quarta-feira, 28 de maio de 2014

SERVIÇO PÚBLICO - TUDO O QUE VOCÊ NUNCA QUIS SABER

                 Olá, colegas! Depois de um artigo mais técnico, vou escrever sobre algo mais tranqüilo e pouco abordado. É claro que as visões externadas são eminentemente pessoais. E aí, serviço público é a panaceia para todos os seus males? Vamos falar sobre os vários aspectos do tema.

                Ser um Juiz Federal, ou um promotor, quem não gostaria? Dois meses de férias, mais o recesso de final de ano, salário bruto na ordem de 22/23 mil, respeito, reconhecimento social, diversas vantagens funcionais. É o suprassumo da atividade profissional, o desejo de tantos. A outra moeda de cargos tão prestigiosos é que são carreiras que envolvem muita responsabilidade, pois se mexe com interesses relevantes de toda a sociedade. Entretanto, os cargos públicos nessas profissão são a minoria da minoria. A massa dos servidores públicos muito provavelmente se ocupa de funções eminentemente burocráticas.

                Quais são as vantagens de se trabalhar para o Estado Brasileiro em suas três esferas (com maiores vantagens em média para os funcionários da esfera federal)? Essa é fácil Soul! Estabilidade, segurança, cargas horárias não tão pesadas como na iniciativa privada e salários em média mais altos. Poxa, segurança e salário mais alto? Nós que gostamos de finanças já estranhamos essa equação, pois, e o tema do artigo anterior foi exatamente sobre isso, se há segurança o salário deveria ser mais baixo, se a insegurança é maior o salário deveria ser mais alto. Aqui, já encontramos algo diferente, o “almoço grátis” do serviço público brasileiro onde a segurança é, em média, mais premiada do que a insegurança da iniciativa privada.

                Não é à toa que os serviços públicos são um verdadeiro ímã para tanta gente e com razão. Há casos de cargos de analistas, com função não tão complexa, recebendo salários que engenheiros com alta especialização às vezes não ganham na iniciativa privada. Aqui, colegas, o nosso sistema se mostra muito ineficiente na alocação de recursos na sociedade.  Soul, você ta querendo dizer que os servidores públicos devem ganhar pouco, mas você não trabalha para o governo? Não, o meu ponto não é esse. A toda evidência os serviços públicos são essenciais em qualquer país. A polícia parou em Recife e um estado de guerra de todos contra todos (como diria o querido filósofo político do século XVII Hobbes) se instalou. Quer uma sociedade sem um Judiciário independente? Até você ser acusado injustamente de algo que não cometeu.  Logo, são necessários serviços públicos, e é necessário que haja pessoas qualificadas para exercer essas funções.

                Porém, e o século passado nos mostrou claramente, a inovação, a criação de riqueza, vem de atividades eminentemente privadas.  Logo, faz sentido que as iniciativas privadas sejam incentivadas, inclusive financeiramente, para que um país possa prosperar. Se todas as pessoas preparadas de um país resolverem trabalhar para o Estado, por causa de incentivos exagerados para o serviço público, me parece claro que teremos um problema na criação de riqueza e no empreendedorismo de qualidade na  nação. Mas, o meu artigo não é sobre alocação de recursos numa sociedade, é sobre os aspectos pouco comentados do serviço público, principalmente para quem nunca fez parte da “Máquina”.

                Antes de adentrar mais no assunto, faço uma pequena digressão. Há um livro, já citado por mim no meu primeiro artigo http://pensamentosfinanceiros.blogspot.com.br/2014/01/ola-todos-mais-um-blogsobre-financas.html, chamado positivamente irracional que descreve uma experiência interessantíssima. Cientistas dividiram pessoas  em dois grupos. Aos dois grupos foram dados bonecos tipo LEGO para serem montados. Para o primeiro boneco montado seria pago um dólar, no segundo boneco 90 centavos de dólar, e assim sucessivamente. Logo, a utilidade financeira para cada boneco montado ia caindo à medida que mais bonecos fossem montados. A diferença fundamental entre os dois grupos, é que um grupo não teria os bonecos desmontados, ou seja os bonecos iriam ficar um ao lado do outro, já no outro grupo a cada boneco montado o mesmo ia ser desmontado.  O resultado excepcional encontrado foi que o primeiro grupo montou uma média muito maior de bonecos do que  o segundo grupo, creio que a desproporção foi mais de 100%.

               Livro muito bacana, recomendo a leitura, já que a mesma é fácil e agradável.

                Esse Soulsurfer, o que ficar montando bonecos LEGO tem remotamente a ver com serviço público? Amigos, essa experiência é a demonstração cabal de que o ser humano precisa de sentido em qualquer atividade produtiva. O  fato dos pesquisadores desmontarem os bonecos na frente da pessoa que tinha acabado de montar o mesmo, o simples fato da pessoa ver o seu trabalho (por mais simples que fosse como montar um boneco) sendo destruído, e não vendo nenhum resultado prático, mesmo que ela estivesse sendo remunerada para realizar a atividade, fez com que a mesma se desinteressasse pela tarefa num grau muito mais intenso do que uma pessoa do outro grupo.  Isso mostra que o sentido na atividade era tão ou mais importante do que a remuneração obtida pela atividade.  Isso é um resultado para pararmos e pensarmos bastante sobre nossas vidas e o que estamos fazendo com elas.

                Se pessoas ficaram frustradas a ver simples bonecos sendo desmontados, imagina o grau de dano que uma atividade repetitiva onde a pessoa não vê nenhum significado naquilo que faz pode causar a uma pessoa no longo prazo, depois de 25/30 anos realizando essa mesma atividade? Eu creio que as frustrações podem ser profundas.  A  maioria das atividades de serviço público envolve pessoas fazendo atividades repetitivas onde às vezes é muito difícil se extrair um sentido mais profundo naquela tarefa. Isso para mim é a causa de grande frustração de muitas pessoas no serviço público, e a causa da maioria das lutas dos servidores ser focada  quase que exclusivamente por aumento de salário.

                Não é brincadeira, a quantidade de pessoas frustradas que eu já conheci é enorme. A quantidade de pessoas que apenas pensam na aposentadoria, mesmo faltando 10/15 anos é gigantesca. Como essas pessoas às vezes não conseguem extrair um sentido mais profundo do seu trabalho, o foco é quase sempre  apenas para aumentar o salário. Para mim é a mesma fuga que a sociedade moderna dá para todas as suas frustrações e ansiedades: cada vez mais consumo. Está triste? Compre um IPAD. Não se relaciona bem com sua comunidade? Compre um carro de 100 mil reais (e nós que entendemos um pouco de finanças sabemos como um carro caro, num patrimônio pequeno, pode ser uma verdadeira draga financeira).  Portanto, é muito normal ver pessoas com salários muito razoáveis para padrões brasileiros descontentes e frustradas no serviço publico.

                Por isso, qualquer jovem com uma boa formação acadêmica, com um gás de querer aprender e fazer, deve, em minha opinião, ponderar esse aspecto do serviço público.  Além do mais, o serviço público pode ser lugar para climas desagradáveis de trabalho.  Isto num primeiro momento não parece fazer sentido, pois todos são estáveis, todos tem o salário garantido e não haveria razão para ter um clima ruim de trabalho num ambiente sem a competição natural da iniciativa privada. Porém, em alguns casos, a história pode ser outra.

