terça-feira, 16 de janeiro de 2018

EU, VOCÊ E A MORTE DE IVAN ILITCH

“- Meus senhores, morreu Ivan Ilitch!
- Como assim?
- Aqui está. Pode ler – respondeu, e pôs nas mãos de Fiodor Vassilievitch o jornal que cheirava a tinta fresca.
(...)
Assim sendo, ao tomarem conhecimento da morte do colega, o que primeiramente ocorreu a cada um foi a possibilidade própria ou dos amigos nas promoções e transferência que ela iria provocar” (fls.19)


A morte. A não-existência. Como outros sentiriam a minha morte? Ficariam tristes? Seriam mesquinhos? Aliás, não sentir muita coisa e pensar em si, mesmo diante da morte de alguém, é mesquinho ou é simplesmente humano?


“Além das considerações sobre as prováveis promoções e transferências que a morte de Ivan Ilitch acarretaria, a própria morte de pessoa tão próxima deles despertou, como de costume, em cada um dos membros do Tribunal, a tranqüilizadora sensação de que escapara. ´Ora Bem!´ Ele morreu e estou vivo´ pensou e sentiu cada qual. Quanto aos amigos mais chegados de Ivan Ilitch, os chamados íntimos, unânime e involuntariamente consideravam os aborrecidos deveres a cumprir – acompanhar o enterro e fazer uma visita de pêsames à viúva” (fls.20)

Seria assim na minha própria morte? Será assim na morte da maioria das pessoas? Sempre me intrigou, e ainda intriga, que mesmo diante de sofrimentos atrozes de outros nós nos queixemos dos mais triviais aborrecimentos. Porém, será que não foi sempre assim? A empatia em relação ao sofrimento alheio, mesmo de conhecidos, é algo que nos torna mais humanos ou é apenas um código moral inatingível para boa parte da humanidade?

“A vida de Ivan Ilitch era das mais simples, das mais vulgares, e contudo,  das mais horríveis. Juiz do Tribunal falecia aos 45 anos.” (fls.28)

 Ivan Ilitch se forma em direito. Consegue então um cargo de grande importância junto a um governador provincial. A mocidade, e a alta posição social em tão tenra idade, permitem que ele se torne um bon vivant. Um Burguês, um Hustler dos tempos mais antigos. Alguém com maneiras decentes e elegantes, capaz de conviver nas mais altas camadas sociais com desenvoltura, relacionando-se com pessoas poderosas, aquelas relações as quais os entendidos modernos dizem que devemos cultivar para ter “um bom networking”,  e tirando proveito disso. A vida era boa para Ivan Ilitch

Teve, na província, uma ligação com uma dama local que se atirara no braço do jovem e elegante advogado e ainda um breve caso com uma modista; houve farras com oficiais da guarda pessoal do czar de passagem pela cidade, com idas, após a ceia, a certa rua afastada e de duvidosa reputação; havia uma certa bajulação ao chefe e à esposa do chefe, mas praticada de maneira tão elevada e distinta que não seria possível aplicar palavras desairosas. Tudo cabia no adágio francês: Il fault que jeunesse se passe. Tudo era feito com as mãos limpas, com camisas limpas, com frases francesas e, principalmente, no seio da melhor sociedade, por conseguinte com a plena aprovação das pessoas altamente colocadas.” (fls.30)

Depois de alguns anos, Ivan Ilitch se torna juiz. Ah, o poder. A sensação que se pode influenciar a vida de homens e mulheres se assim o desejar. A sensação de que se alcançou algo que a maioria dos homens não conseguiu. Ah, que sensação boa, a sensação de um vitorioso, de vitória, afinal a vida é feita de vitórias, e uma vida de sucesso só pode ser baseada em alguém que atingiu posições elevadas, um vitorioso, portanto.

