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sábado, 22 de novembro de 2014

REFLEXÃO - "EU, PRIMATA"

                "Em seu comportamento com os animais, todos os homens são nazistas" Isaac Bashevis Singer

         Olá, colegas! Neste artigo escrevo sobre um tópico que é infelizmente deixado de lado pela esmagadora maioria das pessoas. Quando o assunto vem à baila em pouquíssimas ocasiões é tratado com gracejo, extrema indiferença ou fúria, o que me faz lembrar os três estágios da verdade para Ghandi em relação a algum conceito que de alguma maneira é oposto a idéias arraigadas em uma determinada sociedade:

- Ridicularização
- Oposição Violenta
- Aceitação
               
         Pensem na escravidão ou em direitos iguais para mulheres. São idéias que para nós seres humanos vivendo no Brasil no século 21 são triviais e auto-evidentes, mas nem sempre foi assim.  Eu tenho uma grande admiração pela vida e sua complexidade. Neste meu artigo http://pensamentosfinanceiros.blogspot.com.br/2014/05/reflexoes-os-tres-golpes-da-ciencia.html, eu abordo de maneira breve o meu espanto com a beleza da vida natural em nosso planeta azul e como os humanos deveriam ser mais humildes e amorosos no seu relacionamento com espécies não-humanas. No mesmo artigo, eu abordo três questões que abalaram, ou estão abalando, o egocentrismo humano. Se alguém acha que a teoria da evolução biológica faz sentido, e ela faz, então a conclusão inevitável é que os seres humanos não possuem um espaço privilegiado no contexto evolucionário (apesar de sua predominância sobre a maioria das espécies, mas não todas como bactérias, por exemplo). Cito uma parte do meu artigo:  


       “Se o homem não é A espécie, mas apenas mais uma espécie, o que poderia justificar todo um sistema de dominação da espécie humana sobre outras espécies não-humanas, a não ser o poder? Se assim o é, qual é a diferença fundamental do uso do poder para subjugar outras espécies do uso do poder para subjugar membros da espécie mais fracos?


              A conclusão inevitável é que se o ser humano não possui uma condição de destaque no plano evolutivo, ao contrário de mitos da criação religiosos ou não, as relações de dominância que ele estabelece com outras espécies não-humanas é apenas a aplicação das ideologias mais extremadas de poder, aquela na qual o forte sempre tem razão. Com isso em mente pode-se entender a citação do livro “Enemies, a Love  Story” do escritor judeu polonês ganhador do prêmio Nobel Isaac Bashevis Singer:


 “Por mais que Herman tivesse testemunhado o abate de animais e peixes, ele sempre tinha o mesmo pensamento: no seu comportamento em relação aos animais, todos os homens são nazistas. A presunção com a qual o homem pode fazer o que quiser com outras espécies exemplifica as teorias racistas mais extremas, o princípio de que o mais forte está certo”


                Por isso, a teoria da evolução é tão revolucionária e se corretamente compreendida e aceita levaria a uma revolução no modo como vivemos nossas vidas. Ela questiona idéias arraigadas no nosso tecido social, pois todas as maiores religiões institucionalizadas partem de mitos da criação onde o homem possui uma preponderância total e absoluta sobre qualquer outra espécie no planeta terra.  Ao se questionar a validade lógica e científica dessa forma de ver o mundo, a dominação humana total e absoluta sobre outras espécies só pode se justificar pelo uso da força, não diferindo em absolutamente nada do comportamento de nazistas em relação a outros seres humanos no holocausto. Com certeza é um comportamento desconcertante, pois transforma todos os “cidadãos de bem” em nazistas cruéis e insensíveis, quando o que está em jogo são os seus interesses em relação aos interesses de outras espécies. Questiona também nossa total dependência dos animais para quase tudo em que fazemos em nossa vida social.  E mais profundamente questiona a nossa própria posição no mundo de uma maneira tão mais pungente que nem a mais ousada teoria libertária, marxista, etc sonha em fazer. Talvez por isso seja um assunto que é convenientemente ignorado por qualquer corrente ideológica ou filosófica, pois é muito difícil sustentar racionalmente, sem se apoiar única e exclusivamente no poder, o nosso relacionamento com as outras formas de vida do planeta.

                Isso colegas com certeza trouxe, traz e trará ridicularização e oposição violenta, mas talvez aos poucos o estágio de aceitação esteja chegando pelo menos para algumas pessoas. Em minha visão, o ser humano não sai diminuído, ele sai engrandecido. Nas páginas finais do belíssimo livro “A insustentável Leveza do Ser” há algumas páginas sobre os animais e o seu relacionamento com os homens, o que pode parecer estranho num livro onde o romance e a sexualidade é o pano de fundo. Faz alguns anos que li o livro, mas lembro até hoje quando o autor sustenta que a violência e a dominação absoluta do homem sobre outros animais, talvez esteja no cerne dos motivos da violência entre os próprios seres humanos. Mostrar compaixão e respeito pelos outros animais nada mais seria, segundo Milan Kundera, o verdadeiro teste moral da humanidade:

“No começo do Gênese está escrito que Deus criou o homem para reinar sobre os pássaros, os peixes e os animais. É claro, o Gênese foi escrito por um homem e não por um cavalo. Nada nos garante que Deus desejasse realmente que o homem reinasse sobre as outras criaturas. É mais provável que o homem tenha inventado Deus para santificar o poder que usurpou da vaca e do cavalo. O direito de matar um veado ou uma vaca é a única coisa sobre a qual a humanidade inteira manifesta acordo unânime, mesmo durante as guerras mais sangrentas.
Esse direito nos parece natural porque somos nós que estamos no alto da hierarquia. Mas bastaria que um terceiro entrasse no jogo, por exemplo, um visitante de outro planeta a quem Deus tivesse dito: “Tu reinarás sobre as criaturas de todas as outras estrelas”, para que toda a evidência do Gênese fosse posta em dúvida. O homem atrelado à carroça de um marciano – eventualmente grelhado no espeto por um habitante da Via-láctea – talvez se lembrasse da costeleta de vitela que tinha o hábito de cortar em seu prato. Pediria então (tarde demais), desculpas à vaca.
(…)
A humanidade é parasita da vaca, assim como a tênia é parasita do homem: agarrou-se à sua teta como uma sanguessuga. O homem é o parasita da vaca, essa é, sem dúvida, a definição que um não-homem poderia dar ao homem em sua zoologia.
A verdadeira bondade do homem só pode se manifestar com toda a pureza, com toda a liberdade, em relação àqueles que não representam nenhuma força. O verdadeiro teste moral da humanidade (o mais radical, num nível tão profundo que escapa a nosso olhar), são as relações com aqueles que estão à nosso mercê: os animais. É aí que se produz o maior desvio do homem, derrota fundamental da qual decorrem todas as outras.”

Um grande livro sem dúvidas. Além de discorrer sobre amor, paixão, tendo como pano de fundo a invasão soviética a praga em 1968, ainda há no final belas reflexões sobre o papel do homem no mundo e suas relações com os animais.

                Foi uma das passagens mais fortes que eu li em toda a minha vida, pois ela questiona absolutamente tudo que eu tenho (ou tinha) como mais certo e natural. Hoje em dia eu vejo como essas simples linhas são extremamente provocadoras, como elas são muito parecidas com os preceitos budistas de respeito total e irrestrito à vida ou os preceitos do jainismo de não-violência. O teste moral profundo sobre a humanidade é como ela se comporta em relação a outros seres muito mais fracos e sem qualquer capacidade de resistência ao poder dos homens. Como iremos usar esse poder enquanto espécie nos define muito do ponto de vista ético em minha opinião, inclusive nas relações   com  os membros mais fracos de nossa própria espécie.

O título do presente artigo é baseado no nome de um livro interessantíssimo chamado “Eu, Primata” do primatólogo Frans de Waal.  A espécie humana nada mais é do que uma espécie de primata. Há cinco outras espécies de primata (em grau descendente de semelhança genética com a espécie humana): Homens, Bonobos, Chimpanzés, Gorilas e Orangotangos. Os nossos dois primos genéticos mais próximos são os Bonobos e os Chimpanzés.  Infelizmente, quase ninguém nunca ouviu falar dos Bonobos e eu creio que sei quais poderiam ser as razões. Ao contrário dos Chimpanzés, as comunidades de bonobos são matriarcais ou seja, as posições de lideranças são exercidas por fêmeas, não por machos dominantes como é o caso das comunidades de Chimpanzés. Além do mais, comunidades de Bonobos são extremamente pacíficas se comparadas com comunidades de Chimpanzés, e um dos motivos é que uma das formas para se aliviar tensões comunitárias é o sexo. Bonobos fazem sexo continuamente uns com os outros. Inclusive é comum fêmeas bonobos esfregarem suas genitálias umas com as outras.

        Livro interessantíssimo sobre os nossos irmãos genéticos e sobre nós mesmos.


O que é mais palatável para nós humanos com nosso arranjo social atual: ter o primo genético mais próximo uma espécie que vive em  comunidades hierarquizadas, dominadas por machos, com alto grau de violência ou ter como primo genético mais próximo uma espécie que vive em comunidades relativamente pacíficas, onde a fêmea é dominante, com hierarquias muito mais flexíveis e onde boa parte dos conflitos comunitários é resolvido com sexo? Qual se assemelha mais a uma sociedade humana onde os valores de “bem” estão presentes e qual se assemelha mais a uma sociedade humana “deteriorada”? Fica aqui a dúvida para o leitor e o motivo de talvez nunca ter ouvido falar dos bonobos, apesar de alguns geneticistas acharem que eles são até mesmo mais aparentados com a espécie humana do que os Chimpanzés.


Em que pese essas diferenças entre essas duas espécies de primatas, as semelhanças são muito mais fortes entre eles com nós. Os chimpanzés, por exemplo, possuem intricadas relações de poder, capacidade complexa de uso de ferramentas (já se documentou chimpanzés usando cinco ferramentas diversas para a obtenção de uma única finalidade, demonstrando um grau de inteligência extremamente complexo) e reações emocionais ao mundo que o circunda muito, mais muito, parecidas com as reações de humanos ao seu ambiente natural. A semelhança entre Homens, Chimpanzés e Bonobos é tão grande, que há cientistas que acham que a taxonomia (ramo da biologia que lida com a classificação de espécies) dos Bonobos e Chimpanzés deveria ser mudada para adicionar o prefixo Homo,  palavra  que é apenas reservada a espécie humana.

Se talvez seja difícil para a humanidade no presente momento aceitar as conclusões inevitáveis da teoria da evolução para boa parte das espécies não-humanas, eu creio que a humanidade talvez esteja próxima de aceitar para espécies extremamente complexas do ponto de vista da inteligência e emoção como primatas não-humanos, golfinhos, baleias e elefantes de que alguns direitos devem ser estendidos a essas espécies como o direito de liberdade de movimento e o  direito a não ser submetido a experiências dolorosas a não ser no caso dos próprios interesses da espécie. Se apenas isso fosse reconhecido, já seria uma tremenda vitória para a própria humanidade.