                Talvez como, apesar dos salários e estabilidade, há uma frustração grande em muitos servidores, isso cria um ambiente propício para a deterioração do  ambiente de trabalho.  Muitas chefias no serviço público são eminentemente políticas e não necessariamente lá estão por competência técnica, e ao lado dessas chefias sempre orbitam as pessoas “leais ao poder”, mesmo que o cargo de chefia seja um nível hierárquico baixo (eu fico só imaginando o "puxa-saquismo" que não deve ser nos altos cargos de poder). Pegue pessoas frustradas por não ver sentido naquilo que fazem que só pensam na aposentadoria daqui 20 anos no futuro, chefias políticas, pessoas que querem apenas agradas essas mesmas chefias, e a possibilidade de se criar um ambiente de trabalho insalubre do ponto de vista emocional está formada.

                Há diversas pesquisas que mostram que altos salários não é o principal fator de satisfação numa atividade profissional, a título de exemplo cito apenas uma http://www.administradores.com.br/noticias/carreira/jovens-da-geracao-y-preferem-oportunidades-em-empresas-internacionais-a-altos-salarios/56443/.  É claro que salário é importante, mas a partir de um limite, o salário começa a ter, para usar um jargão econômico, uma utilidade marginal cada  vez menor, sendo que outros aspectos se tornam muito mais importantes.  Deve ser por isso, e não sou sociólogo ou psicólogo mas arrisco um palpite, que em países ricos como Austrália, Noruega, Nova Zelândia as pessoas são mais felizes.  Nesses lugares, não é preciso ser médico, advogado, engenheiro, servidor público, para ter uma vida digna. Talvez outras profissões mais “alternativas” ofereçam a possibilidade de se ganhar um salário menor do que um advogado bem sucedido, por exemplo, mas mesmo assim suficiente para ser ter as necessidades atendidas. Não há nada de errado em querer seguir essas profissões mais tradicionais, pelo contrário,  o que parece ser errado no nosso país é apenas essas profissões trazerem um retorno financeiro razoável para se ter uma vida digna.

                Afinal, depois de ter um teto e comida garantidos, não é muito melhor acharmos algo para fazer que nos deixe satisfeito intelectual e emocionalmente? Eu creio que sim.   Portanto, amigos, é claro que não há só frustração e intrigas no serviço público, é evidente que muitas pessoas são satisfeitas, e essas são sortudas já que podem ganhar bem e ter estabilidade. É claro também que os problemas apontados por mim podem ocorrer também na iniciativa privada, obviamente não são exclusividade do setor público. Meu artigo serve apenas para fazer o contraponto, pois é sempre bom termos diversas perspectivas sobre os mais variados temas.

             Sempre é bom ouvir um clássico! E algo melhor do que um Led live?


           Grande abraço a todos!


77 comentários:

  1. Trabalho na CGU. Ganho mais de 13 mil líquido.
    Sou satisfeito com meu trabalho. Fiscalizo, entre outros programas, o bolsa-família, que, infelizmente, é mal compreendido pelos mais abastados.
    Digo isso porque o bolsa-família serve para que os pais pobres coloquem seus filhos na escola. Essa é a finalidade do bolsa-família.
    E funciona. Esse programa é excelente para as crianças pobres, que poderão ter um futuro melhor, visto que estão estudando ao invés de estarem sendo exploradas pelos próprios pais.
    Enfim, eu gosto muito do meu trabalho, não só pela fiscalização do bolsa-família, mas também por fiscalizar os gastos públicos.
    É lógico que existem áreas nas quais a CGU não atua, por questões políticas, e isso desanima um pouco. Um exemplo é a petrobras. A CGU nunca fez nenhuma fiscalização na petrobras. Estranho né?
    Mas, isso não é culpa do servidor da CGU, mas dos políticos que lá se instalam.

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    1. Olá amigo!
      Um bom cargo na CGU, conheço um rapaz que trabalha na CGU e gosta do que faz.
      Como disse no texto, você é um cara de sorte, ganha bem, gosta do que faz e ainda é estável.
      A função da CGU é de importância, com certeza.
      Sobre o bolsa-família, a ideia central é essa mesmo, quebrar o círculo que impedia essas crianças de estudas e eternizava a pobreza. Se vamos conseguir fazer isso, e se essas crianças vão ter uma educação de qualidade que as qualifique para o mercado global cada vez mais competitivo, apenas o tempo dirá, mas a situação atual não é boa.
      Grato pela contribuição.

      Abraço!

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    2. Bela merda estudar nas escolas podres brasileiras

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    3. Ah, Bolsa Família é para que os pais coloquem os filhos na escola!!! E eu achando que era uma esmola dada aos incultos para que não mais buscassem o trabalho, encostassem no governo, e em troca manter os preocupados políticos no poder! Como sou ingênuo. Mas você deve estar mesmo certo, pois todos que recebem Bolsa Família põem seus filhos nas escolas, e aqueles que não põem perdem o benefício. kkkkkkkk. Agora conta outra pra gente porque aqui nesse país os petistas acham que só existem debilóides que caem nesses contos da carochinha

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    4. Esse cara só pode estar sendo irônico, impossível alguém com um mínimo de inteligência acreditar que o BF é um programa social que funciona, Onde fica a degradação da população brasileira que só pensa em funk e cachaça?

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    5. Amigo da CGU, fala sério que você realmente pensa isso do Bolsa família? Nem vou comentar nada...

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    6. Anônimos,
      Aqui é um espaço de debate com cordialidade. Vamos manter assim né:)
      O Bolsa-Família é um programa de transferência CONDICIONAL de renda, e uma das condições é as crianças estarem estudando.
      Se o programa se desvirtuou, se ele não é efeito, se ele possui efeitos colaterais nefastos, são coisas que podemos e devemos discutir.
      Entretanto, é um programa que foi usado como modelo por muitos países, a ideia de condicionar a distribuição de renda é muito boa, e meio que uma invenção do Brasil.

      Guardião,
      Sabe que você é da casa, entretanto eu gostaria de saber porque as pessoas ficam assim com o bolsa-família. É um programa muito barato pelo tamanho dele. Deveríamos estar pensando nos spreads entre captação do tesouro e empréstimo do BNDES que são muito maiores do que o bolsa-família, não passa pelo escrutínio público e beneficiam quem já tem muito dinheiro.

      Abraço!

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    7. Soul, vou lhe dizer porque assim penso em relação à este disparate do bolsa-família. Creio que a premissa utilizada e propagada não só é válida, como é lícita, porém a forma com a qual o programa se faz, sem uma clara exigência da contra-partida por parte do beneficiário, do resgate do mesmo de uma condição adversa para outra onde ele possa se sustentar não faz o menor sentido, é maléfica e perversa para a sociedade. Infelizmente a maior parte de nossa população pobre é acomodada, contenta-se com pouco e convenhamos, não é de muito trabalho.
      Vejo o bolsa-família não como um custo gigante (que também é, embora outros sejam nessa esfera mais importantes, como os por você citados), mas sim como um programa onde temos uma população com uma ajuda constante, sem data para acabar, sem a exigência que ele um dia ande com as próprias pernas.
      Isso cai num modelo comunista que é base da inviabilidade : uma parcela cada vez maior de pessoas recebendo sem nada fazer, sustentado pela classe média que é explorada nos impostos abusivos do país. Como em todos os modelos comunistas, aqueles que recebem de graça nunca saem da condição e os que pagam começam a se revoltar... Alguns deste último grupo dão um jeito de também se encostar, para aproveitar o lanche grátis. Ou acaba a nação em uma revolução da classe média, ou simplesmente acaba a nação por falta de pessoas qualificadas, trabalhadoras, que sustentem a corja do poder e os miseráveis que não são estimulados a se sustentar.
      Programas sociais a meu ver têm sim que existir, mas devem tirar a imediata miséria e fome, priorizar a educação dos filhos (nem vou falar dos descasos com nossas escolas públicas) e dar condições de aperfeiçoamento, emprego, etc para o beneficiário que já seria avisado que o benefício é FINITO. Mas aqui no Brasil o benefício é infinito, e verdadeiramente uma moeda de troca... Como foi na reeleição do Lula e na eleição da Dilma? A propaganda era que o PSDB ou qualquer outro partido que assumisse o governo acabaria com a bolsa família. Convenhamos que não houve atitude mais clara e cafajeste do que esta de usar o bolsa familia como moeda de troca eleitoral, o mais novo modelo de voto de cabresto.

