, é verdade. Porém, ela onera quem menos tem, não quem mais tem. Os Estudos estão começando a abundar no país, com dados técnicos e estatísticos. Há uma inversão completa no Brasil.

      Sobre a tributação dos lucros empresariais, não é demais reconhecer que as empresas usam muito do expediente de Juros sobre o Capital Próprio, o que diminui a alíquota efetiva que se paga de Imposto.

      Eu, com a devida vênia, acho que é uma baita de uma vantagem tributária em relação a outros países.

      Abraço!

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  2. Soul, obrigado por nos presentear com seu texto.
    Vc sem querer respondeu a pergunta q te fiz no post passado.
    Abraços

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  3. Soul,

    Penso que mais do que gestão ativa x gestão passiva, o que está em jogo é que ninguém cuida melhor do seu dinheiro que você mesmo.

    O mercado, para mim, é totalmente irrelevante nesse aspecto. Eu acompanho as empresas que sou sócio e ponto final.

    Abraços!

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    1. Olá, Investidor! Como regra geral, concordo que nós cuidamos melhor do nosso dinheiro, desde que saibamos exatamente o que estamos fazendo. Nisso estamos de acordo.
      Valeu pelo comentário, abraço!

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  4. Grande Soul,

    Eu quero é paz antes de pensar em ficar rico, e descobri que, quanto menos eu altero meu portfólio, mais ele cresce. Toda vez que eu altero, ele diminui.

    Não sou totalmente passivo nos investimentos, claro, sempre estou ali dando uma olhadinha ou outra, mas, desde que no ano de 2015 eu comecei a parar com esta bobeira de ficar “compra, vende, vende por que subiu muito, recompra por que caiu, dobra a compra pra melhorar o preço médio”, isto tudo só me prejudicou e eu sempre fui um perdedor na bolsa de valores, ainda bem que eu sempre colocava não mais que uns 10, 20 mil, pq aí perdi 10%, 20% disto apenas.

    Eu pretendo mexer o mínimo possível, e somente em casos que realmente me façam aparecer um ponta de preocupação na minha cabeça, sem olhar preço.

    Exemplo: RNGO! Excelente FII, continua pagando bem, mas a região dele não me deixava tranquilo ... Vendi, sem dor no coração, disparou depois, sem problema, pois aloquei o valor da venda em outros FIIs que subiram também, mas que me deixam tranquilos.

    O seu blog é onde escrevo as coisas mais da “vida”, mais “profundas” digamos assim, e não só na parte financeira, mas acho que nosso objetivo de vida deve ser buscar a paz antes do dinheiro. Exemplo? Do que valeria ser muito rico, sendo um traficante jurado de morte, preocupado coma própria sombra? Do que valeria ser um “Eike Batista” correndo aí da polícia, risco de ficar atrás das grades.

    Devemos procurar a paz em tudo, e manter um patrimônio sem movimentações constantes traz paz, logo, ser passivo é melhor que ficar no gira gira eterno em busca das melhores taxas e no preço de compra.

    Abraço

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    1. Olá, VC!
      Claro. As pessoas se iludem e falam "ah, ele roubou, está preso, mas quando sair vai ter milhões", e daí? Nós seres humanos somos muito, mais muito mais do que dinheiro.
      A paz e tranquilidade emocional são aspectos fundamentais na vida em geral, mas na forma que lidamos com o nosso dinheiro também.
      Se você está alcançando isso, ótimo, está no caminho certo.
      Um abraço VC!

      obs: sua audiência aumentou muito hein? Meus parabéns!

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    2. Pois é Soul,

      Acho que as postagens diárias e a forma de escrita bem sincera cativou o público.

      Espero manter a mesma linha.

      Abraço

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  5. Interessante Soul!

    Eu sou da opinião que devemos buscar bons ativos (boas empresas para ações, bons imóveis para fii, sempre atentando-se quanto a gestão de ambos) do que ficar buscando bater o mercado.

    Abraço!

