quarta-feira, 26 de outubro de 2016

DOING BUSINESS - A HORRIPILANTE SITUAÇÃO DO BRASIL

Olá, colegas. Para onde nosso país está indo? Aliás, será que está indo para algum lugar?  Neste breve artigo, gostaria de mudar um pouco o foco sobre os grandes temas de reforma estrutural como a PEC do novo regime fiscal, reforma previdenciária, entre outros, e falar sobre o que acho ser um dos grandes entraves para o desenvolvimento do nosso país: o inferno burocrático que é empreender neste país.

  “Peraí, Soul, como você pode falar disso se nem empreendedor você é?”. É verdade, apesar de ter tido alguns empreendimentos como quando  criei uma “empresa" para dar aulas de xadrez em colégios particulares quando era adolescente, ou quando organizei algumas festas raves no ano de 2003, o fato é que nunca eu mesmo abri um negócio. Porém, apesar disso, os números são cristalinos, e mesmo alguém sem experiência pode apreender que o Brasil escolheu um caminho dos mais insensatos.

   O Banco Mundial todos anos elabora um ranking, levando em conta diversos aspectos, dos países em relação à facilidade ou dificuldade de se realizar negócios. É o chamando ranking “Doing Business”.  É inegável que quanto mais fácil é de se produzir e criar negócios, mais próspera é uma nação. A relação entre liberdade econômica, por exemplo, e prosperidade material é evidente. Tanto é assim que mesmo nações com tributação extremamente elevada como os países nórdicos, maior até mesmo que a nossa brasileira, possuem uma grande liberdade econômica, numa sinalização de que tributos podem cercear a atividade econômica, mas mesmo assim é possível ter ambientes com grande liberdade e alta tributação. Não estou aqui a justificar uma tributação alta ou baixa, mas apenas apontando esse fato.

  E por que é assim? Ora, imagina que o Soulsurfer teve uma ideia de escrever um livro e abrir uma empresa, não seria bom se eu pudesse abrir uma companhia em alguns dias? Ou imagine que a sua esposa, acaso tenha uma prezado leitor, tenha a ideia de produzir doces com alguma receita infalível da vó dela, não seria fantástico se em poucos dias ela pudesse formalizar uma empresa? A liberdade, e a ausência de extensa regulação, para abertura de empresas é um dos caminhos mais racionais para a criação de riqueza. Num ambiente assim, as pessoas podem transformar as suas ideias em ações práticas com muito mais facilidade. Acaso um empreendimento falhe, também é muito mais fácil não temer empreender outra vez.

  Portanto, é evidente que grandes temas de macroeconomia como taxa de juros, câmbio, etc, etc, são importantíssimos, mas me parece que o desenvolvimento de uma nação irá vir principalmente da habilidade deste país proporcionar ou não um ambiente favorável a criação de riqueza. Entretanto, esse tema parece quase ausente do debate político brasileiro e mesmo do dia a dia da maioria das pessoas

  Há um fundo de investimento chamado Dynamo. Não tem tanta popularidade como o Fundo Verde, por exemplo, mas possui um histórico de rentabilidade muito grande desde 1993. Entretanto, o que me chama atenção nele, é as cartas que este fundo faz a cada três meses. É muito interessante, bem do estilo do blog pensamentos financeiros que preza pela diversidade de reflexão. Uma das últimas cartas que li falava sobre as explorações da antártica, não você não leu errado. Um fundo de investimento que tem sobre administração bilhões e bilhões de reais, se não me engano, redigiu uma carta aos seus investidores falando sobre  os famosos exploradores do final do século 19, início do século 20. É claro que há links com algumas características de investimento, mas há algumas cartas que são puro exercício de reflexão abordando temas diversos e interessantíssimos.

  Na carta de número 85, o tópico é o raking doing business e a posição brasileira nele. É dessa carta que anexo o gráfico abaixo. Não irei comentar todos os itens, mas quero chamar atenção para os últimos três. Antes de mais nada, é necessário salientar que há a compilação de dados de 189 países. Sendo assim, estar na posição 177  no item facilidade de pagamento de impostos num total de 189 é algo aterrador, principalmente levando em conta que há dezenas de países no mundo em situação de quase calamidade ou calamidade pura.

