terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

THOMAS PIKETTY - A QUESTÃO DA DESIGUALDADE

              Olá, colegas. Hoje iria escrever sobre outro tema, mas depois de ver a entrevista de Thomas Piketty no roda viva na noite de ontem (infelizmente a entrevista ainda não está no youtube), resolvi falar brevemente a respeito. Para quem ainda não sabe, Piketty é um economista francês que escreveu uma obra intitulada “O Capital no século 21”. O livro tornou-se um Best Seller.  Apesar de ser um livro de fácil compreensão, a leitura é cheia de gráficos e conceitos econômicos, o que torna o sucesso do livro ainda mais impressionante.

Um livro interessantíssimo. Recomendo a leitura, até para que suas opiniões possam ficar mais fortalecidas, ou até mesmo para mudar de ideia sobre alguns pontos.

                Quando um livro que trata sobre desigualdade atinge tanto sucesso, seria normal esperar reações exageradas de vários espectros ideológicos.  Para pessoas mais à esquerda (sempre repito que acho esse tipo de rotulação a pior possível, mas  rotular pessoas é mais fácil para nosso cérebro ver ordem no mundo exterior) o livro é um grave alerta sobre os rumos que estamos tomando. Para espectros mais à direita, é uma grande bobagem, e o autor não passa de um comunista à la Marx.

                Pois bem. Antes, começarei citando um artigo no Instituto Mises, que quase todos por lá citam, quando se fala do livro do Piketty (http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1855, “Thomas Piketty e os seus dados improváveis”). Uma das observações centrais do livro “O Capital” é que quando a taxa de retorno do capital é maior do que o crescimento da economia como um todo, há uma tendência de concentração maior de renda das pessoas que detêm o capital.  Imagine que o retorno médio de toda forma de capital depois da tributação (dinheiro, empresas, títulos, imóveis, etc) seja algo em torno de 4%. Porém, a economia como um todo cresça 2%.  A renda nacional (PIB) é uma soma do retorno do capital + retorno da renda de salários. Se a economia cresce numa velocidade menor do que o retorno do capital, uma fatia cada vez maior da renda nacional irá para os detentores de capital, o que teoricamente irá aumentar a desigualdade. Em relação a essa afirmação, o artigo do Mises coloca o seguinte gráfico:

Do texto: "Esse valor de 4,5% de retorno sobre o capital também é insano porque o próprio Piketty argumenta, e muito corretamente, que todo o crescimento econômico ocorrido antes da Revolução Industrial foi insignificante, o que significa que retornos tão altos para os ricos simplesmente não são compatíveis com um crescimento tão ínfimo.  A verdade é que, durante boa parte desse período, os ricos estavam mais interessados em gastar ou em esconder suas riquezas a investi-las, pois, naquela época, expor suas riquezas significava se tornar suscetível a ser roubado — ou por bandidos ou pelo governo."

                Em nenhum momento do livro, o economista francês diz que o retorno do capital era reinvestido, mas sim que era consumido, da mesma maneira como o autor do texto. Ele está concordando com o Piketty. Como o crescimento econômico era muito pequeno e muito menor do que o retorno do capital, a renda era extremamente concentrada e alguém duvida disso? Ou é possível acreditar que a pessoa que não fosse cidadão romano (e a esmagadora maioria não o era) tinha uma boa vida no começo da era Cristã, por exemplo?

                    O autor do texto continua: “Por fim, se analisarmos mais atentamente a parte mais atual do gráfico (1913 a 2012) e ignorarmos a projeção feita para o futuro, veremos que as linhas também não dão sustentação à tese de Piketty.  A ideia de que, no capitalismo, os ricos sempre necessariamente se tornam mais ricos em relação a todos os outros simplesmente não é corroborada pelos dados que ele apresenta.

