quinta-feira, 10 de agosto de 2017

CHEGUEI A CEM MILHÕES DE REAIS, MAS FOI ME DADO APENAS TRÊS ANOS DE VIDA. E AGORA?

 Estava frio. Muito frio. A temperatura de um dia para o outro tinha caído mais de 30 graus.  Num pequeno restaurante na cidade de Samarkand no Uzbequistão, estava eu, Sra. Soulsurfer, o Holandês Peter e o italiano Claudio.

 Nós tínhamos conhecido Peter em Dushanbe, capital do Tajiquistão. Ficamos num Hostel durante dez dias, esperando o momento em que poderíamos entrar no Uzbequistão (o visto para esse país possui data específica de entrada e de saída) e descansando depois de duas semanas viajando por regiões remotas de um dos países mais montanhosos do mundo. 

 Eu estava tomando café da manhã, e Peter perguntou para onde iríamos naquele dia, respondi que finalmente iríamos para o Uzbequistão. Ele então perguntou “como vocês vão?”. Falei que iríamos pegar um táxi-coletivo até a fronteira, e de lá veríamos como chegar  até a Samarkand (que fica a uns 400km da fronteira que cruzaríamos). O Holandês indagou “Posso ir junto?”, “claro que pode”. Quando se viaja em lugares como esses, as pessoas se tornam muito mais propensas a compartilhar momentos, recursos, etc.

  Peter era um sujeito interessante. Extremamente inteligente. Metódico. Tínhamos discussões bem bacanas que variavam de deflação na zona do Euro (e se isso era ruim ou não) a se a consciência humana poderia ser replicada por máquinas, e se haveria alma. Ele tinha uns 55 anos, todos os seus bens estavam na sua mochila. Ele tinha vendido tudo na Holanda, e tudo que ele possuía era os seus investimentos e suas posses materiais que cabiam numa pequena mochila. A expertise dele era programação de computadores.

  Claudio, o italiano, conheci na manhã seguinte da nossa chegada no interessantíssimo Uzbequistão. Na bem da verdade, tínhamos conversado semanas antes quando compartilhamos um café da manhã numa cidade do sul do Quirguistão. Ficamos bem amigos. Viajamos juntos por mais de um mês pelo Uzbequistão, Cazaquistão e uma parte do Irã. Claudio tinha cidadania Australiana, pois morou lá por vários anos. Estava voltando para Itália, não sabia o que queria fazer da vida. Ele tem a minha idade. Quase todo o dia eu pegava no pé dele que a pizza brasileira era muito melhor do que a Italiana, para a indignação dele. Aprendi durante essa viagem que falar sobre a pizza italiana para um italiano é algo diríamos sensível.

 O dia tinha sido gélido, mas fenomenal. Samarkand mostrou toda a sua glória em suas construções belíssimas num dia ensolarado. Depois de tanto andarmos, a trupe internacional parou num restaurante. Foi quando Peter me perguntou, o que eu faria de diferente se tivesse um milhão de dólares na conta. Eu respondi “Peter, um é pouco, vamos deixar mais interessante o questionamento, o que você varia se tivesse 100 milhões de dólares?” “Algo fundamental mudaria em sua vida?”.

  Mudaria na sua, prezado Leitor?  Uma quantidade de dinheiro enorme. Não há quase limites no que você pudesse fazer. Quão diferente iria ser a sua vida? Muito diferente da vida atual? 

 Esse tipo de reflexão não é uma grande novidade. Entretanto, eu achava, até umas semanas atrás, que eu possuía uma abordagem original a esse questionamento. E se, prezado leitor, você tivesse 100 milhões, mas um diagnóstico médico de apenas mais três anos de vida. Quais seriam as suas prioridades? A sua vida seria muito diferente?

  Por que três anos? Bom, se o exercício mental fosse uma semana de vida,  por exemplo, parece natural que a pessoa mudaria completamente a sua rotina muito provavelmente. Agora, um prazo de três anos é um período de tempo que não é tão curto, mas está longe de ser longo, ainda mais se é da duração da nossa vida que está a se falar.

  Qual é o ponto do exercício? Se você não tivesse limitações financeiras e três anos de vida, e se a sua vida imaginada fosse muito diferente da sua vida “real”, isso poderia ser o sintoma de que há alguma coisa (ou muitas) profundamente em desequilíbrio em sua existência.

