sábado, 28 de outubro de 2017

MITOS DE INVESTIMENTO SOBRE TRIBUTAÇÃO E ETF

Olá, colegas. Talvez o artigo fique um pouco mais longo ou não. Falarei sobre alguns tópicos de investimento de forma geral.


1 – NÃO HÁ VANTAGEM TRIBUTÁRIA DE NÃO PAGAR IMPOSTO DE RENDA SOBRE DIVIDENDOS E ALUGUÉIS DE FII NO BRASIL. SERÁ MESMO?


Essa é uma das frases que vejo repetida em alguns lugares, inclusive meu bom amigo Frugal gosta de dizê-la quando está nervoso com o Estado Brasileiro. O raciocínio é o seguinte: O Brasil tributa o lucro e o faturamento da empresa, fazendo que a rentabilidade da empresa diminua. Logo a isenção tributária sobre dividendos nada mais é do que uma maneira “esperta” do governo dar a impressão de que está dando alguma facilidade tributária, quando na verdade isso não existe.

Primeiramente, é bom esclarecer que a isenção de imposto de renda sobre  dividendos, é o que o termo técnico diz: uma isenção. Não é um caso de imunidade ou não incidência por exemplo. Trocando em miúdos é uma “liberalidade” do governo não tributar a renda de dividendos distribuídos. Tanto é assim que essa isenção vem de 1995, instituída pela Lei 9.249:

Art. 10. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior.
Parágrafo único. No caso de quotas ou ações distribuídas em decorrência de aumento de capital por incorporação de lucros apurados a partir do mês de janeiro de 1996, ou de reservas constituídas com esses lucros, o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista

Portanto, essa isenção não é um “direito adquirido” gravado em nossa constituição, é apenas uma opção legislativa. Antes dessa lei, os dividendos distribuídos eram tributados como qualquer rendimento.

Em segundo lugar, nos  países que tributam a distribuição de rendimentos para os acionistas, há a tributação sobre o lucro empresarial.  Não existe isso,  fora exceções estabelecidas nas legislações de cada país, de lucro empresarial não ser tributado. Eu creio que é uma espécie de bi-tributação, mas isso não impede que a esmagadora maioria dos países desenvolvidos, ou não, taxem o lucro já taxado a nível empresarial quando da distribuição aos acionistas.


A taxação máxima no Brasil sobre o Lucro  é da ordem de 34% (contanto Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido). Se compararmos com  a tributação de países desenvolvidos, pode-se dizer que a tributação brasileira é alta. Porém, quando se diz que a tributação  sobre o lucro empresarial no Brasil  é alta, quase sempre não há a referência de que no Brasil existe um instituto jurídico chamado Juros sobre Capital Próprio.  Os Juros Sobre o Capital Próprio faz com que a alíquota real que as empresas brasileiras pagam de Imposto de Renda sobre o lucro cair  significativamente.

Ainda outra diferença. Em alguns países, há taxação sobre a renda em nível subnacional.  Os EUA são o maior exemplo disso. Estados também tributam a renda, o Estado da Califórnia é um deles. Portanto, nos EUA há potencialmente quatro níveis de tributação antes do lucro empresarial chegar na conta do investidor: 1) Tributação do lucro corporativo a nível federal; 2) Tributação do lucro corporativo a nível estadual; 3) Tributação do lucro distribuído ao acionista a nível federal e 4) Tributação do lucro distribuído ao acionista a nível estadual.

Essa cascata de tributos sobre os rendimentos, é um dos motivos do conselho adotado por quase todos planejadores financeiros americanos de somente recomendar ativos que pagam muitos dividendos em relação ao lucro gerado (que é o caso de REITs) em contas onde há o deferimento do pagamento do imposto de renda  Nenhum analista minimamente consciente irá falar que um REIT deve ser mantido numa conta que não é Tax-Deferred, pois isso é simplesmente queimar dinheiro.

