terça-feira, 6 de novembro de 2018

PODE UM PAÍS ALMEJAR SER INDEPENDENTE FINANCEIRAMENTE ?


             
Tempo de leitura: mais de 20 minutos (longo para padrões atuais)

      Eu sempre acreditei que nós evoluímos quando nossas convicções são colocadas a prova, ou quando enxergamos uma determinada parcela da realidade sob um prisma completamente novo.  A ciência geralmente costuma avançar, ou revolucionar um determinado campo, dessa maneira. Assim, talvez a leitura de um livro sobre biologia possa fazer com que um grande empresário  tenha um  insight que não iria obter ao ler mais um livro sobre gestão ou finanças. Esse exemplo específico não foi nem mesmo criado por mim, e é citado expressamente pelo autor no bom livro “The Art of Thinking Clearly”.  O escritor dessa obra, um gestor e consultor, fala expressamente que sua visão de mundo foi mudada radicalmente quando ele começou a entender mais profundamente sobre biologia.


                Steve Jobs, quando era jovem e sem dinheiro, fez um curso de caligrafia e isso de alguma maneira (nas próprias palavras dele naquele célebre discurso de formatura) criou dentro dele um senso de estética que iria influenciar sobremaneira o design dos produtos da Apple. E como nós sabemos, centenas de milhões de pessoas admiram a estética dos produtos da apple. Quão improvável não é a ligação entre caligrafia e um dos produtos eletrônicos de maior sucesso? Eu diria que é uma relação improvável, algo que jamais passaria na cabeça nem dos mais sonhadores analistas sobre a realidade. Porém, aconteceu.

      Portanto, abrir-se a novas idéias, ler sobre coisas completamente distintas, refletir sobre um problema antigo num outro viés, conversas com pessoas distintas,  tem essa aptidão única de criar relações entre idéias, fatos, noções, que num primeiro momento aparentam não ter qualquer relação.  É por isso que viajar, principalmente para lugares diferentes, proporciona esse tipo de possibilidade, mas de uma forma lúdica e divertida

        Eu realmente não gosto de escrever textos sobre coisas evidentes. O esforço pessoal, por exemplo. Eu apenas me tornei duas vezes campeão brasileiro de xadrez (por idade), pois eu estudava horas e horas em casa, porque eu viajava para competir, etc, etc. Se eu não tivesse me esforçado (horas de estudo), eu jamais seria campeão, ou jogaria razoavelmente bem, ainda mais num jogo onde o esforço é apenas individual. Se eu não tivesse estudado durantes vários anos, eu não teria passado no vestibular de uma universidade federal extremamente concorrida. Se eu não tivesse lido vários livros sobre finanças, enquanto poderia estar fazendo outra coisa, eu jamais teria a segurança atual de manejar o meu próprio dinheiro. Logo, é evidente que o esforço pessoal importa, e isso sempre foi claro desde a minha infância. Escrever textos sobre isso me parece uma grande perda de tempo do autor e do leitor.

                Porém, para o meu espanto nos últimos anos, o tipo de texto que muitas pessoas gostam é aqueles que louvam o esforço pessoal, como se isso fosse uma grande (re)descoberta.  Nesse tópico, muito mais interessante para mim é ler, refletir, sobre o que o esforço pessoal não explica.  Se apenas o esforço pessoal (ou mérito) explica a distribuição de riquezas e honrarias num agrupamento humano ou não. Se a própria noção de mérito é algo que faz ou não sentido, e se faz sentido será que o é em todas as situações? E isso não é nada novo, os antigos gregos já refletiam sobre esse tema, como compartilhei neste artigo há mais de dois anos: Virtude e Fortuna. Aceite o Acaso. Esforce-se sempre que puder


           Portanto, se há algo que me “cansa intelectualmente” é o óbvio.  Porém, se fosse apenas o óbvio nossas conversas ainda assim seriam de qualidade maior . O problema é  quando a realidade é transformada num maniqueísmo grosseiro, simplista e muitas vezes falso.  Quer, prezado leitor, você queira ou não, o mundo e as relações humanas são extremamente complexas.  Se uma pessoa quer observar o mundo com base em poucas idéias, e signos para representar essas idéias (pense em direita x esquerda, comunismo x capitalista, cidadão de” bem” x cidadão do “mal”), não há como a visão de mundo dessa pessoa captar a complexidade da realidade. É simplesmente impossível.  A relação entre compreensão simples da realidade ou complexa e existência de símbolos linguísticos para expressar a realidade já foi comentada por mim nesse artigo:  Newspeak, Neve e Distorção da Realidade

                Essa grande digressão serviu para expor, ao menos essa é a minha opinião, que devemos fugir da obviedade e procurar as nuances do mundo, e que por causa dessas nuances, o mundo (a realidade) moderno tende a ser muito mais complexo do que nosso cérebro de primata que evoluiu nas savanas africanas milhões de anos está disposto a aceitar sem um grande esforço.

           Comecemos com um exemplo. Expectativa de vida ao nascer. É claro que essa é uma questão muito mais complexa, mas a esmagadora maioria das pessoas gostaria de viver mais, e não morrer tão cedo. Especialmente se a vida se prolongar com razoável saúde, pois muitos podem não querer uma vida mais longa, mas com severas limitações de saúde. Essa métrica (expectativa de vida e longevidade com saúde) é algo mais importante, ao se analisar um agrupamento humano, do que número de carros por família, PIB Per Capta, telefones por domicílio, etc? Para mim a resposta óbvia é um sonoro SIM.

            A reflexão não é apenas retórica, ela possui um exemplo prático muito atual. Poucas pessoas sabem, mas a expectativa de vida dos EUA caiu nos anos 2015 e 2016. Não é comum uma queda na expectativa de vida durante dois anos seguidos num país que não é assolado por guerra ou epidemia aguda de alguma doença .  Aparentemente, haverá uma queda na expectativa do ano de 2017 também (os dados são divulgados no final de 2018, with-death-rate-up-us-life-expectancy-is-likely-down-again). Se isso ocorrer, os EUA repetirão os anos de 1916,1917 e 1918 onde a expectativa de vida declinou por três anos seguidos, mas isso aconteceu por causa da maior epidemia de gripe da história, bem como por causa da primeira guerra mundial. Se a expectativa de vida cair em 2017, e continuar caindo em 2018, os EUA terão retrocedido enormemente.


Os EUA, na métrica talvez mais importante para governos e sociedades, vem ficando para trás, sendo que a expectativa de vida caiu nos últimos dois anos.


