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segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

UM MUNDO SEDENTO POR ATENÇÃO SINCERA. UM DIA DE BLABACAR, SOFRIMENTO, INDIFERENÇA E BEBÊS.


 Olá, colegas. Sabe como ficaria um título mais atrativo? “Minha Experiência com o Blabacar: prós e contras”. Utilizaria a palavra blablacar algumas vezes, algumas técnicas de SEO, e quem sabe o artigo não iria trazer muitos mais acessos para este pequeno blog. Não tenho dúvidas que seria válido para muitas pessoas, mas de certa forma não seria eu escrevendo. Vou além, eu não poderia passar tantas percepções que podem parecer desconexas num primeiro momento, mas que fazem todo o sentido quando olhadas em seu conjunto.

 Eu ouvi falar sobre o Blablacar numa palestra que vi no google talks (valeu a dica Frugal) sobre shared economy. Basicamente, é um aplicativo que conecta “caroneiros" de uma cidade a outra. Se você está indo de Paris a Bruxelas de carro , por que não dividir as despesas com outras pessoas que querem fazer o mesmo percurso? Ideia simples, mas poderosa. 

 Eu sou muito acostumado com este tipo de transporte, mas para a esmagadora maioria das pessoas o compartilhamento de um transporte como o carro é algo no mínimo diferente. Como precisei vir a Porto Alegre por motivos de ordem pessoal da noite para o dia, fiquei feliz ao saber que o Blablacar já tinha chegado ao Brasil. Resolvi tentar, até porque era algo em torno de 30% mais barato do que um ônibus.

 Depois de fazer a reserva, tive acesso ao telefone da motorista e mandei uma mensagem perguntando se ela não podia me pegar em casa. Ela concordou, e seis da manhã estava em pé na frente de onde moro esperando-a chegar. A partir daqui o artigo começa a ficar interessante, pelo menos na minha percepção.

  Ela tinha se perdido e passado a entrada da minha rua, fui então andando em direção à rodovia principal, não sem antes pedir carona para um tiozinho que estava passando pela rua. Ele queria me levar longe, mas disse que até a esquina estava bom. Poucos segundos depois, chega a motorista com cara de poucos amigos. Pensei comigo mesmo “Xi, a mulher está brava”. 

 O motorista é aquela pessoa que terá a sua vida literalmente nas mãos dele. Nunca discuto com nenhum motorista de qualquer tipo de transporte. Pelo contrário, sempre, e eu digo sempre, elogio o  condutor, principalmente quando chego em segurança no destino final. Logo, minha missão seria acalmá-la. 

 Nós tínhamos que buscar uma menina que morava no mesmo bairro que eu. Enquanto ia guiando-a, ela ia me contanto uma história que tinha brigado com o namorado, que os dois faziam UBER e resolveram vir a Florianópolis tirar um dinheiro, que dormiram no carro, mesmo com eles dentro tentaram invadir o carro, que o namorado tinha gritado com ela, ou seja a mulher estava com os nervos a flor da pele.

  Enquanto isso, um belíssimo nascer do sol se descortinava, paisagens lindíssimas (onde moro é muito bonito mesmo), mas isso passava despercebido, o que é normal quando estamos estressados com algo, já que deixamos de prestar atenção à realidade e nossa mente apenas divaga nos pretensos problemas que porventura se possa ter.

  Encontramos onde a Lia estava (nome da passageira) e fomos em direção à rodoviária pegar o terceiro passageiro. Aos poucos ia conversando com a motorista, bem como com a Lia, uma gaúcha simpática que fazia biologia, resolveu largar a faculdade, pois tinha se desencantado com o mundo acadêmico,  e hoje trabalha com aromaterapia

 Chegamos à rodoviária, e o terceiro passageiro, Willian, um garoto que tinha ficado na vida louca a noite inteira, estava desabando de sono e com uma paixão recém-descoberta pela ilha da magia. Ele me contou que queria abrir uma Barbearia nos Ingleses (uma praia de Florianópolis). O trio estava completo. O namorado da motorista estava lá, e perguntou a ela se já tinha pegado toda a “carga”, ou seja nós. As palavras moldam nosso mundo e como o enxergamos, tema já abordado em Newspeak, Neve e a Distorção da Realidade. “Carga" amigo? 