 Refere-se ao ranking de 2015. Eu consultei o ranking mais atual (2017), e a situação do país, por incrível que possa parecer, piorou. O que era desastroso, conseguiu ficar ainda pior.

  Nós sabemos que o Brasil não é um país estruturado como uma Nova Zelândia (que figura em primeiro lugar no ranking de 2017). Isso é fato. Porém, o que poderia justificar que no Afeganistão seja mais fácil abrir uma empresa do que no Brasil? Sério, reflitamos sobre isso. O Afeganistão, um país que tive o privilégio de ver por muitas centenas de quilômetros enquanto percorria o Wakhan Vale, que está em estado de guerra há quase quatro décadas, possui uma legislação e burocracia mais favorável quando o assunto é abertura de empresas.


 Isso não faz o menor sentido. Essa situação é simplesmente um destruidor de riquezas. Eu creio que se consenso em grandes questões é difícil, ainda mais num país com pouca afinidade a debates mais qualificados e de grande extensão territorial, por que não tentar criar um grande consenso nacional em temas menos polêmicos, mas que podem ter um impacto positivo poderoso para as futuras gerações?

 Ao invés de discutirmos se o Estado é o grande mal, ou se a educação deveria ser toda privatizada ou ainda mais estatizada, por qual motivo não se discute meios de se tornar a abertura de uma empresa algo simples, rápido e descomplicado? Ora, talvez haja pessoas que se coloquem contra (há doidos para tudo), mas quem seria contra propostas para se tornar mais simples abrir uma empresa ou mais rápido para se conseguir alvarás de construção?

  Não é tão glamoroso para campanhas políticas? Não é tão incisivo para a mídia? Talvez, mas são reformas que poderiam mudar e muito a cara da economia no nosso país, e com o passar do tempo talvez poderia solidificar entendimentos mais consensuais para uma reforma mais ampla do nosso país.

 Nossa nação possui tecnologia, possui capital humano, tenho certeza que não seria difícil achar soluções para facilitar e muito estes três tópicos: pagamento de impostos, facilidade em abertura de empresas e obtenção de alvarás de construção. 

 Apesar de ter certo ceticismo que essas reformas na microeconomia ganhem espaço em nosso país num futuro próximo, é sempre bom manter uma dose de otimismo.  Quantas vidas não poderiam ser melhoradas com simples soluções de interligar sistemas diversos, facilitando a vida de atuais e futuros empreendedores. O Nosso país é muito grande e apresenta diversos problemas. Os grandes problemas são como um ímã para a nossa atenção, o que é algo muito natural. Porém, às vezes grandes reformas acontecem quando modificamos os aspectos mais triviais do dia a dia. Comece a dar bom dia para os seus vizinhos, e talvez a relação de toda uma comunidade possa melhorar sem as pessoas perceberem que um simples ato de ser cordial com o vizinho possa acarretar uma mudança profunda nos relacionamentos. A mesma coisa com a nossa economia, e bem como o próprio ambiente político. Façamos  pequenas reformas para incentivar e descomplicar o surgimento de empresas, e consequentemente de inovação e riqueza. Quem sabe o impacto que isso pode ter no médio-longo prazo nas grandes questões do Brasil.


  Um grande abraço a todos!

obs: quem quiser acessar as cartas do Fundo Dynamo (o que recomendo bastante), clique aqui



42 comentários:

  1. É Soul, infelizmente não vemos projetos para melhorar o empreendedorismo no Brasil a um tempo. Que eu me lembre, a única medida que veio para ajudar foi o MEI (micro empreendedor). Porém mesmo o MEI, vejo que faz um tempo que os valores máximos de receita continuam travados em 5mil mensal (Se estiver falando bobagem, me corrija por favor)

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    1. Olá, I. Inglês!
      Tenho que admitir que sei pouco sobre a operacionalização de pequenos negócios. O item pagamento de impostos, por exemplo, em relação a pequena empresas não é tão ruim no Brasil. No caso do estudo do Banco Mundial, eles partem da premissa de uma empresa de porte médio de 60 empregados. Para esse tipo de empresa no Brasil, o pagamento de tributos é um verdadeiro martírio.
      Há espaço para se fazer muito mais, principalmente em interligação de sistemas.