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    1. Olá, colega!
      Sim, o ponto é que ao buscarmos escolher "bons" ativos estamos tentando bater o mercado, pois de alguma maneira pensamos que a composição do nosso portfólio deve ser diferente da composição do mercado.
      Como dito, no Brasil há vantagens tributárias de se tentar montar o patrimônio em ações por meio de ações individuais. No exterior, eu tenho sérias dúvidas sobre a eficácia tanto financeira, como emocional, e como de uso correto do tempo desta estratégia.

      Abraço!

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  6. Rapaz, seu artigo foi bom, mas um pouco graaaaande.

    Nunca levei fé na ideia de mercado ineficiente no mundo todo, menos ainda no Brasil com seus 90.000 casos de insider trading anuais, segunudo a revista Exame.

    Logo, é necessário estar preparado para grandes quedas e enormes altas no mercado. 60% de RF, considerando os fiss uma "quase" RF, e 40% de RV com empresas sem dívidas, tipo Grendene, já me ajudam muito.

    Você comentou que os dividendos não são tributados para o recebedor e que há 240k anuais para o investidor. Devemos lembrar que nem 500 mil pessoas hoje estão na bolsa. Caso o governo aperte as regras essa quantidade diminuiria muito.Sempre existe um outro lado, uma explicação.

    Agora uma brincadeira,não dá para considerar racional um ser humano que vota em Trump ou em Bolsonaro... Assim os irracionais também atuarão no mercado acionário.

    Abs

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    1. Olá, colega.
      Sim, os números de investidores pessoas física na bolsa brasileira é ínfimo comparado com a nossa população. É um desconhecimento muito grande, cumulado com falta de poupança, e ainda com pouca educação formal. Não vejo esse cenário mudando no curto-médio prazo, infelizmente. Um mercado de capital forte é sinônimo de um setor privado forte.
      Talvez diminuiria, talvez não. Se o governo apertar, vai fazer o que, investir na Renda Fixa? Se houver esse fluxo de dinheiro, os yields de instrumentos de dívida tendem a cair.
      Porém, não deve estar no radar deste governo mexer nisso, num próximo em 2019, a história muda de figura.

      Abraço!

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    2. Nenhum caso de insider trading muda nada para quem faz o BH.
      Se informar pela revista Exame?

      Essa taxa de R$20 mil está pra ser corrigida, pois nunca foi, já estão falando em R$50 mil, há projetos na fila para votar.

      A culpa da bolsa só ter 500 mil PF no Brasil, logicamente é pq não vivemos de fato num país capitalista de fato. Isso aqui é uma república de compadres, grandes oligarcas aliados à mídia e aos políticos trabalhando exatamente contra o povo (que o diga o BNDES, Odebrecht, Eike, JBS, Oi só para citar algumas) que claro quem bate palma são as pessoas que condenam o Trump por lutar contra o stablishment financeiro-industrial-midiático ou contra o Bolsonaro; dois sujeitos que botam a cara a tapa pra tentar conter um pouco o assalto ao escravo fiscal que é o cidadão comum, precisamente pq essas pessoas são beneficiadas de forma decisiva pelo arranjo atual do sistema.

      O livre mercado incomoda muita gente, e daqui vai demorar décadas pra sair do papel.

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    3. Olá, Frugal!
      Se aumentar para R$50 mil, a vantagem tributária fica bem grande mesmo. Vamos torcer para que isso ocorra.

      Eu acho que os seus pontos são válidos. Infelizmente, temos muito sim um capitalismo de compadrio. Agora, não creio que isso seja o principal, ou a causa principal para termos pouca pessoas investindo na bolsa, Frugal. O país ainda é de renda média, nossa desigualdade é muito grande, nossa taxa de poupança minúscula, e nossa educação ainda baixa. Agora, realmente um ambiente com menos burocracia e mais liberdade econômica faria muito bem para o nosso mercado de capitais.

      Um abraço!

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  7. Soul,

    Muito bom o texto .... reflexão de alto nível e inteligente .... estudioso hein rapaz ...

    É com relação a liquidez tem toda razão ... mercados menos líquidos como imóveis, possibilitam ganhos muito maiores por spread (comprador x vendedor) do que um mercado como ações por ex petr e vale...