  Começamos então a viagem de quase 500km rumo à capital gaúcha. Papo descontraído, a Lia ao saber que eu tinha ido a Mongólia, disse que era um sonho dela ir para lá, contou da sua experiência quando morou na Austrália, perguntou como era a Índia entre outras coisas. A Motorista , por seu turno, disse que se sentia mais relaxada depois de conversar comigo.

 Quando estávamos no meio da viagem, e os dois colegas de viagem estavam dormindo atrás, a motorista começou a ir em conversações mais profundas sobre a vida dela. Por que ela fez isso? Pelo simples motivo que ninguém está mais disposto de ouvir ninguém com a atenção e respeito que a pessoa merece. Infelizmente, estamos ficando cada vez mais surdos.

 A surdez é tão grande que hoje em dia, talvez sempre tenha sido assim mas só posso contar do tempo em que vivo, que quase todos precisam “berrar”. As pessoas berram com seus desejos de carros maiores e mais luxuosos, com seus desejos de mostrar fotos de mulheres exuberantes, com a pretensa indiferença pelos outros, por um foco obsessivo com suas carreiras, etc, etc. Quando mais berramos, mais surdos vamos ficando.

  Ela então contou-me uma história muito pesada sobre o seu ex-marido. Ela era contadora com 17 anos de prática, mas disse que estava difícil arrumar trabalho que não fosse sub-emprego na área. Narrou-me que há uns seis anos largou um emprego estável para acompanhar o marido que tinha acabado de casar. 

 Acontece que o marido era alcoólatra e começou a ser despedido de emprego após emprego, e ele tornou-se violento com ela. Agressões físicas e humilhações. Ela então na estrada começou a chorar, e disse-me que fazia anos que ela não contava essa história para ninguém. Disse para ela ficar tranquila, que tudo já havia passado. Ela então contou “não cheguei no pior”.

  Um certo dia, depois de muito discutirem, o marido dela entrou no quarto onde ela estava, apontou a arma e atirou. Ela me disse que quando viu ele entrando com a arma, algo dentro nela fez com que ela saísse correndo em direção a ele para empurrá-lo. Com esse ato de certa maneira heróico, ela conseguiu que o tiro pegasse apenas de raspão em sua orelha.

  Sim, meus amigos, ela seria assassinada se não fosse o impulso dela. Ela chorou mais uma vez, e apenas a deixei chorar. Depois, ela me confidenciou que o marido, eles ainda não se separaram formalmente, continuou a persegui-la. Eu me perguntei como um cara desses não está preso por tentativa de homicídio por motivo fútil. Coisas do nosso Brasil. 

 Ela, para meu espanto, narrou como os familiares dele ficaram contra ela depois do ocorrido. Se eu tivesse a pior mulher do mundo, que me fizesse muito mal, e eu desse um tiro nela, eu tenho certeza que minha mãe muito provavelmente não olharia mais na minha cara. Como em nome de relações familiares, as pessoas podem simplesmente ignorar atos horrendos? Eu não sei, e nunca consegui entender isso, apesar de estar a par das razões biológicas relacionadas à nossa evolução enquanto espécie.

 Ela depois contou sobre a família, sobre o irmão que tinha falecido com apenas 21 anos, sobre a irmã com a qual tinha relações complicadas, sobre os país que segundo ela nunca tinham feito nenhum elogio (apenas a mãe uma vez que teria dito que ela era muito trabalhadora). No final, ela disse que tinha trocado uma vida estável, com um bom emprego, por um verdadeiro inferno. Hoje, ela estava sem dinheiro, dirigindo o carro do “namorado” pelo UBER pagando R$50,00 de diária, morando de favor com uma amiga que estava brigada, e ela não sabia nem onde ia dormir depois que chegasse a Porto Alegre.

