segunda-feira, 27 de março de 2017

A SEGURANÇA DOS GOVERNADOS DEPENDE DA INSEGURANÇA FUTURA DOS GOVERNANTES

Olá, colegas. Antes de mais nada, nos últimos dias tenho escrito um texto por dia. Fui um pouco motivado pela leitura do livro o “Poder do Hábito”. Sempre pensei que fosse um livro mais superficial, mas fui surpreendido pela qualidade da obra.  Também resolvi experimentar outras formas de escrever. Fazendo textos mais satíricos, tentando trabalhar novas formas de construção, usando o diálogo como forma de expressão. Foi uma experimentação. Fiquei surpreendido como algumas pessoas ficam desconcertadas com novas formas de texto. Acho um processo pessoal importante a experimentação. Quem quiser olhar os textos, basta ver ao lado nos artigos escritos em março.


  A frase que dá título ao presente artigo foi dita para mim pelo meu pai há uns 15 anos. Ele por sua vez disse que a tinha lido num artigo escrito por um pensador estrangeiro. Ela resume de forma magistral como podemos pensar nossos sistemas políticos. Vou além, ela pode ser aplicada a quase tudo relacionado a relacionamentos humanos.

 Qual o sentido da frase? É simples. Se governantes são seguros em relação ao seu futuro político, há uma probabilidade muito grande para que haja abuso do poder no momento presente, com consequências deletérias para os governados no presente. Talvez fazendo uma associação como funciona, ou deveria funcionar, um mercado livre fique mais fácil a compreensão.

 Num mercado livre, a competição, ou seja a insegurança das empresas no futuro, fará com que sempre haja uma busca por uma melhora contínua nos processos. A busca pela eficiência, isso é fazer mais com menos, será quase que uma questão de sobrevivência para os agentes econômicos. Uma empresa bem consolidada no presente poderá simplesmente quebrar no futuro se houver uma acomodação grande ou uma perda de eficiência significativa. Logo, a insegurança das empresas no futuro, representa uma maior segurança para os consumidores no presente, que terão empresas sempre buscando ofertar melhores produtos e serviços.

  Por seu turno, se uma empresa possui um monopólio concedido pelo Estado , por exemplo,  é lícito presumir que essa empresa não temerá muito pelo seu futuro. Se assim o é,  muito provavelmente ela não terá muitos incentivos para ser cada vez mais eficiente no presente. Logo, a segurança da empresa, nesse contexto, em relação ao seu futuro financeiro, fará com que a vida para os consumidores do presente seja pior na forma de piores serviços e produtos prestados.

 Boa parte dos artigos do Instituto Mises Brasil falam sobre isso. É um dos conceitos fundamentais de toda teoria defendida por lá. E faz todo o sentido. Porém, a nossa vida é muito mais ampla do que relações de consumo. Eu não creio que é a melhor forma de  analisar o mundo pensar que todas as relações humanas possam ser resumidas a relações de consumo e produção. Ou, mesmo admitindo que haja relações distintas, usar a mesma forma de pensar para fenômenos completamente distintos. Apesar desse contraponto, fica evidente que faz todo o sentido de que mercados onde haja mais incerteza no futuro, as empresas tenderão a ser mais eficientes no presente, fazendo com que haja ganhos para os consumidores.

  Pense agora no seu relacionamento, caso você tenha um. Pense num casamento há 100 anos, onde o divórcio não existia, e havia uma pressão enorme sobre a mulher casada. A certeza por parte do marido sobre o futuro do casamento, com certeza levava a comportamentos que não prezavam de maneira mais intensa os interesses da esposa no presente. 

 Hoje em dia, onde as mulheres podem se divorciar quando quiserem, podem trair com muito mais facilidade sem uma pressão social enorme como existia há 100 anos, ou seja a incerteza por parte dos homens na manutenção do relacionamento no futuro, faz com que os maridos tenham que se esforçar mais para levar os interesses da esposa no presente com mais atenção. É mais ou menos o que consta no adágio popular “ Quem não dá assistência, abre para a concorrência”.