Talvez baseado nas premissas brevemente discorridas aqui, um advogado dos EUA resolveu pedir Habeas Corpus em favor de um Chimpanzé mantido cativeiro numa cela americana (http://spotniks.com/nos-estados-unidos-chimpanze-pode-estar-prestes-ganhar-status-de-pessoa/). O advogado deve ter escolhido um Chimpanzé, pois talvez seja muito mais fácil percebermos alguns aspectos de nossos comportamentos em relação a uma espécie tão parecida com a espécie humana e percebermos os deslizes éticos que cometemos com outras espécies não-dominantes, pois como já escreveu Henry Beston no livro “Outermost house”:

Nós precisamos de um conceito mais novo, sábio, e talvez mais místico dos animais. Longe da natureza e vivendo através de artifícios complicados, o homem na civilização vigia as criaturas através da lente dos seus conhecimentos e vê, portanto, os detalhes de uma pena, mas uma imagem geral distorcida. Nós os padronizamos por serem incompletos, pelo seu trágico destino de terem se formado tão abaixo de nós. E nisto nós erramos, erramos gravemente, pois os animais não podem ser avaliados pelo homem. Num mundo mais velho e completo do que o nosso, eles se movem completos e confiantes, dotados de extensões dos sentidos que nós perdemos ou nunca possuímos, guiando-se por vozes que nós nunca ouviremos. Eles não são irmãos.  Eles não são servos. Eles são outras nações, presos conosco nesta vida e neste tempo, prisioneiros do esplendor e trabalho da terra”.


Talvez o nosso parente genético mais próximo:  um primata bonobo. A semelhança física com a espécie humana é absolutamente inegável.


Grande abraço a todos!

40 comentários:

  1. “a dominação absoluta do homem sobre outros animais, talvez esteja no cerne dos motivos da violência entre os próprios seres humanos.”
    A dominância absoluta do leão sobre os outros animais na selva, talvez esteja no cerne dos motivos da violência entre os próprios leões.
    A dominância absoluta do tubarão sobre os outros animais marinhos, talvez esteja no cerne dos motivos da violência entre os próprios tubarões.
    A dominância absoluta dos cães sobre os outros animais domésticos, talvez esteja no cerne dos motivos da violência entre os próprios cães. Por isso meu cachorro não pode ver outro chegar próximo ao portão da minha casa que quer sair para brigar.
    “Por mais que Herman tivesse testemunhado o abate de animais e peixes, ele sempre tinha o mesmo pensamento: no seu comportamento em relação aos animais, todos os homens são nazistas.”
    O leão é um nazista ao abater uma zebra?
    “direito de matar um veado ou uma vaca é a única coisa sobre a qual a humanidade inteira manifesta acordo unânime”
    No reino animal é diferente? Ou vamos condenar um urso que tira a vida de uma foca para poder se alimentar?
    “A humanidade é parasita da vaca, assim como a tênia é parasita do homem: agarrou-se à sua teta como uma sanguessuga.”
    Todos os animais carnívoros são parasitas então.
    “A verdadeira bondade do homem”
    Bondade do homem? Como assim? Que homem? Homem nesse caso se refere a humanidade como um todo? Ou o homem é um indivíduo qualquer? Se pensarmos no “homem” como indivíduo, cada um com seus objetivos, valores e crenças, não faz sentido em se falar em “bondade do homem”, já que cada indivíduo terá sua própria definição de bondade.
    “O que é mais palatável para nós humanos com nosso arranjo social atual: ter o primo genético mais próximo uma espécie que vive em comunidades hierarquizadas, dominadas por machos, com alto grau de violência ou ter como primo genético mais próximo uma espécie que vive em comunidades relativamente pacíficas, onde a fêmea é dominante, com hierarquias muito mais flexíveis e onde boa parte dos conflitos comunitários é resolvido com sexo? Qual se assemelha mais a uma sociedade humana onde os valores de “bem” estão presentes e qual se assemelha mais a uma sociedade humana “deteriorada”?”
    Eu realmente não entendi essa parte. Então podemos escolher? Por que não tenho dúvida que a maioria faria a escolha pela segunda opção: “comunidades relativamente pacíficas, onde a fêmea é dominante, com hierarquias muito mais flexíveis e onde boa parte dos conflitos comunitários é resolvido com sexo”. Mas é possível planejar a “humanidade”?
    O nosso arranjo social atual não é resultado justamente da interação de social de bilhões de indivíduos, cada um vivendo sua vida e buscando atingir seus objetivos. Será que a sociedade que vivemos hoje não é fruto da nossa “humanidade”.
    Eu não creio que seja possível reformar o ser humano, estabelecer um padrão ideal e fazer com que todos sigam.

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    1. Colega, vejo que está na fase 1 com alguma coisa de fase 2 (o que é um ótimo sinal :) )

      -Metade de toda a sua escrita se baseia no argumento falho (em minha opinião), comumente usado quando esse assunto veio a tona: a violência que existe no mundo animal e a luta pela sobrevivência. Esse argumento tem duas falhas, mas com a sua escrita viraram três:
      a) O leão não tem dominância nas savanas africanas, assim como tubarão nos oceanos. Esse argumento creio que revela um desconhecimento sobre biologia, pois a existência de um carnívoro sem aparentes predadores, não torna esse mesmo carnívoro dominante absoluto de um habitat, pois esse mesmo carnívoro precisa de toda uma teia de sustentação para sobrevier. Por isso se tem em ecologia o conceito de clímax. Sendo assim, a posição do leão ou tubarão em absolutamente tudo diverge da posição do homem no planeta terra em termos de dominação;
      b) O segundo é associar a existência de luta pela sobrevivência de todas as espécies animais com a violência utilizada pelo homem principalmente nos últimos 100 anos contra as demais espécies. Não há a dominação absoluta de todo um território ou toda uma espécie ou várias outras espécies, por qualquer espécie não-humana. Além do mais, em nenhum momento se nega a evolução e a existência de predadores e presas na natureza; e
      c) O próprio Dawkins que escreveu o célebre "O Gene Egoísta" admite que sim somos condicionados pela nossa evolução e temos alguns limites estabelecidos pela nossa genético. Porém, mesmo ele, sempre disse que o ser humano sempre foi capaz de ultrapassar ou de certa forma suprimir alguns traços biológicos, e é por isso, que na maioria das sociedades, um homem simplesmente não tem sexo com uma mulher sem o livre consentimento dela. Portanto, sobre alguns aspectos nós produzimos cultura e algumas escolhas diferentes das que nós enquanto espécie fazíamos a 20/30 mil anos atrás;