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    8. Realmente vejo muita gente falando mal do bolsa família por aí sem nem ter pesquisado a fundo sobre o mecanismo do programa. Não sou defensor do governo atual e nem me aprofundei nos mecanismos do programa mas sei que é algo válido, e que este objetivo de incentivar os pais colocarem os filhos na escola é em parte interessante, mas infelizmente não muda cultura, o problema do Brasil é cultural, e não será esta bolsa que irá começar a mudar esta cultura.

      Bom, falando sobre o tema, e pegando o exemplo do anonimo, será que ele será feliz fiscalizando bolsa família para o resto da vida? Coim certeza se ficar nesta função por anos e anos vai realmente ficar ansioso para a aposentadoria chegar logo.

      Temos profissões que são rotineiras por natureza, tipo, um operário que trabalha na fabricação de um parafuso qualquer. Imagina o cara ficar 20, 30 anos fazendo parafusos? Pode até entrar em parafuso, rs,brincadeira. Acho que os trabalhadores que estão em profissões mais dinâmicas são mais dispostos a trabalhar, meu caso por exemplo, trabalho com o desenvolvimento de sistemas de automação industriais, já devo ter feito uns 30, geralmente levam em média 6 meses para serem desenvolvidos, então a cada semestre tenho um novo desafio e uma nova realidade a tratar, novos clientes, novos usuários, novos processos de fabricação. Isto é muito motivador. Por outro lado eu e meus sócios temos o desejo de desenvolver um produto que possa ser vendido a muitos clientes, sem muita customização de um cliente para o outro, tipo um Excel da vida, porque? Apenas para poder receber mais $$$ sem tanto esforço. Então o $$$ é importante também.
      Enfim, o que nos faz levantar disposto em uma segunda feira não é a obrigação de trabalhar para receber o $$$ e sim um novo desafio a ser vencido, um novo projeto, um novo problema. Se isto for trazer um bom $$$ melhor ainda, mas nem sempre é assim...

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    9. Sobre o texto do Seu Guarda, muito lúcido e vendo o viés comunista da questão, concordo em parte, ma sminha revolta nem é ver o dinheiro dos meus impostos indo para a classe mais baixa que tende a ficar acomodada com o benefício, minha revolta é ver viaduto sendo contruído até a metade (vejo muitos por aí), um estádio sendo contruído em uma capital que nem tem times de relevância, políticos colocando dinheiro na cueca para serem torrados em biagens de luxo no exterior...

      Eu sou empresário e pago 15% do que eu faturo para o governo, bem menos que os colegas trabalhadores que pagam quase o dobro, não ligaria do dinheiro está sendo usado em parte para estas bolsas, mesmo sabendo que são ineficazes, o chato mesmo é ver a robalheira, e mais chato ainda ver que isto não vai mudar nunca. É cultural.
      Uma vez eu fiz um gato de TV à cabo em um prédio onde morava, dis depois sentei na frente da TV e pensei: vou ficar falando mal dos políticos e ficar fazendo a mesma coisa que eles? Na mesma hora levantei do sofá e fui lá desfazer o cabo. Anos depois me peguie baixando músicas e filmes na internet, pensei assim, que legal, nunca mais preciso gastar dinheiro com DVDs e CDS (e olha que gastei muito dinheiro com isto, tenho uns 600), depois veio mais uma crise de consciência e nunca mais baixei nada.
      Não vou dizer que sou santo, mas tenho procurado agir da forma correta, se todo mundo parasse de querer levara vantagem em tudo teríamos uma país bem melhor.

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    10. Como disse, o pessoal critica sem sequer conhecer o programa.
      Para a família receber o BF ela deve primeiro ter filhos em idade escolar. Ou seja, não é qualquer família.
      Segundo, os filhos devem estar na escola. Essa é a contra-partida, para os que dizem que não há.
      Terceiro, ele tem fim, que é quando a criança sai do universo dos beneficiados pelo programa.
      Se os pais utilizam o valor do BF para viverem dele, problema não é do governo. Mas que o programa é útil, isso com certeza. Eu fiscalizo isso e vejo que as crianças pobres estão na escola.
      Além do BF, a CGU fiscaliza várias outras coisas, Saúde, Transporte (inclusive escolar), PAA - Programa de Alimentação do Pequeno Agricultor, Regularidade de Licitações e Contratos, enfim, tudo que tenha dinheiro público federal.

      Querem criticar, critiquem, mas pelo menos tenham conhecimento do programa para não criticarem por criticar.

      Valeu Soulsurfer (não voltarei mais com esse assunto para não ficar esse bate e volta de argumentações).

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    11. Amigo da CGU, desculpe-me, não quero em absoluto criticar a importância de seu trabalho. O texto acima apenas é para retratar o que penso sobre as premissas alegas (e diga-se de passagem válidas) e a grande impossibilidade de uma eficiente gestão se realmente a contrapartida está sendo seguida.

      Mais do que isso, critico a forma inescrupulosa como este benefício vem sendo usado pelo PT como propaganda política, deixando-os reféns para que votem sempre na corja, pelo receio de extinção do mesmo.

      Uó, pagaria com prazer a enorme carga tributária (muitíssimo maior que a do Canadá), caso recebêssemos 30% dos benefícios que o Canadá ou outro país de primeiro mundo socialmente responsável repassa aos seus cidadãos.

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    12. Guardião, o seu texto sobre o BF é interessante. Eu concordo com algumas coisas e não com outras. Pretendo escrever sobre o programa num post dedicado apenas a este assunto, mas gostaria de pesquisar um pouco, pois lembro quando pesquisei descobri coisas sobre o programa que contrariavam várias ideias predominantes.

      UB, você sabe que no tema prazer no trabalho eu sou seu fã! Depois que você escreveu que aos 80 anos queria diminuir a carga horária para 4 horas por dia, eu falei caraca esse aí deve gostar muito do que faz. Você é um felizardo! Como já te disse, investimentos é apenas um detalhe, gostando do que faz, sendo competente, e ainda manjando de investimentos e com décadas de investimento, vai deixar algumas dezenas de milhões de reais (já descontado pela inflação, e esperamos que a moeda dure até lá né!) para os seus futuros pimpolhos!).

      Sobre o seu exemplo da TV a cabo, filmes, nada a acrescentar. Ótima e digna a postura.

      Abraço!

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    13. Quando for escrever sobre o BF, Soul, elenque como o BF empodera as mulheres, uma vez que, com esse pouco dinheiro, recuperam sua dignidade e pegam para si a responsabilidade de chefiar uma casa, seja pondo seus parceiros para fora (por N motivos: para se livrar de um agressor, um inútil ou beberrão...), seja assumindo sua condição de mãe solteira com mais tranquilidade. O BF é, antes de tudo, uma forma de empoderamento da mulher pobre. Ser contra isso é, no mínimo, sexista.

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    14. Ótimo ponto, um pouco na linha do que pensa um dos humanos mais brilhantes ainda vivo, o Sr. Yunus de Bangladesh. Não tinha parado para pensar nesse ponto, mas vou refletir.
      Agora não acho que o pessoal aqui esteja com uma postura "sexista", não vamos transformar esse tema que já às vezes um "capitalismo x socialismo" num "homem x mulheres", porque daí fica polêmico demais e difícil ter uma visão mais equilibrada.

      Abraço!