    Outra coisa que esquecem quando olham os retornos de grande gestores de fora .. é a questão de um mercado com inflação muito menor que a nossa. Havia um tempo que se o cara ganhasse 20% no ibov, o ganho real era próximo de zero. Já fazer 12% ao ano numa economia que roda com inflação de 2%..... nao é a mesma coisa ...

    Abs,

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    1. Olá, Rodolfo.
      Exatamente, daí a minha predileção de ser agressivo num setor ilíquido onde os spreads podem ser muito grandes, principalmente se posso usar o meu conhecimento técnico nisto (falo de imóveis).
      Mercados mais líquidos como ações, eu simplesmente deixei de olhar e reconheci o meu limitado conhecimento para fazer análises, a não ser quando há grandes momentos de pânico.

      Fazer 12% em economias desenvolvidas nos dias de hoje de forma contínua é tarefa para lá de árdua. Imagina ganhar 12% em dólar por uns 15 anos? Não queria mais nada:)

      Abraço

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  8. Soul quando vc arremata um imóvel em leilão, quanto % a mais vc gasta para tirar quem está ocupando o imóvel, reforma e advogado? 20, 30% ou mais?

    E quanto tempo vai, em média, entre arrematar e vender?

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    1. Olá, colega. Eu não gasto com advogado. Não, 30% é muito. Depende muito do imóvel, da margem, e da situação jurídica, 10% é um bom patamar.
      Essa é muito difícil responder. Nos últimos dois anos, foi difícil, olho do furacão no Brasil, principalmente para o setor imobiliária. Já tive casos que foi apenas 4 meses, e tenho um que se arrasta por três anos.
      Eu faço cálculos de venda entre dois anos e dois anos e meio, se nestes cálculos a rentabilidade potencial é uns 8-10% acima do CDI pelo menos, é um bom indicativo de compra.

      Abraço

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  9. Soul, a questão da gestão ativa e passiva realmente é polêmica. As vezes as pessoas escrevem/falam uma coisa e na realidade estão fazendo outra. É fácil você identificar uma oportunidade, o difícil é ter coragem/paciência/persistência para manter os planos em momentos de oportunidades.

    Abraço e obrigado por nos bridar com mais um ótimo texto.

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  10. Grande Soul!

    Eu li o livro do Siegel, fiz um curso on-line com o Schiller, li seu artigo sobre o Fama e já tenho esse livro baixado pra ler que está na fila.

    Acho que cada um tem seu mérito, e concordo com todos.
    Siegel nos faz ver o grande quadro, acreditar piamente no mercado é ingenuidade, eu tenho várias epifanias na bovespa e a minha precificação é bem diferente do que está lá (ex.: BB sendo vendido no mesmo valuation de Itaú?) certeza que vai cair, e muitas outras coisas, se eu tivesse dinheiro pra brincar de trades com certeza já teria feito um bom dinheiro, mas nem perco meu tempo.

    A melhor contribuição de Schiller certamente foi o CAPE.

    Agora RF no Brasil para ter um cash, e proteger a carteira tudo bem, mas ficar rico no longo prazo ou querer se aposentar baseado apenas em RF eu acho arriscado demais, por causa do risco do câmbio e de hiperinflação.

    Um usuário do bastter fez um estudo comparando diversas ações com RF e mesmo coisas ruins como Petr, Vale, Cemig e Klabin ganharam com bastante folga da RF, está no meu último post isso. Afora o pagamento de imposto quando a RF vencer e o sujeito ficar com uma montanha de dinheiro líquido na mão.

    Todo mundo tem que montar um plano e cuidar dos investimentos, se possível diversificando em tudo, pois cada classe tem falhas e riscos diferentes. Quem investe muito em RF corre o risco de não ficar rico tão cedo e ter que trabalhar mais duas décadas pra se aposentar, hoje em dia eu vejo isso, pois com ações vc tem uma ação na mão que vale o mesmo preço para todo mundo que tem ela, qnd vc vai comprando barato e acumulando fica com um potencial acumulado de crescimento enorme que após uns 3 anos bons podem ser suficientes para o cidadão ter um patrimônio enorme. Além do mais um retorno 4-6% ao ano acima da inflação na RF no Brasil consegue ser menor do que a média do ibovespa que é horrível, nos últimos 86 anos a média do ibovespa acima da inflação foi de 6,6% (bem parecida com a do SP500). Nego só precisa ficar tranquilo com a volatilidade no curto prazo.