      - sobre a sua fala sobre Milan Kundera, leia o livro (se é que já não fez) e tire as suas conclusões. O que talvez ignore é que há um grande debate filosófico sobre se a Justiça deve tentar instilar virtudes nos humanos ou se ela deve ser neutra, como você deu a entender na sua fala que seria a única forma de ver o mundo. Aristóteles, por exemplo, não concordaria com isso.
      Porém, tirando esse breve parênteses, parece-me haver sim atos que podem ser considerados de bondade e de maldade, independente de qual indivíduo e qual tempo social estamos falando. Isso é demonstrado por inúmeros testes morais aplicados por cientistas. Em algum artigo meu já devo ter falado sobre isso.

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    2. - Eu acho que você realmente não entendeu. Releia de novo. Ninguém está falando em planejar o que quer que seja. Porém, a sua frase omite, conscientemente ou não, que a civilização ocidental de matriz cristã sempre viveu num mundo onde o homem foi a figura central de tudo. Não é à toa as diversas desigualdades de renda e oportunidades que ainda existem em pleno século 21 entre homens e mulheres. A minha fala foi apenas para realçar minha opinião do motivo da maioria das pessoas não conhecerem os bonobos (você conhecia por exemplo?). Isso é relatado não por mim, mas pelo próprio De Waal em seu livro sobre quando as primeiras imagens de bonobos lá pela década de 50 e 60 começaram a ser feitas. O mundo há 50 anos atrás era muito diferente em relação a questões como sexo, papel da mulher na sociedade. Hoje vemos como mais naturalidade, naquela época nem tanto.
      Então, sim, você compreendeu incorretamente.

      - Sempre o termo "reformar" o ser humano, e quase sempre associam a ideias que procuraram "reformar" o ser humano. Os argumentos são sempre os mesmos. Então, quando se posicionou contrariamente a escravidão (já que ela existia em diversas sociedades há milhares de anos) quiserem "reformar" o ser humano? Para mim não faz o menor sentido. Os ensinamentos budistas querem "reformar" o ser humano? Em certa medida sim, mas pela consciência de cada um, não como uma forma imposta. Porém, se nunca discutirmos determinadas ideias, se nunca questionarmos determinados padrões, que foi exatamente o que Buda fez, dificilmente nos iluminaremos sobre o que que seja.
      Claro que é fruto da nossa humanidade, e em qual momento do texto isso foi questionado?

      Abraço!

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    3. Sinceramente? Eu acho que tá faltando Jesus no seu coração.

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    4. Nas minhas conexões neurais acho que você quis dizer, a noção de que as nossas emoções derivam do coração vem dos antigos egípcios, o que não se demonstra mais acertado atualmente.
      Abraço!

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    5. Na ciência ocidental, sim. Mas já na oriental que você admira tanto:
      http://medicinachinesaclassica.org/blog/wp-content/uploads/artigos/alldiseases.pdf

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    6. Colega, creio que está equivocado. Não existe ciência ocidental ou ciência oriental, assim como não existe ciência capitalista e ciência comunista ou ciência brasileira e ciência americana. Existe apenas ciência, que pode ser bem ou mal praticada.

      Tá atacado hoje hein Jotícia! Relaxa é sábado, vai passear um pouco:)

      Abraço!

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    7. Oposição violenta, é o estágio onde se encontra o anônimo de cima. E é melhor ler, reler, refletir, para melhor opinar. Eu, por exemplo, me sinto na fase da ridicularização. Porque não consigo imaginar palavra melhor pra demonstração do anônimo com sua forma de colocar as coisas.
      Quanto ao texto, muito bom para reflexão.

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    8. Resumo – O trabalho procura indagar, nas interpretações de vários autores, sobre a centralidade que diferentes visões do mundo em civilizações orientais e ocidentais induziram trajetórias diferenciais no processo de construção e aplicação do conhecimento científico e tecnológico. Para isso são analisados e descritos estudos comparativos dos principais analistas desta problemática, destacando o papel fundamental cumprido pelo marco epistêmico particular de cada sociedade em cada período histórico.

      http://www.ghtc.usp.br/server/AFHIC3/Trabalhos/11-Celia-T-Baldatti-Graciela-del-Franco.pdf

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    9. Valeu pela informação, colega. É sempre interessante refletirmos sobre epistemologia. Porém, isso em nada muda que a ciência é apenas uma, sujeita sempre a constante revisões seja de um cientista de um país do oriente, do ocidente, capitalista, comunista.
      Valeu!
      Abraço!

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  2. http://pt.wikipedia.org/wiki/Reducionismo

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Soul,

    Mais uma vez um post que enriquece meu fim de semana! Obrigado!