Mas, agora, na qualidade de juiz de instrução, Ivan Ilitch sabia que todos, sem exceção, mesmo os mais poderosos e emproados, dependiam dele, e bastava que escrevesse umas poucas linhas num papel timbrado para que o personagem mais importante e mais auto-suficiente comparecesse à sua presença como acusado ou como testemunha e , se não quisesse, que ele se sentasse, ficaria de pé suportando a sua argüição. Jamais abusou de tal autoridade, muito pelo contrário, procurava atenuá-la, mas a consciência do poder e a possibilidade de abrandá-la constituíam para ele o principal interesse e a absorvente atração do seu novo encargo” (fls.31)

Ivan Ilitch então casa-se. Com moça de alta estirpe. Bonita, a mais bonita do círculo social que frequenta.  Porém, com o passar do tempo, a rotina familiar começa a pesar sobre sua vida. Uma esposa que não o compreende e o recrimina pelas mais insignificantes frivolidades. A vida familiar torna-se insuportável. É preciso achar um refúgio.

O seu objetivo consistia em se liberar cada vez mais das contrariedades domésticas  e dar a elas uma aparência inofensiva e decente; e consegui-o passando cada vez menos tempo com os seus, e quando era impraticável sair de casa, procurava resguardar a sua posição cercando-se de pessoas estranhas. O principal, porém, era manter a sua vida de funcionário. Todo o interesse da sua existência se concentrou no mundo judiciário e esse interesse o absorvia. A consciência da sua força que permitia aniquilar quem ele quisesse, a imponência da sua entrada no tribunal, a deferência que lhe tributavam os subalternos , seus êxitos com superiores e subordinados, e, sobretudo, a maestria com que conduzia  os processos criminais e da qual ele se orgulhava – tudo isto lhe dava prazer e lhe enchia os dias, a par de palestras com os colegas, os jantares e o uíste. Assim, a vida de Ivan Ilitch decorria de maneira que achava conveniente – agradável e digna” (fls.36)

Vários anos se passam, e agora Ivan Ilitch é juiz na capital.  Sua vida familiar deteriora-se, mas ele se aferra à respeitabilidade do seu cargo e da sua posição com mais força. Porém, uma dor surge em seu corpo. Meses se passam e a sensação é cada vez pior. Grandes médicos são consultados, mas nada de conclusivo dizem. A dor vai se tornando insuportável.  Então, Ivan Ilitch  questiona a sua mortalidade, numa das passagens mais primorosas da literatura mundial.

O exemplo de silogismo que aprendera no compêndio de Lógica de Kiesewetter – ´Caio é um homem, os homens são mortais, logo Caio é Mortal` - sempre lhe parecera exato em relação a Caio, jamais em relação a ele. Que Caio, o homem abstrato, fosse mortal era perfeitamente certo; ele, porém, não era Caio, não era um homem abstrato, era um ser completa e absolutamente distinto de todos os demais. Ele fora o pequeno Vânia, com sua mamãe e papai, com Mítia e Volódia, com os brinquedos, o cocheiro, a ama e depos com Katienska e com todas as alegrias e entusiasmos da infância e da adolescência e da mocidade. Porventura conheceu Caio o cheiro da pequena bola de couro listrado de que Vânia tanto gostava? Por acaso Caio beijava a mão a mãe como Vânia? Era para Caio que a seda do vestido da mãe fazia aquele frufru? Fora Caio quem protestara na escola, por causa dos pastéis? Tinha Caio amado como Vânia? Seria Caio capaz de presidir, como ele, uma audiência?
´Caio é de fato mortal, e portanto, é justo que morra, mas quanto a mim, o pequeno Vânia, Ivan Ilitch, com todos os meus sentimentos e idéias, o caso é inteiramente outro. É impossível que eu tenha que morrer. Seria demasiado horrível” (fls.55)