  Esse raciocínio pode ser levado para muitas esferas da nossa vida. Porém, volto aqui para a política.  Algo que acho bem interessante é observar alguns discursos de Stalin, principalmente a parte dos aplausos. O vídeo de menos de um minuto abaixo é apenas um exemplo:





  Um sujeito desse evidentemente não tinha qualquer receio sobre o seu futuro, e hoje nós sabemos o que aconteceu com os seus governados. Porém, o que Stalin fez nos causa repulsa não porque ele tenha sido o único sádico da história, isso está muito longe de ser verdade, mas porque aconteceu há pouco tempo. O meu pai era vivo quando ele deu esse discurso, e para nós que vivemos em sociedades razoavelmente estáveis e democráticas, a sombra de um Stalin é de certa forma perturbadora.

  O abuso total e completo do poder, como feito por Stalin, era a norma, não a excessão no mundo. Sempre quando leio sobre a história, nem que de forma superficial, sobre um país  que visito, fico abismado com o grau de violência e arbitrariedade que existiam há centenas de anos. Massacres de dezenas de milhares era algo comum. Governantes despóticos e poderosos podiam fazer o que bem entendessem. 

 Assistindo  ao primeiro episódio da série Marco Polo no Netflix, fiquei imaginando que o poder de um Trump ou de um Obama não é nada perto do que Kublai Khan poderia fazer com os seus súditos. Não havia qualquer incerteza no futuro para o grande Khan, o mesmo não se pode dizer dos presidentes mais recente e atual dos EUA.

  Logo, a minha, a sua, a nossa segurança, depende de sistemas políticos onde o futuro dos atuais mandatários seja incerto.  E algumas coisas contribuem para essa incerteza. A existência de pluralidade de pensamentos e de espectros políticos é uma delas. Num lugar onde não há dissidência política, de forma muito severa como na Coréia do Norte, e de forma mais branda como em Cuba (para citar dois exemplos que alguns  leitores desse espaço adoram falar), a incerteza do futuro dos poderosos é muito menor. Logo, a arbitrariedade no presente é muito maior.

 Não é à toa que esse espaço prima pela racionalidade no debate, não pela rotulação. Pessoas são diferentes. Há testes psicológicos que mostram isso. Há pessoas mais introvertidas, outras mais extrovertidas. Há pessoas com laços maiores com um determinado grupo, em que pese considerações como justiça por exemplo, outras pessoas já não agem desse modo. Há uma cacofonia de vozes e opiniões. Nós temos que saber conviver com isso, e para mim, por mais que seja um sistema com as mais diferentes falhas, a Democracia e o Estado Democrático de Direito são os melhores instrumentos para acomodarmos esse choque permanente. É um equilíbrio dinâmico ou um “equilíbrio instável”.

  O que muitos não percebem é que a sua própria segurança depende da existência de pessoas que pensem diferente. Isso é muito difícil de conceber e aceitar, eu admito. É por isso que muitas pessoas procuram o caminho mais fácil que é se fechar em suas concepções de mundo, invertendo o significado da famosa frase atribuída a Sócrates de que “Conheço uma gota, ignoro um oceano”. Quando se fecha para as diversas visões que existem sobre mundo, comportamento humano, etc, as pessoas na verdade estão implicitamente dizendo que “Ignoro uma gota, conheço o oceano”.

  O que se sabe, pelo menos pelo decurso da história, é que quase sempre houve grupos que dominaram uma grande maioria, muitas vezes de forma violenta. O poder de uns sobre muitos sempre foi a tônica. Logo, precisamos admitir que há uma tendência humana do poder ser abusado. Até pouquíssimo tempo essa era a norma, o que nós vivemos hoje em dia com poderes políticos limitados, respeito a direitos fundamentais mínimos, é uma completa exceção na história da humanidade.
  

  Isso independe do tamanho do Estado. O tamanho do Estado, ou do governo, nunca foi uma medida de maior ou menor liberdade dos súditos. Essa afirmação pode chocar ou irritar alguns ideólogos que pregam que quanto maior o Estado, menor a liberdade humana. Quanto maior a tributação, maior a “escravização” de um povo. Isso não se sustenta a uma breve análise dos números e dos próprios fatos históricos.

 Quando um blogueiro do qual eu gosto bastante repetiu essa ideia nos comentários de um outro artigo que eu tinha escrito, ele talvez possa ter ficado surpreendido que os países com menor carga tributária do Mundo são países onde a liberdade é muito restrita. Arábia Saudita, Guiné, e outros países “difíceis" estão entre os de menor carga tributária. Por outro lado, países extremamente livres, educados e saudáveis (pelas métricas do IDH) estão entre os de maiores cargas tributárias do mundo.