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    15. Pois é Sô, aposentadoria não pode ser sinônimo de ficar parado olhando o tempo passar, veja o caso do Oscar Niemeyer, trabalhou até os 100 anos de idade.
      Abraço!

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    16. Claro, UB! A vida tem tanta coisa para fazer, ver e aprender, que realmente não consigo entender as pessoas que tem medo de IF ou aposentadoria por achar que vão ficar sem fazer nada.

      Abraço!

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    17. O problema do bolsa família não é a ideia em si, e sim que é um programa de transferência de votos pelo modo como ele é feito. O PT não quer transformar o programa em programa de estado, quer deixa-lo sempre vinculado ao PT. E assim a população pobre sempre votará no PT, pois ficará com medo de perder seus programa sociais.

      Como disse Ronald Regan: "O sucesso de um programa social se mede pela quantidade de pessoas que de lá saíram e não que entraram".

      E quem quer sair do bolsa-família? O PT nunca diz "milhões saíram do bolsa-família, pois agora não precisam mais".

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    18. Olá, colega.
      Você razão que há esse efeito colateral indesejável, e pode sim ser explorado com efeitos meramente políticos-partidários.
      Entretanto, creio que o tema ainda merece uma reflexão com mais vagar.

      Abraço e grato pelo comentário.

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    19. Soul,admiro bastante os seus conhecimentos. Você considera o cargo de oficial de justiça federal como conquista da semi independência financeira? E o cargo de auditor da receita federal? Na sua opinião, qual o melhor cargo e por quê? Ass: Broj

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    20. Olá, grato colega.
      São dois cargos bem distintos. Um é vinculado ao Judiciário da União e outro ao Executivo Federal. Geralmente, os servidores do Judiciário da União são mais bem "tratados", já que que o Judiciário possui autonomia orçamentária. Porém, o cargo de auditor da receita federal do Brasil paga bem e possui relevância, sendo considerado uma das carreiras típicas de Estado.
      Com certeza a função de um auditor fiscal é mais complexa.
      Ambos os cargos possuem um salário bom, creio que é bem possível formar um patrimônio trabalhando nesses cargos se a pessoa não consumir toda a sua renda.

      Abraço!

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    21. Obrigado,Soul. Broj

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    22. Olá, sou Oficial de Justiça Federal, cargo que pensei ser passageiro mas que se tornou minha carreira! Gostaria de fazer alguns apontamentos ao comentário do soulsurfer:
      1) Ser bem tratado depende muito da chefia. Sei que o comentário é de 2014, mas hoje, com um PL aprovado pelo Senado e vetado pela Mulher Sapiens, sem que o autor do projeto sequer defenda seu trabalho, pode-se dizer independência financeira num estado aparelhado é letra morta na Constituição;
      2) Assim como existe magistrado que só assina a sentença produzida pelo servidor, também devem existir Auditores que nada de complexo fazem, deixando o pior para os analistas tributários. Ao passo que o cumprimento de alguns mandados requerem conhecimentos que extrapolam o campo jurídico. Mas claro que, num geral, o ARFB tem mais trabalho.
      3) Quanto ao salário, nominalmente a Receita paga mais, no entanto a diferença não chega a R$ 1.500,00 líquidos, no início da carreira.
      4) Por fim, penso que o decisivo é a satisfação com o serviço. Acredito que a realização seja maior como Auditor Fiscal, pelo status de ser uma carreira de Estado, sendo os donos da casa chamada Receita Federal. Sem contar a satisfação de ver um sentido concreto em seu trabalho, com resultado real, que é o tema do post, algo muito difícil de se enxergar no exercício do meu cargo, que não carrega brilho ou prestígio.
      Apesar de tudo, sinto-me muito satisfeito e sou muito orgulhoso do que faço, razão pela qual não tenho motivação de estudar para outro cargo "melhor" (na visão de quem está de fora).... Vai entender, né?!

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    23. Olá, colega. Para mim a atividade de oficial de justiça é subestimada, mas sem razão. Quem faz o processo realmente andar em fases críticas é o oficial de justiça. Sendo assim, reconheço o papel importante.
      1) Acompanhei que houve um projeto aprovado favorável aos servidores do judiciário, mas realmente não sei quais são os termos. É verdade, depende da chefia;
      2) Creio que não podemos comparar em complexidade o trabalho de um ARFB com o de um juiz, independente de eventuais delegações e de "matação" por parte do magistrado;
      3) Não estou a par dos salários de nenhuma das carreiras;
      4) Se você se sente satisfeito e vê um objetivo naquilo que faz, isso é o que importa.

      Grato pelo comentário e abraço!

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  2. Soul, concordo com seu texto, mas não consigo concordar com a premissa da segurança que existe no cargo público. Isso em minha opinião desvirtua todos os conceitos de meritocracia, o que é danoso para toda a sociedade.

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    1. Ah, não foi um juízo de valor, foi de fato mesmo. Concordo contigo, e eu depois de feito o texto, esqueci de comentar o importante assunto da meritocracia.
      A meritocracia deveria ser encarada de maneira diversa na esfera pública em relação à privada, pois são funções distintas. Entretanto, com certeza faria muito bem ao Brasil um choque de meritocracia no serviço público. Como fazer isso? Difícil, mas desde 88 as coisas gradualmente vem melhorando, em que pese o pessimismo médio do brasileiro com os serviços públicos.

      Abraço!

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    2. Eu penso existirem no Brasil 2 grandes problemas neste tema mais importantes que a estabilidade dos servidores concursados:

      1 - a falta de critérios para a criação e preenchimento de cargos em comissão;

      2 - a manutenção dos Cartórios para cumprir serviços que, quando não são totalmente desnecessários, poderiam ser prestados de forma gratuita pelas Prefeituras.

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    3. Minha esposa é funcionária do estado de Minas Gerais, não é concursada ainda mas é objetivo dela. Mas à partir de tudo que ela me conta, dos funcionamentos da máquina, dos comportamentos das pessoas, eu já concluí que não estaria feliz trabalhando para o estado, mesmo ganhando um bom $$$. Não sei como são as outras repartições, mas acho que não muda muito. Tambpem não seria feliz trabalhando em uma grande empresa privada, tipo uma AMBEV da vida. Meu modelo de felicidade está calcado em sucessos recentes como o do Mark do Facebook, Steve Jobs da Apple, ou seja, estaria realizado vendo o mundo todo usufruir de algo criado por mim, isto sim é realização, criar algo que torne o mundo mais intgeressante e divertido.

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    4. Uó, o seu blog, com belas análises, bem como o do Soul já são em grau reduzido uma grande fonte de inovação e benefícios para a blogosfera. Tudo bem que não é de alcance maciço como o Facebook, mas...

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    5. UB, sábias palavras, amigo. Esse era um pensamento que vinha me atormentando há muitos anos, e se intensificou muito nos últimos dois anos. O sentido da realização, de fazer algo para o próximo, seja ajudando num campo de concentração no Congo, seja inventando algo que vai revolucionar alguma área de tecnologia, seja ensinando crianças a ser bons cidadãos, seja criando um blog com um alcance minúsculo como o meu, o seu e o do guardião e que de alguma maneira possa ajudar alguém.
      Eu fiquei muito feliz quando o amigo Green Future disse que eu ajudei ele a fazer boas escolhas em FII, que isso poupou dinheiro e fez ele fazer escolhas acertadas. Fico muito contente em poder ter ajudado alguém que eu nem conheço pessoalmente.

      Obrigado amigos!

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    6. Pois é Sô, acho que vc está fazendo um bom trabalho por aqui, sem dúvida o título do seu blog diz tudo, você é um pensador e sabe expor as idéias de forma muito clara. Parabéns pelo trabalho!

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    7. Obrigado, amigo!
      Também gosto muito da sua contribuição, principalmente a sua sempre presente educação.