Claro que os homens são mortais, mas a nossa própria mortalidade parece difícil de acreditar. Como é possível  que eu, presidente de uma multinacional, possa morrer? E os meus compromissos, e as minhas vitórias? Ou como eu, juiz de uma suprema corte, reverenciado por um séquito de subalternos posso ser mortal? Eu não!  Porém, a morte um dia chega seja você quem for, e Ivan Ilitch cada vez mais se dá conta disso. O seu sofrimento existencial começa a ser tão ou mais pesado do que o seu sofrimento físico. A impressão que ninguém se importa realmente com ele, amigos, familiares, é por demais dura.  As suas limitações físicas, ao seu olhar, se tornavam cada vez mais degradantes, nem mesmo suas necessidades fisiológicas mais simples ele era capaz de fazer.

“Mas foi exatamente graças a tão penosa circunstância que Ivan Ilitch experimentou um dado consolo. Quem sempre vinha limpar o vaso era o camareiro Guerássim. Tratava-se de um jovem mujique, asseado e saudável, que engordara um pouco com a comida da cidade, se mostrava sempre bem-humorado. No começo, Ivan Ilitch ficara constrangido com a presença daquele homem limpo, na sua branca roupa de camponês, desempenhando um serviço tão nojento.” (fls.58)
(...)
“Guerássim era o único que não mentia e tudo indicava que também era o único a compreender plenamente o que se passava e não considerava necessário ocultá-lo, singelamente condoía-se do patrão tão fraco e esquelético” (fls.61)

O único que via, sentia e tinha um sentimento de empatia era a pessoa responsável por limpar os dejetos de Ivan Ilitch.  Quão surpreendente não é isso? Ou não é surpreendente? O cuidar de outro ser humano.  O sentimento de cuidado. Não é isso que torna possível que empreendedores, pessoas de sucesso, existam em primeiro lugar? Quase sempre precisamos de alguém, quando somos frágeis, que nutra esse sentimento de cuidado e carinho em relação a nós.  A Mãe, o Pai, um Tio distante, um enfermeiro, um amigo, quão importante não podem ser? Quão essencial não é o cuidado em nossas vidas? Por qual motivo esse sentimento tão nobre é negligenciado, omitido e colocado em segundo plano tantas e tantas vezes?

“Depois, sossegou, deixou de chorar, prendeu a respiração, ficou atentamente ouvindo a voz que vinha silenciosamente, a voz de sua alma, a torrente de pensamentos que dentro dele se acumulara.
´O que é que tu queres?´ foi a primeira coisa que ouviu claramente.  ´O que é que tu queres?´ ´O que é que tu queres?´ repetiu. E respondeu: ´O que eu quero é viver. Viver sem sofrer´.
´Viver? Como?´ perguntou a voz anterior. ´Ora, viver como sempre vivi. Bem, agradavelmente´, respondeu. ´Como viveste antes, bem e agradavelmente?´, tornou a voz.
E ele começou a repassar na imaginação os melhores momentos de sua vida. Mas- coisa estranha! – tais momentos não lhe pareciam agora tão agradáveis como cuidava que fossem, salvo as primeiras recordações da infância.  Na meninice, sim, havia coisas verdadeiramente prazenteiras, que gostaria que se repetissem, se pudesse viver outra vez. Mas aquele menino estava morto, era como a reminiscência de uma outra pessoa.
Quando entrou a repassar o período que gerara o atual Ivan Ilitch, tudo que lhe parecera ser alegria se desmoronava antes os seus olhos, reduzindo-se a algo desprezível e vil. E quanto mais longe da infância e mais perto do presente, tanto mais as alegrias que vivera pareciam insignificantes e vazias. A começar pela faculdade de Direito. Nela conhecera alguns momentos realmente bons: o contentamento, a amizade , as esperanças. Nos últimos anos, porém, tais momentos já se tornaram raros. Depois, no tempo do seu primeiro emprego, junto ao governador, gozava alguns belos momentos: amara uma mulher. Em seguida, tudo se embrulhou e bem poucas eram as coisas boas. Para adiante, ainda menos. E, quanto mais avançava, mais escassas se faziam elas. Veio o casamento, um mero acidente, e com ele, a desilusão, o mau hábito da esposa, a sensualidade e a hipocrisia. E a monótona vida burocrática, as aperturas de dinheiro, e assim um ano, dois, dez, vinte, perfeitamente idênticos. E, à medida que a existência corria, tornava-se mais oca, mais tola. ´É como se eu tivesse descendo uma montanha, pensando que a galgava. Exatamente isto. Perante a opinião pública, eu subia, mas na verdade, afundava. E agora cheguei ao fim – a sepultura me espera´.
(...)
´Talvez eu não tenha vivido como deveria´, acudiu-lhe de súbito. ´Mas de que sorte, se eu sempre procedi como era preciso?´, e imediatamente afastou a única hipótese possível para o enigma da vida e morte” (fls.70-71)