 Foram reflexões como estas que moldaram e continuam moldando minhas visões de mundo,  como tento planejar minha vida e relacionar de uma forma melhor com outros indivíduos.  


 Ao navegar por alguns sites sobre investimento, descobri que há um “planejador de vida” chamado George Kinder.  Um economista que virou filósofo que virou planejador financeiro. Escreve poemas, fotógrafo e aparentemente é professor de meditação também. Um sujeito muito interessante. 

 Percebi então que minha ideia estava longe de ser original, pois George Kinder bolou três perguntas fundamentais para , baseado nas respostas das pessoas,  montar planos financeiros e de vida que fossem compatíveis com os valores mais caros aos seus clientes. Se tiver interesse no tema, há um artigo a respeito 3 Questions That Will Get Your Finances — and Life — on Track. As perguntas são quase idênticas às indagações formuladas nos parágrafos anteriores.


  São perguntas aparentemente simples, mas extremamente profundas. Elas vão ao âmago de quem nós somos,  sobre o que fazemos, e sobre o que é importante para as nossas vidas.  Cada um é diferente, cada pessoa chegará a uma resposta diversa. Porém, os suspeitos usuais como: família, relações humanas mais fortes, uma vida mais criativa e significativa são quase sempre os valores e ações pelas quais as  as repostas das pessoas aos questionamentos de George Kinder  orbitam.

 Tem apenas três anos de vida e dinheiro quase ilimitado, mudaria de cidade? Andaria de carro conversível?  Viajaria para ficar em hotéis cinco estrelas? Ficaria mais com a sua filha? Pegaria a guitarra encostada no armário mais vezes? Doaria metade do dinheiro para o médico sem fronteiras? Faria festas sem fim com diversas mulheres? Ligaria mais para os amigos? Não trabalharia mais?


  As respostas sinceras a estas perguntas podem nos dar informações valiosas sobre nossos valores mais profundos. Sobre o que queremos com o trabalho, e com a acumulação de dinheiro.  Sobre se estamos num caminho aliado com o que queremos ser, ou não. Em suma, são perguntas tão fundamentais e importantes que não as podemos deixar de fora de nossas vidas.

Quem diria que nas minhas respostas eu talvez responderia que lavaria mais roupa na mão?:) Esse foi um dos lugares mais incríveis que já estive na minha vida. TSAMBARAV UUL NATIONAL PARK (Uul é montanha em Mongol), no extremo oeste da Mongólia, uma região extremamente remota, onde alguns nômades vão passar o verão.  Foram dias memoráveis . No inverno, o local torna-se inóspito a qualquer vida humana, com ventos muito fortes e com  temperaturas  que podem chegar a -40 graus. 


Um abraço a todos!

31 comentários:

  1. Fala SoulSurfer,

    Show de bola esse exercício de se imaginar nessa situação. Acho que eu gastaria um pouco do meu tempo comigo e com minha familia, viajando, conhecendo o mundo, depois voltaria e utilizaria meu tempo para ajudar aos outros e aos animais, amo demais animais, seres puros.

    Abraços do BnA

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    1. Olá, colega.
      Os seus desejos não parecem ser extravagantes, e quando as pessoas refletem com sinceridade, quase nunca o são.
      Se assim o é, será que a sua vida está mais em acordo ou mais em desacordo com o atual rumo de sua vida? Isso apenas você pode responder.
      Um abraço.
      obs: vou adicionar, acho sua história de vida interessante.

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  2. Fala meu amigo,

    Se possível me adicione ao seu blogroll. Fiz o mesmo contigo, abraços

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  3. Fala SoulSurfer, tudo bem ? Sou fã do seu blog, o conteúdo é excelente. Estou numa encruzilhada. Sou publicitário, mas não gosto da minha carreira. Nunca larguei porque não tinha certeza do que fazer. Tenho lido muita coisa na finansfera e em blogs sobre o futuro do emprego no mundo e no brasil. Gosto e leio bastante sobre economia e comecei a pensar em fazer este curso, apesar de não ser muito bom em matemática kkk. Só que comecei a pesar se com 30 anos vale a pena fazer uma nova graduação. Comecei a cogitar fazer concursos públicos, o que resolveria a questão financeira mas a satisfação pessoal ficaria de lado. Estou bem perdido. Poderia me dar a sua opinião. Obrigado

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    1. Olá, colega.
      Um bom amigo meu começou a fazer economia e recentemente teve uma filha. Ele está muito feliz.
      Não creio que seja um pré-requisito a matemática para se aproveitar uma faculdade de economia, e esse tipo de matemática se aprende, se assim você quiser.
      Ao invés de dizer siga os seus sonhos, irei recomendar para você dois livros muito bons : "Deep Work" e "So good They Can Not Ignore you" do Carl Newport. Talvez os insights lá possam te ajudar.

