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sábado, 29 de novembro de 2014

FINANÇAS - MARKET DEPTH: SOBRE TUBARÕES, SARDINHAS E DARK POOLS

         Olá, colegas! Por razões profissionais estive em Brasília e tive a oportunidade de visitar o nosso Congresso Nacional. É uma experiência bem interessante. Todos deveriam ter essa oportunidade. É meio assustador e deprimente o que eu vi na Câmara dos Deputados. No salão verde, o líder do governo no congresso estava dando uma entrevista e o tema era a alteração da LDO. As perguntas dos jornalistas eram tão fracas que achei aquilo chapa branca demais. Um pouco indignado com a situação,  me aproximei dos jornalistas e estava pronto para fazer uma pergunta mais dura sobre o tema, como cidadão, mas a entrevista encerrou-se.  Ficou a impressão de que não se fazem perguntas difíceis a políticos, seja por arranjo, ou por despreparo dos jornalistas. Porém, o artigo hoje não é sobre cidadania e política, mas sim sobre um conceito de mercado financeiro e uma realidade americana que não deixa de ser um pouco assustadora, nos remetendo à célebre classificação de “sardinhas” e “tubarões” para o mercado financeiro.

                O conceito diz respeito ao market depth.  “O que seria isso, Soul?” alguém pode perguntar. Uma tradução literal seria “profundidade do mercado”. Há algumas definições para market depth dependendo a perspectiva que queira se adotar, porém uma conceituação simples poderia ser a seguinte: o market depth mede a quantidade de unidades financeiras necessárias para alterar uma unidade de preço.  “Ficou confuso, Soul”.  É fácil. Vamos supor uma ação vendida em bolsa como a BBAS3. O market depth tenta medir qual é a quantidade financeira suficiente para impactar no preço do ativo numa transação.  Quanto menor for a variação de preço de um ativo, mais “profundo” é o market depth, quanto maior a variação mais "raso" é o market depth. Assim, uma compra de 10 mil reais em ações do BBAS3 talvez não tenha o condão de alterar significativamente o preço do ativo. Porém, uma compra de 100 milhões de reais com certeza alterará o preço do ativo de forma significativa. O mesmo raciocínio se aplica para a venda.  Logo, o market depth de uma ação como do Banco do Brasil é maior do que uma ação como a Eternit, por exemplo. Porém, deve ser menor do que uma Petrobrás. O conceito é parecido com liquidez, mas não se confunde com ele, pois se podem ter ativos líquidos, mas que mesmo assim ordens altas de compra e venda interfiram significativamente no preço do ativo.

                Ao preparar um pouco esse post e ler algumas definições estrangeiras sobre market depth da Wikipedia, investopedia, etc, reparei que se faz menção a pesquisas que associam uma alta correlação de market depth  com desenvolvimento econômico. Sem olhar essas pesquisas, creio que faz todo o sentido. Geralmente, market depth maiores estão associados com mercados financeiros e bancários mais sofisticados. Apenas países com grande desenvolvimento econômico desenvolvem mercados de capitais maiores. Países mais instáveis ou não tão desenvolvidos geralmente possuem mercados de capitais relativamente pequenos, inclusive em relação ao PIB. É por isso que o market depth do mercado americano como um todo é muito maior do que o market depth do mercado de Angola, por exemplo.

                “Ok, Soul, entendido, mas o que isso tem a ver com tubarões e sardinhas?” pode pensar um atento leitor.  Bom, quantas vezes não lemos em vários espaços da internet sobre "tubarões" se aproveitando de “sardinhas” deslumbradas. Inclusive para o restrito mercado de Fundos Imobiliários eu leio sobre isso, no blog do Tetzner são constantes esses comentários, muitas e muitas vezes. Colegas, não há como ter “tubarões”, se entendermos essa denominação como grandes investidores fazendo timing, em lugares com market depth reduzidíssimo como em Fundos Imobiliários. Simplesmente não faz o menor sentido, pois mercados assim são muito mais custosos e difíceis para “tubarões” do que para “sardinhas” e o motivo é muito simples.