                Não é verdade também.  Outra linha central de argumentação do livro é que a desigualdade extrema que existia na Europa, e em certa medida nos EUA, no início do século 20 foi apenas diminuída pela onda sucessiva de choques pelos quais passaram o capital: duas guerras mundiais, uma depressão econômica mundial enorme e o estabelecimento de impostos sobre a renda. O mundo da década de 40 até recentemente passou por uma fase de crescimento enorme, o que dificilmente tende a se sustentar no futuro. O próprio Piketty faz uma observação interessante. Nos últimos 300 anos, o crescimento da economia é estimado em 1.6% aa. Metade desse crescimento veio na forma de aumento da população e a outra metade em ganho per capita. Mesmo com um crescimento modesto de 0,8% per capita por ano nos últimos 300 anos, fez com que a renda per capta multiplicasse por 10 e a população humana multiplicasse por 10. É difícil imaginarmos um crescimento tão grande, principalmente da população, para os próximos 300 anos, pois creio que temos barreiras naturais para o crescimento.  Logo, é baseado em projeções de demógrafos e de economistas, que Piketty projeta um crescimento econômico mais modesto para o mundo, o que não é algo necessariamente ruim.
                
                Depois o autor coloca o seguinte gráfico:


E cita o seguinte trecho: Já o gráfico seguinte mostra a fatia da riqueza nas mãos dos 10% mais ricos da Europa ao longo do tempo (linha azul-escura), a fatia de riqueza nas mãos dos 10% mais ricos dos EUA (a linha verde clara), a fatia da riqueza nas mãos do 1% mais rico da Europa (linha azul-clara) e a fatia da riqueza nas mãos do 1% mais rico dos EUA (a linha verde-escuro).
Este gráfico também não corrobora a tese de Piketty.  Sim, a fatia dos ricos cresceu desde 1970, mas só depois de ter caído acentuadamente antes.

Errado. Esse gráfico corrobora completamente a tese de que havia uma grande desigualdade no início do século 20. Foram necessárias guerras mundiais, uma depressão profunda e estabelecer impostos sobre a renda (não havia qualquer tributação sobre a renda antes), para que a desigualdade diminuísse e uma classe média se formasse. O que o mundo assiste a partir da década de 70 é uma tendência para voltarmos a níveis de concentração extremamente altos na época da Belle Époque.

Fiz esses apartes, pois há inúmeros textos criticando o livro de maneira equivocada e com gráficos mais equivocados ainda. Há diversos outros argumentos muito mais fortes de crítica, e dos dados coletados, o que é muito útil para se formar uma opinião mais equilibrada. Porém, para mim ao menos, é inegável que o livro do economista francês traz à tona uma miríade de questões em que a humanidade deveria debater de forma mais clara e objetiva.  Dito isso, comento partes em que achei interessante da entrevista:

A)     Ele diz expressamente que é a favor do livre mercado, do empreendedorismo, etc. Aliás, não tem como não sê-lo, já que essa forma de configuração da economia é o que produz mais inovação e mobilidade;
B)      A economia não é uma ciência e se sabe muito pouco sobre ela. Nada mais preciso em minha opinião. Física e Matemática são ciências. A economia não deve ser uma área restrita apenas a economistas com fórmulas mirabolantes. Impostos, desigualdade, crescimento, etc, etc, são temas importantes demais para ficarem alheios aos cidadãos comuns e fora do debate político de idéias. Foi necessário que um psicólogo, dois na verdade, falassem na década de 70 que aparentemente nem todas as decisões econômicas são racionais, para que nascesse um ramo novo de conhecimento chamado economia comportamental. Estudar economia e as complexas relações entre os seres humanos, sem estudar psicologia comportamental, neurociência, biologia evolutiva, etc, é por demais capenga;
C)       Níveis extremos de desigualdade não parecem levar a mais inovações. É salutar que haja desigualdade, e ele falou isso diversas vezes na entrevista. Entretanto, empiricamente parece não haver nenhuma corroboração ao fato que desigualdades extremas levem a sociedades mais inventivas, pelo contrário. Aliás, o autor Dan Ariely no livro “Positivamente Irracional” chega a mesma conclusão, que a partir de certo limite de renda, acréscimos adicionais dessa renda não parecem levar a melhores tomadas de decisões. Um exemplo de sociedade talvez seja a dos países nórdicos. Há desigualdade, há liberdade econômica, mas o nível de desigualdade é muito baixo (mesmo com tributação que em alguns casos, como na Dinamarca, pode chegar a 50% do PIB).  Aliás, vendo novamente um belíssimo documentário chamado “I AM” cada vez mais me convenço que a solidariedade, o sentimento de pertencer a uma comunidade, a compaixão são extremamente importantes e tais sentimentos evoluíram conosco enquanto espécie. Sendo assim, a competição é apenas um lado da moeda, importante de certo, mas está longe de ser o único e de nos trazer satisfação mais duradoura para a vida;
D)     Precisamos ter um debate mais transparente sobre essas questões. Pikkety afirmou expressamente que se os dados deles estiverem errados, se não estiver ocorrendo concentração de riqueza, então não há necessidade de progressividade nos impostos sobre renda e propriedade. Simples assim.  Portanto, seria mais sábio por parte da humanidade se discussões como externalidades ambientais negativas, desigualdade, progressividade de impostos, paraísos fiscais, limites de crescimento, etc fossem debatidas com dados e objetividade, e não com subjetivismo e histeria. Não há nada com o qual eu não concorde mais. A sua prefeitura quer bancar o carnaval da cidade e isso vai custar R$ 5 milhões? Deixe isso claro para a população, se a população prefere gastar mais com carnaval do que com a construção de calçadas, fazer o que, desde que as escolhas sejam claras e o debate objetivo.
E)  Por fim, é bom termos um visão de mais longo prazo da história, finanças e economia. Por mais que alguém possa não concordar com muitas das ideias apresentadas, é sempre interessante saber como as coisas se desenrolaram nos últimos 200/300 anos. Não é isso que se diz em finanças pessoais o grande erro de se ter apenas uma visão de curto prazo? Eu creio que o mundo, e não só em finanças/economia, está sofrendo de uma miopia de uma visão "curto-prazista." Isso para mim é um grande erro. Precisamos ter visão de mais longo prazo. Qual mundo queremos deixar para os nossos netos daqui 50/60 anos? Quais são os grandes desafios para o Brasil daqui 25/30 anos, e não apenas para esse e o próximo ano? Porém, infelizmente, as pessoas vão de relatório de inflação em relatório de inflação, de crescimento trimestral do PIB em crescimento trimestral do PIB, e os grandes debates nacionais e humanos acabam ficando em segundo plano.


Thomas Pikkety. Ao menos trouxe provocações objetivas sobre temas espinhosos. Concorde, discorde, mas o faça refletindo você mesmo, não simplesmente "comprando" ideias alheias sejam de quem for.



                    É isso colegas. É sempre bom ver o mundo sobre outras óticas. Ler opiniões sobre a qual concordamos não nos acrescenta muita coisa em nossa visão de mundo e no aumento da nossa capacidade analítica. Assim, Piketty não é um charlatão, nem um messias, é apenas um pensador que resolveu dar a sua opinião, com muitos dados, sobre uma temática complexa e difícil.
  
                        Abraço a todos!

26 comentários:

  1. Belo texto Soul,

    Concordo com sua visão, eu costumo ter uma visão prática do mundo. Não deixo posições políticas nublarem minha opinião: se funciona, não importa se é de "esquerda" ou de "direita".

    Infelizmente não li o livro, então fica difícil opinar sobre as conclusões do livro, com certeza estará entre minhas próximas aquisições.

    O problema do Mises é o mesmo da polarização atual do país: fundamentalismo e extremismo. Não conseguem aceitar que a visão deles não é 100% correta o tempo todo, então procuram desqualificar os pontos fora da curva de qualquer maneira, inclusive distorcendo os fatos e números.