 Sim, foi uma sessão catarse para ela. Ela perguntou minha opinião. Eu comecei a falar sobre conceitos contábeis com ela, como ela tinha que pensar em fluxo de caixa, como deveria estabelecer metas de curto e curtíssimo prazo, mirando objetivos de mais longo prazo. Disse que deveria primeiramente encontrar um canto para ela ter paz de espírito, ou seja, alugar um lugar para ficar, nem que fosse muito simples, e nem que ela tivesse que trabalhar mais e aceitar sub-empregos na área dela. Falei que uma mulher que tem a força de empurrar um homem com arma na mão, possui a força necessária para dar a volta por cima e entrar num ciclo virtuoso.

 Enfim, eu fui um ouvinte que realmente estava interessado na história dela, e isso provavelmente fez um bem tremendo para ela. Depois dessa série de histórias, os outros viajantes acordaram, conversamos mais animadamente e num instante chegamos em Porto Alegre. A motorista fez questão de me deixar na casa de familiares (o combinado era na rodoviária), e me despedi desejando o melhor para ela em sua vida, bem como aos companheiros dessa curta viagem.

  Reencontrei familiares (infelizmente um tio meu faleceu), inclusive minha mãe que veio às pressas de Santos. Mais tarde fui a minha Mãe a um supermercado, pois ela como uma boa Alemã gosta bastante de uma cervejinha e fomos comprar mais latinhas. 

  No caixa a nossa frente, havia um casal de senhores. Minha mãe gosta muito de falar e de sorrir para os outros, mas esse casal simplesmente ignorou-a. Percebi que o Sr. que já tinha cabelos brancos não olhava para a cara da empregada do supermercado. Ela perguntava, ele respondia sem olhar nos olhos dela. 

  Como alguém pode perder isso? Desde quando perdemos a habilidade de olhar nos olhos das pessoas quando somos perguntados? Ao mesmo tempo em que a moça do caixa era quase que ignorada, havia uma criança com pais que estavam acabando de ensacar as compras do mercado. A Senhora era só sorrisos para a criança. 

  Mas a moça do caixa não era apenas um bebê que se desenvolveu e se tornou adulta? Nós todos não somos apenas crianças que crescemos? Por qual motivo somos carinhosos com crianças que não conhecemos, e frios e indiferentes com quem não conhecemos? O que se perde no caminho ao crescermos, ou o que nós perdemos, ou nunca fomos ensinados, ao olhar “bebês crescidos”? 

 É claro que crianças pequenas podem ser encantadoras. Afinal, é uma nova vida, geralmente são muito bonitos. Mas uma criança hoje é o estuprador de crianças do futuro, o político envolvido em esquemas de corrupção, o astro de futebol, o humanitário que vai a regiões sofridas do mundo, o grande investidor, a criança a qual nós olhamos tão efusivamente, somos nós no passado. Na verdade, a criança é nós, e nós somos a criança.

  Ouça mais as pessoas. As pessoas querem apenas um pouco de uma atenção sincera, prezado leitor. As pessoas estão tão sedentas por isso, que elas tentam disfarçar numa camada de indiferença. Ouça mais, querido leitor. Pode ser recompensador para quem fala, e quem escuta.

  E assim termina o meu final de semana. Com dois imóveis, que eu projetava vender apenas em 2019 por essa crise que passa o país, vendidos em apenas um dia, com o tio mais próximo meu não mais compartilhando a terra conosco, com uma forma agradável, bacana, barata de se viajar explorada, com uma história pesada de vida de uma pessoa que só queria ser ouvida e com uma reflexão de por qual motivo não podemos olhar para as pessoas e sentir uma proximidade maior assim como sentimos em relação a crianças bem pequenas.


 Um abraço a todos.

55 comentários:

  1. Causos da ilha da magia. Muitos profissionais bem qualificados estão sendo forçados a trabalhar em sub-emprego para conseguir sobreviver. É um lembrete da perversidade da crise em que o País está passando.
    Abs,
    PS: Não sabia que você também bebe dessa água Soul.

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    1. Sim, F.I. Quando temos contato com a face humana da coisa, realmente é triste ver os efeitos da crise econômica e política que nos assola.
      obs: Você também é da região?

      Abraço!