                Lembrem-se, amigos, que market depth mede a quantidade de unidades financeiras necessária para alterar uma unidade de preço. Ora, se com poucas unidades financeiras se pode alterar diversas unidades de preço, o que significa um market depth “raso”, isso quer dizer que qualquer grande investidor num mercado como esse é mais parecido com um elefante numa loja de cristais.  Vamos supor que o famoso fundo verde com seus 10 bilhões sobre administração (e os seus 150 milhões em taxas anuais, olha tem que ser realmente muito bom para receber essa grana toda anualmente) reconheça que faz sentido investir 4% do seu patrimônio em FII. Vamos supor que o fundo verde queira fazer uma carteira diversificada de FII e vai alocar 5% em cada um de 20 fundos diferentes. Assim, cada fundo irá receber 20 milhões de reais (10BI x 0,04 x 0,05).  Vamos supor também que o fundo MAXR esteja na mira do genial fundo verde.  Com valores atuais de quota (algo em torno entre R$ 1.110 e R$ 1.150), o fundo teria que comprar aproximadamente 18 mil quotas de MAXR. Quem acompanha esse fundo, sabe que uma ordem dessa envergadura de compra faria que o preço disparasse tranquilamente para mais de R$ 1.250/1.300, e que uma ordem dessas de venda faria com que as cotas despencassem para menos de R$ 1.000,00 com toda certeza.

                O que isso quer dizer? Se o fundo verde adotasse essa estratégia de entrar em FII em 20 fundos, ele pagaria enormes spreads BID/ASK na ponta compradora e vendedora, talvez no total na ordem de mais de 20%. O que acontece se alguém paga spreads tão grandes assim? Simples, os retornos serão medíocres, muito menores do que uma “sardinha” que compra as suas três ou quatro quotas por mês ou em qualquer outra periodicidade.  Logo, o MAXR não possui um market depth adequado para “tubarões” se movimentarem. A esmagadora maioria dos FII são assim, tendo alguns pouquíssimos fundos com um market depth maior, mas em minha opinião nada que possibilite realmente grandes “tubarões” de se movimentarem. Assim, se o fundo verde quiser ter participação no mercado imobiliário, não será via FII provavelmente e muito menos no mercado secundário.

É bem difícil imaginar um tubarão se movimento no reduzidíssimo market depth dos Fundos Imobiliários Brasileiros.

                Isso quer dizer que não há grandes investidores se aproveitando dos FII? Claro que há, principalmente nos IPOs e quando há febre por um ativo. É aí que pouca gente ganha muito dinheiro na ingenuidade alheia (eu incluso). Logo, não faz muito sentido ficar falando em “tubarões” ou “sardinhas” para movimentos de preço nos mercados de FII, por exemplo.  Eu, na verdade, tenho profunda reticência com esses termos e os motivos são vários, o principal deles é que se as pesquisas mostram que investidores ativos profissionais perdem de um índice em sua esmagadora maioria, tem sentido mesmo falar em “tubarões” se dando bem, ou esses “tubarões” apenas estão coletando as gordas taxas de administração para fazer uma gestão que qualquer índice, ou alguma estratégia de escolha de ativos com alguns filtros fundamentalista faz mais facilmente,  melhor e mais barato?

                Portanto, para pretensos “tubarões” agirem eles precisam de market depth ou de no mínimo uma grande assimetria de informações como no caso das ofertas iniciais de valores mobiliários.  Poucas pessoas talvez saibam, mas no mercado americano está se formando as condições para criarmos um ambiente propício para que investidores poderosos tenham a capacidade de estar muito a frente de investidores amadores, e aqui começo a falar das Dark Pools, também conhecidas como Dark Pools of Liquidity.

                “Ué, Soul, saímos de finanças para falarmos de ficção científica? Esse nome Dark Pool parece algo saindo de um filme como Star Trek”. Mais ou menos isso, colega. Dark Pools são ambientes de negociação onde não é possível os compradores e vendedores ver o tamanho das ordens de compra e venda, e nem mesmo quem são os lançadores das ordens.  Como a prática é muito diferente do dia a dia de um investidor brasileiro (não há dark pools no Brasil, e suspeito que a CVM não autorizaria o funcionamento delas tão facilmente), demanda que reflitamos um pouco mais a respeito.


Li que esse livro, do já bem conhecido Michael Lewis, centra a sua atenção em Dark Pools e HFT (high frequency trading). Deve ser um livro interessante, gosto dos livros do Lewis. Se não me engano já há versão traduzida para venda.