    Outra coisa legal que aprendi com Shiller foi o conceito de fronteira eficiente que ele dá. Ele também gosta muito de comodities como o petróleo, até falou que todo portfolio deveria ter petroleo pra diminuir o risco. Fiquei interessado em ler o livro dele esse que vc falou.

    O outro grandão lá vou ler sim, estava criando coragem.

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    1. Olá, Frugal!
      A última vez que vi o retorno dolarizado do Bovespa foi em 2015, e era algo em torno de 12%aa nos últimos 40 anos. Bem parecido mesmo com o S$P500.
      Veja, Frugal, o spread, ou Equity Premium histórico do mercado acionário, é algo em torno de 5 ou 6%.
      Ou seja, mesmo que os seus cálculos, ou o do usuário estivesse corretos, um Equity Premium de apenas 2%aa seria muito menor do que o mercado acionário.
      Além do mais, ganhar 5-6% de juros reais em instrumentos de dívida? Isso não existe, e talvez só tenha existido nos EUA quando a inflação começou a ceder muito rapidamente e os juros ainda estavam em dois dígitos no final da década de 80 nos EUA. Entretanto, a janela de oportunidade foi breve.
      Logo, quem acumula em renda fixa ganhando 5-6% real terá um grande patrimônio no decorrer dos anos. Ruim é quem tem que comprar títulos no exterior pagando juros reais negativos. Dureza é comprar Treasuries nos EUA pagando 0.5-0.75% aa, pagar 30% de IR sobre estes rendimentos, pagar income tax estadual dependendo do seu domicílio (se o investidor for americano) e com uma inflação de 2%.
      Aí, realmente o crescimento do patrimônio não irá ocorrer.

      Há realmente risco de inflação. Ele é mitigado com a NTN-B. Para a NTN-B virar pó ou ter rendimentos reais negativos, precisa de muita inflação, mais do que 30%aa. Teríamos que ter uma inflação muito violenta. É possível se não chegarmos a um acordo enquanto país do que precisamos priorizar para ter nossas contas em dia.
      Num cenário como esse, inclusive já fiz um artigo aqui no blog sobre a resiliência do mercado imobiliário argentino em relação à inflação grande daquele país, é interessante ter dinheiro aplicado fora do país ou ao menos em imóveis e empreendimentos empresariais (ações, por exemplo).

      No fundo, concordamos com a diversificação e a necessidade do investidor ampliar os seus horizontes.

      Um abraço!

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  11. Oláv Soul. Surfer

    Estou com uma grande dúvida, e gostaria dos seus vastos conhecimentos para me ajudar, atualmente possuo algo em torno de 35/40 vezes minhas despesas mensais acumuladas em ativos de baixo risco e liquidez diária, estou com uma taxa de aporte em torno de 50% algo próximo de R$2500
    Porém moro em uma casa pequena nos fundos dos meus pais local bastante agradável por sinal, entretando minha família está crescendo minha filha esta próximo de completar 2 anos.
    Já localizei um bom imóvel para alugar em um bairro dá minha cidade, fácil acesso e do jeito que eu e minha esposa gostaríamos de morar, gostaria de utilizar os rendimentos de minhas reservas para alugar este imovel, entretanto teria de completar aluguel em torno de R$ 800 mês , o q diminuiria minha taxa de aporte para algo próximo de 1.500R$ mês, já pensei em fazer a compra de outros imóveis porém com os preços praticados hje eu iria acabando de me endividar muito
    Como devo proceder qual seria a melhor escolha ?Devo continuar onde estou?? Alugar ?? Ou comprar. Novo imóvel??
    Qual sua opinião??

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