  Fique claro que aqui não é uma defesa de tributos ou de mais Estado, e nem o contrário de menos tributos e menos Estado, mas apenas uma constatação factual de que Estados com pouquíssimo peso no PIB podem ser totalitários, enquanto outros com grande participação, não. 

 Além do mais, na história da humanidade  , se fosse possível medir a carga tributária em períodos distantes de tempo no passado, é quase certo que há 500 anos ela seria muito menor do que é hoje. O Imposto de Renda é uma criação recente, por exemplo. Apesar disso, quem você acha que é mais livre, um cidadão inglês no ano de 2017, ou um camponês da Inglaterra no século 15?

  Logo, com Estados Grandes ou não, com ideologias das mais variadas possíveis, momentos históricos diversos, a tendência é que grupos pequenos abusem do poder. Quanto maior a segurança desses grupos sobre futuro, maior será a insegurança da maioria. Quanto menor a segurança desses grupos sobre o futuro, maior a segurança da maioria. Lembrem-se disso, prezados leitores.


  Um abraço!

24 comentários:

  1. Excelente texto. Parece que a insegurança faz com que o ser humano faça o seu melhor (Como dizem: É 8 ou 80). Deve ser por isso que muitas pessoas são contra a reeleição dos políticos.
    Enfim, se eu fosse colocar em prática a lição que tive hoje ao ler o seu texto, eu diria que conclui que: Nunca devemos ficar na zona de conforto, caso queiramos extrair o nosso melhor.
    Sei não é a mensagem que você quis passar, mas essa é a conclusão que eu (egoístamente) tirei pra mim.
    Forte abraço, é sempre um prazer visitar esse excelente blogue.

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    1. Olá, Einstein! Grato, amigo.
      Não há nada errado em pensar em nós mesmos, aliás é essencial que pensemos em nós mesmos. Só quando estamos bem conosco é que somos capazes de pensar e ajudar os outros.
      A zona de conforto é isso: confortável. Não há nada de errado em gostar de se sentir nessa situação. Até porque ficar toda hora se sentindo desconfortável não é algo agradável.
      Porém, é necessário sim que nos questionemos e desafiemos, sob pena de realmente perder oportunidades, encurtar nossa visão de mundo, etc.
      Abraço!

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  2. "Isso independe do tamanho do Estado."

    Não sei se concordo com isso, Soul. Veja que todos os exemplos que você citou (Stalin, Coreia, Cuba) e mesmo Hitler, eles só são possíveis em estados grandes, totalitários. A carga tributária elevada é um pedaço muito pequeno pra considerar que um estado é grande. Até mesmo pra dizer que um país não tem liberdade econômica. Vi em algum lugar que a carga tributária da Austrália era alta, mas, ao mesmo tempo, tem índice de liberdade econômica altíssima (existem outros fatores a considerar como leis trabalhistas, facilidade de abrir um negócio etc). Quanto mais pra considerar se um estado é grande ou não.

    Pra mim, a existência de um estado (governo) totalitário só pode ser possível num estado grande. O 'contraexemplo' da Arábia que você mencionou parece estar mais ligado à religião do que a fatores político-econômicos. É como dizer que o anarquia é uma porcaria pois a Somália não tem governo. Pode até ser uma porcaria, mas o problema ali é outro. Não dá pra inferir que a anarquia é uma porcaria a partir disso.

    Abraço!

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    1. Olá, colega. Você tem toda e total razão de que a liberdade e o bem-estar de uma população dependem de uma gama variada de pressupostos. O texto tenta chamar atenção sobre a relação ingênua que muitos acreditam (por ter lido textos de pessoas que defendem essa posição) de tamanho do Estado com aumento ou diminuição da liberdade e bem-estar. Como notado por você ao citar a Austrália (e posso dizer, pois passei 4 meses lá e rodei mais de 20 mil km pelo país dormindo numa pequena Van, ou seja pude ver muitas partes desse sensacional país).