                Mesmo em mercados muito consolidados como o americano, com um market depth profundo, grandes ordens de compra e venda inevitavelmente irão alterar o preço do ativo sob mira.  Se a empresa de Buffett resolvesse se desfazer de suas ações da Coca-Cola, ou ao menos de uma parte substancial de sua posição acionária, muito provavelmente o preço do ativo iria cair.  E se fosse possível colocar uma ordem de venda das ações da coca-cola sem que ninguém soubesse a quantidade e quem está por trás da ordem? Nesse caso, os impactos sobre o preço poderiam ser muito diminuídos. É nesse contexto que entram as Dark Pools. São plataformas de negociação onde as ordens não são visíveis, daí o nome Dark. Portanto, numa Dark Pool, a Berkeshire Hathaway pode lançar uma ordem de venda de 1 milhão de ações sem que ninguém saiba o preço pedido, nem mesmo de onde a ordem está partindo. Se houver uma ordem de compra de 50 mil ações, por exemplo, da Coca Cola na mesma Dark Pool, a transação será parcialmente feita, sobrando 950 mil ações para venda, porém ninguém no mercado (presumindo que não há vazamento de informações) saberá que ainda há essa quantidade para venda.

                “Soul, só um pouquinho, mas cadê o raio da transparência nisso tudo?” Pois é, colegas, essa é uma das grandes críticas que se faz a essas plataformas de negociação.  Existem diversos tipos de Dark Pools, e não vou aqui comentar a respeito, até pelo conhecimento não muito profundo que possuo do tema. Porém, a Goldman Sachs, apenas para citar uma das grandes instituições financeiras mundiais,  possui uma Dark Pool, sendo que a própria Goldman Sachs pode usá-la tanto na ponta vendedora como na compradora e não apenas na intermediação.  Essas plataformas são apenas para grandes investidores, aqui sim podemos falar  realmente de “tubarões” e de “sardinhas”, pois estas podem estar completamente desinformadas sobre o que está acontecendo com o preço do ativo, pois uma ação, por exemplo, pode ser negociada em uma plataforma pública e numa Dark Pool, ou várias delas, ao mesmo tempo.

                 Imagine um grande investidor querendo vender 10 milhões de ações do Banco do Brasil, ou seja, quase 300 milhões de reais em ações. Pense numa Dark Pool brasileira e essa ordem sendo lançada não via Bovespa, mas via uma Dark Pool. Ninguém irá saber, muito menos investidores amadores como nós os “sardinhas”.  Uma hora ou outra essa transação irá aparecer em algum lugar, seja para o fisco, seja em relatórios contábeis (o que pode demorar meses). Alguém pode imaginar o efeito que pode haver na cotação quando a notícia que um investidor gigante se desfez de grandes quantidades de ações?  Assim, os preços de negociação nos mercados públicos, como na Bovespa, podem ficar desatualizados com os preços realmente praticados nas grandes negociações feitas numa Dark Pool. Esse problema é a segunda grande crítica que se faz as Dark Pools. Num mercado assim, a chance de uma “sardinha” se dar mal é muito maior, e aqui talvez possa fazer sentido usar esses termos para investidores muito poderosos e investidores amadores.

                Aos que acham que isso não acontece em larga escala, há consultorias que estimam que as transações ocorridas em dark pools of liquidity devem estar na ordem de 30 a 40% de todas as transações feitas no mercado acionário americano. Esse é um número incrivelmente alto e vem crescendo de forma assustadora desde a crise de 2008.  O que irá acontecer daqui alguns anos ninguém sabe, porém o fato é que podemos estar criando um ambiente extremamente mais perigoso  e opaco ao pequeno investidor, muito mais suscetível de assimetrias ainda maiores de informação. Quem sabe essa grande novidade não chegue no Brasil em alguns anos? Tenho certeza que muitos gestores brasileiros adorariam a existência de dark pools.

Será que estamos construindo um "admirável mundo novo" financeiro com instrumentos de negociação como dark pools? Só o tempo dirá.

                É isso colegas, espero que tenham gostado do artigo. Abraço a todos!

                

37 comentários:

  1. http://www.cnbc.com/id/100424690#.

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    1. Legal, anônimo.
      Bom saber que o meu texto não ficou tão longe de um texto escrito por um especialista americano.
      Volte sempre com suas argutas observações.

      Abraço!

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    2. Muito pelo contrário.
      Se reler com mais atenção verá que o seu texto ficou bem longe.

      anon 1747

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    3. Hum, se reler o meu com mais atenção perceberá que não. Ah, e o texto que você citou é apenas uma opinião, não é uma resolução da SEC.
      Valeu!