O tema é tão sensível que muitos blogueiros americanos usam o termo GeoArbitrage para fugir da taxação do imposto de renda estadual, mudando muitas vezes de Estado, após a Independência Financeira, apenas para poder ter mais renda disponível.No Brasil, ainda bem, não existe nada disso. 

   Antes de chegar ao fim dessa seção é necessário tratar da diferença entre tributos diretos e indiretos.  A definição que qualquer aluno de uma faculdade de direito tem em suas primeiras aulas de direito tributário é que o tributo indireto é aquele que pode ser passado para outra pessoa pagar. É  exatamente isso que os empresários brasileiros fazem com a alta tributação incidente sobre o faturamento.

É por isso que a carga tributária do Brasil tende a ser regressiva (quando a nossa Constituição diz que deve ser exatamente o contrário), quando em qualquer país mais desenvolvido a tributação tende a ser progressiva. É exatamente por esse motivo que a tributação no país é extremamente injusta e penaliza os mais pobres.  Esse tema não é nem mesmo novo aqui no blog, há um artigo apenas sobre isso  A Inevitável Tributação Sobre a Sua Renda . Naquela época (há meros dois anos ), pensava que os conflitos sobre distribuição orçamentária aconteceriam apenas em 8-10 anos, estava enganado, e a crise fiscal brasileira se tornou muito mais profunda numa velocidade impressionante.

Qualquer tributo sobre o faturamento de uma empresa é pago pelos consumidores, são tributos indiretos que são repassados pela empresa a quem irá consumir o produto ou serviço.  Isso torna o Brasil menos competitivo em termos internacionais? Sem sobra de dúvidas. Isso faz com que nossos produtos sejam mais caros, em alguns casos bem mais caros, do que em outros países? Evidentemente. Isso faz com que nossas empresas sejam menos produtivas? Sim. Faz com que em tempos de crise a empresa tenha dificuldades de passar todos os custos tributários para os consumidores apertando as margens? Também.  

É por isso que a reforma tributária é tão essencial para o país. Num mundo idealizado, essa tributação simplesmente é abaixada sensivelmente, e fica por isso mesmo. No mundo real onde pessoas precisam fazer decisões políticas, esse não é um cenário realista, e a tributação sobre faturamento precisa migrar para algum lugar, o único lugar possível é para a tributação direta.

O que é provável que aconteça no país? Um simples aumento da tributação direta, sem a correspondente diminuição sobre a tributação indireta. Porém, voltemos ao caso da tributação sobre os rendimentos distribuídos.

Por causa da vantagem tributária nos Juros Sobre Capital Próprio, a alíquota efetiva que as empresas pagam de imposto sobre o lucro, ao menos as empresas maiores que são tributadas pelo lucro real, é compatível com os números internacionais. Além do mais, a tributação sobre o faturamento é passada para os consumidores, o que faz com que a carga tributária seja regressiva e os produtos mais caros no país, isso tudo faz com que a não tributação sobre os dividendos no Brasil seja muito favorável para aqueles que investem em ações, ou de alguma maneira são beneficiados por essa isenção.

Se para explicar a vantagem tributária dos dividendos, foi necessária certa digressão por alguns conceitos, a vantagem tributária de instrumentos de renda fixa e de Fundos Imobiliários então é absurdamente evidente.  

Se alguém como pessoa física aluga imóveis e recebe R$ 150.000,00 por ano, ela será tributada em 27.5% em boa parte dos rendimentos. Se essa mesma pessoa recebesse R$ 150.000,00 via investimento em fundos imobiliários ela simplesmente não  é tributada. Isso é uma vantagem tributária enorme em favor dos FII. Assim, alguém pode receber R$ 5.000.000,00 anuais em rendimentos de FII e não pagar nenhum Imposto sobre isso, e o Sr. João que possui casas alugadas e recebe R$ 50.000,00 anuais pagar Imposto de Renda. Evidentemente, há uma distorção, e uma vantagem tributária clara.