      Abraço!

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    2. Para o ano que vem, aumentaram em 12 mil o faturamento anual do MEI. Ou seja, em 2017, os micro empreendedores poderão ter 6 mik de faturamento mensal. Apesar do MEI ser a forma mais simples de se abrir uma empresa, está longe de ser algo simples efetivamente. Quando fiz o meu tive que ir a 3 sites do governo diferentes e apresentar documentos na prefeitura depois.

      Todo o trâmite levou cerca de 1 semana para ser resolvido, porém só consegui tudo graças a um tutorial na internet. Sem ele, teria que ter pago um contador com certeza.

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  2. Soul, minha profissão foi praticamente transformada numa "profissão de resoluções burocráticas", devido à gigantesca e complexa rede de regulamentações do estado (todos os três poderes agem juntos para complicar as coisas).

    Este assunto que você abordou me lembra de um outro assunto que deveria ser resolvido primeiro antes de tentar resolvê-lo desperdiçando dinheiro. Trata-se da educação formal. Sabemos que o problema na educação não é apenas questão de investimento, é estrutural. Quase tudo não funciona ou funciona porcamente, mas o governo não quer saber e continua jogando toneladas de reais nessa estrutura condenada. Não seria melhor resolver os problemas fundamentais e, depois, pensar em aumentar os investimentos? Só que o governo não quer mexer no próprio vespeiro que criou...

    Abraço!

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    1. Olá, colega. Qual seria a sua profissão (se quiser dizer é claro)?
      Concordo, basta pegarmos um caso como o Vietnã. A renda per capta é de algo em torno de U$2,000 (não estou usando o PPP). Investe menos em educação em proporção do PIB do que o Brasil. Assim, como pode um país cinco vezes mais pobre, que investe menos proporcionalmente, possuir resultados tão melhores do que o Brasil? Com certeza há explicações culturais e históricas (conheço um pouco, pois passei 3 semanas no Vietnã em 2009), mas o GAP é muito grande.

      Portanto, concordo contigo. A educação é algo complexo e em certa medida é mexer num vespeiro. Porém, possibilitar que empresas sejam criadas de forma mais fácil é algo muito mais simples de ser solucionado.

      Abraço!

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    2. Oi, Soul!

      É contabilidade - aliás, aproveitando o momento, muita coisa irá mudar nas Ciências Contábeis, conceitos de Ativo, Passivo, Receitas, PL e etc., em 2017. As mudanças não serão frutos das regulamentações estatais, mas é fruto de um consenso do IASB - o instituto internacional de contabilidade.

      Mas, trazendo o assunto ao que falei no comentário anterior, as regulamentações e leis do estado tornou a profissão, além de tudo o que já faz, em uma "solucionadora de burocracias", pois são muitas para resolver, aí os contadores recebem essa "generosa" pauta.

      Pois é, educação é um assunto cheio... Antes de o governo "aportar" toneladas de reais nesse sistema educacional falido, ele poderia desregulamentar e facilitar muitas coisas, poderia dar um incentivo aos bons professores e diretores - cursos e aumentos salarias aos professores e diretores que obtivessem resultados, por exemplo - e ainda poderia deixar de propagar aquela ideologia que cria e alimenta inveja, mesquinharia e aversão à riqueza. Mas, mesmo assim, muita coisa deveria ser mudada, pois a educação depende, também, dos pais e dos próprios alunos; ou seja, é um assunto complexo...