      Abraço!

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    8. Interessante o cara 13 mil fazendo trabalhos burocráticos para o governo que não contribuem em nada para o aumento da riqueza do país, aí vem elogia o bolsa família, que paga um miséria para que os pobres não morram de fome e se sente orgulhoso por isso. Ele não enxergar que para pagar seu alto salário, o estado cobra impostos altos sobre alimentação, vestuário, transporte, etc, etc, etc. E que de forma indireta, o estado transfere renda dos mais pobres para ele. Quanto mais pessoas como ele existirem, mais impostos o estado cobrará para poder sustentar.
      Não sou lunático de achar que não há funções importantes a serem exercidas pelo estado, mas acho engraçado que alguém que ganha 13 mil para fazer um trabalho que não deve ser nada complexo, no máximo exigir conhecimento sobre legislações e tramites processuais, achar que está ajudando no combate a pobreza por que fiscaliza a distribuição de esmolas pelo governo.

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    9. Olá, colega.
      Suas indagações são pertinentes. Realmente a carga tributária e a disparidade que pode haver entre algumas funções públicas x funções privadas realmente é algo para se pensar.
      Grato pela participação.

      Abraço!

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  3. O texto mais lúcido sobre funcionalismo público (só pra variar Soulsurfer kkkkkk). Posso falar com propriedade pois sempre trabalhei em empregos públicos desde o começo da minha carreira. Inclusive já deixei um concurso onde ganhava X, para ganhar X/2 apenas por não ser feliz e não ver o resultado do meu trabalho.

    Acho que a questão dos incentivos varia muito, por exemplo um funcionário do BB trabalha o dia todo pensando em meta e bem ou mal existe a meritocracia. Ah, mas o BB é um inferno! E a AMBEV é tranquila? Não tem meritocracia nas promoções (e aquele puxa-saco ou a bonitinha que não tem competência mas são promovidos nas empresas particulares?). A RF também tem metas, bem como os juízes (não sei se todo mundo sabe mas zerar aqueles processos eternos é um dos critérios para promoção para desembargador). Lógico que na diretoria do BB, nos grandes tribunais, na chefia da RF muitos critérios são políticos, mas não estou falando de minorias e sim da grande maioria.

    Outro aspecto que me levou a escolher a carreira pública é sem dúvida a questão capacidade x oportunidade. Digamos que o cara resolve ser bancário melhor prestar um concurso ganhando 2x no BB ou fazer uma entrevista no ITAU para ganhar x?

    Aí a maioria do pessoal da net mete o pau porque esse mesmo cara no BB é um sanguessuga e no Itaú é um herói trabalhador gerador de riqueza.

    Esse mesmo Trade Off se aplicaria à um contador x auditor da receita, advogado x promotor. Ou seja, se a pessoa tem potencial pra passar em um concurso cabe a ela decidir onde vai alocar a sua competência.

    Por fim fica a ressalva que o serviço público tem muito a evoluir no país, bem como TODOS os demais aspectos da sociedade. Está na hora de construirmos soluções ao invés de ficar sempre apontando culpados.

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    1. Perfeito Sr. $$$.... Os nossos gestores mesmo os da iniciativa provada, estão ainda engatinhando e têm muito a aprender.

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    2. Olá Sr. $$$!
      Claro, não podemos exigir essas escolhas das pessoas. As pessoas vão querer aumentar os seus benefícios. Se a sociedade dá muitos incentivos para o setor público, por exemplo, como no seu caso de um contador x auditor da receita, se um contador ganha x e na receita vai ganhar 3 x, é claro que ele tem que ir atrás daquilo que é melhor para ele. Entretanto, a sociedade como um todo, o Estado, deve por meio de incentivos negativos e positivos, tentar alocar da melhor maneira os recursos escassos. Esse é o ponto.

      Você tocou num ponto interessante. Há uma meritocracia fantástica no serviço público, principalmente os federais, que é o concurso público. Você pode ser mulher, deficiente, de uma minoria étnica, mas o fato objetivo é que se esforçar você pode chegar em qualquer cargo. Isso talvez não seja tão igualitário na iniciativa privada.
      O problema é que depois que você está lá dentro, a meritocracia diminui, e em alguns cargos e situações, ela desaparece, o que causa distorções imensas.

      Valeu pelos elogios, amigo! É segunda vez que elogia, e fico bem agradecido mesmo pelas palavras de incentivo.

      Abraço!

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  4. 01. Tenho uma prima que o filho estuda no COC (escola particular) e ganha borsa família.

    02. Conheço uma empregada domestica que recusa ter registro na carteira, para não perder o borsa família.

    03. Todo mundo já escutou a dificuldade de empresas e hoteis de arrumar mão de em região carente, alias, se estamos vivendo o pleno emprego igual o governo tando vocifera, porque tem tanta, mas tanta gente mamando na teta do governo sem trabalhar?

    http://economia.terra.com.br/noticias/noticia.aspx?idNoticia=201005161110_RED_78971439

    http://www.josepastore.com.br/artigos/em/em_018.htm

    http://www.campograndenews.com.br/cidades/empregos/falta-mao-de-obra-e-empreiteira-traz-haitianos-para-atuar-em-ms

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    1. É cultural, o brasileiro dá jeitinho pra tudo, não é borsa familia que vai mudar isto.

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    2. Então porque tem brasileiro ladrão não vamos incentivar ninguém levar os filhos para a escola.
      Beleza!
      O certo é isso mesmo.
      Deve ser por isso que países de primeiro mundo copiaram o programa.

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    3. O que o Boteco Bom quer dizer é que a fiscalização da contrapartida é falha; que o povo se acomoda; que uma massa cada vez maior de brasileiros irá se encostar nos benefícios gratuitos e infinitos do governo e que um dia a casa cai : ou com uma revolução de quem sustenta o sistema, ou pelo colapso que inevitavelmente esse ciclo perverso levará.

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    4. Guardião na verdade o que vejo no nosso país hoje é que estamos esbanjando agora e as gerações futuras pagarão o preço. Esses cupons altíssimos do TD agora serão pagos pelos impostos dos nossos filhos (em um ciclo onde a carga tributária nunca irá baixar).

      Da mesma forma essa meninada que está indo pra escola agora graças ao BF não terá a vida mansa que os pais (aguns obviamente, sem generalizações) estão tendo. Mesmo que o ensino seja ruim, eles terão como sair e fazer uma uniesquina financiada pelo FIES e ProUni. E depois irão ralar a vida toda pra bancar os gastos que o governo está tendo agora através de impostos (seja na iniciativa pública, privada ou como empreendedores).

      Me preocupa um pouco qual vai ser a reação desse pessoal ao lembrar que seus pais tiveram uma vida muito mais tranquila do que eles. Particularmente não gosto de me endividar, menos ainda de endividar quem ainda nem nasceu, mas parece ser o rumo que o governo está tomando.

      Acredito que esses cupons altíssimos seriam interessantes se o investimento em educação fosse maciço, porque a geração de riqueza seria exponencial através do acúmulo de capital intelectual, mas não parece ser o caso. Na verdade esse dinheiro está sustentando os gastos da companheirada que tenta se perpetuar no poder.

      Não vejo boas coisas pras próximas gerações, espero estar enganado.

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    5. Colegas, vou escrever sobre o bolsa-família, mas antes vou dar uma atualizada em pesquisa que fiz uns dois anos atrás.
      Eu entendo o que foi apontado pelo Boteco Bom (que nick hein companheiro!), bem como o Mobral.
      Entretanto, não é porque alguém compra um atestado médico, que vamos extinguir o direito de um trabalhador adoentado receber seja do empregador, seja da previdência, por exemplo. Logo, os exemplos citados são importantes para se refletir e fazer ajustes no caminho, não são, em minha opinião, prova de que algo está condenado ou é falho. Se esse fosse o argumento, deveríamos acabar com os benefícios previdenciários por incapacidade, pois custam muito, mais muito mais à União, e há muita, mais muita fraude.