      É um enigma por qual motivo a expectativa de vida vem caindo nos EUA. Muitos atribuem, inclusive o prêmio nobel de economia do ano de 2015 Angus Delton, que isso se deve ao que se chama "mortes de desespero". Fenômeno que engloba as mortes por suicídio e overdose de opioides

     Não é apenas a longevidade, mas a qualidade da vida do americano médio. Quase 40% da população (incluído crianças) possui alguma condição crônica (diabetes, depressão, doença cardíaca, etc).  Quase um terço da população (incluindo crianças) possui mais de uma condição crônica. Lembro-me de ter lido um estudo que aproximadamente 60% das pessoas com mais de 50 anos de idade possuíam duas ou mais condições crônicas (fonte), contra uma média de 25% de países europeus. Está se a falar de dezenas de milhões de pessoas. Uma verdadeira tragédia.

        Logo, parece-me claro que se alguém disser que os EUA vão bem nos últimos anos, apenas se a métrica for crescimento econômico, pois de longevidade e saúde o país está indo muito mal.

       Para se ter uma concretude maior com a sua vida, pense você mesmo prezado leitor. Você preferiria viver com saúde até os 85 anos e ter um iphone, ou você preferiria viver até os 60 anos com dores constantes, mas trocando de telefone a cada ano?  A resposta sua, leitor, parece-me óbvia. Na verdade, a pergunta parece até absurda, apesar  dos EUA como um todo estarem escolhendo metaforicamente o "iphone com diabetes e menos longevidade". 

     Se parece tão evidente , por qual motivo essa ênfase quase que exclusiva, principalmente quando se fala de países e não indivíduos, em apenas métricas materiais? A resposta simples para isso é que durante muitos e muitos anos, na verdade ao longo da esmagadora maioria da história humana, quanto maior a riqueza material maior era possibilidade de uma vida mais longa saudável.

        O PIB Per Capta é uma métrica que com certeza, e não preciso nem olhar dados para isso, possui uma correlação positiva com expectativa de vida. Lógico, é muito mais fácil se viver mais e melhor, se as necessidades nutricionais não são um problema diário, se há estradas mais seguras para se locomover, etc. etc. Logo, um aumento da riqueza produzida com certeza irá levar a um aumento da expectativa de vida, principalmente nos estágios iniciais de uma sociedade.

            Isso é óbvio e ululante, apesar de ser repetido ad nauseaum por economistas e pensadores das mais variadas matizes. A pergunta muito mais interessante, porém, é se essa relação é linear, ou seja, se um aumento cada vez maior do PIB Per Capta, independente de outras métricas, irá ocasionar um aumento da expectativa de vida, e o mais importante de uma longevidade saudável.

         Aqui, na maioria dos entusiastas e blogueiros de finanças pessoais, há a criação de uma enorme dissonância cognitiva.  O coletivo e o individual parecem se dissociar completamente (é verdade que há muitas pessoas que acreditam que não existe nem mesmo sociedade, mas apenas indivíduos, principalmente aqueles que leram Any Rand sem muito senso crítico, porém acho isso uma enorme tolice, até mesmo do ponto de vista biológico). Por qual motivo?

           Ao falar das próprias vidas e aspirações, os entusiastas pelo conceito de Independência Financeira querem chegar num determinado montante financeiro, pois daí poderia gozar de sua liberdade de forma plena, poderiam em outras áreas da vida, que não envolvem necessariamente o acúmulo de mais bens, achar o que realmente faz sentido. Poderiam encarar as perguntas existenciais que realmente são importantes de frente. Isso é ótimo. Eu estive nesse caminho, há certo tempo eu gozo do que chamam “independência financeira”, e acho bacana que muitas pessoas estão despertando para esse fenômeno.

           Qual é a ideia implícita da independência financeira? A ideia de que há algo mais do que dinheiro, que há porções de nossa vida, de nossos relacionamentos, que vão além da simples questão material.  Reconhecer essas questões significa que o dinheiro, ou bens materiais, deixam de ter importância? Com certeza, se a pessoa encarar de frente os seus “demônios”, suas dúvidas existenciais mais profundas, a importância de sucesso, dinheiro, etc, perderá um pouco (ou às vezes muito) o brilho que exerce sobre parcela significativa de nossa sociedade.

       Porém, mesmo deixando para lá a reflexão do último parágrafo, é evidente que reconhecer parcelas da realidade que não são afetadas pelo dinheiro, e não dependem dele, obviamente não retira a importância do mesmo. No caso da independência financeira, isso é ainda mais evidente, pois a acumulação de dinheiro é uma ferramenta a mais para se poder lidar com essas outras questões.

           Muitos leitores provavelmente concordarão com o que foi dito sobre independência financeira, mas quando a análise se passa para como sociedades encaram esse problema, há um giro de 180 graus e uma dissonância cognitiva que muitos nem percebem que estão tendo. Quantas e quantas vezes eu já não li em artigos mais ou menos profissionais (no sentido de escrito por economistas ou pensadores mais conhecidos ou não) sobre o fato de que países nórdicos poderiam ser muito mais ricos se quisessem. Se não houvesse uma tributação tão alta, se não houvesse benefícios sociais tão generosos (ou se não houvesse nenhum), países como a Dinamarca, por exemplo, poderiam ser ainda mais ricos. 

             É claro que talvez poderiam, ou talvez não, vamos partir do pressuposto que poderiam ter uma renda per capta maior.  A pergunta essencial (a indagação óbvia) é se isso teria ou não algum custo no bem-estar da população como um todo.  Eu, Soulsurfer, poderia ter continuado Procurador Federal, e junto com meu patrimônio atual, mais operações em leilões, mais rentabilidade financeira,  mais aportes do salário do cargo, com certeza o meu patrimônio seria ainda maior. Porém, isso teria algum custo? É evidente que sim. Já passamos por isso na reflexão sobre independência financeira. Porém, uma busca desenfreada por mais Pib Per Capta no caso de uma Dinamarca, por exemplo, iria ser sem custos?

              A Dinamarca, atualmente, aparece como o terceiro país mais “feliz” do mundo. Na verdade, talvez a palavra correta seja satisfeito, e não feliz. Durante muitos anos a Dinamarca foi o primeiro nesse ranking elaborado pela ONU, e a diferença para o primeiro lugar é tão pequena, que se pode considerar que há um bloco de países extremamente satisfeitos com a vida.

   Eu já escrevi sobre esse tema também neste artigo Um Guia Prático Para o Estudo da Felicidade, mas para o leitor que não leu ou não quer ler, basta observar que o índice de satisfação é baseado não apenas em Pib Per Capta (apesar de ter um peso enorme), mas em suporte social, generosidade, liberdade para fazer escolhas e senso de viver num local sem ou com corrupção.


                
         Como a Dinamarca durante muitos anos esteve em primeiro lugar nesse index, e atualmente está quase em primeiro lugar, qualquer um que reflita seriamente sobre o tema, precisa pensar se haveria ou não custos para o bem-estar geral da população Dinamarquesa eventuais mudanças bruscas na forma como eles conduzem sua própria sociedade. De uma perspectiva de análise de risco, seria arriscar muito (bem-estar geral da população) sem qualquer ganho óbvio (o país com o maior bem-estar humano do mundo em várias perspectivas), pois fica difícil imaginar uma melhora ainda maior na sensação de felicidade dos Dinamarqueses.