      Quanto ao assunto das empresas. Bom, isso é culpa das pessoas que habitam o estado, tivemos muitos economistas keynesianos, pessoas que se interessavam mais em manipular as taxas de juros e oferecer crédito do que fazer reformas que trouxessem liberdade às empresas. E tivemos, também (ainda os temos), políticos populistas que desejavam ampliar as receitas do governo (impostos). Se pensarmos bem, esse é um cenário em que a preocupação está mais em sugar do que fazer crescer... Agora, com Temer, pelo menos há uma tentativa, embora não confiável, de não sugar mais o mercado em prol do estado, de tentar sair dessa recessão atraindo investidores, privatizando e controlando as contas públicas.

      Entretanto, mudanças reais pró-livre mercado ainda são quase tabus. Até porque muitas mudanças iriam precisar cortar umas coisas aqui, ali... Enfim, não é de interesse do governo, de maneira geral, buscar essas coisas.

      Abraço!

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    3. Olá, colega! Quase não conheço contadores. Havia um que se formou comigo e ele era mais velho. Um sujeito muito bacana. Tentou a advocacia, mas acho que não era para ele. Hoje creio que ele é Fiscal da Receita Federal.

      É, educação é um assunto complexo, mas não tanto assim. É aquela área onde um pouco de bom senso já ajudaria e muito. Eu sou bem cético em relação aos rumos educacionais do nosso país. Antevejo muitos conflitos se descortinando no curto e médio prazo.

      Eu não creio que há algo orquestrado. Creio que é incompetência mesmo. Mesmo que tenhamos uma elite política que tenha uma mentalidade "sugadora" ao extremo de riqueza, mesmo assim isso não explica as nossas colocações em alguns itens do ranking. Se estivéssemos lá pelo 85-90 lugar, essa argumentação poderia explicar. Agora 177? É um pouco demais.

      Abraço amigo

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  3. Prezado Soul, a Dynamo possui um valor muito superior a esse sob gestão. Acredito que seja algo entre R$ 5-8 BI.

    Abs,

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    1. Olá, colega! É verdade, fui olhas as cartas e somente o Fundo Dynamo Cougar possui ativos de 2,5 Bilhões.
      Vou corrigir o texto, obrigado!
      Abraço

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  4. Soul, como você mesmo disse, não faz o menor sentido. Não existe explicação lógica. Proporcionar condições ao empreendedorismo seria algo muito mais fácil e politicamente menos custoso do que aprovar uma PEC de teto dos gastos. Mais curioso ainda, é que isso não é discutido no Congresso, nem em lugar nenhum. É também um assunto que garantiria audiência à mídia, pois grande parte dos brasileiros sonham em empreender. Então porque a imprensa não explora esse tema? Você escreveu no texto que "talvez haja pessoas que se coloquem contra". Eu suspeito que o problema esteja aí mesmo. A elite empresarial brasileira parece ser bastante unida. Alguns desses encontros chegam a reunir metade do PIB privado do País e contam com integrantes do alto escalão do governo, como o da última segunda-feira em SP ( http://www.infomoney.com.br/mercados/politica/noticia/5665277/pauta-brasil-nao-pode-ser-lava-jato-diz-rodrigo-maia ). Não é preciso usar muita imaginação para entender porque o sistema tributário é tão complicado no País, porque a burocracia é tão absurda, porque é tão difícil obter informações corretas em órgãos públicos. Isso afeta mais o capital pequeno e não prejudica tanto os players do status quo. Indo um pouco mais além, porque o governo não consegue acabar com os cerca de 270 bilhões de reais destinados ao "bolsa empresário"? O superávit primário dos sonhos está aí.