      Abraço!

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  5. Soul , belo texto, como sempre!

    Mas o texto do Guardião foi excepcional, vou copiar e guardar! Bela descrição do BF !

    O BF pode ser barato como gasto direto, mas é muito caro como mensagem que o Estado passa para a sua população.

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    1. Obrigado, fico feliz de ter expressado o que penso de uma forma compreensiva

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    2. RoentgenRX,
      O guardião é nível alto de discussão, aprecio bastante trocar ideia com ele.

      Valeu pela mensagem!

      Abraço!

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  6. Post mítico Soul! E uma bela discussão. Entre defensores do setor privado e público sempre cada um irá acabar por olhar para o próprio umbigo pois as crenças de cada já fizeram com que suas respectivas escolhas fossem feitas. No entanto meus amigos, deixo aqui, assim como fez o nosso amigo Soul, uma dica de leitura EXTRAORDINÁRIA relacionado ao tema e que fará com que vocês façam análises e tirem conclusões interessantes a respeito do funcionarismo público e privado. De fato um dos melhores livros que li até hoje e que faz análises baseadas em fatos e dados sobre o setor público e o setor privado no Brasil e no mundo, indo da Rússia czarista ao Brasil de hoje. Ele se chama PRIVATIZE JÁ de autoria do Rodrigo Constantino. Um livro fantástico que merece ser lido por todos os brasileiros.
    Parabéns pelo blog Soul! Dei uma olhada rápida nos posts e são realmente excelentes. Suspeito fortemente que você seja um economista rsrsrs. Obrigado também pelo excelente comentário feito no meu ultimo post.

    Ciclista Investidor

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    1. Olá Ciclista!
      Tem um amigo meu, irmãozão, que é louco por ciclismo. Ele foi para Utah/EUA naqueles parques loucos fazer ciclismo. Lembrei dele com o seu post:)

      Olha, eu agradeço a indicação e realmente quero ler um livro do Constantino. Eu acho ele bem inteligente e preparado. A única coisa que me incomoda um pouco é a ferocidade das argumentações. Geralmente a sabedoria está em sabermos expor nossos pontos de vista de forma equilibrada. Além do mais, da forma que ele faz (muito influenciado pela Escola Austríaca- que diga-se de passagem possui muitas ideias interessantes) uma defesa quase intransigente contra o Estado, faz perder um pouco a credibilidade (posso estar enganado aqui, pois nunca li nenhum livro, só alguns artigos no blog dele e na Veja). O assunto do papel do Estado na sociedade, e na economia é antigo e complexo. Muitas pessoas boas com argumentos bons para vários lados. Portanto, quando defendemos apenas uma forma de ver algo tão complexo e com tantas minúcias, corremos o risco às vezes de cometer erros.

      No mais, grato pelas palavras amistosas e pela visita! Volte sempre.

      Abraço!

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  7. Concordo Soul, acompanho o Blog, mas é meu primeiro comentario. Vou comentar pra passar o que estou vivendo neste exato momento. Sou Engenheiro Civil, formado em dezembro de 2013, e há 6 meses já enviei mais de 130 curriculos, pela internet, por email, processo de trainee, contatos, amigos, conhecidos, fiz tudo que estava ao meu alcance, mandei curriculo ate para um colega meu que esta trabalhando na construção da usina de Belo Monte, não escolhi lugar para trabalhar, topava qualquer estado, MS, RS, MT, GO, RJ, SP, MA, PA, etc. Nunca tive nenhum retorno, e continuo procurando vagas diariamente. Nesse ínterim, prestei varios concursos publicos, fui aprovado em 2, e estou a poucos meses de ser efetivado num salário de aproximadamente 8 mil reais. Realmente eu trocaria esse salário e estabilidade por um emprego pela metade do salario em alguma cidade litoranea, surfando e perto dos meus familiares, só que vi que emprego tá difícil, logo vou continuar estudando pra passar em outro concurso onde eu queira morar. OBS: Formado numa universidade federal entre as 5 melhores do Brasil.

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    1. Existe gente que sonha com a conversa fiada do emprego privado. Bom é ser acionista/ proprietário. Pois acabou a época em que funcionário de multinacional/ empresa grande tinha vida boa, possibilidade de ascensão, tempo para encontrar com as amantes.

      Depois da queda do Comunismo, a coisa apertou, muita mão de obra barata apareceu, os salários, de modo geral, se achataram, então é melhor que os trabalhadores cortem custos, leia-se filhos, e comprem ativos. Pois o dinheiro sempre mandou no mundo, isso nunca mudou desde o Antigo Egito.

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    2. Primeiro Anônimo,
      Entendo a situação, e é como eu abordei no tópico. Minha formação é jurídica, mas num país onde se forma mais advogados do que engenheiros não é bom sinal. A China forma mais de 300.000 engenheiros, e tem gente que acha que a China, um país com história milenar, que era a grande potência mundial até o século XV, vai se manter a base de trabalho barato e produtos de péssima qualidade. Eles vão vir com tudo, estão investindo pesado em educação. Vai ser difícil segurar a China.
      Gosta de pegar umas ondas também? Tá cheio de surfista aqui pelos blogs de finanças, qualquer dia marcamos um campeonato da blogsfera! hehehe

      Segundo Anônimo,
      Não sabemos o que pode ser o mundo. Há modelos e modelos, a discussão é extensa e profunda. Entretanto, creio que há possibilidade de construirmos um mundo melhor, produtivo e onde as pessoas possam ter tempo para se dedicar a várias atividades importantes para o corpo e a mente, além do trabalho.

      Abraço!

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  8. Se levar em consideração os gastos com instrução, preparação e os custos com o pagamento dos concursos, viagens e hospedagens, fora o tempo e energia dedicado aos estudos, mais o tempo que leva entre a aprovação e a nomeação, passa a ficar mais claro que não é tão vantajoso assim ser servidor público.

    Se levar em conta também que não há depósito de FGTS e nem seguro-desemprego, se realmente fizer todas essas contas, verá que esse salário mais alto só passa a ser vantajoso a partir de uns 8 anos sendo servidor e que, se o sujeito não se aposentar na função, 35 anos depois, fazendo jus ao salário integral na aposentadoria, benefício que ele pagou caro para ter direito (11℅ do salário bruto, sem teto), passa-se a entender o tal salário acima da iniciativa privada.

    E é por que tantos servidores sonham dia e noite com a aposentadoria, mesmo estando tão longe dela: els ficam presos num ofício que desgostam nessa altura da vida, visto que não há indenização que a CLT garante à iniciativa privada.

    Enfim, não há almoço grátis, há sempre outros poréns a serem explorados...

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    1. Olá Domênico!
      Pontos interessantes. Entretanto, mesmo assim acho que alguns casos há distorções muito grandes nos salários entre a iniciativa privada e pública.
      Porém, você tocou num ponto chave: muitas pessoas falam que os servidores se aposentam com salários acima do teto, e que na iniciativa privada não é assim, e que é uma vergonha, mas ninguém menciona que o desconto no serviço público é sobre toda remuneração, não é sobre o teto.
      Assim, alguém que ganha 10 mil em carteira, é descontado uns 400 reais, do servidor público 1.100 reais. Se for 20 mil, o da iniciativa privada é os mesmos 400 reais, um servidor público 2.200 reais. Não dá para querer que os dois tenham o mesmo valor de aposentadoria, a não ser que você limite a contribuição, algo que o governo já fez com os novos servidores a partir de 2013, se não me engano.

      Valeu pela contribuição!

      Abraço!