Será possível? Mas eu fui atrás de uma boa posição social, do sucesso, afinal fui um vitorioso. Fui mesmo? Mas não é possível, como uma vida vivida de maneira decente, digna, com trabalho respeitoso pode ter sido uma forma errônea de se viver?

“Ponderou que aquilo que antes acreditava ser totalmente impossível, isto é, não ter vivido como deveria, podia ser verdade. Considerou que as pequeninas tentativas que fizera, tentativas quase imperceptíveis e que logo sufocava, para lutar contra o que era considerado acertado pelas pessoas mais altamente instaladas na sociedade, podiam representar o lado autêntico das coisas, sendo falso tudo mais. E que os seus deveres profissionais, sua vida regrada, a ordem familiar e todos os interesses mundanos e oficiais não passavam de grandes mentiras. Tentou defender tudo aquilo perante a si mesmo, e, de repente, atinou com a fragilidade da sua defesa. Não, não havia nada a defender.” (fls.75)

Será que é possível que o que se estima como verdade para uma boa vida não seja uma grande falsidade? Títulos, poder, dinheiro, conquistas, as cenouras que são colocadas na frente de nós coelhos-humanos, representam realmente uma vida prazerosa e de sentido ou será que não passam de ilusões? Há um meio termo possível ou não? 
Não sei. O que sei é que quanto mais o tempo passa, mais impressionado fico com algumas obras literárias, e o motivo delas serem verdadeiros clássicos. A primeira vez que li "A morte de Ivan Ilitch" tinha vinte e poucos anos. A segunda foi com trinta, e me causou uma impressão muito mais forte do que a primeira vez, já que eu vi muito de Ivan Ilitch em mim. Essa terceira vez, agora com 37 anos, foi significativamente mais perturbadora, mas de certa forma mais prazerosa, já que sinto que as reflexões que Ivan veio a fazer no leito da sua morte, quando em certa medida já era tarde demais, são questionamentos de extrema importância em minha vida ainda jovem e com saúde. 


“Aspirou profundamente, deteve-se no meio, inteiriçou-se e morreu.” (fls.77)

E assim termina uma das maiores obras da literatura russa.

obs: Citações retiradas do livro "As Obras-Primas de Leon Tolstói" da editora Ediouro, 2000.

21 comentários:

  1. BAITA reflexão!

    De vez em quando precisamos dar uma parada para fazer esse tipo de reflexão e pensar se os objetivos que estamos perseguindo e a que dedicamos todo nosso tempo e energia realmente fazem sentido para nossas vidas.

    Por outro lado, penso ser normal olharmos para trás e acharmos que poderíamos ter tomado um caminho diferente em determinados momentos, afinal o que faz sentido hoje pra mim, pode ser que não faça no leito de morte. De qualquer forma isso não invalida a reflexão.

    Abraços e nos conte mais sobre sua vida pós independência financeira!