      Um abraço!

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  4. Com tanto e tão pouco tempo pra gastar? Iria viajar, comer nos melhores restaurantes, ficar nos melhores hotéis, fazer sexo sem camisinha com garotas de programa, atrizes porno. Vou morrer mesmo pra que se preocupar.
    Não saber quando se vai morrer tem aspectos positivos e negativos.
    Todos nós que poupamos e investimentos estamos pensando num futuro que talvez nem exista. Eu mesmo me controlo, deixo de fazer e de comprar muita coisa que quero por medo do futuro, de envelhecer pobre, não poder ter um plano de saúde, ou até passar dificuldade.
    Pensar que vai morrer um dia nos faz querer aproveitar o momento presente. Pensar que pode viver muito nos faz ter que se preocupar com o futuro. Que dilema!

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    1. Olá, Anônimo.
      É verdade, um verdadeiro dilema, muito bem retratado pelo Eduardo Gianetti no livro "O valor do Amanhã" (e qual não foi minha surpresa ao ver que um dos livros recomendados pelo Luis Stuhlberger foi exatamente esse).
      O dilema é real e temos que saber viver com ele. O normal, principalmente no Brasil, é as pessoas terem uma propensão maior aos desejos atuais. Porém, na comunidade financeira o oposto é o natural. Isto pode levar a uma vida bastante desequilibrada.
      Abraço

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  5. Pois é Soul, fico sonhando com futuras viagens e roteiros ao ver suas fotos e relatos, cada lugar desconhecido e incrível!
    Vejo que esse hiato é mt valioso para o autoconhecimento e estou ansioso para fazê-lo e também explorar as curiosidades do globo terrestre...
    Abraço!

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  6. Olá Soul! Há alguns anos atrás queria juntar uma quantia grande como essa para seguir meus sonhos, que sempre foram viajar e conhecer o mundo. Juntei bem menos do que isso e hoje estou fazendo exatamente o que eu queria. Com um pouco de imaginação dá pra se fazer grandes coisas sem precisar de uma quantia extravagante dessas. Independente de saber a data exata da morte, provavelmente doaria quase tudo para causas ligadas à saúde e conservação de nosso planeta, e prosseguiria viajando com o restante e investindo meu dinheiro (gosto de fazer isso). Não consigo imaginar mais nada que me traria felicidade. Me identifico muito com o Buffett no sentido de que mudaria muito pouco minha vida se tivesse muuto dinheiro.

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    1. Olá, I.Nômade! Você queria juntar 100 milhões? Barbaridade hein! Claro, estou de acordo.
      Nesse ponto, sou um pouco parecido com o Buffett também. Não importa o tanto que meu patrimônio tenha crescido, minha estrutura de gastos é muito parecida no passar dos anos, talvez tenha até diminuído.
      Você está na estrada? Onde exatamente?
      Um abraço!

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    2. Atualmente estou no Peru. Um país interessante, muita história, muitos problemas, muita beleza natural, culinária bacana, etc. Pois é, queria 100 milhões rsrs. E isso considerando que não tenho interesse em carros (sequer tive interesse em aprender a dirigir), casas grandes, restaurantes caros, hotéis... Não é nem questão de ser anti qualquer coisa, tento fazer o que eu gosto sempre sem me colocar muitos limites e simplesmente não vejo sentido nem sinto qualquer prazer ou satisfação em consumir essas coisas. Me interesso muito por atividades e esportes que dependam em grande parte do meu próprio esforço, tenho subido algumas montanhas enquanto viajo e gosto muito da experiência. Grande abraço

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    3. Excelente, amigo. Possuo uma visão parecida. Eu não sinto nem mesmo interesse em ter carrões, etc.
      Peru, Peru, incrível este país. Altas ondas. Fiquei duas semanas no norte em Lobitos, muito massa.
      A culinária é sensacional. Já comeu o ceviche com o milho que parece uma pipoca? Delicioso, pagava bem barato em restaurantes locais.
      Se tiver oportunidade, visite as linhas de Nazca e pague o voo para ver, foi muito legal quando fiz.
      Esse é um país que poderia voltar muitas vezes.