Além disso, o Brasil possui inúmeras isenções sobre o Imposto de Renda referente a uma série de instrumentos de dívidas. Juros no exterior geralmente são taxados nas alíquotas mais altas de imposto de renda. Existir instrumentos de dívida que são isentos do pagamento de imposto de renda sobre a distribuição é uma típica “Jabuticada”  brasileira.


2 - ETFs – CONCEITOS FUNDAMENTAIS


Creio que quando se fala de Exchange Trade Funds, às vezes alguns conceitos fundamentais não são bem compreendidos.  Um ETF nada mais é do que um fundo. Um fundo de investimento possui um gestor e um objetivo.  Como no meu artigo anterior ao falar sobre ETFs de acumulação, eu dei o exemplo de um ETF que tenta simplesmente seguir o retorno de um mercado.

ETFs que tentam seguir o mercado (ou fundos de índices que não são ETF mas agem da mesma maneira) foi a invenção mais poderosa, libertadora e lucrativa para os investidores amadores. É por isso que em minha opinião se você administra menos de 8 dígitos (caso de 99.9% dos investidores), e pretende investir no exterior (tendência que vem aumentando), Bogle um dos primeiros que falou em indexação é muitas vezes mais importante do que W.Buffett.

As pessoas são atraídas por histórias de glórias e riquezas. Assim, é natural que um investidor como o W.B. seja tão importante no imaginário dos investidores.  Uma estratégia que diz que o investidor amador deveria se contentar com os retornos do mercado, que no longo prazo essa estratégia muito provavelmente trará retornos razoáveis e que os objetivos financeiros serão provavelmente alcançados, não é tão “sexy”. Na verdade, ela é “sem graça”, chata mesmo. E por acaso histórias chatas são sedutoras no imaginário popular tanto como histórias de sucesso retumbante (mesmo que esse sucesso possa ser fruto apenas de desvio estatístico, ou de uma habilidade muito superior em relação à média, ou que faz ser basicamente não-replicável para a maioria)?

Como diz o meu outro grande amigo blogueiro Viver de Renda, basta uma simples pesquisada para constatar que existem dezenas (talvez centenas) de estudos mostrando que a esmagadora maioria de investidores profissionais simplesmente perde para uma estratégia de indexação a algum índice representativo do mercado.  Estou falando de investidores profissionais, não investidores amadores que fazem isso cumulando com outra tarefa produtiva e muitas vezes nem tendo acesso a plataforma de dados e capacidade computacional que investidores institucionais possuem.

Com uma estratégia simples, que pode ser executada de maneira simples e automática, um investidor pode ter exposição a milhares de empresas a baixíssimo custo, e ter o retorno que o mundo empresarial produtivo oferecer. Poderá liberar tempo para surfar, estudar outros ramos do conhecimento humano, ganhar mais dinheiro em sua atividade produtiva, cuidar melhor do seu corpo, etc, etc. Assim, a indexação é algo libertador, e John Bogle é um homem que ajudou a vida de milhões e milhões de pessoas. A estratégia é chata, sem glamour, mas ela é eficiente em vários aspectos.

Há inúmeras maneiras de se construir um ETF. O ETF pode ser Capitalization-Weighted. Isso nada mais é do que, se for um ETF acionário, de dar mais peso às empresas que os investidores como um todo acham que são mais valiosas.  Os índices acionários costumam ser cap-weighted.  Isso quer dizer que se a Apple vale 3% do valor de mercado de todas as empresas do S&P500, um ETF que tenta indexar o índice S&P500 vai ter 3% de ações da Apple.

Quem talvez já tenha lido um pouco mais, vai saber que qualquer índice cap-weighted usa, mesmo que não seja explícito, uma estratégia de momentum. Isso é bem discutido nos Podcasts do Meb Faber. Como o fator Momentum, ao menos nos dados históricos, possui um retorno maior até mesmo do que o Market Beta (que seria o Equity Premium – é o fator com o maior retorno, mais do que valor, tamanho, qualidade e lucratividade), isso pode  ser algo que impulsione os investidores em ETFs cap-weighted.