    Muitos dos textos possuem ótimo conteúdo e ideias, mas este extremismo me afasta demais de lá.

    Um abraço!

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    1. Olá, Investidor.
      Concordo plenamente contigo, quando rotulamos logo de cara uma opinião ou uma pessoa, eu creio que o debate fica muito enfraquecido.

      Eu acho que o Mises tem textos excelentes. Os sobre economia são muito interessantes. O último que li sobre o FED foi muito bacana e apenas mostrou como não sei nada sobre o assunto.
      Agora, realmente há textos ou opiniões que não há como se debater por lá, ou se aceita as ideias, ou se está equivocado, e sabemos que o mundo é muito mais complexo do que uma teoria, principalmente econômica, é capaz de explicar.

      Abraço!

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  2. Soul, excelente postagem!

    O conteúdo de seu site é fantástico, estou aprendendo muito sobre FII. Também me agrada muito suas reflexões e forma de pensar sobre a vida.

    Uma pergunta um pouco off topic em relação ao artigo (não sabia se comentava num post sobre FII ou aqui).
    Onde encontro uma fonte confiável que lista os FII e ativos de renda fixa que os Fundos de Fundos e os FIIs de Papel investem?

    Muito obrigado e parabéns pelo blog!
    Abraço

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    1. Olá, colega. Obrigado.
      Olha, descubra qual é o FII que quer saber e procure informações nos relatórios e informações financeiras disponibilizados pelo BOVESPA.
      Alguns fundos são muito mais transparentes e fazem uma análise bem completa dos papéis que possuem (o RBVO, por exemplo, possui um relatório semestral muito bom. O fundo capitânia tem um relatório mensal excelente). Há outros que pecam pela informação. Nesses casos, quando for de CRI, apenas indo na securitizadora pegando o número de série do instrumento de dívida e analisando, é mais difícil e trabalhoso.

      Abraço.

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    2. No gancho do assunto: no site mundo dos fiis é possível acompanhar um histórico de diversos fiis e comparar dados de rentabilidade e afins. É uma consulta mais generalizada, mas acho muito útil para poder fazer um balanço de dados.

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  3. Bela postagem, Soul!

    Para quem interessar, a entrevista já se encontra no youtube. https://www.youtube.com/watch?v=LSCl0UK1udM

    Abraço!

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    1. Olá, Longe do Limite!
      Valeu por disponibilizar o link, colega.
      Abraço.

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  4. Soul, foi bom conhecer essa história toda. Na verdade eu nunca ouvira falar da mesma.

    Desculpe-me voltar no tema, mas somente hoje via a postagem antiga e aí tenho um ponto a levantar : sobre o dolar, quando tentou demonstrar que o preço atual seguiria a questão da inflação brasileira e americana, tentando determinar o que seria o preço justo hoje parece fezer grande lógica, a não ser, permita-me dizer, como chegou a conclusão que em 94 um dolar custava um real em preço justo? Outro ponto que vejo é que o mercado antevê (ou tenta fazê-lo) resultados futuros, assim não é a correção pela inflação divulgada até então, mas outros aspectos como a deterioração da economia brasileira e a perspectiva de elevação da inflação no curto/médio prazo que influenciam ainda mais. Assim, o movimento de ontem do dolar, atingindo 2,83, em que pese ter hoje possivelmente uma pequena correção, no meu entender seguirá nas próximas semanas mostrando uma tendência altista e deve em 2 meses atingir a casa dos R$ 3,00. Gostaria de sua opinião sobre o assunto, reconhecendo que mercado cambial, além de imprevisível, é de muito maior dificuldade que o mercado de renda variável no geral.

    Por fim deixo-o um cordial abraço e o convite de visitar as terras capixabas.

    Capixaba Investor.