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    2. Eu sou de MG. A patroa é de SC. Fizemos uns testes morando um tempo em Florianópolis e depois em BH. Florianópolis ganhou rs..
      Abs,

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  2. Obrigado pelo texto

    Me fará uma pessoa melhor nesta semana!

    Temos que nos vigiar mesmo para não perdermos a essência dos relacionamentos humanos.

    Mais uma vez obrigado por brindar-me com o texto.

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  3. Caro Soul,
    Acho que isso que você abordou em seu texto é um reflexo da sociedade individualista que estamos nos tornando. Não temos preocupação genuína com nada que não afete nosso umbigo. Reclamamos de tudo que nos afeta e agimos sem nenhuma preocupação com os impactos de nossos atos. Eu não tenho filhos, mas se tivesse, estaria muito preocupado com o mundo e sociedade que estamos construindo.

    Abraço.
    rru842

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    1. Olá, Rru842. Creio que há coisas boas e ruins acontecendo. O mundo está muito acelerado, não o mundo mas como nós humanos interagimos com a realidade, e acelerando. Neste redemoinho, cabe a nós de vez em quando, se o processo reflexivo não é uma connstante na vida da pessoa, parar e pensar para onde estamos indo, e se não é o cavalo que está nos guiando.
      Eu teria preocupações, mas também ficaria feliz por ele viver num mundo que com um esforço mínimo ele pode conhecer tantas pessoas e culturas diferentes, ou que ele tenha uma expectativa de vida alta. Em última instância, somos nós que construímos em certa medida nossa realidade.
      Abs

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  4. Ola Soul!

    Que legal o relato! Vou pensar em utilizar o blablacar em uma viagem que estou pretendendo fazer!
    Sobre ouvir, é impressionante como as pessoas se abrem conosco quando lhe damos atenção... Mal sabemos o bem que isso faz para a pessoa que está contando

    Abraços

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    1. Olá, I.Inglês. Recomendo o serviço!
      Sim, faz um bem muito grande, e o bacana é que nos sentimos bem com isso também. O famoso win-win.
      Abraço!

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  5. Como teria sido diferente, não é Soul, se você tivesse descido até a mesma sintonia de raiva dela. Mas como você permaneceu na sua frequência de paz, ela acabou subindo até onde você estava.

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    1. Olá, Lux! Poderia até mesmo ser perigoso, eu não sei se viajaria com ela naquele estado. No fim, acabou sendo uma viagem interessante.
      Abs

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  6. Belo texto, Soul.

    Como disseram isso é reflexo de uma sociedade hiperindividualista, e nossos meios de comunicação têm muita culpa nisso.

    Ainda bem que existe uma minoria que vai contra a onda comum.

    Precisamos buscar nosso conforto e tentar diminuir o sofrimento do mundo. Da minha parte não terei filhos para serem roubados pela Odebrecht.

    Abs

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    1. Olá, colega. Acho que podemos procurar conforto alargando nossa zona de conforto. Eu, atualmente, acho que esta é a melhor forma para se viver bem.

      Abraço!

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  7. Soul,

    Boa! Nao dá pra fazer conta com tudo na nossa vida .... tem q ser mais que isso ..

    Abs,

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  8. Salve Soul! Tudo tranquilo?
    Ótima reflexão e análise. Sendo um pouco mais holístico no aspecto de experiências e vivências, você concorda que a falta de rotina (como sua trip) nos proporciona uma infinidade de novas experiências. Acredito que nossa rotina de acordar, trabalhar, comer, trabalhar, trânsito, dormir e looping, nos limita nesse aspecto. Quando terei novas histórias para viver? 20 dias por ano ou nos dois dias que separam a sexta-feira da segunda-feira?
    Sei que precisamos do "colchão" antes de sair por aí num impulso louco de desbravar o desconhecido mas esse pensamento me perturba. Tanta coisa linda, interessante é incrível acontecendo nesse exato instante.
    Forte abraço!