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    4. Ok, se aceitarmos o seu primeiro comentário contraditório no qual alega que o seu texto não ficou longe do texto publicado na CNBC, se é assim, então o seu texto também não passa de mera opinião. Aliás, opinião por opinião, considerando o currículo do Keith Ross há de convir que o peso da opinião dele e bem diferente da sua já que admitiu em vários momentos que entende muito pouco do assunto. Já sobre a SEC, recomendo a releitura do dos itens 3, 4 e 6 da "opinião" do Keith Ross.

      anon 1747

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    5. Anônimo (é o Jonas, a Letícia, ou a Charlene, nunca consigo saber qual é),
      a) Claro, em nenhum momento disse para você ficar com a minha opinião. Porém, ao menos eu tento ter uma, colar e repetir o que os outros falam parece te agradar mais. Assim seja:)
      b) Olha só, eu também sei dar control c e control v. Aliás, mais interessante, como é do seu agrado, só colo o link.
      http://www.investopedia.com/articles/trading/09/dark-pool-liquidity.asp; http://en.wikipedia.org/wiki/Dark_liquidity
      Opinião, verdade?
      c) Charlene (ou jonas ou letícia), não é saudável gostar do comportamento "mulher de malandro", apenas um comentário:)

      Bom domingo!



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    6. O que significa 'comportamento mulher de malandro'?

      anon 1747

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  2. Outro dia mesmo estava pensando sobre isto Sô, não conhecia esta plataforma, e estava intrigado realmente como lançam grandes ordens no sistema. Imaginei que eles quebravam as ordens e ficavam lançando, tipo de hora em hora, todo dia, para não gerar pânico no book, mas com este mecanismo é bem mais eficiente.

    Ah, você esqueceu de falar sobre as baleias aí no post, rs...

    http://blogdouo.blogspot.com.br/2014/04/esperando-baleia-passar.html

    Abraço!

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    1. Olá, UB!
      Eu não sei como funciona essas plataformas em detalhe (na verdade eu não sei muita coisa hehe), mas com certeza são mais eficientes para institucionais, tanto que o volume vem crescendo enormemente.
      Porém, é inegável que se perde transparência, porém pode-se reduzir custos. Assim, um fundo de pensão pode se beneficiar e em última análise beneficiar pequenos investidores (um dos grandes argumentos a favor dessas plataformas). Porém, goldman sachs (apenas para citar uma instituição) e falta de transparência juntos, sabe-se lá o que pode acontecer.
      Se isso vai ser ruim ou bom para os pequenos investidores, só o tempo dirá como deixei no final do artigo. Porém, que é um pouco assustador, pelo menos para mim, isso é.

      Abração!

      obs: pô, eu nem conhecia esse termo "baleia" hehe

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    2. Quero ser um caçador de baleias alguma dia, rs.

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    3. Interessante o post não tinha a mínima idéia que era assim que funcionava.

      nessas grandes ordens eu pensava um pouco parecido com o Uó, só que achava que o cara lançava algum range a partir de um preço base e um robô ia verificando na pedra e quando chegasse alguma oferta ao preço estipulado ele lançava uma ordem na quantidade que tinha disponível no momento.

      Vc citou o WB o cara é um gênio mesmo eu escrevi num post no meu blog esse mês a estratégia que ele fez ao se "livrar" da posição de + de 4bi que ele tinha na PG

      o cara conseguiu zerar a posição e ainda não precisou de pagar imposto sobre a transação, para investidores da Berkeshire foi uma beleza, pra mim que sou da PG nem tanto :(

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    4. Olá, Viver.
      É, eu li por cima essa última nova transação do W. Buffett, mas parece que muitos consideraram muito boa.
      Um abraço!

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  3. Sei lá Soul...

    Eu passo por fases, dependendo do livro que estou lendo (sim somos todos influenciáveis por nossas literaturas recentes) ...

    Há fases em que sou bem cético com relação aos tubas, achando que tudo é apenas um delírio coletivo... um personagem imaginário criado principalmente para justificar o erro coletivo.

    Em outras fases, tenho a certeza de que existe a mais grotesca manipulação...( lógico que não é a pitoresca cena que o Bastter descreve, como se existisse um grupo de barbudinhos decidindo se a bolsa sobe ou desce), certamente isso não existe... mas existem grandes canalhas e players, com muito informação privilegiada, tirando vantagem a todo custo...