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    1. Olá, Capixaba.
      Veja, não tentei achar um preço "justo" para o dólar. A reflexão foi apenas sobre onde deveria estar o câmbio se levássemos em conta apenas a inflação das duas moedas, pois, posso estar errado, no longo prazo o câmbio deve mostrar isso.
      Concordo. A situação está se deteriorando em várias frentes. Como disse naquele artigo, há momentos de crise e há momentos de calmaria. O dólar pode chegar a R$ 3,80 em alguns meses, porém talvez ele recue lá por 2017 se o Brasil conseguir se endireitar.
      Também não acho que o movimento de câmbio de curto prazo esteja relacionado a agentes fazendo cálculo sobre inflação (também o devem fazer), mas ao longo prazo parece que essa é a variável que faria mais sentido em explicar.
      Como dito também, se a pessoa se sente capaz de capturar esses movimentos mais de curto prazo, pode tentar ganhar dinheiro se expondo mais a dólar ou a qualquer outra moeda.
      Agora, quando fiz aquela conta básica não imaginava que o câmbio ia estar exatamente no lugar das desvalorizações. A lição é clara quem comprou dólar em agosto de 1994 e manteve até hoje apenas manteve o poder de compra em real, nada além disso.

      Sobre a criação do plano real, a questão do 1 por 1, sugiro a leitura do seguinte artigo http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1294. Lá há explicações muito bacanas e detalhadas sobre a gestação, criação e manutenção do plano real.

      Abraço.

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  5. atente para a expressão "per capita" (por cabeça, em latim). já vi em mais de um texto "per capta".

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    1. É verdade, anônimo. Corrigi nesse texto, vou prestar mais atenção em outros.
      Grato.

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    2. O conteúdo dos seus posts são excelentes e a qualidade da sua escrita é diferenciada. Por favor, nem pense em parar de escrever neste blog. Sempre que leio um post seu, fico com vontade de buscar mais conteúdos de qualidade.
      Parabéns!

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    3. Olá, colega. Não creio que seja para tanto.
      Os erros são muitos, inclusive um simples como apontado pelo anônimo acima.
      De qualquer forma, grato pelas palavras.

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  6. Olá soulsurfer, antes de mais nada, parabéns pelo artigo. Sugiro, entretanto, que publique uma pequena resenha a respeito do livro do Pikkety, tendo em vista que a maioria das pessoas não leu o livro e nem vai ler. Vejo as discussões muito pautadas na "opinião sobre opiniões" a respeito das questões do livro, mas não vi quase ninguém falar do livro em si até então. Abraço.

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    1. Você tem razão. Boa parte das pessoas não irá ler.
      Entretanto, eu não sou muito fã de resenhas, nem sei se faço boas resenhas, pois nunca fui muito bom em fazer relatos. Além do mais, é um livro cheio de gráficos sobre os mais variados temas.
      Grosso modo, o tema central do livro é a desigualdade. Um aspecto interessante é que ele trabalha com termos estatísticos como percentil, decil, etc. Assim, ele não fala a elite/burgueses/banqueiros, ou o que quer que seja, ele simplesmente fala o 1% os 10% mais ricos, etc. Isso dá mais objetividade, em minha opinião.

      Na visão dele, a desigualdade sempre foi extrema no mundo e chegou num ápice na primeira guerra mundial. A partir daí o "capital" sofreu inúmeros choques o que fez não só a quantidade de capital acumulado (capital/PIB) diminuir bruscamente, como fez a distribuição de renda e patrimônio ser mais equânime (há uma grande diferença entre renda e patrimônio e desigualdade. Em relação ao patrimônio, a desigualdade é muito maior, sem levar em consideração o capital humano, que aliás é uma das críticas que se faz ao livro). O autor tenta então mostrar por qual motivo a desigualdade diminuiu e por qual motivo ela estaria aumentando novamente a partir da década de 70.
      Entre o fio condutor principal da obra, ele vai lançando conceitos econômicos, falando sobre herança e o seu papel na distribuição de patrimônio, entre outras coisas.
      Eu creio que é um livro que vale a pena ser lido.