    - "A Insustentável Leveza do Ser" é um dos meus top 5 preferidos livros. Já o li duas vezes e agora está na fila para voltar a lê-lo uma terceira vez (desta vez num "Kindle"). Outro, que é notável pela forma construtiva (enquanto cruza os EUA com uma moto e o filho na garupa) conta parte desta viagem e faz também uma viagem (mental) filosófica sobre "qualidade". Citando a visão Kantiana, Hegeliana e de um filósofo pouco falado, Poincaré (mais conhecido em outros campos da ciência). Este livro não tem muito a ver com o tema do post mas não poderia deixar de citá-lo (Zen e A Arte da Manutenção de Motocicletas). E nestas últimas semanas, estou relendo-o pela terceira vez. E com muita calma, pois é um livro um tanto hermético (para mim, pelo menos). :-)

    - Olhando agora para a família humana "que os nossos atuais sentidos nos permitem ver", e a relação desta com algo mais exterior, o Universo, deixo aqui este fantásticco final do filme MIB (um deles).

    https://www.youtube.com/watch?v=OKnpPCQyUec

    Grande abraço e ótimo fim de semana!


    Carlos

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    1. Olá, Carlos!
      Obrigado, amigo.
      Não conhecia esse livro, vou dar uma olhada.
      Esses finais do MIB são muito interessantes, e na verdade a ciência trabalha com várias teorias muito interessantes sobre algo relacionado a isso, posso citar a teoria das p-brana.

      Abração!

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  5. Bela reflexão Soul,

    Nessa relação entre espécies, dá para dizer muito de um ser humano pela maneira como ele trata um cachorro por exemplo, que é o animal de mais fácil acesso a todos nós.
    Pessoas insensíveis as necessidades ou dores de um animalzinho desses, certamente será com outras pessoas também.
    Numa visão mais ampla, a coisa complica um pouco.
    Pegando o exemplo da Índia, muitos consideram a vaca sagrada, o que acaba provocando certos problemas por lá.

    Abraço

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    1. Quais problemas sob o ponto de vista do indiano?

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    2. Olá, Bye.
      Claro, nossa vida está tão intrincada com a vida dos animais, que não é possível abrirmos mão do sofrimento deles. Talvez nós enquanto espécie refletindo a respeito, buscando outras fontes para gerar formas de testar nossos produtos, remédios, ou até mesmo consumirmos carne de uma forma mais comedida, possamos criar uma sociedade muito melhor para nossos netos daqui algumas dezenas de anos. Porém, os sofrimentos mais atrozes deveriam ser evitados e proibidos como o foie gras (não sei se você sabe como é feito) ou até mesmo o baby beef (também não sei se você sabe) ou experimentos extremamente dolorosos em animais para cosméticos.

      Sobre a Índia, eu que já passei lá, posso dizer que a Vaca é pretensamente respeitada. Ela lá parece um cachorro de rua, são abandonadas e ficam vagando pelas ruas. Algumas tem que revirar o lixo, outras são magérrimas.
      O respeito dos Hindus pelas vacas deriva que uma vaca teria ajudado Vishnu em uma de suas incarnações terrestres.
      A mitologia hindu é extremamente complexa, faz parecer que os mitos de criação ocidentais são extremamente simples. Lá há três divindades fundamentais, porém Bramna é a fonte de criação suprema. Fora isso há dezenas de outros deses, reincarnações, deuses mais secundários (creio que são 33 milhões ao total). Olha, para um ocidental entender o que significa tudo aquilo é um problema.

      Mas, voltando ao tema, as vacas realmente são um problema na Índia, tanto quando estive lá vi num jornal que tinha uma ONG que a especialidade era tirar vacas da rua e levá-las para algum lugar onde elas pudesse pastar e morrer com "mais dignidade".

      Abraço!

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    3. Muito prazer, Pensamentos!

      Essas ONGS são produto de iniciativa de indianos incomodados com sua antiga tradição ou de entidades ocidentais interferindo em cultura alheia com seus valores judaico-cristão?

      Obrigada pelos seus ensinamentos, Ingrid

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    4. Olá, Joingri.
      Aí, realmente não sei. Porém, se um dia você tiver a oportunidade de ir para Índia, pode perguntar para vários indianos pessoalmente o que eles acham da questão.
      Abraço.

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  6. Soul,

    Um "ensaio carta" que um amigo meu criou e passou-me há uns 8 anos, sobre o livro "A Insustentável...

    http://tinyurl.com/kpaprtu

    Como você gostou do livro, creio que vá ser prazeroso ler este ensaio.

    Abraço grande,


    Carlos

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  7. Que porre seu post, sempre muito longo.

    Afonsinho !

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    1. Valeu, pelo feedback. Sempre com comentários inspiradores.
      Abraço.

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  8. "...eu creio que a humanidade talvez esteja próxima de aceitar para espécies extremamente complexas do ponto de vista da inteligência e emoção como primatas não-humanos, golfinhos, baleias e elefantes de que alguns direitos devem ser estendidos a essas espécies como o direito de liberdade de movimento e o direito a não ser submetido a experiências dolorosas a não ser no caso dos próprios interesses da espécie....

    "Se apenas isso fosse reconhecido, já seria uma tremenda vitória para a própria humanidade."

    A humanidade como um todo é milhões de vezes mais complexa pra conseguirmos antecipar uma resposta de tamanha envergadura levando em conta seus intrincados processos.