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  7. Olá Soul,

    Excelente história.
    No meu caso eu não extravasaria, como: ficar bebendo muito. Conhecia os lugares mais remotos da terra, culturas diferentes. Mas para ser sincero isso podemos conhecermos sem pensar que teremos apenas 3 anos de vida. Para morrer basta estar vivo, não sabemos se vamos vivermos 10, 20, 50, 70, 100 anos. Sabemos que vamos morrer um dia. Nesse caso temos que ter a consciência e vivermos com sabedoria.

    Abraços.

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    1. Olá, Cowboy.
      "Mas para ser sincero isso podemos conhecermos sem pensar que teremos apenas 3 anos de vida."
      Exatamente, amigo. Quais são os medos, amarras e truques que não nos fazem enxergar em determinados momentos que muitas das coisas que realmente queremos fazer ou ser não necessitam estar necessariamente num futuro longínquo. Porém, se não nos questionarmos, às vezes o tempo passa, a morte se aproxima, e nos damos conta de que desperdiçamos tempo e vida.
      Um abraço!

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  8. Olá Soul!

    Muito boa a reflexão! E a terceira pergunta do Kinder é muito densa, não?

    only one day left to live...What dreams will be left unfulfilled? What do I wish I had finished or had been?

    Aproveitando o tema, gosto bastante dos 3 porquês. No link o Ricardo Semler fala sobre eles https://www.youtube.com/embed/k4vzhweOefs?

    Abraços!

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    1. Olá, I.I. Sim, a terceira dá um toque todo especial às duas primeiras, sendo assim a reflexão dele é ainda mais abrangente do que a minha.
      Sim, eu ouvi um PODCAST dele com o Tim Ferris. Aliás, recomendo, muito bom, duas horas de entrevistas que eles exploram muitos tópicos: de empreendedorismo à satisfação na vida.
      Os três porquês são ótimos mesmo.
      Abs

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  9. Essas reflexões são sempre bem vindas de tempos em tempos, para sairmos do piloto automático e pensarmos no rumo que estamos dando para a vida.

    O problema é que esse tipo de reflexão comumente nos leva a pensar que gostaríamos de ter uma vida bem diferente da atual. Entretanto, sem a pressão de ter apenas mais 3 anos de existência, acabamos não tomando nenhuma atitude na direção do que seria uma "vida ideal".

    Temos muitas amarras, e a amarra financeira deve ser uma das mais fortes. Talvez por isso a independência financeira seja tão almejada, pois nos livrando dessa amarra é muito mais fácil agir como se tivéssemos apenas mais 3 anos de vida.

    P.S: te adicionei no meu blogroll, se puder me adicionar também fico grato!

    Abraços!

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    1. Olá, colega.
      "Entretanto, sem a pressão de ter apenas mais 3 anos de existência, acabamos não tomando nenhuma atitude na direção do que seria uma "vida ideal"."
      Exatamente.
      Grato pelo comentário, um abraço!

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  10. Eu iria pegar esses 100 milhões, abrir uma empresa offshore, investir, doar uns 15 milhões para a minha família e iria orientá-los de como utilizar o dinheiro utilizado (dos dividendos).

    Depois disso iria viajar pelo mundo só pra surfar, ficar em hotéis legais, fazer passeio de barco, aprender a mergulhar e iria fazer aula de pesca submarina, talvez escrever um pequeno livro de memórias, construir uma escola infantil, uma biblioteca, um centro esportivo e cultural na minha cidade natal num bairro carente e manter isso com a renda dos dividendos dos investimentos. Deixar uma mensagem de esperança, paz e ajudar na educação de milhares de crianças de baixa renda.

    belo post amigo

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    1. Olá, Frugal.
      Parece um belíssimo plano. Espero três coisas :a )que você alcance uma marca financeira como essa com os seus novos passos empreendedores, b) que quando você alcançar você ainda tenha muitos e muitos anos de vida e c) me convide para surfar. Aliás, para que esperar, vamos surfar na Indonésia em 2018?
      Abs

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    2. Meu amigo, eu estou fora de forma e sem prancha, mas poderia preparar o físico para o surf ano que vem, dependendo do mês até poderia ir. Tem surf lá o ano todo? Qual a época que não seja tão crowd e que tenha boas ondas? Seria uma boa mesmo, pelo menos uns 20 dias lá. Abraço mestre!