             Só essa pergunta, esses dados concretos, deveria fazer com que todos que já escreveram ou refletiram sobre o tema parassem para pensar um pouco mais. É evidente que isso não se trata de esquerda x direita, ou se há um socialismo nórdico ou se há um “mito” de um socialismo nórdico, a questão é ordens de grandeza mais complexa do que isso, e envolve economia, biologia, sociologia, antropologia, filosofia, e muitos outros mais ramos do conhecimento. Qualquer resposta de apenas um ramo é capenga por natureza, generalizações seja de qualquer lado é apenas uma muleta, e muitas vezes é simplesmente falso.    

                Encaminhando-me para o final, e tentando juntar todos os conceitos e várias idéias tratadas nesse artigo. Como serei pai daqui algumas semanas, venho lendo diversos livros sobre o tema paternidade, criação de filhos, etc. Um desses foi o interessante livro "O Segredo Da Dinamarca".



               O livro trata da história de uma jornalista inglesa que resolve mudar para a Dinamarca e morar um ano nesse país. Jornalista londrina, estressada pela vida na cidade grande, querendo sucesso e fama na carreira, ela resolve acompanhar o marido que vai trabalhar para a famosa produtora de brinquedos Lego. A sede da companhia é numa pequena cidade do interior da Dinamarca, e a autora conta, em cada capítulo que representa um mês, os detalhes, a cultura diversa, e como ela sendo estrangeira encara tudo aquilo. Desde a preço de carros, passando por grupos de Hobbies, culinária, impostos, e muitos outros tópicos. 

       Cito esse livro não por ser um tratado denso sobre a Dinamarca, mas por ser um livro leve e divertido sobre esse país. Um dos fatos que mais me chamou atenção no livro é que os Dinamarqueses trabalham "pouco" se comparado com outras sociedades.  A autora narra que a coisa mais normal do mundo é o expediente de trabalho terminar às 4 da tarde para que o Pai (não necessariamente a mãe) possa ir buscar os filhos na escola. Ou que é extremamente normal, e na verdade apreciado socialmente, que as refeições sejam feitas em família, geralmente lá pelas seis e meia da tarde.

          Quem não quer pegar o filhinho na escola às quatro da tarde? Ou jantar com a família às seis e meia ao invés de estar dentro de, nas palavras do blogueiro Mister Money Mustache, uma enorme cadeira de rodas ambulante parado no trânsito de alguma cidade? Aparentemente, os Dinamarqueses fizeram e fazem todos os dias uma escolha: a independência financeira, ou melhor dizendo uma semi-independência financeira. Melhor ainda, que tal uma vida mais equilibrada? Não é isso que você procura prezado leitor ou blogueiro?

          Isso não é apenas uma especulação, isso aparece nos dados. Os Dinamarqueses fazem uma escolha consciente (aparentemente) entre menos dinheiro e mais tempo para outras coisas importantes na vida. Como é possível saber? Olhem o gráfico abaixo:


Talvez não esteja tão visível, veja os dados aqui

         Se comparado aos EUA, por exemplo, o trabalhador médio dinamarquês é aproximadamente 15% mais produtivo por hora trabalhada, mas sua renda per capta é razoavelmente menor. Por qual motivo? Porque a Dinamarca é socialista? Porque tem muitas regulações? Porque o "espírito animal" empreendedor não floresce lá? Não. Simplesmente porque um dinamarquês trabalha em média 370 horas a menos por ano do que um trabalhador americano médio. 

        Essas 370 horas a menos por ano podem ser usadas para ficar mais com a família, ter um hobbie, meditar, refletir mais sobre a vida, viajar mais, etc, etc. Isso ocasiona que um trabalhador médio dinamarquês seja mais "pobre" do que um americano, mas possua uma qualidade de vida muito maior, e isso é captado pelo ranking de satisfação pessoal que leva muitas métricas em conta. Se a pessoa trabalha muito, ela terá menos tempo para fortalecer relações sociais com vizinhos, por exemplo, e há muito é sabido que suporte social e boas relações na comunidade são uma parte importante de nosso bem-estar.

       Logo, a Dinamarca parece ser um país que optou por caminhar em direção a uma "independência financeira". Portanto, ela deveria ser um exemplo para nós que gostamos do conceito, e não o contrário. Talvez essa minha reflexão sobre "independência financeira" para países não faça muito sentido, talvez não faça o menor sentido. Porém, com certeza, mostra o quão complexa, e muito mais interessante é a questão sobre dinheiro, bem-estar, seja no nível individual, seja no nível coletivo.

       
Esse é o livro citado no começo, onde o autor diz que teve os maiores insights depois de aprender mais sobre biologia (sendo o seu ramo de formação e profissional gestão administrativa)



Comecei a reler esse grande livro de um dos maiores biólogos de todos os tempos que viveu mais de 100 anos

Este também estou lendo (geralmente antes de dormir). São mais de 600 páginas sobre a história do Câncer, desde o antigo Egito até as modernas técnicas de quimioterapia.


  
   Um abraço a todos!



47 comentários:

  1. Excelente post!

    Eu gostaria que o Brasil fosse mais parecido com a Dinamarca que com os EUA.

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    1. Olá, Anônimo.
      O Brasil é muito parecido com os EUA em aspectos ruins, assim como a Dinamarca.
      Porém, nosso país possui as suas qualidades também não encontradas tão fortemente em outros lugares.
      Um abs

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  2. Excelente post Soul!

    Porém, como você mesmo destaca no texto, essa discussão é extremamente multifacetada. Não conheço a realidade da Dinamarca, mas sem dúvidas muitos países gostariam de seguir os mesmos passos, porém a discussão é bem mais profunda.

    Infelizmente toda discussão que envolve o modelo econômico adotado pelos países nórdicos acabando terminando em "bem estar social x liberalismo" e os dados acabam sendo enviesados para um lado ou para o outro.

    Os debates são muitos, mas eu começaria questionando:

    1. O atual modelo econômico adotado pela Dinamarca é sustentável no longo prazo?

    2. Se sim, quais condições permitiram que o país chegasse a essa situação favorável?

    3. Essas condições derivam de características únicas (culturais e históricas, por exemplo) ou podem ser replicadas por outros países?

    Talvez se o mundo todo adotasse essa postura de "País IF" não teríamos tido evoluções tecnológicas e econômicas importantes, e talvez sequer houvesse condição para existir um "País IF" como a Dinamarca.

    Abraço!