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    1. Olá, ChapChap!
      É verdade, o que eu fiz te proporciona "quilos e quilos" de histórias. Eu poderia tranquilamente escrever uns três livros diferentes sobre a viagem.
      Agora, essa é a exceção da nossa vida. Eu fui muito privilegiado de fazer isso. Agora, na maior parte do tempo nossa vida é rotineira.
      Mesmo assim, é a nossa responsabilidade tentar criar maneiras de expandir nosso horizonte, e impedir que a rotina seja uma prisão. Não precisa ser assim. Um primeiro passo é ser cordial. Um outro é ouvir mais. Um outro é ir se desafiando aos poucos em certas áreas da vida. Há inúmeras maneiras para percebermos e vivermos a vida de uma maneira mais intensa, reparando em toda beleza a nossa volta. Não precisa ser no meio do nada no deserto de gobi na Mongólia para acharmos beleza e fazermos coisas extraordinárias.
      Um abraço amigo!

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  9. Parece que metade do Brasil quer vir pra Floripa por causa de emprego. Como moro aqui vejo gente chegando e após alguns meses desanimando e voltando.
    Pessoal acha que por ser praia vai ser "férias pra sempre" ou "praia todo dia" e com salário de R$5.000,00 mensais. Aham!

    Eu estou fazendo o caminho inverso da manda, estou saindo de floripa e indo pro interior pois surgiu uma oportunidade melhor de serviço. Aluguel menor, supermercado mais barato, menos trânsito e cidade mais limpa e organizada.

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    1. Olá, colega. Sim, floripa atrai muitas pessoas, mas é uma cidade difícil de se viver para quem não tem dinheiro. É extremamente cara, transporte público não é bom e pouquíssimas oportunidades profissionais de alta remuneração.

      Eu acho que você está fazendo uma ótima escolha.

      Um abraço!

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  10. A corrida dos ratos (e tudo que ela significa) leva as pessoas a viverem suas vidas de forma desumana. Será que ainda somos seres sociais? Com certeza não da forma que nossos avós viviam. A corrida dos ratos nos obriga a viver de forma robotizada. A vantagem para um robô é que ele não sente nada. Nós sentimos. E as frustações do dia-a-dia de sermos humanos e vivermos como robôs acabam refletindo nas relações pessoais. O que era pra ser a essência do ser humano se transforma na sua tragédia individual.

    No mais, sempre me divertindo com suas aventuras pelo Brasil e pelo mundo.

    Abraços.

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    1. Olá, Investidor de Risco.
      Valeu pelo comentário, colega. Fico feliz que você esteja voltando a postar com mais frequência. Seus textos sobre finanças são bacanas e ajudam muitas pessoas com certeza.

      Um abraço!

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  11. No título você escreveu "Um mundo sedendo"? Não seria sedento?

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    1. Meu amigo, erro de digitação grave. Grato por chamar minha atenção.
      Abraço!

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  12. Que baita história, Soul! Essa mulher é muito forte! E não me surpreende a família ter ficado a favor do cara...
    Eu tenho a tendência a não ouvir muito as pessoas, a não ser que elas estejam com algum problema e queiram desabafar. Mas, normalmente, eu gosto mais de falar do que de ouvir. Venho tentando me policiar quando a isso, mas não é fácil.
    Abraço

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    1. Olá, Micro! Que história, não?
      Eu imagino, todos nós gostamos de falar, eu também gosto. Porém, o ato de ouvir também é interessante, até para que as pessoas prestem mais atenção na gente quando formos falar.
      Abraço!

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  13. Oi, Soul!


    O pior é saber que essas histórias ocorrem em muitos lugares no país...

    Quanto à mensagem que trouxeste, verdade! Aliás, ouvir os outros é uma atitude sábia, ainda mais quando nos preocupamos em ter uma conversa verdadeira, não apenas "aturar" os outros. Como bem disseste, olhar nos olhos dos outros, encontrar a essência das pessoas através de um contato verdadeiramente humano.

    Se tu observares as pessoas nos olhos, perceberás o quão assoladas elas estão, seja a falta de saúde devido à falta de sono e vida agitada, seja inquietação por n problemas, ou então descontentamento com a própria vida.

    Enfim, as pessoas estão ficando doentes, e a tecnologia, em vez de trazer um contato saboroso, via redes sociais, apenas está deixando explícito a sede das pessoas por coisas fúteis e aparências irreais, máscaras.