    Paradoxalmente o odioso e condenável regime nazista foi pioneiro em reconhecer a crueldade contra animais e nem de longe isso representou uma tremenda vitória do ideário supostamente humanista do deplorável nazismo . Ao contrário é até muito, mas muito perturbador. Penso que não deveríamos valorizar tanto soluções fáceis para respostas que NÃO temos (um tremenda vitória pra humanidade) que muita das vezes são disseminadas com intento de manipular emoções em prol de interesses específicos (propaganda direcionada como o nazismo). Como também aprofundar mais os questionamentos do porquê "cientificismos" não estão nos encaminhando a verdadeira busca: o amor ao próximo.

    http://www.cristaoconfuso.com/2011/08/10-beneficios-trazidos-pelo-nazismo-e.html


    "Eu tenho uma grande admiração pela vida e sua complexidade. Neste meu artigo http://pensamentosfinanceiros.blogspot.com.br/2014/05/reflexoes-os-tres-golpes-da-ciencia.html, eu abordo de maneira breve o meu espanto com a beleza da vida natural em nosso planeta azul e como os humanos deveriam ser mais humildes e amorosos no seu relacionamento com espécies não-humanas."

    http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/o-lado-cruel-de-animais-adoraveis-10615110

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    1. O segundo link não possui qualquer relação com o meu texto citado. Eu sou maravilhado com a complexidade da vida e a evolução, e essa afirmação não guarda nenhuma relação com essa reportagem, nem a segunda parte da minha mensagem. Aliás, esse tópico já tinha sido respondido no seu primeiro comentário.

      - Sua primeira parte da mensagem está confusa, não consegui entender o que você quis dizer. Eu parto do pressuposto de que se a humanidade reconhecer dignidade e direitos mínimos a espécies não-humanas, isso é uma vitória para a humanidade, pois mostra que podemos levar em consideração interesses de seres vivos muito mais fracos, mesmo que não sejam da nossa espécie.
      Depois você cita o nazismo numa confusão do texto. O que foi dito é que a exploração dos nazistas se baseou única e exclusivamente na força, assim como o abuso da nossa espécie que é dominante. Os direitos humanos já estão há muito tempo incorporados ao patrimônio dos humanos. Assim, as atrocidades nazistas foram claras violações a direitos humanos, independente se houve algum progresso em relação à proteção mínima de animais. Não há qualquer relação de causa e consequência, e isso é sempre usado nesse assunto, não há qualquer correlação inversa entre ter respeito pela vida humana, e ter ao menos algum respeito pela vida animal. Pelo contrário, países onde o respeito aos direitos humanos é muito forte costumam ter legislações sobre proteção animal avançadas.
      Depois, para completar a confusão, ainda trouxe "cientificismos", seja lá o que você queira dizer com isso, colocando responsabilidade sobre a ciência (que nada mais é do que um método, apenas isso) sobre a evolução ética da humanidade. Acho que está faltando um pouco de compreensão do que seja Ciência, colega.

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  9. na boa, voce é o blogueiro mais chato de todos, com essa sua conversinha mole de filosofo de buteco...

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    1. Hum.
      Se eu sou o mais chato, se você já sabe disso, mas ainda continua lendo, seria o que, o efeito "mulher de malandro"? Pense a respeito, colega.
      O máximo que pode acontecer é você não entrar mais nesse espaço de alcance limitado.

      Abraço!

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    2. Na real acabei vindo de outro blog com teu link pra ver do que você ia far como faço com pobretão. Mas você eh mais esperto que ele e isso não eh sarcasmo.

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    3. mulher de malandro foi boa... o exemplo coube direitinho..
      hehehh

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  10. soulsurfer,
    teu blog é excelente. acho que dos blogs atuais é um dos melhores, sobretudo quanto aos assuntos dos posts. o teu e o do viver de renda são os mais sensatos e com conteúdo que acrescenta.
    gostei muito dos posts sobre FII's.
    continue assim
    abraço

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  11. Soul, por acaso você é vegetariano? Você acha maldade jogar o chinelo numa barata?

    Na natureza, tudo termina em morte. O ser humano é um privilegiado por poder terminar a vida fora da barriga de alguém. Eu acho que você se contradiz quando afirma que o ser humano é apenas uma das espécies do planeta, mas ao mesmo tempo defende que temos que ter empatia com os animais. Ora, se o ser humano não é especial, qual o problema em aceitar a natureza animal e predatória de nossa espécie?

    Eu acho que estamos no topo da cadeia alimentar e temos sim o poder de decidir quem vive ou quem morre. Apenas defendo que tal prerrogativa deve ser exercida dentro de limites éticos, afinal de contas o homem, por ser sim especial, não é dotado apenas de instintos animalescos básicos.

    Talvez um dia a humanidade não necessite mais sacrificar animais. Mas quando esse dia chegar, caberá apenas ao homem essa decisão. E por que? Porque nós temos o PODER.

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    1. Olá, Troll. Não sou, tentei, mas não consegui. Gosto muito de comida japonesa, por exemplo.
      Porém, eu sei exatamente o que estou fazendo quando como carne, e tento ao menos ter uma postura respeitosa (apesar que pela minha criação, minha mãe sempre exigiu que eu respeitasse a comida que tinha no meu prato) pelo animal morto.

      Troll, eu acho que: a) na verdade você está concordando comigo e b) talvez não tenha entendido corretamente (ou eu posso ter sido um pouco obscuro) um determinado ponto.

      Sobre o item "b", o ser humano é apenas mais uma espécie no planeta terra e isso vai de encontro a quase todas as ideologias existentes no planeta terra, principalmente as mais conhecidas aqui no ocidente. O conceito de evolução nos mostra isso.
      Porém, apesar de ser mais uma espécie, ela é sem sombra de dúvidas (se considerarmos apenas animais de grande porte, pois talvez se formos levar em conta por exemplo vírus - há controvérsia se vírus é uma forma de vida ou não - ou bactérias, vemos que o domínio humano não é tao absoluto) a mais poderosa.
      O Leão (como o primeiro comentário aduziu) dificilmente termina na barriga de outro ser vivo. Porém, o Leão não é o ser dominante da savana, ele vive num intricado ecossistema. Nós humanos, também vivemos num intricado ecossistema (quer queiramos reconhecer isso, quer não), porém nós atingimos um nível de dominância completa sobre outras formas de vida (retirando o aparte que eu fiz acima).
      Portanto são duas coisas completamente distintas.