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    3. Rapaz, Mentawaii segunda metade de outubro. Vamos? É o fim da temporada, o crowd foi embora, tem resort por U$ 100,00 com tudo incluso (barco, comida, bebida), e ainda entra de 4 a 6 pés de onda.
      Outubro de 2018 seria massa hein Frugal?
      Abs

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  11. Belo post, Soul. Você já pensou em fazer uma graduação em Filosofia ou uma Pós? Parece ser um assunto com o qual você tem afinidade.

    Acredito que é uma questão bem pessoal escolher como passar os últimos 3 anos de vida com 100 milhões de dólares na conta.

    Alguns poderiam patrocinar pesquisas médicas heterodoxas. Outros poderiam doar para ONGS.

    Sempre achei importante ver o dinheiro, a bolsa e os lucros, mas não deixar de olhar a qualidade de vida. Isso sim é vitória.




    Abraços,

    Carioca.

    P.S. Você acha que o Felipe Toledo pode ser campeão este ano? Os dois aéreos que ele mandou na MESMA onda foram antológicos.

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    1. Olá, Carioca.
      Eu penso mais fazer uma faculdade de física, para me desafiar. Já pensei também em fazer um curso de Finanças mais avançadas em Cingapura, mas não sei se tenho mais tanta vontade assim.
      Sabe que não estou acompanhando o campeonato? Dois aéreos na mesma onda? Uau hein!
      Abs

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  12. Soul, para quem mora em frente à praia, vive em harmonia com o mundo, come de maneira natural, não precisa trabalhar, o certo é sonhar com 1 bilhão de dólares ou mais.

    Limitar nossos ganhos faz mal à vida. Como se o dinheiro fosse algo ruim. Mas ele pode ser um hobby como é a pintura, a música ou outra atividade feita para dar prazer.

    A riqueza não precisa estar sempre associada à doença e à falsidade. Essa ideia foi muito propagada pela Literatura.

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    1. Olá, colega.
      Sem dúvidas. Porém, o drive maior de pessoas, principalmente recentemente, que se tornaram muito ricas não foi o dinheiro em si, mas outros aspectos da existência.
      A acumulação do dinheiro pela acumulação faz tanto sentido como ter 200 carros no pátio de uma mansão, como o ditador da Coréia do Norte tem.
      Agora, se a acumulação do dinheiro vem porque de alguma maneira você está construindo projetos que façam sentido para a sua vida, sim, tem todo o meu apoio.
      Um abraço

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  13. Interessante este post.Estou vivendo esse dilema sem ter 100 milhões para gastar.Há muitas coisas a considerar.Sou portador de Ca numa fase avançada casado com um filho de 3,5 anos.Tenho patrimônio de 1,xxmi e uma boa aposentadoria.O problema não e que eu tenha até 3 anos de vida ou mais.O problema é a saúde frágil para desfrutar das coisas boas e simples da vida.A coisa mais importante da vida é a saúde(meus pais sempre me diziam isso...).Queria morar na favela e viver com um salário mínimo e voltar a sorrir...
    Abraço!

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    1. Olá, Acionista25. Lembro de você ter falado dessa doença há alguns anos no começo desse blog.
      Sinto por você, espero que possa estar sem dor, e que apesar de eventuais limitações possa aproveitar a o seu filho e a sua esposa.
      Desejo a você ainda muitos anos de vida, para que possa ver o seu filho crescer e se tornar um bom ser humano.
      Um abraço colega

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  14. Isabel Coixet é uma cineasta catalã cria do Almodóvar. Ela dirigiu um filme (2003) que aborda as questões que você propôs aqui Soul. O filme se chama Minha Vida Sem Mim (Mi vida sin mí) e conta a história de jovem mãe de família que descobre que está com câncer. A sua proposta, Soul, difere um pouco em relação ao filme pois no filme a protagonista tem pouco tempo de vida (três meses) e é uma trabalhadora sem nenhum pila no bolso.