      Abraço.

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  7. Fala Soul,

    Cara, eu quero muito ler este livro.
    Pikkety na minha opinião é um cara que eu realmente considero cabeça, porque aponta os problemas, dá argumentos sobre e também projeta possíveis soluções. Ele não é como a maioria das pessoas que tem uma ideia e simplesmente a vomitam sem ter nenhum respaldo por trás, como por exemplo os seguidores de Marx.

    Eu concordo em partes com Pikkety quando ele fala que precisamos tributar mais porém de maneira gradativa... É só pegarmos os países desenvolvidos e verificarmos como eles trabalham.
    Sinceramente, acredito que os brasileiros não possuem capacidade para pensar tão profundamente na história e nos próximos anos, por conta da nossa história. Não acredito que seja algo da população, mas sim a falta de documentos históricos de 100 anos atrás por exemplo.

    Uta!

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    1. Olá, Estagiário.
      Eu concordo contigo. Pode-se concordar ou não com algumas sugestões que ele faz, mas o trabalho dele é bem interessante. A própria iniciativa de trazer dados sobre herança, desigualdade, estoque de capital e evolução do mesmo nos últimos 200 anos, deve ser louvada. Se há erros, se aponte, e que se consiga melhores dados. Assim, o debate avança. Entretanto, vejo em alguns lugares uma verdadeira fúria, às vezes sem qualquer questionamento objetivo.

      Sim, ele mesmo diz que tentou incluir o Brasil, mas não teve acesso a dados. Parece que agora a Receita Federal está liberando vários dados para análise, e está se chegando a conclusão que a desigualdade caiu muito menos do que foi alardeado e a concentração de patrimônio no Brasil é gigantesca.

      Abraço!

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    2. Soul,

      Não precisamos de dados da Receita Federal para saber que a desigualdade caiu muito menos e que a concentração de patrimônio no Brasil é gigantesca né. Hahahahaha

      Uta!

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    3. Olá, Estagiário.
      Precisamos sim para podermos fazer uma análise mais precisa e para saber o que funcionou ou não no combate a desigualdade extrema. Se for verdade, é um balde de água fria na retórica do governo atual sobre uma diminuição sensível da desigualdade.

      Abraço!

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  8. soul,
    você tem formação em economia?
    abraços

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  9. Desculpe, mais acho quanto maior a tributação maior é a concentração de riqueza na mãos de poucos. Socialismo faz muito bem isso. Vide Hugo chaves e sua corna no HSBC

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    1. Olá, colega.
      Não necessariamente. A Venezuela citada por você possui uma carga tributária de 25% do PIB. A Dinamarca, um dos países onde nem de longe há uma desigualdade extrema, a carga tributária é de 49% do PIB (http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_tax_revenue_as_percentage_of_GDP).
      Creio que é uma questão de eficiência do governo (algo que o governo Venezuelano não é, e o Dinamarquês aparentemente o é), bem como de racionalidade na tributação.
      O Brasil nem possui um governo eficiente, e nem um sistema racional, aí realmente fica difícil.

      Abraço.

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    2. Economia é muito séria para ficar nas mãos de economistas, filósofos, sociólogos e historiadores. Deve sim ser uma preocupação de todos. Falar sobre socialismo sem entender também é preocupante.

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  10. Dinamarca repensando o seu estado welfare

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  11. Eu comprei este livro! E li todo! É muito bom, aprendi mais sobre a desigualdade lendo ele do que fazendo 1 semestre de cadeira de economia social na faculdade de economia. O interessante é que ele fala que a desigualdade era assustadora do fim do século XXI e inicio do XX. Depois das Guerras ela se amenizou e no século XXI ela tende a se acentuar e chegar ao patamar da belle epoque!! Assustador!
    Abraço!
    Belo blog cara gostei!

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