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    1. Olá, Senhor Ministro. Claro, amigo, a discussão é multifacetada mesmo, e deveríamos ter mais debates e reflexões que reconhecessem essa faceta da realidade.
      Exatamente. A Dinamarca em especial, e os países nórdicos em especial, são países com alta taxa de tributação e grande estado de bem-estar social, mas são países com grande liberdade econômica. Isso costuma causar um "bug" seja de um lado e outro, o que acaba deixando a discussão para lá de superficial ou extremamente enviesada como você disse.

      1 - Colega, eu creio que essa questão é impossível de responder. Se você fosse me perguntar de uma forma mais geral, eu acho que advento de IA com machine learning, mais biotecnologia e interface homem-máquina, vai mudar absolutamente tudo nos próximos 30-40 anos. Nessa linha, eu realmente temo bastante o que possa acontecer, na linha do que escreve o Yuval Harari. Logo, talvez o nosso sistema atual não seja sustentável. Aliás, do ponto de vista ambiental não o é na maior parte dos países.
      Porém, mais especificamente sobre a Dinamarca, não sei se você está familiarizado com os números. Não tenho a menor dúvida que Dinamarca do ponto de vista fiscal é muito mais sustentável que quase todos os países. Veja o link abaixo é muito interessante: https://countryeconomy.com/countries/compare/denmark/usa?sc=XE34
      Enquanto um americano em média deve U$60k, um Dinamarquês U$20k. Enquanto quase todos os países possuem déficit nominal (e o Brasil vai além com o seu déficit nominal), a Dinamarca incrivelmente possui 1% de superávit. O que faz com que a dívida da Dinamarca seja de apenas 35% (o que é algo muito pequeno para um país tão rico) e os EUA possuem mais de 100% do PIB.
      Sendo assim, na fotografia atual, não parece haver grandes problemas de sustentabilidade do sistema dinamarquês.

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    2. 2-Para aguardar liberais de todas as espécies, para chegar lá precisa ser extremamente produtivo, possuir um Estado que não atrapalha muito e grande liberdade econômica. Porém, e essa é a questão que muitos liberais não se perguntam, isso é suficiente? É suficiente isso para fazer que uma sociedade atinja grandes níveis de bem-estar? Eu acredito que não. O que ocasiona? Pode ser a cultura do povo, um senso de comunidade, o alívio do stress de que alguma coisa de ruim do ponto de vista financeiro será coberta com algum seguro social, o respeito à gestante, pode ser a clareza sobre a necessidade de equilíbrio entre vida profissional e familiar, etc, etc, pode ser um monte de coisas.

      3 - Isso é um erro, e eu concordo com o Gianetti nessa. O Camboja é diferente da Costa Risca que é diferente do Brasil que é diferente da Dinamarca. Logo, não gosto da ideia de replicar. Gosto da ideia da reflexão sobre experiências de outros países, e sobre o que pode ou não ser aplicado a determinados países. A Dinamarca possui invernos extremos e rigorosos, isso ocasiona até uma dinãmica social, familiar, diferente do que ocorre no Rio de Janeiro. Logo, temos as nossas especificidades, mas temos aquilo que parece ser claro: solvência fiscal, maior liberdade econômica, laços sociais e comunitários fortes, respeito maior à gestante, incentivo ao empreendedorismo, etc, etc.

      Não sei se concordo aqui, alias acho que não concordo em absoluto. Pessoas em "IF" costumam ser extremamente produtivas, aliás essa é a ideia por trás da IF: não é ficar jogando videogame, mas talvez fazer com que pessoas possam liberar os seus talentos para áreas onde possam colocar toda a sua paixão sem pensar necessariamente em dinheiro.

      Isso até aparece nos Dados, veja o Link que eu postei.
      Innovation Ranking [+] 2017 6º chart 4º 2017 Innovation Ranking [+]

      A Dinamarca é o sexto país do mundo em inovação, enquanto os EUA o quarto. Os EUA possui as melhores faculdades do mundo, é um grande "atrator" de cérebros, ou seja um país que é realmente muito inovador. Porém, a Dinamarca não fica atrás, o que mostra que países nórdicos são inventivos, e que a inovação pode continuar a existir em países com um bem-estar maior. Aliás, a Dinamarca ser um dos países mais inovadores que é um puzzle, devido às condições climáticas, a população pequena, etc.

      Um abraço!

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  3. Excelente post Soul. Você levanta questões cruciais nas quais todos deveriam refletir constantemente em busca de buscar maximizar a satisfação na vida.

    Concordo que os países nórdicos deveriam ser fonte de inspiração para a sociedade brasileira.

    Por fim, poderia indicar 2 ou 3 livros relacionado a paternidade e criação de filhos que mais gostou?

    Obrigado.

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    1. Olá, Rafael.
      Eu gostei muito desse da Dinamarca (que não é tanto sobre esse tema, mas também o abrange). Ainda não li por inteiro mas "Maternidade, o encontro com a própria sombra" é um livro para reflexão profunda sobre muitas coisas mesmos em relação a relação mãe-filho.
      E tem o clássico "Crianças francesas não fazem manha".

      Um abraço!

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  4. Ótima reflexão. Interessante sobre a expectativa de vida nos EUA, não sabia.
    O conceito de FIRE para um país é um tanto mais complexa, já que os gastos em infraestrutura atual vão servir a muitas gerações então não se pode cobrar tudo no presente. Por isso o país rola dívida basicamente. Mas a Dinamarca realmente é um caso a parte bem interessante. Abcs

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    1. Olá, colega.
      O conceito de independência financeira para um país foi apenas um metáfora para que as pessoas possam refletir como uma sociedade pode se organizar.
      Sobre os frutos de uma geração serem colhidos por outra geração é uma tema também interessantíssimo. Na verdade você está falando sobre o que uma geração deve a outra. Já abordei esse tema diversas vezes por aqui e sugiro a leitura desse artigo: http://pensamentosfinanceiros.blogspot.com/2015/07/heranca-e-incongruencia-de-alguns.html

      Abs!

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  5. Ótimo post! Sobre os EUA, vinham matéria recente sobre o crescimento do número de pessoas que estão morando nas ruas lá e outra sobre a situação precária de muitos estudantes de nível superior, até passando fome. Chocante.
    Abraços! Que sua filha venha com muita saúde!

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    1. Olá, colega.
      Obrigado meu amigo, é o que eu espero também.
      Um abraço!

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  6. Olá Soul,

    Parabéns pelo post e pela paternidade.

    Eu nunca gostei do jeito corrido de trabalhos. Principalmente o que os americanos adotam. Muitos vivem só para trabalhar, não tem tempo nem para se alimentar direito. Por isso eles são diabéticos e depressivos.
    Gosto da forma da Dinamarca. Parece ser um país muito a frente dos outros.