    Por ser muito jovem, o câncer que ela tem se desenvolveu de maneira agressiva e quando ela o descobre, já está em estágio terminal. Ann (a protagonista) resolve, então, fazer uma lista das coisas que quer fazer ou deixar encaminhada na vida antes de morrer.

    A lista de Ann:

    1. Dizer às filhas, várias vezes ao dia, que as ama;
    2. Achar uma nova esposa para o marido e de quem suas meninas gostem;
    3. Gravar mensagens de aniversário para as filhas até que elas completem 18 anos;
    4. Ir à praia com a família e fazer um piquenique;
    5. Fumar e beber o quanto quiser;
    6. Dizer o que está pensando;
    7. Fazer sexo com outros homens para ver como é;
    8. Fazer com que alguém se apaixone por ela;
    9. Visitar o pai na cadeia;
    10. Colocar unhas postiças e fazer algo no cabelo.

    Da primeira vez que assisti, fiquei muito impactada. A minha situação de vida era diferente daquela que possuo agora mas, até hoje, gosto dessa lista pela simplicidade que contém. São atividades que exigem pouco ou quase nada de dinheiro e a maioria pertencem ao campo da afetividade.

    Seu post serviu para que eu fizesse um balanço de quem eu era naquele momento, onde estava e quem sou agora e como sou. O resultado, ao longo do tempo, não é bom: uma gangorra entre ser uma pessoa boa e uma pessoa embrutecida. O lado bruto está ganhando neste momento e isso tem me tirado o sono. Claro, muito se deve ao fato do contexto que estamos vivendo, não somente aqui no Brasil, mas no mundo (acabei de retornar de uma caminhada de um mês pela Itália e fiquei horrorizada com o que vi por lá, com o rumo que as coisas estão tomando - seja na economia, seja nas artes, mas principalmente no que eu denomino de “estética psicológica”). Esse tema serviu para que eu me desse conta que também tenho minha parcela de culpa, também sou responsável pelo meu próprio embrutecimento, e a lista da Ann serviu para que voltasse às origens e percebesse que a ausência de coisas tão simples como o desejo de assistir durante horas à fio o vai-e-vem das ondas do mar pode significar muito na vida de quem já não tem mais tempo para isso.

    Valeu por ter escrito este post; você me fez resgatar a lista da Ann, que a revisasse e a adaptasse a minha própria vida (alguns itens, para mim, são apenas copiar e colar :)

    Um abraço,
    Anna Kellner

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    1. Olá, Anna.
      Grato pela mensagem. Não conhecia o filme, vou procurar assisti-lo, grato pela dica.
      Com certeza. Uma mensagem simples, até mesmo diríamos clichê, mas é a pura verdade. A simplicidade e a afetividade pelas pessoas ao nosso redor são fontes muito grandes de satisfação e bem-estar (chame de felicidade se quiser). Uma lista interessante da personagem, sem sombra de dúvidas, principalmente a parte de arranjar uma mulher para o ex-marido, pensando na felicidade das filhas, o que mostra abnegação, superação de eventuais traumas de um casamento que não mais existe e se reconciliando consigo mesmo.

      Sim, devemos lutar contra o nosso embrutecimento. É muito fácil ceder a essa tentação, mas não creio que seja um bom caminho.

      Tudo de bom na sua jornada.

      Abs

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  15. Bom relato Anna.Quando se trata de doenças terminais o buraco é mais em baixo independentemente de ter grana ou não . Há vários filmes,livros,documentários relatando sobre isso.Acredito que se vc tentar viver uma vida cada vez mais fiel a vocé mesmo,não precisará deste embrutecimento ou partir desesparadanente para listas ou cousas que depois poderão não te deixar bem.E concordo contigo que o mundo está passando por mudanças rápidas,crises de valores,redes sociais,isolamento,individualismo,Inteligência artificial,etc.Apesar de saber que o mundo hoje está melhor que dantes.Concordo também que devemos voltar a contemplar as coisas simples da vida que nos fará feliz.Mas,devemos respeitar quem só despertou agora que não viveu como deveria e precisa de um plano ou uma lista mais urgente...
    Abraços,
    Acionista25

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