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    1. Olá, Finanças Inteligentes! Como está meu amigo?
      Concordo com seu comentário. Apenas não acho que o grande capital não seja prejudicado. Para o pequeno empreendedor o pagamento de impostos é de certa forma simplificado com o SIMPLES. A coisa perde qualquer sentido a partir das médias-grandes empresas. Uma empresa Brasileira deste porte gasta em média algo em torno de 2600 horas para pagamento de tributos, quando a média da OCDE acho que é de algo de 100 horas (não tenho certeza, mas é uma diferença abissal). Não consigo ver ninguém ganhando com isso do lado empresarial.
      Agora, estamos de total acordo que é uma agenda muito mais simples do que a PEC dos gastos. Essa pode passar, a reforma previdenciária, essencial para a efetividade da PEC dos gastos, vai ser uma briga danada. Podemos estar criando uma situação para alguém muito mais radicalizado chegar à presidência em 2018. Mudando um pouco de assunto, eu estou bem cético com esse otimismo em relação aos ativos brasileiros.

      Abraço!

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    2. Tudo bom Soul e por aí? Também concordo que há otimismo exagerado. O descasamento entre preço vs fundamentos é alto. Mas dar peso demais a esse tipo de análise é um pouco perigoso, o que recomendo não transmitir à estratégia operacional. No fim das contas, o mercado é soberano. As reversões normalmente ocorrem em cenários que são contrários as direções dos preços. E como ficamos muito tempo num ciclo bear, o viés da perspectiva tende a ser um pouco mais negativo do que otimista. Além disso, o noticiário no Brasil foca muito nos acontecimentos internos, esquecendo a importância das políticas monetárias dos principais bancos centrais mundiais, que na minha opinião é o principal driver dos preços dos ativos no mundo inteiro. Várias outas praças passaram por períodos de valorização expressiva nos últimos anos, sem que os fundamentos os justificassem. Bastou o Brasil sinalizar mudança na sua política econômica, que passamos a fazer parte da festa global.
      Abs!

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    3. Olá, FII. Tudo ótimo por aqui também!
      Claro, quem sou eu, um investidor amador que nem acompanha o mercado regularmente, para dizer se os preços estão esticados ou não.
      O meu motivo de receio é que para mim se a lógica e o bom senso prevalecerem, o TSE cassa a chama Dilma-Temer. Algo que antevejo bem antes do impeachement se encerrar. Se isso ocorrer, é mais incerteza, e como você bem sabe estamos ficando cada vez com menos tempo para fazer reformas. Déficit nominal de 8-9%aa não são sustentáveis sem inflação, aliás nem mesmo com inflação.
      Agora, com certeza esse tipo de sentimento não pode "contaminar" as nossas estratégias previamente estabelecidas.

      É verdade, por isso sempre estou lendo o que você escreve sobre os acontecimentos internacionais. Impressionante a sua capacidade de escrever sobre o tema, bem como as nuances que você levanta. O seu blog deveria ser muito mais popular pela qualidade das suas análises.

      Abraço!

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    4. Imagina! Quanto ao TSE, estou de acordo, caso ocorra uma cassação da chapa Dilma-Temer, o mercado tende a desabar. Seria um choque inesperado. Eu acho que o TSE tende a deixar o mérito da questão de lado para não mexer no vespeiro. A situação política já está conturbada, uma cassação poderia piorar muito mais. Existe também uma pressão muito forte favorável ao grupo que está hoje no poder. Não deveria ser assim, mas o peso existe. E mesmo havendo cassação, não seria possível convocar diretas, a não ser que o TSE surpreenda com uma decisão já neste ano. Numa eleição indireta, vence o nome forte do Congresso. Como a oposição está bem desgastada, muito possivelmente esse novo governo não será tão diferente do atual. Mas sinceramente acho que não vai acontecer nada.

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    5. FI, eu entendo que existe essa possibilidade. Porém, ela seria contraditória em relação ao clamor popular, bem como aparentemente a dezenas de delações. Havia três núcleos na Lava-Jato, e um deles era o político. Se essa mega operação ocorreu do jeito que a mídia coloca, parece evidente que houve dinheiro irregular na chapa. Não cassar, em minha opinião, pode passar uma imagem perigosa. Agora, concordo que teria mais instabilidade política, e uma eleição indireta deve colocar um nome compatível com a ideia de reformas.
      Eu concordo que existe uma pressão para manutenção do atual governo, mas ela não é popular, pois o Temer tem ainda menos popularidade do que a Dilma. O problema é se esse cenário ocorrer, o que virá em 2018?
      Tenho sérias dúvidas que será alguém disposto a fazer reformas essenciais.