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    1. Olá, Sr. Ministro!
      Claro, perfeitamente normal.
      Rapaz, não tenho do que queixar. Escrevendo bastante, surfando, exercitando-se e lendo muito. A vida está boa (espero que não como Ivan Ilitch achava em sua fase mais jovem:) )
      Abraço!

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    2. Soulsurfer, poderia indicar alguns bons livros que está lendo? muito grato, abraços

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    3. Olá, eu li recentemente dois sobre o tema saúde. Os dois eu recomendo: "Anticancer" e "A vida sem doenças".
      Um abraço!

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  2. Bem, sinto que não estou vivendo uma boa vida neste momento. Minha principal ocupação, que me toma quase 12 horas diárias, não me faz feliz. Por outro lado me traz dinheiro e precisamos de dinheiro para viver. Creio que há um dilema na minha vida, que estou tentando resolver guardando muito dinheiro para que um dia eu possa abandonar o trabalho e ser feliz. Pode ser que eu nunca tenha coragem de tomar essa atitude.

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    1. Olá, colega.
      Se você está consciente de que está trocando tempo de vida com saúde por mais segurança e a possibilidade de maior contentamento no futuro, ótimo, você está fazendo uma escolha consciente.

      O tempo não volta, o futuro talvez não seja como imaginamos, e o presente é o que nos resta.

      Se você faz escolhas conscientes, e está ciente de uma maneira profunda do sentido das três frases do parágrafo anterior, continue o seu rumo. Se há alguma espécie de vacilação, reflita o que te faz vacilar no íntimo.
      Mesmo que não goste da sua atividade, sempre há maneiras de tornar a sua vida mais agradável no presente. Uma delas é aceitação. A outra é eliminação do que faz a sua rotina ruim, essa costuma ser uma arma poderosa, e eu sempre estou refletindo a respeito para melhorar a minha própria vida pela eliminação do que me faz insatisfeito.

      Abraço!

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  3. Belo texto Soul! Gosto também de Dostoievisk. Os russos vão bem profundo na alma humana!

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    1. Olá, colega.
      Fiódor Dostoiévski para mim é um dos maiores escritores da história da humanidade.
      Sim, não sei o que aconteceu na Rússia no século 19 para um país essencialmente agrário produzir uma literatura e poesia de qualidade tão sublime.
      Abraço!

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  4. Não me admira que a Russia tentou ser comunista.
    Com escritores como esses, uma mente mais fraca pode achar que trabalhar e ter sucesso é algo ruim.

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    1. É verdade, anônimo.
      Comentário muito pertinente e historicamente preciso.
      Abs

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  5. Ola Soul,

    Lembra um pouco a musica Epitáfio, dos Titãs.

    Retornei ao trabalho, e notei que nestas ferias fiz tudo aquilo que gostaria de fazer, como vida cotidiana mesmo, ao me aposentar.

    Ja fiz e refiz contas, mas falta muito para a minha "IF".

    Gostaria muito de poder viver o que vivi em 30 dias, durante toda a minha vida

    Acordar 07:30, tomar cafe, ir pra academia sem hora pra voltar, passear, almoçar.

    Definitivamente nao me prenderei a carreira, como o personagem da historia narrada, e bem o que voce fez, decretando a IF.

    Eu pensei que nao seria possivel ter uma rotina de IF sem trabalhar, e sem morar numa mansao com piscina, mas percebi que é sim possivel viver a IF sem se achar um completo atoa.

    A proposito, estive numa praia de ondas fortes, pelo menos pra mim eram rs.

    Este tal de surf deve ser bom mesmo viu, mas, nadando proximo a costa e pulando as ondas, uma onda alta se formou e quebrou em cima de mim, cara, como a agua é pesada!

    Me deu o famoso caldo, achei uma coisa fantastica a natureza (conhecia o mar, mas nunca havia nadado, aprendi a nadar ano passado).

    Bom, é isto.