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  9. É bom ser acionista da ABEV3, mas sofrer assédio moral e trabalhar AOS DOMINGOS, não deve ser algo assim tão prazeroso. Há pessoas que gostam muito da iniciativa privada por conta disso. Fico feliz e espero que elas tragam muito lucro para as minhas empresas, mas não quero ter chefe, quero o poder para mim, quero ser o Senhor do Castelo.


    Trabalhar muitas horas como Chefe é bom, faz bem ao ego, o corpo se enche de testosterona, sem contar com o prazer de ver a grana entrar diariamente.

    No entanto, ser empregado é meio chato, é estar de prontidão para resolver pepinos de outra pessoa, é ter hora marcada para chegar e, muitas vezes, não ter para sair. Sem falar o fato de ganhar mal.


    Entrei na bolsa para ter mais grana, e, com isso, ter mais qualidade de vida, mulheres, horário livre, vida mansa.

    Atualmente sou funcionário público, mas não fiz as regras do jogo. Compro ações minhas ações para viver dos dividendos daqui a 8 ou 10 anos.


    Mudando de assunto, muita gente no Brasil acha que o Medina ganha o campeonato este ano? Será que o Kelly Slater ainda vai ser um perigo?

    Abraços,

    Carioca

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    1. Olá Carioca!
      Fico feliz que tenha voltado a comentar aqui pelo blog!
      Claro, como bem lembrado, não são as pessoas que fizeram a regra do jogo, aliás são as pessoas, mas num sentindo mais amplo. Sendo assim, o meu tópico foi mais abstrato mesmo, não querendo colocar qualquer tipo de "responsabilidade" em quem quer que seja.

      Pô, não estou acompanhando de perto o WCT. Aliás, faz uma semana que não surfo, e nos últimos dois meses tô devagar, tem que voltar a focar mais no surf, muita leitura e pouca onda.

      Abraço!

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  10. Sou formado em direito e pos graduado em direito constitucional, tenho muita vontade de advogar, mas e coragem pra enfrentar o desafio do dia a dia? Trabalho como MOTORISTA, mas e dai? Ganho liquido mais de 10 mil por mes! Sera que vale a pena arriscar minha estabilidade para tentar ganhar mais na iniciativa privada?

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    1. Olá!
      Quem tem que decidir isso é você. Se atuar como motorista, mesmo após ter ficado tando tempo dedicado a uma área do conhecimento sem relação com a sua profissão atual, te traz conforto e sentido. Siga em frente. Se for com estabilidade e bom salário, melhor ainda para você.

      Abraço!

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    2. - NÃO LARGUE ESSE EMPREGO!!! Imagine: Se vc ganha 10 mil liquido, significa que dá uns 18 mil bruto, ou 240 mil por ano (incluindo férias + 13o). Isso sem preocupação, trabalhando de seg a sex, 10 meses e meio por ano e aposentadoria integral.

      Quantos advogados conseguem ganhar isso e desse jeito?

      Serviços público é só para a elite intelectual do nosso pais, quando que um motorista de verdade vai ter condições de disputar um concurso com pessoas altamente qualificadas como esse cara??

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  11. O problema do ser humano é o ser humano.... rs

    Muito bom texto, soul. Motivação é realmente importante! E MUUUUITO. É por isso que um bom líder sempre procura estimular a equipe.

    []s!

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    1. Valeu, Márcio!
      Com certeza, um grande líder não precisa ser um técnico primoroso ou ter um conhecimento muito excepcional (claro que noções da técnica e conhecimento são necessário), mas sim ter a força para liderar, e o que é muito difícil saber fazer com que pessoas com perfis, ideias, filosofias diferentes sejam guiadas para um objetivo comum.

      Abraço!

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  12. "A quantidade de pessoas que apenas pensam na aposentadoria, mesmo faltando 10/15 anos é gigantesca."

    Mas o real motivo não é o fato de "não conseguir extrair um sentido mais profundo do seu trabalho", e sim a preguiça. Se estivessem no Setor Privado seriam tão improdutivos quanto.

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    1. Olá, colega.
      É uma opinião, não partilho da mesma. Quando as pessoas acham sentido em uma atividade produtiva, a maioria delas, fazem de bom grado, em minha opinião.

      Abraço!

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  13. O que mais me incomoda no serviço público é a falta de material, de cadeira... no meu setor não tem janelas!!! 30m2, ar condicionado e 0 janela :(

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    1. Olá, colega!
      É verdade, há setores da administração, a minoria, que possuem estrutura muito boa: Judiciário, Ministério Público e alguns órgão de cúpula da Administração Federal e Estadual.
      Boa parte dos servidores não possuem qualquer estrutura. Basta às vezes entrar numa delegacia da polícia civil, e ver que algumas estão simplesmente caindo aos pedaços. Bom ponto.

      Abraço!

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  14. Led Z, sem dúvida a melhor banda de rock de todos os tempos!

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  15. Excelent post! Também sou funcionário público municipal, e vejo muito do que você disse na prática. O meu cargo até que não sofre de muitas das mazelas que você citou, mas vejo colegas e outras secretarias que são exatamente assim.

    Também concordo com o guarda quando ele diz que o benefício do BF deveria ser finito. Muita gente realmente se acomoda com esta ajuda e isso não é benéfico para ninguém, a não ser a classe política.

    Não conhecia seu blog, mas este texto já me conquistou como fã!

    Abraços!

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    1. Obrigado pela visita Investidor Casado!
      Creio que o BF possui muitas facetas, e pretendo abordar num artigo específico.

      Abraço e sinta-se à vontade para comentar mais vezes.

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    2. Eu até aceito que pessoas que vivam em regiões extremamente pobres, nas regiões afastadas dos grandes centros urbanos, como no sertão nordestino ou nas áreas afastadas do norte e centro oeste, recebam um auxílio do governo para não passar fome. Esse é o ponto. O bolsa família é para evitar que pessoas morram de fome, o que para mim é inadmissível.
      No entanto tem dois aspectos que eu discordo no bolsa família:
      1° Pessoas jovens, na casa dos 20, 30 ou 40 anos e que vivem nas grandes cidades receber o benefício por prazo indeterminado. Nessas regiões os benefícios sociais deveriam estar condicionados a essas pessoas participarem de curso de qualificação e deveriam ter prazo máximos de duração. O governo poderia inclusive, após a qualificação, lançar um programa de microcrédito para incentivar o empreendedorismo. O fato de ser finito e de saber que iriam ter um crédito para começarem algo poderia incentivá-las a aprender um profissão, aprender a prestar um serviço etc.
      2° Outro aspecto que acho negativo é o incentivo a maternidade irresponsável. O benefício pode a ter se por número de filhos que a pessoa possui, mas ficará fixo por número de filho até a data que a pessoa se inscreveu no programa. Nada de aumentar o benefício caso a pessoa tenha outro filho.
      Programas sociais são necessários, principalmente no nosso país que vem de um longo histórico de exclusão. Mas os programas não são um fim em si mesmos, mas sim um meio para que as pessoas possam progredir e passar a viver de seus próprios esforços.

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    3. Olá, colega.
      Bela reflexão. A ideia número um é bem interessante. Eu adoro o conceito de microcrédito e sua aplicação em comunidades mais carentes.
      Abraço!

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  16. Até o chato do Troll já falou desse fato, de pessoas super bem preparadas no serviço público que procuram hobbies por falta de sentido no trabalho e na vida.

    Não conheço Brasília, mas já li reportagens sobre o consumo de drogas ser alto por conta dessa alienação, da falta de sentido. Pelo que lemos acima, deve ser esse um dos motivos. Não há prazer no trabalho, então busca-se em outros lugares.