    Eu sou servidor público e busco a IF e quero viver uma vida simples, mas com liberdade. Eu não vejo muito sentido ficar gastando em coisas supérfluas. Se um dia eu formar uma família quero ter tempo para ela, pois não quero ficar terceirizando criação de filhos e ficar nessa corrida incessante do ratos não é para mim.

    Abraços.

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    1. Olá, Cowboy. Grato amigo, bastante feliz com a paternidade. Obrigado pela mensagem.
      Abs!

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  7. Post muito bom.

    Recentemente li dois livros sobre economia do Ha-Joon Chang: "23 coisas que não nos contaram sobre o capitalismo" e "Economia: modo de usar: Um guia básico dos principais conceitos econômicos". E essa discussão da produtividade tem nesses livros da mesma forma que você abordou. Interessante seu insight!

    Essa questão é interessante, pois o pessoal tem uma certa mania de falar que a gente deve mirar no modelo americano, que a gente está virando comunista, que nenhuma ideia de esquerda funciona etc e tal.

    Não vejo dessa forma. Não se pode comparar diretamente o capitalismo de livre mercado americano com o nosso, brasileiro, e concluir que o deles é muito melhor. São dois mundos diferentes, fazendo isso estamos comparando um país desenvolvido com um em desenvolvimento sem isolar as variáveis. Mais honesto é comparar modelos distintos de capitalismo dentro de países do mesmo tipo: o que é melhor? O modelo americano ou o nórdico baseado em bem estar social? É uma pergunta pessoal, mas se eu tivesse opção eu escolheria o modelo nórdico no lugar do americano. Por uma questão simples de qualidade de vida.

    E nessa toada, é legal ver também que as coisas não são uma dualidade. Não existe muito isso de só a direita funciona e nada da esquerda presta. Nos livros que citei, por exemplo, o autor comenta sobre a origem do capitalismo de bem estar social, que adotou algumas ideia consideradas de esquerda para a época. Nada da esquerda funciona? Bom, não é bem assim (obviamente a recíproca também é verdadeira: há sim coisas de ambos os lados que funcionam, a despeito das "brigas de torcida").

    ps.: Obrigado pelas indicações de livro. Especialmente esse da Dinamarca, já entrou pra minha lista de desejos rs

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    1. Olá, colega.
      Eu acho que o que importa é sempre indagarmos e questionarmos, e principalmente vermos as questões sobre diferentes perspectivas.
      A própria comparação de um país massivo e continental de mais de 300 milhões de habitantes (EUA) com um país pequeno, mais homogêneo de cinco milhões de habitantes, já é um tanto quanto forçado.
      A ideia não é eleger um vencedor, mas refletir sobre o que importa ou não, e o que determinados países estão fazendo ou não.
      Dados sobre diminuição de expectativa de vida, ou um índice alarmante de doenças crônicas deveriam assustar os americanos muito mais do que terrorismo ou imigração, por exemplo.
      Há coisas boas e ruins em várias experiências, cabe a nós maturidade para refletirmos, e não termos compromisso em estar certos toda hora, mas sim com os dados objetivos e com o que queremos para as nossas próprias vidas.

      Porém, você tem razão no sentido que comprar o Brasil com os EUA é meio incomparável. É como comparar o Brasil com a República Democrática do Congo ou o Tajiquistão.
      Porém, países altamente produtivos e ricos, faz mais sentido a comparação entre eles, para saber quais formas de organização social trazem mais bem-estar para uma parcela maior da população quando se atingiu um estado razoável de acumulação de riqueza.
      Nesse sentido, é perfeitamente possível fazer uma analogia com I.Financeira.

      Um abraço!

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  8. atentar para o "per capita", de por cabeça, e "não per capta"

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    1. Tem razão, amigo.
      Vou corrigir no texto quando tiver um tempo.
      Um abraço

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  9. Olá Soul! Post muito interessante!

    Chuto que se inspirou um pouco no post do Economista Visual rs

    Bom, mas voltando ao seu texto, destaco a questão do esforço pessoal.

    Apesar de óbvio, esse tema faz sucesso e acredito que sempre fará pois estamos sempre buscando inspiração. E como buscar inspiração em nós mesmos?

    É mais fácil tentar trilhar um caminho "bem-sucedido" de alguém. Melhor, usar esse caminho como inspiração.

    Apesar de sabermos que temos que "dar duro" para poder ser quem queremos ser, acredito que para alguns, ver o esforço do outro ser recompensado alivia sua batalha, seu esforço.

    Mostra que todo o suor despendido não será em vão.

    Acho que é essa a explicação a esse tema ter sucesso rs.

    No mais, excelente texto! Abraço!

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    1. Olá, I.Ingles.
      a) Um pouco talvez, mas o texto dele, apesar de bem construído, é na verdade muito repetido em sites como Mises, Constantino, etc, etc.
      b) Sabe, Investidor Inglês, eu acho que o maior esforço de compreensão, sabedoria e melhora no entendimento da realidade é quando nos demos conta de apreciar as coisas que vem a nós "sem esforço próprio".
      Na verdade, a grande sabedoria estar em saber valorizar isso. Como é muito mais difícil, e por incrível que pareça parece estar fora do radar da ideologia dominante de sucesso, as pessoas quase nunca prestam atenção nisso.
      Eu acredito que quando somos capazes de valorizar o que nos foi legado seja pela genética, cultura, meio-ambiente, sem qualquer esforço pessoal próprio envolvido, nossa compreensão da realidade aumenta muito.
      A partir daí podemos realmente apreciar ar limpo, relações comunitárias fortes, amizade, etc, etc.

      Reconhecer o papel do "sangue, suor e lágrimas" parece-me fácil, lógico e intuitivo. Muito mais difícil é questionarmos quando apenas o suor não é essencial, ou até mesmo ele é em vão.

      Um abraço!




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  10. O Brasileiro adora os EUA, o grande porém é que os Brasileiros só conhecem os EUA do hotel para as lojas e das lojas para os parques. Aí depois vem um gringo e fala que adorou o Brasil e que aqui é um país maravilhoso, sendo que ele só ficou no Leblon e no Jardins e depois o brasileiro discorda, mas faz o mesmo que o gringo fez, só que nos EUA. Já rodei um pedaço do mundo para ver que nenhum lugar é perfeito, tanto é que nas grandes cidades americanas existem muitos mendigos, já até dei sopa para mendigos em LA.
    Se tivermos impostos e a qualidade de vida que os dinamarqueses tem, eu aceito na hora, um povo alegre, que só fica com raiva se você for muito devagar na ciclovia, já que lá eles usam isso totalmente como um meio de transporte para tudo, não tem tempo a perder hehe