    Finalizando a sua obra de leiloes nos avise Soul, definitivamente quero viver disto e começar a viver agora, estou cansado de trabalhar nos sonhos de outros, quero focar apenas nos meus.

    Abraçao

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    1. Ola, VC! Tudo bem??
      Veja, como dito a um amigo acima, talvez você devesse focar naquilo que te traz extrema insatisfação durante o dia. Faça uma lista. Veja se é possível eliminar as causas da insatisfação. Isso é uma espécie de exercício que se conscientemente feito, pode trazer resultados muito bons para a sua vida, sem ter que esperar necessariamente por uma IF, ou um determinado patrimônio.

      "Acordar 07:30, tomar cafe, ir pra academia sem hora pra voltar, passear, almoçar."
      Você pode fazer isso em sua rotina (fora o seu tempo para academia e passear). Você pode almoçar bem e comida de verdade, você pode dar intervalos em sua rotina e sair para passear pelas ruas da cidade que você vive.

      O mar nos atrai, e o surfe é apenas uma maneira de se conectar com isso.

      Um abraço!

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  6. Muito obrigado, Soul, por nos brindar com essa incrível reflexão.
    Gosto muito de ler, mas sempre fui para coisas mais mastigadas e mainstream. Suas reflexões me fizeram criar um interesse maior nesse tipo de literatura, da qual considero o melhor "tipo", pois não entrega algo pronto: faz pensar e tirar cada um suas próprias conclusões/pensamentos.

    Já estava sentindo falta dos seus artigos. Eles engrandecem a blogosfera com conhecimento e reflexões difíceis de serem escritas em tão grande nível atualmente.

    Um abraço, meu amigo!

    AlemMAR

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    1. Olá, AlemMar.
      Agradeço as lisonjeiras e gentis palavras.
      Sim, este é o ponto. As reflexões são inúmeras e cada um deve fazer as suas, um texto como esse tem o propósito de ser apenas um catalisador de reflexões, não é um artigo para dizer o que a pessoa deve ou não fazer, isso é uma jornada individual.
      Um abraço!

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    2. This comment is fake news

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  7. É amigo, talvez todo mundo fique pensando que poderia estar fazendo outra coisa ou morando em outra cidade. Sinto muita falta de morar no litoral. É dificil quem foi criado no litoral se acostumar numa cidade sem praia.

    As pessoas que nascem e crescem numa cidade sem praia tipo Brasilia ou Goiania não fazem idéia do quão maravilhoso é poder surfar ou simplesmente ficar na praia uns 3 dias por semana, elas acham que ir prum parque sentar na grama é a mesma coisa, podem falar o que for, mas a energia do mar e das ondas, pra quem surfar é muito mais legal, além do mais também temos muita grama na beira mar.

    Eu li esse livro pq ele estava na lista do vestibular, faz mais de 20 anos, poderia até relê-lo mas estou altamente sem tempo pra ler mais nada.

    Abraço!

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    1. Meu amigo Frugal, quer dizer que no vestibular pediram a leitura desse conto? Creio que é um texto um pouco "sem sentido" para adolescentes, mas a medida que vamos envelhecendo o texto vai ficando cada vez mais poderoso.
      O mar possui uma energia poderosa. Quando você tem o privilégio de surfar ondas como na Indonésia ou Fiji, em lugares muito bonitos, a conexão que se sente com a realidade e tudo mais é realmente muito forte.

      Um grande abraço!

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  8. Olá Soul, tudo bem?

    Gosto muito da reflexão de abertura de A Morte do Pai, do meu atormentado favorito: Knausgaard. O foco do livro, ainda que tenha de pano de fundo a morte do pai, é sobre a relação que o autor teve com o próprio pai, da mais terna infância ao começo de sua vida adulta. Veja aqui: https://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=13974.