      Nós somos o que somos. Porém, os seres humanos, pelo desenvolvimento desse nosso órgão fantástico chamado cérebro, somos capazes de em algumas coisas irmos além da nossa própria evolução.
      Assim sendo, nós podemos ser os seres dominantes, e mostrar mais respeito no nosso trato com outros animais, isso não nos diminui, isso nos fortalece.
      Há 2.500 anos atrás, quando uma criança com problemas nascia em Esparta, era simplesmente descartada. Isso seria aceitável nos dias de hoje? Porém, qual seria a chance de sobrevivência de uma criança com sérios problemas físicos de nascença há 5/10 mil anos? Nenhuma. Que bom que evoluímos, não concorda?

      Sobre o item "a", aí creio que talvez você não tenha percebido a contradição em que incorreu. Você argumenta que temos o poder de fazer o que bem entendermos, porém de alguma maneira diz que esse poder tem que ser exercido dentro limites éticos. Colega, foi exatamente o que o meu texto falou do começo ao fim. Quais são esses limites éticos, o que o homem deve aos animais, etc, é que são motivos de muita discórdia e polêmica.
      O homem pode se justificar apenas no seu imenso poder, porém, o que isso difere do comportamento de um nazista com um judeu sem qualquer poder dentro de um campo de concentração?
      E esse também foi um dos fios condutores do texto.

      A nossa relação com os animais é muito mais profunda e abrangente do que apenas comida, e os nossos abusos são gigantescos em várias áreas.

      Abraço!

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    2. O meu primeiro comentário foi incompleto, já que seu texto deve ser lido mais de uma vez paga ser analisado, devido ao fato de ter idéias bem complexas.

      Assim como eu acho que existem notícias sensacionalistas, cujos objetivos são apenas a venda de jornais, também penso que alguns escritores querem apenas vender livros. Comparar atitudes como o sacrifício de uma ave ou o uso de roedores em experimentos científicos com os horrores do nazismo serve unicamente para criar polêmica desnecessária e vender livros e palestras. Não há muito o que discutir aqui. Os seres vivos precisam uns dos outros e a morte de uns cria condições para a vida de outros.

      Em algumas situações, até mesmo o genocídio contra a própria espécie humana é necessário. Aos vencedor, as batatas! Esse ponto gera uma boa discussão.

      Obs: para o salmão, a sua postura respeitosa para com o sushi é irrelevante.

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    3. Olá, Troll.
      Você precisaria dizer qual passagem específica. Se for do Isaac Bashevis Singer, ele era judeu, então não faria muito sentido ele menosprezar o sofrimento de seu próprio povo. Além do mais, ele é tido (eu não conheço a obra dele, apenas li um pouco para saber mais sobre a vida dele) como um grande escritor, tanto que ganhou um nobel de literatura.
      Eu não concordo, acho que há muito o que discutir, e isso pode deixar as pessoas desconfortáveis. Você bem sublinhou a palavra poder, e que os humanos possuem poder absoluto sobre outras formas de vida. O regime nazista em relação a minorias foi basicamente de poder sem qualquer limite. Abstratamente, qual é a diferença do uso do poder? É muito difícil, se tivermos num debate mais sério e aberto, fazer essa distinção.
      Não se está a comparar o sofrimento de humanos com de animais (de certa forma até se está), mas sim está se passando um paralelo de que ter o poder como único legitimador para as nossas ações com os animais pode ter paralelos assustadores com regimes que cometeram inúmeras atrocidades contra direitos humanos.

      Exatamente, os seres vivos precisam um do outro, há um ciclo de vida e morte, e a existência de predadores e presas é prova disso. Porém, o uso dos animais pelos humanos vai muito além disso.
      São bilhões (não milhões) de seres vivos usados em experimentos militares, científicos, cosméticos, de entretenimento, roupas, comida, etc. Nós tiramos muito dos animais, e retribuímos muito pouco a eles. Como a nossa dependência é total, realmente seria muito traumático para a nossa espécie uma mudança radical. Porém, poderíamos construindo pontes, limitando práticas evidentemente cruéis, e quem sabe em 50 anos não poderíamos ter uma relação com os animais muito mais ética?

      Em qual situação você acha que um ato de genocídio poderia ser bom? Eu sinceramente não consigo ver nenhuma.

      Você tem toda razão que é indiferente para o salmão, mas para mim não o é, pois eu sei que é uma vida. Além do mais, eu não sou necessariamente contra comer carne, mas há uma diferença brutal entre o que acontecia há 50 anos e o que acontece hoje. Antigamente, os animais se desenvolviam, tinham uma vida para a qual evoluíram geneticamente. Hoje, se falarmos de animais para consumo, nós temos indústrias de animais, animais confinados, maus tratos, e uma lógica apenas de mercado para esse tipo de coisa. Isso para mim é um erro, mas é apenas a minha opinião.

      Abraço!

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    4. Então Surfista, essa comparação entre a relação dos homens com os animais e dos nazistas com os judeus eu acho completamente descabida. Não há como comparar a vida de um ser humano com a vida de uma galinha ou de uma foca. O ser humano é superior e sempre será. Tanto que uma das formas que a Igreja Católica encontrava para legitimar a escravidão do negro era rebaixá-lo à condição de animal ou de ser amaldiçoado. Ou seja, em condições iguais, um ser humano enfrenta graves conflitos de consciência para submeter outro à sua vontade.