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    1. Olá, colega.
      Você tem absoluta razão que o conceito de perfeição é uma miragem, ainda mais que o que é uma vida "perfeita" para uns não o é para outros. Vou além, talvez o que seja "perfeito" para uma sociedade como um todo não o é para outro agrupamento.
      Isso que é auto-evidente costuma ser o argumento número 1 seja de alguns economistas, pensadores, etc, quando a temática é a reflexão se há alguns condicionantes para um maior ou menor bem-estar. Esse é um argumento clássico, que na verdade apenas tenta fugir da discussão.
      Por mais que o conceito do que seja "perfeição" seja impossível de se alcançar um conceito, parece-me evidente também que há certas coisas que parecem ser universais.
      Uma mãe, ou ao menos 99% delas, gostaria de ter mais tempo de convivência com filhos, especialmente se muito pequenos, logo faz sentido que uma sociedade tente atender a esse desejo, pois isso aumenta o bem-estar da mulher, e da sociedade como um todo.
      Boa parte dos seres humanos gostam de ter amigos, logo um agrupamento social onde laços comunitários sejam fortalecidos parece fazer mais sentido do que outra onde isso não é uma prioridade.
      O ponto não é a demonização dos EUA (que é um grande país em vários sentidos) ou a dignificação da Dinamarca, ou vice-versa. O ponto é refletirmos quais são certas características mais universais que levam a uma melhor vida de forma individual, ou coletiva.

      Um abraço!

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  11. Parabéns pelo belo post Soul,

    É interessante ver como os interesses/importâncias vão se alterando no curso de nossas vidas.

    O nascimento de um filho é um marco e, acompanhando seus posts, pude perceber como isso influenciou você.

    Evidentemente que temas como o do presente post eram citados antigamente, mas agora o são de uma forma muito mais elaborada e profunda. Se antes tratava primordialmente de temas como "risco", "valuation", hoje versa sobre o que é "suficiente" ou que é qualidade de vida para uma pessoa ou até mesmo para um país.

    Penso que no "no fim do dia" (para usar uma expressão do mercado financeiro) é isso que importa: como podemos viver com qualidade de vida, abarcando temas desde termos o suficiente em termos monetários, mas também outras coisas como convivência com nossos semelhantes, alimentação saudável, bons relacionamentos, atividades físicas, etc.

    É um prazer termos no Brasil uma pessoa como você, que compartilha seus conhecimentos e seu modo diferenciado de ver o mundo.

    Sempre é um grande prazer quando recebo no meu feed a notificação que tem um post novo em seu blog.

    Desejo sucesso e muita saúde para sua filha.

    Abraços

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    1. Olá, Comprando Ativos.
      Você é pai, amigo?
      Sim, quer queiramos ou não, nós vamos mudando no decorrer da vida. Nada é imutável, como já diria o filósofo que o mesmo homem não se banha duas vezes no mesmo rio.
      Portanto, sim, o meu foco vem mudando, pois minha perspectiva sobre muitas coisas também vem se alterando.

      Agradeço bastante as palavras carinhosas, fico bastante lisonjeado.
      Um abraço!

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  12. Um país se vê como imortal. Assim é difícil planejar uma IF. Já as pessoas podem sim tirar o pé do acelerador. Se tirarem de mais e não perceberem isso, poderia prejudicar a outrora garantida IF do país. Então é bom não perder ao longo das gerações os valores que fizeram o país chegar lá.

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    1. Olá, S.
      É verdade os valores que fizeram um país chegar onde está (ainda mais se numa boa posição) são importantes com certeza, e aí entra o conservadorismo de bons pensadores como Roger Scruton.
      Porém, valores vão se mudando no decorrer do tempo, pois é assim que a coisa funciona, sábia uma sociedade que sabe proteger os seus valores fundamentais, senda conservadora nesse aspecto, mas de outro lado reconhecer que novos valores surgem, ou novas perspectivas sobre valores antigos florescem, e conseguem evoluir para internalizar essas mudanças.
      Um abraço!

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  13. Boas, pra começar sou seu fã

    Você e a Dinamarca estão em outro nivel, precisamos entender isso desde o começo!

    Estou atualmente nos Estados Unidos. O que vejo aqui... primeiro é que ser idoso aqui é um Fardo, ninguem quer cuidar de idosos. Então eles precisam ter saude para se virar sozinho. È muito triste isso mas não existe amor familiar como no Brasil onde os pais cuidam dos filhos até os 35 anos dentro de casa. Raramente deixam os filhos se mudarem, já aqui os filhos querem sair de casa assim que completam 18 anos ou antes. Independencia vc me diria, mas não vejo dessa forma. Falta de amor familiar, talvez. Mas o 'problema' se é que podemos chamar assim é que os jovens não dão atenção aos mais velhos. Não dão. Não querem... por isso essa 'longividade' foi e ainda vai ser mais afetada aqui nos EUA.

    Segundo que o americano (me desculpe falar isso) é preguiçoso, não quer trabalhar mas não é pra jantar com a familia pois são muito individualistas. Não querem trabalhar e só trabalham para mostrar pra sociedade que estão fazendo alguma coisa e não são vagabundos. Posso estar generalizando o pais todo aqui mas essa é minha visão do estado onde estou aqui, Massachusetts.

    O que abre uma grande questão. Imigrantes com vontade de trabalhar e construir uma vida digna aqui gostam de trabalhar pricipalmente nos setores 'piores', mais braçais que são Restaurantes e Construção civil, etc.

    No caso da Dinamarca vemos pelo seu post que seria muito "dinheiro investido para pouco retorno" Eles já são financeiramente independentes pra que se matar de trabalhar:/ (O que vc pensaria dos EUA tbm, mas não é o caso)

    Bom não sei se deu pra entender meu comentario, meu teclado está uma bela porcaria, então desculpe pelos erros kkkkk =D

    Abraço

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    1. Olá, Investidor Maluco.
      Poxa, valeu pelas palavras!
      Sua mensagem ficou clara sim, e agradeço por ela.
      Os EUA tem os seus problemas que vão muito além da taxa de juros, desemprego, ou se o OBAMA ou TRUMP foram e estão sendo bons governos. Problemas muito mais importantes e profundos.

      Um grande abraço!

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    2. Prezado Soul, fiquei curioso por conhecer sua visão sobre os (problemas dos) Estados Unidos. Quem sabe qualquer dia vc nos presenteia com um texto descrevendo sua visão a esse respeito.

      Abs, Jairo

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    3. Oie Jairo, estou longe de conhecer profundamente os EUA.
      Porém, um dos países mais ricos do mundo onde a sua expectativa de vida decresce por dois anos seguidos (perigando ser o terceiro) por causa de suicídios e abuso de derivados do ópio, é sinal claro que há problemas sérios.
      Um abs!

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    4. Sem dúvida. Compartilho contigo uma reflexão que fiz acerca do título do post.

      Vamos lá, é possível um país ser independente?
      Minha resposta foi que sim E não.

      Sim, no sentido de que é possível que os Noruegueses tem mais de um milhão per capita no fundo soberano.