Porém, ETFs não precisam ser cap-weighted, eles podem ser equal- weighted. Isso quer dizer que num ETF equal-weighted das quinhentas maiores empresas dos EUA, mesmo que a Apple corresponda a 3% do valor de mercado, o ETF terá apenas 0.2% de ações dessa empresa (já que cada uma das 500 ações terá o mesmo peso, por isso chama-se equal). Isso é uma estratégia ativa. Isso é dizer que o mercado está errado ao avaliar a Apple em 3% do valor de mercado, um erro não trivial, pois significa dizer que milhões de investidores e centenas de bilhões de dólares estão alocados de maneira equivocada por um fator de 15 (a diferença entre 3% para 0.2%).  É uma estratégia que pode ou não dar certo, as pesquisas mostram que para a esmagadora maioria dos investidores essa forma de atuar no mercado não gera qualquer alpha (excesso em retorno), pelo contrário.

ETFs podem ser alavancados e short ao mesmo tempo. Isso quer dizer eles sobem de valor se o mercado cair e vice-versa, e a magnitude do ganho (perda) será potencializada pelo grau de alavancagem. Existe isso Soul? Claro que existe, em mercados desenvolvidos existe de quase tudo. Porém, a forma mais tradicional e segura de se expor ao mercado acionário, ou a de outros ativos, via ETFs é comprar aqueles que seguem uma metodologia de seguir índices cap-weighted.

A diversidade que um ETF, ou fundo de índice, pode fornecer é gigantesca. Com três fundos (e essa é uma estratégia usada por vários investidores lá fora) é possível ter exposição a todo o mercado acionário global e de BONDs americanos, por exemplo. Com a simples compra de três ETFs pode-se ter a diversificação de milhares de empresas e centenas (milhares) de papéis de dívida.

Para quem quer comprar ETFs sediados na Irlanda que não pagam dividendos, um ETF como o IWDA cumulado com o EIMI dá a exposição ao investidor em mais de três mil empresas ao redor do mundo. É isso que você leu, três mil empresas.

Mas, os ETFs não podem cair de preço? E como fica quando muitos investidores querem sair do fundo, isso não impacta o preço das cotas e das ações subjacentes? Eu li um comentário nesse sentido.

Colegas, tudo pode cair de preço nessa vida, um fundo que indexa um índice de capitalização de mercado vai cair de preço se os ativos subjacentes desvalorizarem. Assim como o patrimônio de alguém que possui 20 ações irá diminuir se essas ações caírem de preço. Isso é quase que uma lógica circular.

ETFs não são fundos de investimento como um fundo de investimento em ações da Petrobras, por exemplo. Não há a necessidade do gestor de um fundo de ETF vender ações no mercado para poder fazer frente aos pedidos de resgate. Aliás, um investidor que não possua dezenas ou centenas de milhões de dólares não será nem mesmo autorizado a fazer resgates de cotas de ETF.

Como explicado no meu artigo anterior, ETFs possuem NAV. Se há uma demanda muito forte para a venda de ETFs,  por exemplo, o valor de mercado do ETF pode se dissociar do NAV. Quando isso ocorre, ao menos em mercados líquidos, os agentes autorizados entram em cena no mecanismo de criação e resgate de cotas  de ETF. Não saber como os agentes autorizados criam e resgatam quotas de ETF e como isso faz com que preço da quota do ETF fique em linha com o NAV do fundo (que nada mais é do que o preço das ações negociadas) é desconhecer o básico sobre ETFs.

Ainda irei escrever sobre o tema, mas agentes autorizados (que nada mais são do que arbitradores profissionais) fazem com que o preço da cota do ETF não se distancie do NAV, e isso não tem nenhum custo para os investidores no ETF em si.


3 - DIVIDENDOS NO BRASIL SIM, NO EXTERIOR É UMA PÉSSIMA IDEIA PARA BRASILEIROS


Como há uma vantagem tributária evidente para os acionistas na distribuição de dividendos no Brasil, é claro que uma estratégia focada em dividendos no Brasil pode ser uma ótima forma de investimento.