    Um pequeno empresário vê sua fábrica ou sua loja crescer todo santo dia, o dinheiro entra, ele sabe que o esforço se transforma em lucros, isso é motivação para trabalhar 12 ou 14 horas por dia. De outro lado, muitos funcionários não enxergam utilidade no seu trabalho, nem veem crescimento nas suas vidas.


    Acredito que foi por isso que vários estão buscando a bolsa de valores, para ter algo de valor para se orgulhar.

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  17. Soulsurfer,

    Este post foi bem comentado, não? Alguns no tema, outros fora, tentativas de trollar... rsrsrs

    Primeiramente, uma historinha. Quando fazia o primeiro ano do ensino médio (1969) tive um professor de matemática que era meio esquisito, quero dizer, um com forma de agir um tanto fora do padrão de outros mestres. Não era somente eu que tinha essa impressão mas boa parte da classe de aula. No primeiro mês ele já chamava atenção da classe inteira pela maneira de explicar. Falava com se estivesse discursando... algo estranho a todos. Mas conseguia manter a atenção da classe de uma forma pouco usual. Quando terminava uma explicação, de forma calma e humilde ele dizia: "Vamos agora fazer um circulo com as carteiras da classe e eu vou ficar no meio para explicar de novo o assunto para aqueles que não entenderam". A classe vibrava pois ele era ”diferente”. Certa vez um aluno mais corajoso perguntou: "Por que o senhor dá a sua aula com um estilo todo pomposo na voz”? Ele respondeu: "Ah… sim, é porque eu sou advogado criminal e habitualmente tenho que falar em tribunal para os jurados e juiz". Aí o aluno perguntou de novo: "Se o Sr. é advogado por que dá aulas de matemática?" Ele de forma humilde disse: "O meu ganha pão é a advocacia mas acontece que eu amo a matemática!" Esse momento foi mágico - todos travaram - por alguns segundos podia-se ouvir só ruídos externos ao ambiente da aula...

    A alma do post está centrada em "busca de sentido" e a frustração quando não se enxerga o "propósito" (sentido) do que se faz. Na minha opinião, este problema não permeia somente a função pública. As empresas privadas estão lotadas de pessoas com o mesmo problema. E creio que o percentual de pessoas frustradas seja praticamente o mesmo, tanto na empresa privada como na pública. Na minha ótica e experiência de vida, enxergo assim: O que de fato ocorre é que, as pessoas dificilmente correm atrás daquela profissão/atividade que seja mais adequada ao seu perfil (tipo) psicológico. Mas sim atrás do que o mercado oferece (disponibilidade) em matéria de atividade/função. E claro, salário. Mas de onde tirei essa conclusão?

    Em 2003 tive a grata experiência de tomar conhecimento, e passar por uma avaliação, de uma ferramenta chamada MBTI (Myers-Briggs Type Indicator) que foi construída embasada em teorias de Carl Gustav Jung. (Veja abaixo as referências). Para acompanhar o meu raciocínio mais abaixo você terá que ler pelo menos o artigo do primeiro link.

    http://tinyurl.com/cvq6dn8

    http://tinyurl.com/34svn8u

    Como você já deve ter lido logo no primeiro parágrafo da página do primeiro link, existem algumas correntes dizendo que tal ferramenta não foi rigidamente validada. Mas o que te posso dizer é o seguinte. Primeiro, as grandes empresas a usam. Creio que seja a ferramenta mais usada entre seus pares do mercado, para este fim. Em segundo, no ano de 2003 foi feito uma avaliação com 200 e poucas pessoas na empresa em que trabalhava, incluso o grupo de 50 pessoas que trabalhavam na área industrial sob a minha responsabilidade. A primeira coisa que impressionou a psicologa que aplicou os testes, foi o fato que em minha área apareceram os 16 tipos de perfil. Mais tarde eu soube, depois que tinha saído da empresa, que esse resultado, terem aparecido os 16 tipos, era normal pelo tamanho da amostragem (51 pessoas comigo). Em resumo, esse teste indica se as pessoas "tem o perfil psicológico certo no lugar certo" (na função que ora ocupam). Em outros termos, se o perfil psicológico delas é coerente com a atividade que executam. Ainda, se elas estão dentro de "sua zona de conforto" no ambiente de trabalho.

    (segue...)

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  19. seguindo...

    Agora vou falar de minha experiência pessoal. Sempre gostei muito das atividades que executei dentro de áreas de produção em industria de petróleo/química/quimico-metalurgica/petroquimica. E olhe que percorri , ao longo de minha carreira profissional, o caminho da linha de frente (executante) até a linha de comando (gestor). O fato é, tive a "sorte" de sempre exercer um trabalho que deixava-me confortável, psicológicamente falando. Agora ao MBTI. Depois que me foi aplicado o questionário do MBTI, e juntamente com a descrição de minhas atividades que estava em mãos da psicóloga, tive uma entrevista com ela. E ela disse-me que o resultado tinha sido algo surpreendente. E que ocorria somente com 3 a 5 % da pessoas, pela base estatística que ela tinha. Eu era uma pessoa que tinha um pefil (um dos 16) mais adequado para as atribuições do cargo que ocupava. Outra coisa a qual ia me esquecendo. Antes desta entrevista, ela passou-me uma descrição do que seria o meu perfil (INTJ) e perguntou se eu me "enxergava" com aquela descrição. Eu disse que sim. Em 80 a 90 % das afirmações do texto. Ela disse-me também que em uma população grande de pessoas já testadas, a resposta era sempre a mesma: acima de 80 %. Em quaisquer dos 16 tipos.

    Enfim, Soul… Passamos 8 horas dormindo, 8 a 10 horas no trabalho e 6 a 8 horas fora deste em convívio social com a família e ou amigos e colegas. Logo, o tempo tomado pela atividade laboral deveria ser prazeroso. Mas infelizmente não é assim. Como outras coisas na vida, a distribuição estatística, se fosse medir o nivel de prazer no trabalho, obedece uma curva gaussiana (curva normal) onde 3 a 5 % detestam o que fazem, 90 % acham ”que faz parte” e finalmente 3 a 5 % amam a sua atividade. Creio que acharemos a mesma distribuição em atividades de agentes autônomos e micro empresários. Concluíndo, o problema não está na atividade mas sim na pessoa que não é adequada à atividade. E por que as coisas são assim? Por que temos que passar 1/3 de nossas vidas carregando um fardo de insatisfação (a maioria das pessoas)? Soul, infelizmente não tenho a resposta.

    Se quiser saber mais sobre MBTI veja os links abaixo. Nos dois, (fontes diferentes) aparece a descrição de como são as pessoas nos diferentes 16 tipos.

    http://tinyurl.com/lslsxny

    http://tinyurl.com/oqyngez

    Por fim, segue link de um livro que li há uns 10 anos. O livro tem em seu cerne a questão, de por vezes, a sociedade cristalizar certos paradigmas usando relações enganosas de causa/efeito (Freakonomics - O lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta).

    http://tinyurl.com/mt99bxa

    Abraço grande,

    Carlos






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    1. Carlos, ia comentar o seu comentário, mas não vou fazê-lo.
      O que você escreveu foi sensacional e apenas me resta agradecê-lo por ter escrito. Agradeço também os links disponibilizados, vou ler com calma, pois é um tema que muito me interessa.
      O seu relato foi muito bacana, grato mesmo.
      obs1: que história bacana essa do seu professor de Matemática. Aliás, como as aulas eram diferentes na década de 60 hein? Será que uma cena dessa ocorreria em alguma escola pública atualmente?
      obs2: eu adoro o freaknomics, a forma como ele aborda os problemas. É uma forma de inspiração para mim. Já li os dois livros do autor;
      obs3: poxa, acho que estou entre os 3/5% que não gosta do que faz;


      Grande abraço!

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