      Mas Não, pois se todos forem ricos na Noruega, simplesmente haveria inflação para compensar isso. Imagine que todos são multi milionários, todos resolvem viver de renda. Quem limpa o chão? Quem atende nos bares? Quem coleta o lixo?

      Seria então o caso de chamar imigrantes para fazer esses serviços, sendo pagos com os dividendos das empresas ou FIIs.

      Porém, ao chegarem os imigrantes, não há mais um país independente, mas uma classe de cidadãos independentes. O país voltou à condição de não ser independente.

      De todo modo, com todo mundo multimilionário, quem alugaria os FIIs? Quem trabalharia nas empresas para gerar os dividendos que conferem a IF aos ricos cidadãos do país?

      Ou seja, minha conclusão é a de que é impossível a riqueza ser de todos. Se não houver a iniquidade, não haverá a riqueza. Logo, é compreensível porque os muito ricos de todos os países em geral lutam para manter seus privilégios (muitas vezes indefensáveis, como isenções a empresas monopolistas como a Ambev, por exemplo).

      É uma questão de lógica. Sem os pobres que precisam por necessidade trabalhar diariamente por toda a vida, não haverá a "terra prometida" dos ricos.

      Claro, se a pergunta é : "Podem dois países serem independentes financeiramente"? a resposta é ainda mais difícil.

      Podem todos os países serem Independentes Financeiramente?
      .. com as condições e sistema atuais, penso que a resposta é necessariamente Não.

      Um abraço Soul!

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    5. Olá, colega.
      Grato pela reflexão, amigo.
      Então, se todos pararem de realizar atividades, e viver apenas de capital acumulado, o que aconteceria?
      Bom, primeiramente, a quantidade de capital acumulado seria tão grande, que o retorno desse mesmo capital seria muito próximo de zero.
      Logo, se um FII rende 8% ao ano, ele provavelmente renderia 0.2%aa, isso é apenas lógica econômica, e é o que acontece em certa medida em países com um estoque de capital acumulado muito grande.
      Logo, a pessoa precisaria acumular muito mais dinheiro, o que redundaria em mais anos trabalhando. Ou, em último caso, se pagaria tão bem para todas as tarefas, que os produtos e serviços seriam mais caros, o que demandaria mais tempo de trabalho. Essa poderia ser uma tentativa de explicação da sua pergunta.

      Porém, há outra. Enough é enough, e talvez alguns países como um todo, tenham mais claro o que é o suficiente para uma boa vida. É necessário ter 10 carros, ou será que um carro e uma casa confortável já não é o suficiente, liberando assim tempo e energia para outras áreas importantes da vida humana?
      Parece-me ser possível essa forma de encarar a vida seja do ponto de vista individual, seja de um ponto mais coletivo (com algumas mitigações, é claro).

      Um abraço!

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  14. OBS> Escrevi mais do que nos meus posts kkkkkkkkkkk

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  15. O problema do Brasil é o brasileiro, simples.

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    1. Certo, você é o problema amigo (já que presumo que é brasileiro).
      E o que fará a respeito disso?
      Abs

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  16. Soul, descobri seu blog há poucos dias e estou lendo tudo. É fantástico encontrar artigos tão bons e um cara tão do bem e ainda por cima, lowcarber e leitor do Taleb :)
    Sou advogada, empregada pública e comecei a estudar sobre leilões há alguns anos, mas parei tudo com o nascimento da minha filha e problemas familiares. Em 2018 voltei com tudo, com sangue nos olhos (Kkkkk) pois era hora de parar de me lamentar e retomar o controle da minha vida.
    Os estudos evoluíram e conheci um advogado que, depois de algumas conversas, descobri ter pontos de vista parecidos com os meus em relação a leilões. Não tenho prática em processo Civil e achei prudente não tentar agir sozinha.
    Incrível como hoje há muito mais boas oportunidades do que há uns anos atrás, quando comecei a prospectar leilões.
    Tenho preferência pelos judiciais, me dá uma grande segurança poder ler processos eletrônicos inteiros antes de decidir se é uma boa ou não.
    Depois de 5 meses líquida analisando leilões, achei uma super oportunidade. Leilão de dívida de condomínio, sem outros processos envolvidos (apenas dívida de IPTU e funesbom), imóvel em inventário arquivado que os herdeiros largaram de mão há anos e preço bom de avaliação. Fui até lá, conversei com porteiro, li o processo inteiro (e descobri que o imóvel é bem maior do que o que aparece no IPTU), conversei com corretores (me passando tanto por interessada em comprar com o em vender) da região e confirmei ser um bom negócio. Após alguma disputa, arrematei o apartamento e estou muito, mas muito feliz. Pode ser que eu venha a ter problemas, pode ser que não consiga vender, mas o importante é a sensação única de poder ser dona da minha vida e das minhas decisões e saber que isso me move pra frente, cada vez mais longe.
    Concordo com você sobre preferir imóveis ilíquidos, aqui no Rio os imóveis na Zona Sul, por exemplo, são tão concorridos que dificilmente saem por um preço bom. Assim, atuar em outros bairros já parece dar uma vantagem grande. A geografia do Rio é cruel, então conhecer bem as ruas dos bairros faz toda a diferença. Nesse bairro em particular morei por uns anos e conheço bem.
    Outra coisa, me causa espanto ver que você vê os leilões da justiça do Trabalho como seguros. O que pude ver (empiricamente) é que há muitos casos de anulação. Seria uma questão do TRT do Rio apenas? Curioso é que a minha constatação bate com a opinião do meu advogado.
    Quanto aos leilões extrajudiciais, não acho um imóvel sequer com preço bom. De novo, estou me restringindo à cidade do Rio, pode ser que em outros lugares isso não ocorra. Mas nos leilões da CEF, por exemplo, tenho achado tudo muito caro, quase preço de mercado. Assim, não vejo vantagem em atuar nesse nicho.
    Parabéns pela sua atuação. É muito bom encontrar na internet gente com conteúdo que vai na contramão da vida de aparência que nos impõem as redes sociais.

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    1. Olá, agradeço o comentário e desejo sorte na sua empreitada em leilões.
      Veja, dívida de condomínio, por ser uma obrigação proptem rem, é o leilão judicial mais seguro, especialmente porque não cabe alegação de bem de família, por exemplo.
      Sobre leilões trabalhistas, ao menos nos TRTs do sul, os julgamentos são muito rápidos (o Agravo de Petição de uma impugnação à arrematação é julgado em poucos meses), e a questão formal é muito mais "relativizada" do que julgamentos na justiça comum.
      É isso, boa sorte mais uma vez na empreitada, e mais uma vez agradeço as gentis palavras.
      Abraço!

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  17. Fala Soul,

    Acho interessante essa abordagem sua de olhar para a felicidade dos países, é de fato um quesito raramente mencionado em discussões sobre modelos econômicos.