      Se levarmos adiante esse debate sobre a relação do homem com os animais e do uso do poder como legitimador das ações humanas, comparando-o ao mesmo poder utilizado por regimes genocidas, então a conclusão a que chegamos é que o homem é inevitavelmente um câncer nesse planeta e deveria ser extirpado. Oras, mesmo que todos os membros da espécie humana fossem vegetarianos e a sociedade vivesse em completa harmonia, a própria existência do ser humano e sua busca por bem-estar implicaria na dominação das outras espécies. Como expandir uma cidade sem destruir fauna e flora? Como navegar sem perturbar o ambiente aquático e, acidentalmente, não matar uma baleia ou peixe-boi? Como voar sem colidir com pássaros? Como dirigir sem atropelar um animal? O simples ato de construção de uma ponte seria um genocídio, segundo essa ótica. Deixar de matar e destruir não é uma opção do ser humano. Por isso, não creio que devemos punir nossas consciências simplesmente por existirmos. Apenas creio que a matança e a destruição sejam sustentáveis, senão for por questões éticas, então que assim seja por questões de sobrevivência, pois os recursos naturais são finitos. E como você já deixou claro, somos todos conectados e interdependentes.

      Talvez eu tenha usado a palavra genocídio de forma inapropriada. O que quis dizer é que em situações extremas, um ser humano pode ter que conquistar outro por questões de sobrevivência. Essa discussão existe no livro Memórias Póstumas de Brás Cubas e trata do conflito entre duas tribos ante a escassez de alimentos. Se o pouco alimento disponível for harmoniosamente dividido, todos morrerão de fome. Mas se as tribos duelarem, a vencedora ficará com tudo e sobreviverá.

      Um abraço!

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    5. Valeu, Troll, bacana a discussão de tema tão polêmico.

      Sim, exatamente. O motivo da Igreja ter feito isso foi justamente a ideia de que a espécie humana, pelo mito da criação, era A espécie e não apenas uma espécie, logo não faria nenhum sentido discutir relações de poder alguma, pois todas as espécies deveriam servir ao homem.
      Hum, pode talvez ser descabida, mas aposto que fez você ao menos refletir um pouco sobre os limites éticos humanos no seu trato com animais.

      Há pessoas que pensam assim, eu não penso. Como disse, o homem é apenas uma espécie que evoluiu um órgão fantástico como o cérebro (eu sempre me pergunto como algumas pessoas não se interessam sobre os estudos do órgão que é responsável por absolutamente tudo do que nos torna humanos) e realizou coisas fantásticas, portanto o homem não deve ser extirpado.
      Sim, você está correto, qualquer desenvolvimento humano causa algum "dano" ao ambiente, e nenhuma pessoa em sã consciência negaria isso.
      Porém, há formas e formas de nos desenvolvermos. E se dependemos dos animais para nos alimentar, para alguns testes médicos, há formas e formas de se fazer isso. Repito, basta ver as relações que existiam há 50 anos atrás. Resolvemos comer mais carne (hoje se come muito mais carne por habitante do que há 50/60 anos atrás) e isso nos levou a criar um sistema muito perverso de exploração animal, muito diferente de qualquer relação que já estabelecemos em outras épocas.
      Saber como as galinhas que tem a função de botar apenas ovos são tratadas, como os porcos são tratados, como alguns tipos de carnes são produzidos (como o baby beef) e fica claro que poderíamos fazer muito melhor do que isso enquanto humanos. Por que quase nenhum pai conversa sobre isso com as crianças e fica brabo quando alguém, como um professor, o faz?
      Portanto, colega Troll, há uma diferença enorme em termos éticos do que poderíamos fazer e do que fazemos atualmente.

      Entendi. Porém, hoje temos mais obesos do que pessoas subnutridas. Portanto, a humanidade produz hoje muito recursos. Talvez o problema não seja os recursos que culvivamos, criamos ou produzimos, mas a nossa ânsia (talvez apoiada por um sistema que vive apenas assim) de sempre querermos mais a qualquer custo, e isso está nos ocasionando inúmeros problemas e está fazendo com que submetamos dezenas de milhares de espécies a sofrimento e risco de extinção.
      Um mundo sem uma espécie de mamífero extinta, em minha opinião, é muito mais pobre do que um mundo onde o PIB esteja estagnado. Acredito que esta seja uma miopia coletiva. Porém, o assunto está se alongando.

      Valeu Troll!

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  12. soul, penso que as vezes a filosofia "filosofa" demais ao tentar encontrar explicações para determinados temas. Para mim tudo não passa de estágios da evolução. Coisas que são normais em determinada época passam a ser absurdas algum tempo depois. Veja como exemplo o que acontecia com os negros nos EUA na década de 60 ou, para não ir muito longe, como fumar era normal há pouco mais de 15 anos e as pessoas fumavam inclusive em aviões e hoje é algo inimaginável. O que aconteceu com o nazismo foi considerado absurdo porque aconteceu no século XX, mas muitas coisas semelhantes (ou piores) aconteceram em períodos anteriores e eram consideradas normais para as cabeças da época.
    O homem realmente é só mais uma espécie que evoluiu mais que as outras, mas com a diferença que continua a evoluir até hoje e será assim no futuro.
    Abraços.

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    1. Olá, EI!
      Então, a evolução continua em todas as espécies, não apenas no homem, se estamos falando de biologia.
      Aliás, talvez a evolução biológica tenha parado no homem, pois os mais adaptados não são necessariamente os únicos que passarão os seus genes adiantes.
      O homem também não evoluiu "mais do que as outras", isso não tem base no pensamento científico, apesar de ter ficado assente como se fosse algo normal, algo dado pela natureza.
      Creio que você deva estar falando, pelo primeiro trecho do seu texto, de evolução ética/moral. Talvez estejamos melhorando em alguns pontos, piorando em outros, mas com certeza nossa "evolução" nesse campo se dá em passos bem mais lentos do que a evolução do nosso conhecimento/tecnologia.
      Valeu pelo comentário!

      Abraço!

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