      Abraço!

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  5. Por que não é mais fácil abrir um negócio?
    Essa questão tem um conjunto de fatores que formam sua resposta.
    Mas tem uma coisa que acho que cabe ser falada sobre investimentos e empreendedorismo.
    O brasileiro de classe média pra baixo de modo geral sempre viu os temas empreender e investir como temas de elite. Principalmente investir. Todo e qualquer tema relacionado a economia e negócios no Brasil sempre teve uma embalagem elitizada. E nem sei se é porque quiseram que de fato isso acontecesse, acho que isso foi uma construção histórica.
    Pode reparar, pessoas de origem humilde, mesmo após subir social e economicamente tem resistência a investir dinheiro em algo diferente de poupança ou imóveis, nada contra, mas isso mostra como ficou enraizado na mente de boa parte da população que temas como economia e investimentos e até certo ponto empreendedorismo são temas que não são pra qualquer, que são coisas de ricos ou de pessoas muito instruídas.

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    1. Olá, colega. É uma forma de ver a problemática. Porém, as pessoas empreendem no dia a dia. Seja numa vendinha, seja vendendo cosméticos de porta em porta. Porém, creio que é o Corey que fala, que há realmente uma associação com empreendedorismo e elite, no sentido de que pessoas acham que um empresário, mesmo de pequeno porte, necessariamente é alguém com muito dinheiro.

      O tema de investimento, creio que é um pouco diferente, em minha opinião é claro. O assunto psique nacional e razões de investirmos pouco é interessante, agora penso que é um assunto diverso.

      Abraço!

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    2. Sim investimentos e empreendedorismo são temas diferentes que envolvem variáveis diferentes. Porém no imaginário de boa parte da população o posicionamento a respeito é parecido. Claro isso no meu ponto de vista.
      Fora que no caso do empresário, tem também o fato de que funcionários muitas vezes veem empregadores como exploradores em potencial, claro que isso não é regra, mas também não é raro.
      O que atrapalha muito o btasil é que existe aqui uma desconfiança mutua de tudo quanto é setor da sociedade.

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  6. O Brasil está preso na dicotomia DireitaXEsquerda e não discute mais nada.
    Você tocou em problemas cruciais do país, mas se vc acompanha o debate político, parece que esses problemas não existem.

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  7. Soul,

    O inferno não é só burocrático não. A Banânia é "O" inferno na Terra... Isso aqui NUNCA vai mudar! O problema do Brasil é o brasileiro e você sabe muito bem disso.

    Abraços!

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    1. Olá, Investidor!
      O pior é que eu não sei, tanto que já escrevi um texto a respeito mostrando a contradição das pessoas que falam essa frase.
      O Brasil está bem longe de ser um inferno, se compararmos com a situação de diversos outros países.
      Abraço colega!

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    2. O business soul se esquece de citar que anualmente mais de 70.000 pessoas são assassinadas no bostil, sem contar outras formas de violência. O bostil vive em estado de guerra civil latente e se parece muito com um país africano dividido em tribos que se matam por uma plantação de bananas. O fato do bostil não estar oficialmente em guerra ou ter campos de refugiados (favelas ?) não significa muita coisa, porque até a realidade é dissimulada pelos habitantes desta terra, se é que você me entende.


      Por favor, não me faça voltar aqui novamente.


      PS: Já mandou as sua doação para os infelizes no Haiti?


      Abs!



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    3. Olá, colega. Se eu for citar tudo num único artigo, vou ter que criar um livro em cada texto. Não faz muito sentido não é mesmo?
      A violência e os assassinatos com certeza são, em minha opinião, o maior problema do nosso país atualmente.
      Abraço!

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    1. Olá, Guardião. Que pena:(
      Abraço amigo!