    E bem na verdade , nunca ficaremos a par dessa realidade..

    Nos resta jogarmos com as armas que temos...

    Com relação a Market Depth, basicamente, acaba se traduzindo no valor de mercado da empresa, na diluição acionária, e principalmente no segmento de listagem (transparência)...

    Concordo com vc, que de modo lícito, uma empresa ou mesmo um FII raso será dificilmente manipulado de forma efetiva no mercado financeiro...

    MAS...

    E esse é um grande e importante mas...

    Partindo do pressuposto que existam grande tubas (no sentido canalha da palavra e não apenas um simples gestor honesto de um fundo).... com o poder de comprar grande parte de uma empresa, ou mesmo um FII, quem garante que ele não usará meios ilícitos para fazê-lo.

    Provavelmente ele irá fazê-lo da forma mais lucrativa possível, e que onere principalmente os pequenos e incomunicáveis investidores..

    Nessa caso, caro Soul, a lógica se inverte completamente... Quanto mais raso o mercado mais fácil de tirar a água... quanto menos transparente um ativo (como um FII por ex.) mais fácil de manipulá-lo...

    Ainda mais aqui no Brasil,que se for bom para ambas as partes o negócio é fechado (vide Petro).

    Imagine vc,.... se vc fosse um tuba dos bem canalhas e tivesse a possibilidade de comprar 50% de um FII ou uma pequena empresa... aí partindo do pressuposto ilícito que eu me referi, vc decide se reunir com o fundador e gestor do fundo ou da empresa...

    Em meia hora de conversa, se houver a contrapartida e com uma boa bonificação, com certeza vcs arranjam umas 10 maneiras de ambos ganharem o máximo possível...simplesmente com alterações contábeis, diluições, chamadas de capital, relatórios falsos, sonegação, etc...

    Portanto ao meu ver estruturas maiores e complexas, na verdade representam uma chance de fraude menor, se formos pensar de forma da ilegalidade..


    Com relação a Dark Pool (termo que eu nunca tinha ouvido falar) brasileira..

    A forma mais simples e antiga de manipulação de mercado, e que qualquer aspirante a Naji Nahas, conhece bem.. é a venda Zé com Zé...

    Quem tem grandes somas pode vender numa ponta por uma corretora e comprar em outra ponta por outra corretora... dessa forma se a pessoa tiver um grande capital e principalmente em mercados rasos (aqui entra de novo o conceito de Market Depth), ela poderá instalar o panico ou euforia num ativo e manipulá-lo com certa facilidade...

    Isso é ilegal... uma forma da CVM controlar isso (male-mal), foi fiscalizando as ordens via corretora... assim fica bem mais fácil cruzar as informações...

    Se isso de Dark Pool, acontece no Brasil a patifaria está instalada..

    Portanto a priori é algo bem temerário a mim, já que não tenho maiores informações sobre esse sistema... e foi algo realmente novo para mim...

    Algo que eu só aprendo com vc Soul, no seu excelente blog..

    Grande Abraço






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    1. Olá, PC!
      Tudo bem, colega?
      Eu não tenho a menor dúvidas de que existem pessoas ou instituições mais poderosas explorando outras pessoas de maneira lícita e ilícita nos mercados financeiros.
      Há um escritor chamado John Bogle, aliás um grande investidor, que criou o conceito de fundos de índice (ele é criador do grupo vangard, uma empresa de investimentos que administra creio que o dobro de dinheiro da empresa do Buffett).
      O Bogle tem um livro que se chama na "dose certa", onde ele fala um pouco sobre a administração financeira do dinheiro alheio. Eu não sabia, mas ele disse que há gestores que ganham não milhões de dólares por ano, mas centenas de milhões de dólares. Não há nenhuma habilidade que valha tudo isso, nada que justifique. Porém, isso é até uma limitação do nosso cérebro, sabemos diferenciar com precisão um salário/bônus anual de 10 milhões de outro de 100 milhões? Talvez seja difícil, existe alguma habilidade em administrar dinheiro que justificaria uma diferença entre um salário milionário e outro multimilionário? Isso nada mais, segundo Bogle, do que uma transferência de renda lícita de milhões de pequenos investidores para uma pequena elite de administradores. Porém, isso não deixa de ser um abuso, em minha opinião. Não é por outro motivo que a participação do setor financeiro na renda nacional, e os super-salários, aumentaram exponencialmente nos EUA desde a década de 70/80.