      Quando me referi ao tamanho do Estado, quis mais dizer a respeito da participação do mesmo na produção nacional.
      O que você talvez queira ter dito, é que Estados totalitários tendem a ser militaristas e para isso não é preciso muito. Pode existir um Estado com uma participação pequena no PIB (porque não há qualquer participação seja em educação ou saúde), mas suficiente para sustentar uma polícia secreta de dezenas de milhares capaz de infernizar a vida da população. Se foi isso que você quis dizer, estou de acordo.
      A Arábia Saudita foi apenas um dos exemplos. Você tem razão que o fundamentalismo religioso lá é responsável pelo sufocamento da dissidência, é verdade. É um país mais complexo. Agora, você pode pegar outros países. Chad, Mianmar, República Democrática do Congo (estes três com menos de 5%), Guiné Equatorial (com incríveis 1.7% de carga tributária em relação ao PIB, é um exemplo de Estado absolutamente mínimo), Líbia (2.7%), Nigéria (6.1%), Sudão (6.3%), Yemen (7.1%).
      Esses, tirando os Estados do Golfo (como Catar, Oman) possuem as menores cargas tributárias do mundo. São países distintos em história, cultura, religião. A única coisa que os liga é a situação extremamente difícil de vida, falta de liberdade cívicas e governos quase sempre totalitários e arbitrários.

      Concordo, não dá para inferir. Porém, como, ao contrário da física experimental, não podemos fazer experimentos controlados para testar hipóteses com teorias sociais, a existência de um país como a Somália deve ser pelo menos uma advertência, de que talvez haja muitas coisas a se considerar quando se demoniza as instituições políticas construídas ao longo dos séculos.

      Abraço!

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    2. Olá Soul,

      Uma pergunta direta:

      Você acha que se aumentarmos a carga tributária de Chad, Mianmar, República Democrática do Congo, Guiné Equatorial, Líbia, Nigéria, Sudão e Yemen para algo como 40%, a situação do país ou o nível sócio-econômico do povo melhoraria?

      Abçs!

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    3. Olá, I.I. Não, né colega. Estamos do mesmo lado da força:)
      O aumento de tributação em países poucos produtivos apenas piora a situação econômica geral. Agora, o ponto não foi esse. O ponto foi a relação entre tamanho do Estado e bem-estar da população, ou como alguns mais "radicais", entre tamanho da tributação e "escravização" da população.

      Abs

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  3. Mais um grande texto, meu amigo comunista.

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    1. Opa, ao menos não escreveu um texto grande, mas sim um grande texto:)
      Abs

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  4. Soul, o texto é ótimo, mostra como deveríamos prestar atenção ao nosso mundo.

    Infelizmente, algumas pessoas não querem saber de argumentação a favor do Estado ou dos impostos. Eles sonham em morar num paraíso fiscal mágico com polícia grátis, Judiciário grátis, educação grátis, Exército grátis, saúde grátis. Muitos sonham com imposto zero, leem bobeiras sobre tamanho do Estado e acreditam que alguém, magicamente, vai diminuir os impostos deles.


    Eles querem defesas contra o Comunismo, mas não querem pagar imposto.

    Até na América, Terra do NeoLiberalismo, soldados custam dinheiro, aviões de combate custam dinheiro, porta- aviões custam dinheiro, defesa contra os comunistas sempre custou dinheiro. Por isso existem impostos.

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    1. Olá, colega. Talvez seja possível todos os serviços serem prestados pela iniciativa privada (inclusive a defesa e o Judiciário) e que não seja mais necessária a democracia, pois as trocas livres seriam suficientes para tornar o agrupamento social coeso. Falam que existiam exemplos históricos, e às vezes citam um período de tempo na Islândia Medieval. Quem sabe. Porém, a verdade é que não há grandes exemplos históricos palpáveis de como isso poderia dar certo.
      Um exército poderoso com certeza custa bastante dinheiro.
      Um abraço!

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  5. Dizem que na Coréia do Norte o imposto de renda é 100% mas não sei dizer ao certo.

    Quanto seria em Cuba? Dizem que o salário mínimo lá e de U$ 10 (será que é pq o governo já pegou a parte dele depois?

    E na Venezuela atual? Qual a carga tributária? A situação lá está em frangalhos.

    Sobre o título do post, Maquiavel falou em "O príncipe" - "O sono do príncipe depende do soldo do soldado". Me lembrei da greve da PM recente no ES onde o estado foi ao caos e todos os dias o governador tinha que se explicar.

    Abraço amigo

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    1. Olá, Frugal!
      Melhor do que especular, é olhar os dados. Conforme dados https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_tax_revenue_as_percentage_of_GDP (baseado em dados de 2015 da Heritage Foundation)
      A carga tributária na Venezuela é de 25%. A de Cuba 44%. Talvez os dados não sejam confiáveis, é verdade.
      Na Guiné Equatorial é de 1.7%, na Líbia de 2.7% e na Nigéria do Boko Haram é de 6%. O que isso mostra?
      Nada. Apenas que o argumento de que o tamanho do Estado na Economia necessariamente leva a uma diminuição da liberdade e da qualidade de vida não aparece nos dados. Nós não podemos, num debate sério, falar de certos dados que por ventura confirme nossas ideias prévias, e descartar outros dados que não confirmam. Isso seria apenas viés de confirmação, a mãe, ou o pai, de todos os erros de julgamento.