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    2. eu voou discordar, pois até agradeço por ter nascido no Brasil. Com tanto lugar pior pra nascer hoje no mundo, nascer aqui é quase um privilégio.
      Jairo

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    3. Terra rica, sem catástrofes naturais, cheia de recursos, país uniforme em idioma, sem guerras religiosas, sem guerra racial (pelo menos pre-PT) , mas que faz de tudo pra dar errado, com povo preguiçoso, inculto, conformado, que que só as vantagens e os direitos, mas que em absoluto cumpre suas obrigações.

      Privilégio???

      Pois sim, usemos sempre os piores como espelho de comparação e vamos mantendo a míope visão do "Ainda bem que nasci aqui".

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    4. Guardião, falo em privilégio sem negar os grandes problemas que temos. Eu concordo que nos somos uma cultura quase primitivos em alguns aspectos, como organização, estrutura e produtividade, entre outras. Mas não quero esquecer que, no contexto global, considerando a maior parte da populacao do mundo, nascer no Brasil é ser consideravelmente sortudo. Eu compararia nascer no Brasil em relação ao mundo com nascer na classe C no Brasil, não é o tipo, mas está ainda longe dos piores casos.

      Jairo

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    5. Correção: não é o "topo" e não tipo.

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    6. Soul, se puder veja este vídeo, é sobre uma tecnologia simples de ar condicionado sem uso de eletricidade (com garrafas PET) utilizada em Bangladesh, lugar muito pobre onde pode fazer até 45 graus no verão.

      https://m.youtube.com/watch?v=oSbZWNk84F4

      Jairo

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    7. Guardião, colega não cai no erro de algumas pessoas, infelizmente muitas hoje em dia no Brasil, de confundir alhos com bugalhos. "Sem guerra racial (pelo menos pre-PT)", isso além de não ser remotamente verdadeiro, é quase ofensivo à nossa história. O Brasil foi um dos últimos países do mundo a abolir a escravidão de negros. Há menos de 150 anos, o status jurídico de um negro era o mesmo de uma cadeira, ou seja uma coisa. Dizer, ou sugerir, que o Brasil de alguma maneira entra numa etapa de colisão racial por causa de um governo nos últimos 13 anos algo completamente sem pé nem cabeça. Vamos questionar o que deve ser questionado, a má-governança, os problemas econômicos, os casos de corrupção, sobre pena de perdermos a racionalidade do debate.
      O que você entende por inculto? Para mim quem pensa que no Irã se fala Árabe, por exemplo, não conhece cultura básica humana. E daí? A falta do que podemos dizer como "cultura" não pode ser usada para definir negativamente um povo. Um povo tido como "culto" mandou mais de seis milhões de judeus, ciganos, homossexuais, para campos de morte. Isso quando o meu pai já era vivo.
      Não deixe que eventual inconformismo com a situação do seu país faça que o seu coração se encha de rancor, baseado em fatos que não guardam necessariamente relação com a realidade.

      Jairo,
      Você tem razão, e é uma pena que as pessoas, muitas delas, não conseguem perceber isso. Todas se vem nascendo na Austrália, poucas se vem nascendo na República Democrática do Congo. Isso não tem absolutamente nada a ver com se contentar com o estágio atual e não procurar melhorar. Isso é apenas conhecer o mundo em que se vive, o que muitas pessoas não fazem a menor ideia, e saber que sim é um privilégio nascer num país razoavelmente estável como o nosso.
      Quando tiver oportunidade, vou dar uma olhada no vídeo.

      Abraço em ambos!

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  9. Olá, Soul. Existe o www.empresasimples.gov.br que agiliza a baixa de CNPJs de forma online. Sei que não irá atender a todas as situações, mas é um começo.

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    1. Olá, colega. Realmente, em relação a empresas bem pequenas houve alguns avanços. Vou dar uma olhada no site. Obrigado por compartilhar!
      Abraço!

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  10. Olá Soul,

    Este é um assunto na minha lista de temas futuros. Que bom que você abordou.