      Formas ilícitas tem de monte. Veja a Enron que era considerada uma das melhores e mais promissoras empresas do mundo, houve um roubo descarado. A crise de 2008, onde dinheiro público foi utilizado para resgatar instituições financeiras, numa gigantesca transferência de riqueza.
      Ao questionar tudo isso, não se está questionamento a existência de mercados financeiros sofisticados, alavancagem, capitalismo, etc, claro que não. Porém, há abusos quando não ha regulação, sempre é assim. Há também abusos quando há regulação, portanto sempre teremos que conviver com isso. A única coisa que sobra para nós é diversificação e talvez empreender em empresas próprias como sócio-capitalista (eu tenho essa ideia num futuro não muito distante).

      Você pode ter razão, PB, e eu não tinha pensado dessa forma. Um FII com pouca movimentação, talvez possa ser manipulável de forma ilegal de maneira mais fácil, do que uma empresa gigantesca da bolsa de valores que segue diversas regras de transparência. Eu creio que você tem razão aqui.
      Porém, como você disse, se partirmos dos pressuposto que haverá ilegalidades praticadas de má-fé. Realmente, daí só a diversificação salvará mesmo. Se resolvessem agir ilegalmente em vários fundos, aí estamos falando de um "petrolão" dos fundos imobiliários! hehe
      Porém, eu creio que com FII é mais difícil do que com uma empresa. A razão é que um FII representa um imóvel. É difícil você fraudar algo aí, pois a complexidade de se administrar um imóvel não é grande. Agora numa empresa, falsificações contábeis, uma má gestão pode levar a coisa para o buraco rapidinho, e você como empreendedor talvez saiba isso muito melhor do que eu.

      Sobre as Dark Pools. Sim, é preciso ter cautela. Elas são instrumentos mais eficientes para grandes investidores e menos custosas. Isso pode se reverter em retornos maiores para investidores menores e ser bom para o mercado como um todo. Porém, a falta de transparência pode gerar eficiência, mas pode gerar uma série de outros problemas. Eu não tenho a menor dúvida que procedimentos opacos podem ser muito mais eficientes para um monte de coisa (e aqui falo não apenas do mercado financeiro), mas a transparência e publicidade sempre deram mais segurança para a coletividade. Aliás, esse é um dos princípios democráticos.

      Obrigado, PC!

      Abração!

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  4. Soul, muito bom post.

    Mas para os fundamentalista, como diz o Bastter, é preciso ler os balanços e seguir a regra de comprar mais ações quando elas caírem, quando as ações subirem compra-se fiis e RF.

    Sempre vai haver tubarões e sardinhas bobas que atuam no curto prazo. Para quem olha o longo prazo, as quedas e manipulações podem trazer oportunidades de comprar mais ações com o mesmo dinheiro.

    Quanto mais disciplina, maior o patrimônio.

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    1. Colega, não creio que o Bastter diga para comprar mais ações quando elas caem, aliás ele diz exatamente o contrário.
      Também não creio que ele professa abertamente o asset allocation, como você diz (até o faz por meio do sistema do site dele, que não deixa de ser uma forma de fazer rebalanceamentos automáticos).

      Também não creio que a definição usual de "tubarão" se aplique ao adjetivo bobo, pois daí o termo perde um pouco o sentido.

      A sua última frase está correta, quanto maior a disciplina em se manter na estratégia, quanto maior a disciplina de poupar para o futuro, há uma enorme probabilidade do patrimônio ser maior.

      Abraço.

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    2. Eu devia ter dito, tubas espertos e sardinhas bobas.

      O Trade System do Bem é uma forma de manter a disciplina para manter a proporção estável de 50 % fiis e 50% ações. Além do Bastter, o Paulo Portinho, professor de finanças e autor de livros, também tem uma estratégia que estimula a compra de mais ações durante as quedas, o Método de aportes Dobrados.

      Não podemos torcer para Ambev cair, mas se ela custar no dia 02 a ação por R$ 20,00 poderemos comprar 100 ações se tivermos 2k disponíveis.

      De outro lado, se a ação tiver um preço de R$ 16,85 no dia 10 do outro mês, poderemos comprar 118 ações. Ou seja, como a ação caiu de R$ 20 para 16,85 pudemos comprar 18 ações amais com os mesmos 2k.