Porém, no exterior não é assim. Como há pesada tributação de dividendos  quase todos (talvez todos) analistas sérios dizem para investidores americanos (no caso dos investidores locais) não possuírem instrumentos que distribuem muito dividendo em contas que não posterguem o pagamento de imposto. A razão é clara: a mordida do imposto possui um impacto enorme na rentabilidade acumulada ao longo dos anos.

Esse é o caso de investidores brasileiros em ativos americanos. O imposto é de 30% (e se for um fundo ou ativos que possuem renda internacional, a alíquota real pode chegar a quase 40% para o investidor brasileiro). Ou seja, não faz sentido do ponto de vista da racionalidade tributária possuir ativos sediados nos EUA que paguem altos dividendos sendo um não-residente americano.

Se alguém quer se aprofundar sobre o tema, sugiro a leitura desse Paper e desse artigo Irrelevance Of Dividends.

Não é por outro motivo que o W.Buffett não distribui dividendos na empresa que ele comanda, pois é simplesmente uma atitude que não é tributariamente eficiente. Não é por outro motivo também que as empresas americanas aumentaram nos últimos 10-15 anos o nível de recompra de ações (chamadas de BuyBacks), pois é tributariamente muito mais eficiente e inteligente aplicar , em benefício dos investidores, o lucro corporativo em forma de recompra de ações do que simplesmente distribuir para os acionistas. Apenas por curiosidade, há diversos ETFs que focam em empresas que realizam buybacks em intensidades maiores do que o mercado como um todo.

Como o tratamento de dividendos é favorecido no Brasil, não dá para entender porque os ETFs pátrios não distribuem dividendos.  Aqui, uma estratégia deveria ser o contrário de uma estratégia do exterior, ETFs de distribuição seriam muito mais eficazes do ponto de vista tributário do que ETFs de acumulação, como é o caso dos ETFs brasileiros.

 O artigo ficou realmente muito grande, e vou parando por aqui.

Um abraço a todos!


21 comentários:

  1. Ótimo texto. Fiquei bastante abismado com a falta de conhecimento e correspondência com a realidade que li em outro blog sobre etf, principalmente nos comentários.

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  2. Olá, Soul Surfer!

    Sobre a carga tributária nos investimentos no Brasil, concordo com o que você disse. Ao começar a pesquisar sobre investimentos no exterior me dei conta das vantagens tributárias de se investir em renda variável aqui. Então o que causa espanto é pensar porque poucas pessoas o fazem.

    Sobre a carga tributária das empresas, eu só posso dizer : empreenda e depois me conte... Olha, a vida de pequeno e médio empresário não é fácil no Brasil. Todo dia aparece uma nova taxa para pagar e não pense que dá para ir repassando para o consumidor. Comecei a empreender aos 21 anos, não me arrependo, mas se estivesse começando hoje, escolheria outro caminho. Se as coisas não mudarem, ainda verei o dia em que ninguém mais vai ter coragem de abrir uma empresa no país e de empregar alguém. Só teremos as grandes empresas que existem em simbiose com o governo da ocasião.

    Vejo tanta gente esclarecida mostrando que se taxa pouco a renda no Brasil, e se esquecendo de como se taxa o consumo, que não vai demorar para termos ambas: alta taxação de renda e de consumo. E já reparou que mesmo com essa realidade o brasileiro continua a ser muito consumista e a não guardar dinheiro? Imagina se a taxação fosse alta para renda e baixa para o consumo.