    O grande mata-burro da maioria dos brasileiros é aquele que o impede de sair do lado que pensa "o governo deve fazer alguma coisa" para aquele que pensa "o governo não deveria se meter".

    Abçs!

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    1. Olá, Investidor!
      Creio que em muitos casos, você tem toda razão. O governo no Brasil se mete demais em assuntos que não necessitaria qualquer regulação. Porém, mesmo assim, nada explica a nossa posição tão ruim em alguns tópicos.
      Abraço!

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  11. Soul,

    A maioria dos bons gestores tem cartas muito interessantes .. eu costumo ler várias ... o dynamo nao é famoso para as pfs em geral ... pq no mundo dos gestores Bruno Rudge, Luiz Orenstein e Pedro Damasceno tem nomes bem respeitados no mercado.

    Sim nosso país é horroroso .. um cara que tenta empreeder aqui como alguns dos nossos amigos ... são herois da resistencia .. e meio loucos .. pq se fossem bens da cabeça ... teriam ido pra outro país empreender .. aqui é o país do nivelar por baixo .. vc q tem dinheiro tem q se sentir mal .. pq tem gente q nao tem ..

    Abs,

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    1. Olá, Rodolfo! Esse é um bom hábito, essas cartas, ao menos algumas delas, possuem muitas informações interessantes.
      Em certa medida. Se fosse tão ruim empreender, não haveria tantas pessoas ganhando dinheiro com isso. O ponto é que com mudanças que não precisam ser profundas, poderíamos e muito melhorar o ambiente de negócios, que por seu turno iria mudar para melhorar a nossa economia.

      Abraço!

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  12. Na minha opinião pessoal, pior do que a legislação fiscal é a trabalhista. Todas as vezes que penso em empreender ou gerar emprego bato na tecla do nó que é contratar pessoas no Brasil. A legislação é muito pró-empregado, mesmo em situações nas quais o empregador está claramente correto.

    Criou-se uma cultura, já citada pelos colegas, que o empresário é o rico explorador que suga o sangue do empregado, e não o cara que deu oportunidade e renda ao cidadão. Vários colegas já se deram mal nessa coisa de empregados, quando apenas leis claras e bom senso seriam suficientes.

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  13. A CLT é certamente um dos maiores males do Brasil.
    Uma nova forma de relações trabalhistas deveria acontecer.
    Não há um empregador que não tenha medo e repulsa da justiça do trabalho, que nada mais é do que um Tribunal de Exceção.

    Para mim uma boa solução: extinguir totalmente a CLT e liberar patrões e empregados para fazer seus próprios contratos.

    Fechar em definitivo a Justiça do Trabalho (quem tivesse problemas com os novos contratos de causas trabalhistas que os resolvessem na justiça comum, iria diminuir em 98% os processos trabalhistas com certeza).

    Eu não animo mais de abrir empresa no Brasil, não mesmo.

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  14. Vc viu hoje o senado votando baixar os juros do cartão de crédito NA MARRA?

    Estão querendo diminuir dos 400 e poucos por cento ao ano para APENAS 28% a.a de juros no cartão.

    O Brasil é um país totalmente bizarro.
    O governo quer mandar nas taxas que as financeiras cobram das pessoas.
    É claro que isso não vai dar certo.

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    1. Olá, Frugal. Claro que intervenções como estas costumam ter efeitos outros não previstos e às vezes indesejados. Aliás, esse é todo o foco da teoria austríaca sobre intervenção governamental.
      Porém, veja você falando apenas 28%? Essa é uma taxa de juros difícil de explicar para um estrangeiro.
      Aliás, eu gostaria de ver um trabalho sério tentado achar razões para taxas de juros tão altas nos empréstimos privados.
      Os motivos dos juros serem altos são evidentes no Brasil. Mas esta não é a questão. A questão é porque são absurdamente tão altos? É apenas spread pelo risco? Eu não se se isso explicaria tudo.

      Abraço!

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