      Acredito que a bolsa premia mais o controle emocional e a disciplina do que as grandes tacadas.

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    3. O Portinho é um dos grandes autores brasileiros sobre finanças, além de ser um sujeito, pelos poucos comentários que li dele, extremamente educado.
      Sim, o TSDB do Bastter é uma forma de fazer alocação de forma automática, mesmo que a pessoa não reflita muito sobre a estratégia.
      Concordo da importância do controle emocional não só para os mercados, mas também para a vida.
      Abraço.

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  5. Se uma empresa como CIEL3, GRND3 ,EZTC3 e outras maravilhosas, SEM DÍVIDAS forem manipuladas por tubas eu vou agradecer a DEUS!!! Vou ser o maior fã dos tubas, pois empresa boa em promoção é para comprar com pá, como diz o o Barsi, bilionário pão duro que anda de metrô.

    Os tubas ajudam o investidor de longo prazo, pois quem quer dividendo vai ver o DY aumentar bastante.

    Não serei tuba, mas admiro-os muito!!!!!

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  6. Quem compra fii geralmente quer ficar com ele por muitos anos.Se houver uma estratégia para quedas nos preços dos fiis, causadas ou não pelos tubas, pode-se comprar mais papéis interessantes.

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    1. Se não houver deterioração na economia e no fundamento dos FII, sim o seu raciocínio está correto.

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  7. Soul, o sistema financeiro sempre terá inovações, algumas boas e outras perigosas. Lembremos do livro Salve-se quem puder.

    No curto prazo, menos de um ano, os Dark Pools podem abaixar o preço de um ativo, ações ou fiis, mas uma hora o preço vai se manifestar de acordo com os fundamentos.


    Podemos até esperar uma nova crise mundial para daqui uns 06 anos, pode ser uma oportunidade para comprarmos mais. Daí o governo americano lança mais uma legislação proibindo Dark Pools. Depois disso aparece outra inovação.

    O mercado financeiro sempre ofereceu riscos e oportunidades.

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    1. Olá. sim, novidades sempre irão existir na vida.
      Se o aumento de volume negociado, elas existem há algum tempo já, nessas plataformas alternativas ajuda ou prejudica, apenas o tempo poderá dizer.
      Porém, tudo que envolve muito dinheiro e o mercado financeiro sem muita transparência, não é algo que eu aprecio muito.

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  8. Bom artigo.

    Cada vez mais chego a conclusão que como sardinhas temos que esquecer tudo isso e focar nas empresas.

    Abraços

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    1. Olá, EI!
      Não só nas empresas, mas na renda, estrutura familiar de gastos, nas despesas e em outros investimentos de preferência:)
      Abraço!

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    2. Os grandes bilionários são pão duros, gente como Buffet, Bill Gates, Carlos Slim, Mark Zuckerberg. No Brasil temos Daniel Dantas, Luiz Barsi.

      Uma das melhores formas de o pequeno investidor se defender é ser muito pão duro e prestar atenção à estratégia.


      Abs.

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    3. Ter uma parte do patrimônio em imóveis comerciais pode ser uma opção interessante. Muitas cidades pequenas estão recebendo indústrias, as populações crescem e com isso aumentam as demandas por pizzarias, farmácias, restaurantes, padaria etc.

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  9. Fala, Soul!

    É claro que um tubarão existe, mas é inocência achar que ele está tentando ganhar migalhas de sardinhas, principalmente no Brasil, onde o percentual de PF's na Bolsa é ridículo.

    Catarrento lembrou o Naji Nahas; nunca cheguei a ler a fundo sobre ele, mas me falaram que ele manipulava o mercado de ações pra ganhar no de opções.....

    Além disso, ao realizar uma compra grande, o cara empurra os preços pro alto, criando um novo ponto de referência. Se a coisa pegar num oba-oba (como a Mundial), ele pode ganhar uma grana violentíssima. E se a coisa simplesmente ficar parada, o prejuízo pode ser aguentável. Ou seja, é o tipo de jogo que o cara vai querer jogar.....

    Sobre Dark Pools... e as ordens escondidas? Qualquer um pode lançar.