      Uma belíssima frase de Maquiavel.

      Abraço!

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    2. Soul vamos por partes, retirado da Wikipedia:

      O atual presidente da Guiné Equatorial é Teodoro Obiang Nguema Mbasogo. A constituição de 1982 da Guiné Equatorial, escrita com a ajuda da ONU, dá a Obiang amplos poderes, incluindo nomear e destituir os membros do gabinete, fazer leis por decreto, dissolver a Câmara dos Deputados, negociar e ratificar tratados e servir como comandante-em-chefe das forças armadas. O primeiro-ministro, Vicente Ehate Tomi, foi nomeado por Obiang e opera no âmbito de competências designadas pelo Presidente.

      Durante as três décadas de seu governo, Obiang mostrou pouca tolerância para a oposição. Enquanto o país é nominalmente uma democracia multipartidária, as eleições têm sido geralmente consideradas grandes farsas. De acordo com a Human Rights Watch, a ditadura do presidente Obiang tem usado um "boom do petróleo" para consolidar e enriquecer-se ainda mais à custa da população do país. Desde agosto de 1979, cerca de 12 tentativas de golpe mal sucedidas ocorreram. As tentativas de golpe eram, frequentemente, perpetradas por elites rivais em uma tentativa de aproveitar os recursos econômicos do estado.

      De acordo com a "March 2004 BBC profile", a política dentro do país é atualmente dominada por tensões entre o filho de Obiang, Teodoro Nguema Obiang Mangue, e outros parentes próximos com posições de poder nas forças de segurança. A tensão pode estar enraizada em uma mudança de poder decorrente do grande aumento na produção de petróleo que ocorreu desde 1997.

      Guiné Equatorial é uma ditadura, ou seja, estado grande.

      Líbia? A Líbia é atualmente um estado falido depois que o ditador Khadaffi morreu nas ruas, portanto era estado grande também. Hoje em dia é terra de ninguém, nem sei direito.

      Pelo que vi rapidamente a Nigéria é o menos mal dos 3 citados, pelo menos tem uma camara supostamente independente, mas vem capengando depois de ditaduras desde 1960 até 2011 qnd teve o seu primeiro presidente eleito. Enfim, dá pra dizer que é um país novo e que veio também de ditaduras e incertezas onde o governo também era grande.

      Não sei se é adequado apenas considerar a taxa de impostos pra saber se o governo é grande ou não, me parece que não. Mesmo que a carga tributária da Venezuela seja de 25%, lá não é um estado grande? Um estado onde dois padeiros foram presos por fabricar brownies? Um estado que fechou todas as tvs e jornais de oposição e prendeu opositores políticos? Ninguém deixa de ser grande por tributar apenas 25% ou os 44% de Cuba que nada mais são do que uma piada, um estado-prisão onde o escravo nascido não pode nem fugir para outro país?

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    3. Olá, Frugal!
      Desculpe pela demora, muitas viagens essa semana.
      Agradeço a descrição da Guiné Equatorial, não sabia desses detalhes. Grato mesmo.

      Em minha opinião, essa descrição do país africano apenas corrobora o que foi dito no texto. Estados com pouca participação na produção nacional não é um indicativo de maior liberdade política ou bem-estar da população. A sua descrição apenas corrobora esse fato.
      Agora, podemos conceituar o que é um "Estado Grande". Ora, um Estado que abocanha e gasta metade do que é produzido, como a Dinamarca, evidentemente é um Estado Grande. Um Estado que arrecada menos de 2% do que é produzido não pode ser considerado um Estado Grande. Seria Grande por qual motivo?
      Acho que você está a confundir Estados Totalitários com Estados Imensos. Eles podem se confundir em certos aspectos, mas estão longe de ser a mesma coisa.
      Isso é apenas para ressaltar que se formos plotar num gráfico Tributação e qualidade de vida, nós não veríamos uma curva descendente de quanto menor a tributação maior a qualidade de vida. Entretanto, é isso que se diz quando se fala que o Estado escraviza as pessoas, e tributos nada mais são do que uma forma de escravizar. Ora, isso não aparece nos dados empíricos.