    Gosto ainda mais da reflexão que o Saramago faz, nos minutos iniciais do documentário José e Pilar (2010) onde ele diz que não teme a morte, pelo contrário, ele já a sente muito próxima, rondando-o, já deixando a porta entreaberta e, que a principal questão relacionada à morte, na visão dele, se tratava da diferença entre ter existido e não existir mais.
    Existir e, de repente, num estalar de dedos, não mais!

    O time,
    A comida,
    O poeta favorito,
    O vidro de perfume,
    O toque de um ser querido,
    deixam de existir e no lugar se instalam a ausência dos passos pela casa, o som das chaves girando na fechadura, o tim-tim de um brinde que não será mais compartilhado, o puxar egoísta das cobertas durante o sono...

    Tudo some. E é esquecido.

    Mais recentemente, li em algum livro sobre o Caminho de Santiago (não lembro qual, são tantos que estou lendo no momento pois me preparo para realiza-lo); em um desses livros, o autor refletia sobre a morte; que esta não deveria ser um evento triste, desesperador; só caberia essas características se a vida que tivesse se encerrado houvesse sido em vão, pobre, sem sentido.

    O que caracteriza uma vida vivida em vão? O que é uma vida pobre?

    Neste final de semana, tive uma pista. Eu tenho participado de trekkings preparatórios para o Caminho. Entre os peregrinos que já realizaram essa empreitada é unânime duas afirmações:

    i) a pessoa recebe uma espécie de “chamado” para fazer o Caminho;
    ii) o Caminho se encarrega de colocar no teu percurso as pessoas que você necessita.

    Apesar de agnóstica, eu tenho que concordar com essas afirmações. Dizem também, que o Caminho começa a partir do momento que você “despertou” para ele, ou seja, no instante do “chamado” – o que quer que seja que isso signifique – e não necessariamente no instante que se começa a trilhá-lo. Pois bem. Já participei de vários desses trekkings preparatórios no interior do Estado que resido e neles sempre há o mesmo grupo de mulheres com faixa etárias acima de 60 anos. Essas senhoras nunca foram capazes de me dizer um bom dia, de me dar um alô! Quando passam por mim é como se eu fosse transparente! É algo bastante passivo-agressivo.

    Até este fim de semana, quando comentava com algumas pessoas sobre essas senhoras, eu descia o lenho nelas, fazendo elucubrações sobre o que as motivavam a agirem assim comigo. Então, no trekking deste findi, eu me dei conta de que elas são algumas das pessoas que o Caminho está colocando no meu percurso para que eu aprenda com elas pois eu também faço isso – essa agressividade silenciosa para com pessoas que eu considero entediantes (a quase totalidade dos meus colegas de trabalho se incluem nessa categoria, por exemplo).

    Ter me dado dessa revelação, lá no meio do barro de uma trilha, sozinha, a mochila pressionando meus ombros, os dedos dos pés latejando depois de quase vinte quilômetros caminhando me deixou de queixo caído!

    Eu não quero envelhecer e ficar como elas; mais do que isso, eu não quero ser mais assim desde já!

    Então Soul, acho que é por aí o Caminho. Não farei qualquer comentário sobre os russos pois seria apenas clichê.

    Um abraço,
    Anna Kellner

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  9. Ual, mto bom texto. Obrigado por compartilhar!

    Me permita mencionar um artigo antigo? Fiquei com uma curiosidade sobre o PDV do Temer.

    As regras pra demissão voluntária do serviço federal tbm se aplicam (ou aplicavam) aos servidores q ingressaram após a instituição da previdência complementar ou foi feito só pros mais antigos, cujas eventuais aposentadorias não se limitariam ao teto do inss?

    Abraços
    @ofrugalista

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    1. Olá, colega. Grato pela mensagem.
      Aplicavam, pois a MP perdeu vigência sem ser votada. Não havia limitação para quem poderia aderir, a diferença é que a indenização era proporcional ao tempo efetivo de cargo.
      Um abraço!

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