    []s

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    1. Olá, Márcio!
      Claro, estava me referindo a procedimentos legais, não eventuais ilegalidades.
      Talvez fosse interessante fazer um acordo semântico sobre o que são "tubarões", pois podemos estar falando de coisas diferentes.
      Uma definição que dei no artigo foi grandes investidores fazendo timing e ganhando dinheiro de investidores menores.
      Bom, se é assim, a pesquisa acadêmica mostra que esse tipo de tubarão não é tão feroz assim.
      O LTCM seria um Tubarão? Depois do fato é fácil falar que não, mas e antes do fato?

      O que seriam as ordens escondidas?

      Abraço!

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    2. Os touros e os ursos vão brigar até o fim do Universo. Os primeiros forçarão a alta, os segundos forçarão a baixa. Depois de uma grande crise mundial o governo mudará a legislação até aparecerer uma nova brecha.


      Acho que o pequeno investidor pode lucrar se mantiver 50% do patrimônio em RF. Dessa maneira a RV não vai causar tantos pesadelos.

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    3. Soul,

      tubarões são grandes players, aqueles que movimentam volumes tão grandes que, sozinhos, arrastam o book inteiro com eles. É disso q eu estou falando

      O que me contaram do Nahas não sei se é verdade, mas ele fazia algo parecido com isso: ele primeiro comprava uma posição razoável de opções da Petrobras. Depois, ia no mercado a vista e socava uma compra forte de ações da Petrobras, levando o book e arrastando o preço inteiro pra cima.

      Como os derivativos são obrigados a seguir, no mercado de opções ficava uma loucura. Só que ele já estava comprado antes, então ele ia se desfazendo por lá e na Petrobras ao mesmo tempo. Mesmo que tomasse algum prejuízo na Petrobras, creio que o mercado de opções mais do que compensaria.

      Mas, novamente, foi o que me contaram, não sei se é verdade. Mas é uma estratégia que, a princípio, faz sentido (desde que bem medidas os tamanhos das posições).

      O que o LTCM tem a ver com a história?!?!? :-S Mas, sim, pelo tamanho, era um baita tubarão.

      Falando nisso, acho eu q tem uma mistura de conceitos aí. Acho que timing quem acerta é sardinha, pois ela qdo entra não muda o rumo do mercado. Ou seja, ela precisa acertar os timings de entrada e saída.

      Já com os tubarões é justamente ao contrário. Quando ele entra forte desloca todos os preços para um novo patamar de referência. Se este patamar se mantiver e o tubarão se livrar da posição aos poucos, pode sim lucrar e bem com isso.... ou estou pulando algo?

      Po, tu não conhece ordem escondida? Aqui não precisa de dark pool não; na hora de comprar no HB, é só marcar lá o checkbox "ordem escondida" e sua ordem vai pedra, mas não fica aparecendo no book. Ou seja, alguém estudando o book, não veria a ordem....

      []s!

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    4. Olá, Márcio!
      Então, como disse, chegando a um acordo semântico é melhor para entendermos. Quando eu leio em blogs tubarões e sardinhas geralmente é sempre no contexto de investidores pequenos comprando e vendendo na hora errada e investidores maiores ("tubarões") se aproveitando. Então, nessa concepção, creio que minha definição seja adequada. Se assim o for, tubarões não são tão ferozes. Você já está dizendo manobras que podem ser legítimas ou não de alguma forma se aproveitar do mercado. Pode ser outra definição, mas não foi muito o foco do texto. Até foi, ao dizer que pode haver poucas pessoas se aproveitando de muitas em eventos onde a assimetria de informações é enorme como IPOs.
      Citei o LTCM, pois de acordo com a minha definição prévia, ele seria um enorme tubarão branco australiano. Parece que você também concordou. Porém, o mesmo quebrou.

      Sabe que eu não conhecia! Às vezes me falta o básico:) Entendi, porém essa ordem vai aparecer no volume no final do dia não?

      Abraço!

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    5. O LTCM quebrou por alavancagem excessiva, mais um motivo pra ser um grande tubarão. rsrsrsrs

      A ordem não aparece no book. Na prática, como se fosse parte de um dark pool. Claro que após concretizada, aí sim, elas aparecem. E tudo isso é muito bem rastreado e regulado pela CVM.

      []s!

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  10. Olá Soul! Vc pode escrever um texto sobre seu rating de acoes? Obrigado!


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    1. Olá, não teria condições de escrever tal artigo, colega. Pretendo diminuir minha exposição a ações, não aumentá-la.
      Abraço.

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  11. Estava pesquisando sobre Market Depth e gostei do conceito e do artigo, muito interessante! Parabéns!

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