      Dizer que não é apenas a tributação que fará um país ser um desastre ou bom, é basicamente o que venho dizendo há quase três anos. São inúmeros outros pressupostos, indícios estes que tentam ser capturados pelo relatório ONU de felicidade.

      Com 44% CUBA é uma Estado Imenso, um dos maiores do mundo. Nisso concordamos. Com uns 2% do PIB se pode montar uma polícia secreta de dezenas de milhares e atormentar a população ou disseminar terror entre a dissidência política. Não precisa ser um Estado Grande para fazer isso. Nem na arrecadação de tributos, nem no número de servidores do Estado.

      Por fim, o ponto do texto, não foi discutir PIB, tributação, mas sim a bela mensagem de que o nosso futuro depende de sistemas onde os governantes estejam sempre pressionados, porque o seu futuro seja incerto. Creio que concordamos nestes aspecto.

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  6. Soul, os preguiçosos não querem se mudar para os paraísos fiscais.Ilhas Cayman e outros lugares parece que não cobram imposto de renda.


    Nem o Super Trump, herói dos empresários, falou em acabar com os impostos nos EUA. Ele deve diminuir algumas alíquotas, dar algumas isenções. Como alguém perde tempo com um sonho desses de viver sem pagar imposto? Dá para pagar menos tributos, mas imposto zero só praticando crimes e sonegando.

    Melhor a pessoa usar todo o patrimônio para comprar ações pagadoras de dividendos e viver desse dinheiro que ainda não é tributado para a pessoa física.

    Porque ficar sonhando com a Idade Média mágica sem impostos é coisa de filme de Harry Potter.

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    1. Caro anônimo, aceito uma passagem só de ida e visto permanente pra Ilhas Cayman (território britânico, o qual você mencionou), também pro Panamá, Cingapura, Hong Kong, Macau, Brunei (todos tidos como exílios fiscais, todos com menor tributação do que a brasileira e todos mais desenvolvidos que o Brasil). Se você conseguir isso pra mim, prometo nunca mais incomodar falando dos tributos brasileiros e sonhando com "utopias". No aguardo. Serei eternamente grato.

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    2. Vc sabia que vc vive no mundo de hoje pq pessoas no passado sonharam com ele?

      Dividendos no Brasil são tributados sim, apenas o governo tributa tudo antes de chegar na sua mão, pq ele não confia em vc pra declarar e pagar, ele tributa a receita e o lucro das empresas (e numa carga tributária bem mais alta que outros países que "tributam os dividendos").

      Vc deve ser mais um dos que acham que dividendos são brindes.

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    3. Anônimo,
      Tem certeza que quer ir mesmo para Brunei com uma passagem só de ida?
      H.Kong é uma ótima cidade, sensacional. Não moraria lá, mas é bem bacana. O custo de vida lá é absurdamente alto. Se quiser morar bem, num bom bairro, coloque aí uns 15 mil reais de aluguel.
      Macau é uma cidade interessante pela herança portuguesa e pela loucura dos cassinos, tudo misturado.
      Não se esqueça que Macau e HK são China, são regiões chinesas mas com certa autonomia, não são países independentes.
      Cingapura é uma ótima cidade também, mas eu pessoalmente não gostaria de morar lá.


      Frugal,
      Exatamente, amigo! Temos liberdade política hoje, porque gerações lutaram por isso, e conseguimos estabelecer Estados Democráticos. Somos ricos hoje, porque gerações anteriores acumularam capital, não porque somos inerentemente melhores ou temos mérito por isso.
      Temos essa explosão tecnológica, porque visionários há 200-300 anos começaram a explorar os mistérios do universo usando a razão e o método científico.
      Logo, somos sim o fruto do sonho dos nossos ascendentes. Esperemos que nossos filhos não sejam o fruto dos nossos pesadelos.


      Frugal, a sua explicação não faz muito sentido do ponto de vista financeiro. Primeiramente, você deveria incluir os JCP e a diminuição efetiva que isso ocasiona na alíquota real que se paga sobre os lucros. Por fim, se formos analisar que uma empresa existe para gerar lucro para os acionistas, faz sentido se comparar o quanto esse acionista é tributado no lucro (seja na tributação da PF, seja na PJ).

      Abs

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  7. Soul,

    Inteligente reflexão ...

    Abs,

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