    Abraços

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    1. Olá, colega.
      Que vivemos num manicômio tributário é inegável. Contudo, a maior dificuldade tende a ser para empresas médias. As pequenas empresas no Brasil possuem um tratamento tributário muitas vezes não tão deletério. Até mesmo pessoas sérias como o Mansueto Almeida muitas vezes se posicionavam de certa medida contra o Simples Nacional, que é uma renúncia fiscal que não se sustentava na comparação com padrões internacionais: https://mansueto.wordpress.com/2015/09/03/o-simples-complexo/

      Agora, o sistema tributário brasileiro é complexo, e isso precisa mudar. Como você bem disse na sua experiência de empreendedor que era sempre "uma nova taxa para pagar". Uma reforma tributária serviria exatamente para isso.

      "Vejo tanta gente esclarecida mostrando que se taxa pouco a renda no Brasil, e se esquecendo de como se taxa o consumo, que não vai demorar para termos ambas: alta taxação de renda e de consumo. E já reparou que mesmo com essa realidade o brasileiro continua a ser muito consumista e a não guardar dinheiro? Imagina se a taxação fosse alta para renda e baixa para o consumo."

      É verdade, colega. Por isso devotei alguns parágrafos do texto sobre isso. O ideal seria a diminuição da tributação sobre o consumo, e só. O possível, ao menos na situação de curto-médio prazo do Brasil, é a diminuição da tributação sobre o consumo e aumento sobre patrimônio e renda. O provável é o aumento da tributação sobre a renda e patrimônio e manutenção do mesmo grau de tributação sobre o consumo e produção.

      Sobre um aumento do consumo e diminuição da poupança com a inversão das tributações, é possível que isso poderia ocorrer, mas ao menos a carga seria mais justa, e as pessoas teriam acesso a mais bens de consumo.

      Um abraço

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  3. poxa, não tenho nem o que comentar. É tanta coisa que preciso estudar e digerir bastante.

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  4. Ai o Viver de Dividendos quando ver este seu post vai ficar super chatiado...tadinho, a casa dele vai cair quando descobrir que tá recebendo dividendos gringos pra nada !

    Poney

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    1. Colega, o Viver de Dividendos é um empresário que aparentemente tem sucesso no que faz. Muito provavelmente, ele irá atingir os objetivos financeiros dele, e creio que ele produz informação boa.
      Abs

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  5. É bom tributar logo pra você e outros pararem de encher o saco com isso, como se o benevolente governo estivesse nos dando uma enorme vantagem. Haverá uma reprecificação no mercado, mais um caso de insegurança jurídica e menor distribuição com o tempo, o que não levará a uma maior arrecadação (como se mais dinheiro pro governo gerir fosse algo bom, risos, ainda que entenda você gostar disso). LCI e LCA perdem atratividade de uma vez ao virarem meros CDB. A conta do mercado sempre será a mesma: taxa de juros reais líquida - fluxo de caixa real líquido. Se a coisa ficar muito ruim, tiram o dinheiro daqui, e os pobres, bem, serão mais uma vez vítimas das consequências não intencionais das boas intenções.

    Os problemas do Brasil vão continuar de qualquer forma. Mas você e outros terão a sua suposta justiça e pararão de apontar o dedo pros outros.

    Quer resolver mesmo as injustiças tributárias? Corte imposto sobre consumo, diminua os gastos do governo, pare de tributar a renda de quem ganha tão pouco, pare com a transferência de renda da população para funcionários públicos. O resto é autoengano pseudomoral.

    Infelizmente parece que o único jeito aqui de destruir o parasita é fazendo o hospedeiro morrer. Chegaremos lá em breve.

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    1. Colega,
      "É bom tributar logo pra você e outros pararem de encher o saco com isso, como se o benevolente governo estivesse nos dando uma enorme vantagem"
      Recomendo interpretação de texto.

      "Haverá uma reprecificação no mercado, mais um caso de insegurança jurídica e menor distribuição com o tempo, o que não levará a uma maior arrecadação (como se mais dinheiro pro governo gerir fosse algo bom, risos, ainda que entenda você gostar disso)."

      Interpretação de texto colega. Do meu texto: "Num mundo idealizado, essa tributação simplesmente é abaixada sensivelmente, e fica por isso mesmo. No mundo real onde pessoas precisam fazer decisões políticas, esse não é um cenário realista, e a tributação sobre faturamento precisa migrar para algum lugar, o único lugar possível é para a tributação direta."