    Mas acho que a felicidade passa muito pela cultura de cada povo. Obviamente que um Dinamarquês morando na Etiópia não seria tão feliz quanto um morando na Dinamarca, mas acredito que um morando nos EUA é tão feliz quanto, talvez até mais, do que um que vive em sua terra natal.

    Dando uma pesquisada sobre esse ranking, a conclusão que os pesquisadores possuem é a mesma, veja o trecho dessa reportagem: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-43410494

    "Em geral, os pesquisadores concluíram que o grau de felicidade dos migrantes acompanha aquele dos residentes do país de destino. Os dez países mais felizes segundo o ranking geral, por exemplo, foram os mesmos em que os imigrantes se demonstraram mais satisfeitos. A Finlândia está em primeiro lugar em ambas as listas."

    Ou seja, os EUA possuir um modelo econômico mais livre não é a justificativa de eles trabalharem mais e serem mais infelizes, mas sim sua cultura ser essa.

    Outro dado retirado dessa pesquisa: http://iea.org.uk/sites/default/files/publications/files/Sweden%20Paper.pdf
    mostra que Americanos com descendência Dinamarquesa, possuem um PIB per Capita 37% maior do que Dinamarqueses morando na Dinamarca (a diferença é de 39% para Suecos e 47% para Finlandeses). Se a pesquisa de felicidade mostra que os imigrantes são tão felizes quanto os locais, então concluímos que os nórdicos podem ser tão felizes quanto nos EUA e ainda assim possuírem rendas muito maiores.

    Enfim, achei impressionante esse dado da expectativa de vida dos americanos estar diminuindo. Estive no Texas há alguns meses e pude comprovar o estilo não saudável deles "at it's best".

    Abraço Soul!

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    1. Olá, amigo. Grato pelo comentário, e desculpe a demora em respondê-lo.
      “Mas acho que a felicidade passa muito pela cultura de cada povo. Obviamente que um Dinamarquês morando na Etiópia não seria tão feliz quanto um morando na Dinamarca, mas acredito que um morando nos EUA é tão feliz quanto, talvez até mais, do que um que vive em sua terra natal.”
      Sim, colega. Se não fosse assim, estaríamos falando de genética de um povo, não de cultura, o que não faria muito sentido. Um Dinamarquês que viva nos EUA ou na Etiópia seja mais ou menos feliz do que um Dinamarquês que vive na Dinamarca, então é evidente que o grau de satisfação dele vai depender do meio-ambiente onde ele está inserido.


      "Em geral, os pesquisadores concluíram que o grau de felicidade dos migrantes acompanha aquele dos residentes do país de destino. Os dez países mais felizes segundo o ranking geral, por exemplo, foram os mesmos em que os imigrantes se demonstraram mais satisfeitos. A Finlândia está em primeiro lugar em ambas as listas."

      Ou seja, os EUA possuir um modelo econômico mais livre não é a justificativa de eles trabalharem mais e serem mais infelizes, mas sim sua cultura ser essa. “
      - Parece-me correta a conclusão. Veja, sim, concordo contigo que não se pode estabelecer uma relação de causa e efeito, isso é apenas uma correlação. Porém, por qual motivo, se eles são tão ricos, os americanos vivem menos, e aparentam ter vidas mais infelizes e insatisfeitas? Isso deveria se levantar questões mais abrangentes do que apenas econômicas, no meu entendimento.


      “Outro dado retirado dessa pesquisa: http://iea.org.uk/sites/default/files/publications/files/Sweden%20Paper.pdf
      mostra que Americanos com descendência Dinamarquesa, possuem um PIB per Capita 37% maior do que Dinamarqueses morando na Dinamarca (a diferença é de 39% para Suecos e 47% para Finlandeses). Se a pesquisa de felicidade mostra que os imigrantes são tão felizes quanto os locais, então concluímos que os nórdicos podem ser tão felizes quanto nos EUA e ainda assim possuírem rendas muito maiores.”

      - Interessante. Não resta muitas dúvidas de que individualmente, um pais como os EUA parece trazer oportunidades econômicas de maiores rendimentos, o que explicaria a diferença de renda entre imigrantes que moram nos EUA em relação aos seus compatriotas. Ou, pode ser apenas que as pessoas que imigram para os EUA tem uma maior motivação para ganhar dinheiro, logo não faria sentido compará-las com o resto da população, pois obviamente está se a comparar um grupo motivado com a média de pessoas motivadas e sem muita motivação. Esse tipo de questão é complexa mesmo, e cheio de nuances. Apenas a sua última frase não entendi o ponto, sim, eles podem ser tão felizes como os locais, mas se os americanos são mais infelizes (ou satisfeitos com a vida) do que Dinamarqueses, isso quer dizer que imigrantes Dinamarqueses em que pesem ter uma renda maior do que Dinamarqueses que vivem na Dinamarca, mesmo assim seriam ainda mais insatisfeitos, o que apenas corrobora com o meu texto.

      No mais um grande abraço e obrigado pelo comentário!


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  18. Soul, excelente post.

    Infelizmente, muitos dos seus leitores vão literalmente se matar de tanto trabalhar em nome de carros, viagens, iphones...Pois para eles é preciso consumir, consumir, consumir...


    A América está mal, dentre várias maneiras, podemos perceber pelo nível de programas que passam pela tv a cabo. É um show de violência eterno, baixarias, ódio e mais ódio. Tudo isso prejudica a mente de qualquer ser humano. Não espanta que o suicídio esteja aumentando.


    Torçamos para que essa decadência toda não chegue com tanta força ao Brasil.

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  19. Ola Soul, que discussão interessante! Como você é uma pessoa que abraça a complexidade e que gosta de encarar as diversas formas de ser ver uma mesma questão, compartilho contigo dois episódios de podcasts que gosto muito e que abordam aspectos interessantes sobre a Dinamarca. Neste primeiro, inclusive, eles entrevistam esta inglesa autora do livro que você está lendo.

    http://freakonomics.com/podcast/happiness

    https://theoryofeverythingpodcast.com/2014/03/when-youre-lonely-life-is-very-long/

    A paternidade/ maternidade é uma jornada incrível quando se tem a oportunidade de vivenciá-la em plenitude. Eu particularmente passei a acreditar que os filhos educam os pais. É uma grande oportunidade ver esse ser humano sem condicionamentos nos evidenciar a quantidade de comportamentos anti naturais que reproduzimos sem ter consciência.
    Desejo muita saúde para a sua companheira e para o seu(sua) bebe.

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    1. Obrigado pelos links, vou tentar ouvi-los nos próximos dias. Obrigado mesmo!
      Um grande abraço!

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  20. Amigo, não sei se ainda acessas a caixa de e-mail, por isso te dou o toque por aqui.
    Se puder responder lá, agradeço.
    Cbs

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