      Não tenho a menor dúvida que iria haver uma nova reprecificação dos ativos.

      "Os problemas do Brasil vão continuar de qualquer forma. Mas você e outros terão a sua suposta justiça e pararão de apontar o dedo pros outros. "

      Interpretação de texto, colega.

      "Quer resolver mesmo as injustiças tributárias? Corte imposto sobre consumo, diminua os gastos do governo, pare de tributar a renda de quem ganha tão pouco, pare com a transferência de renda da população para funcionários públicos. O resto é autoengano pseudomoral."

      Já consta no texto, colega. Você, eu, e a torcida do Flamengo sabemos disso. Isso não é novidade para ninguém. Porém, entre o que queremos e que pode ser feito no país, vai uma distância enorme. Basta ver o atual governo que é blindado de tudo que é forma de assessores com malas de dinheiro, nem assim consegue passar reformas anêmicas. Mas, fico satisfeito que você concorda com o que foi escrito no texto (e foi bem tangencial no texto).

      Abs!

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  6. Brasileiro achar que e pouco imposto sobre a renda e o fim da picada.

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  7. Post com algumas ideias bem interessantes, para se pensar sobre assunto

    Abraço e bons investimentos

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  8. Soul
    Vc comentou q não é eficiente um brasileiro investir em ações americanas e pagar 30% de dividendos. Porém, vale destacar q se fosse um americano fazendo isso ele poderia estar pagando algo em torno de 22% de imposto. Portanto, não há tanta diferença assim.

    Este é o preço entre escolher as suas próprias ações ou aceitar uma cesta delas q apenas segue índice tendo coisa boa e ruim aí dentro.

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    1. Colega,
      A diferença é que um americano pode comprar ativos que pagam muito dividendos em contas tax-deferred, e é o que eles fazem.
      Ter esse tipo de instrumento pagando uma alíquota de 30% não é tributariamente eficiente, longe disso.
      Agora, se sou brasileiro, quero escolher REITs e empresas de dividendos, estou consciente de que não é uma estratégia tributária eficiente, mas mesmo assim acho que é uma boa estratégia, ok, vá em frente.
      Isso vale tanto para escolher ações como ETFs americanos de REITs por exemplo. Se um brasileiro comprar um ETF como VNQ ou VNQI de REITs, será triburariamente ineficiente também.
      São dois assuntos aqui: o que é mais eficiente do ponto de vista tributário, e se vale a pena escolher ações ou REITs individuais aplicando lá fora, não são temas que se confundem.
      Um abs!

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  9. Bom dia, Soul.

    Como está sua carteira no momento?

    Imagino que a maior porcentagem esteja nos imoveis, mas seria interessante saber como você distribui seus investimentos e como pretende distribuir nos próximos meses.

    Um abraço.

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    1. Olá, colega. Sim, é verdade.
      Estou ilíquido, e a liquidez só começa a aumentar no final do ano. Pretendo me manter líquido quando a liquidez começar a aumentar.
      Abs

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  10. Soul, seu conhecimento sobre ETF é um presente para nos! :)

    Pergunta, se os ETFs aqui pagam IR na venda, não seria mais vantajoso comprar ações do ibov diretamente e na aposentadoria vender menos de 20k por mês?

    Abraços

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    1. Olá, Jairo.
      Sim, aqui há uma vantagem tributária clara em ter ações de forma individual. A isenção na venda até 20k é uma delas, mas a isenção na distribuição de dividendos é ainda mais importante.
      Um abraço!

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  11. Caro Soul,
    Vc já publicou a lista dos ETFs na Irlanda em que vc ja investiu ?
    Obrigado,
    Lucas

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    1. Olá, amigo. Ainda não.
      Mas o meu portfólio de ações core deve ser IWDA + EIMI. Bem básico, mas creio que eficiente.
      Um abs

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