    Acho que um dos grandes problemas está na derrota que muitos pais tiveram ao criar os filhos. Muitos, mas muitos pais mesmo, erraram bastante ao não orientar bem os seus filhos, ao não os acolherem verdadeiramente e ao não os ensinar valores importantes, como gentileza, compaixão, simplicidade, responsabilidade, independência... E a lista é grande.

    Abraço!


    Anderson.

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    1. Olá, Anderson. Belo comentário.
      Sobre o seu segundo parágrafo, vi uma palestra no Ted Talks sobre este tema feita por uma médica que foi fantástica.
      De certa forma, estamos erradicando doenças e criando outras completamente desnecessárias.

      Sim, quando passamos do estágio de apenas "aturar" que o outro está interrompendo seja lá o que eu esteja fazendo, para realmente prestar atenção, a relação humana ganha um salto qualitativo imenso.

      Um abraço!

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    2. Soul, vi essa palestra que vc indicou para o Guardião do Mobral. Realmente o que ela fala é válido, mas vc não achou a oradora meio "robótica"?

      Não sei se era expressão facial dela ou o jeito dela falar/se mover, mas eu achei que estivesse assistindo a uma palestra de um robô "Be Happy". Be happy, be happy, be happy! Tive medo da cara dela, foi uma sensação estranha.

      Pra quem se interessar, a palestra é essa: https://www.youtube.com/watch?v=7tu9nJmr4Xs

      Abraço!

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    3. Olá, colega. Interessante, eu não tive essa impressão. Tive a impressão de uma pessoa que estava gostando de falar e que se sentia realizado de estar falando sobre aquilo.
      Também não creio que o tema é "Be Happy", "Be Happy", acho que foi uma análise bem profunda (na medida que 15 minutos de fala permitem) sobre a nossa saúde. Entretanto, essa é apenas a minha visão.

      Abraço!

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  14. Oi Soul!
    Esse texto meio que toca na "ferida*, e nos faz repensar atitudes.
    Confesso que troco de lado algumas vezes, querendo ser ouvida e sendo uma boa ouvinte, e as x cortando as pessoas, confesso.
    Certa vez fiquei frustrada com um grande amigo... certa vez eu quis desabafar e ouvi o seguinte: "me liga quando vc estiver melhor, conversar assim não é legal". Depois, pude perceber que ele não era assim só comigo, mas fiquei bem chateada.

    Certa vez vi uma palestra do prof Karnal, onde ele comentou que existe a impressão de que as pessoas meio que querem passar umas por cima das oytras, quando é para contar o que se acontece na vida, e ninguém ouve ninguém. Exemplo de diálogo citado por ele (não lembro com exatidão, mas é mais ou menos isso): "estou com dor de cabeça", o outro: "dói meu corpo todo", e no looping, o outro: "eu tenho um tumor".
    Parece a "aposta" de quem fala mais, mas ninguém ouve, de fato.
    E até na minha família, certa vez desabafei com meu irmão, e em uma discussão idiota tive que ouvir: "ah, depois, quando vc estiver tristonha e com suas caraminholas, nem pense em vir querer conversar comigo, não quero ouvir seus problemas...". Depois ele veio me perguntar por qual motivo eu era uma pessoa fechada. Chega a see cômico, e nao aconteceu uma vez só.
    Obrigada por esse texto excelente.
    Abraço.
    Li

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    1. Olá, sim você tem razão quando diz que uma parcela significativa das pessoas não consegue mais ouvir aos outros. Eu já vi esse exemplo do Karnal em algumas palestras dele, e acho muito bom mesmo. Eu me vi algumas vezes tendo esta mesma atitude: -pessoa falando comigo: eu andei 10km e estou cansado - eu- sério? eu andei 15km, e....

      Sim, nós fazemos isso, cabe a cada um de nós refletir se esse é um tipo de atitude que leva a relações humanas mais saudáveis e fortes. Eu creio que não.

      Agradeço o comentário.

      Um abraço!

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  15. Olá Soul, você gosta mesmo dessas coisas né de contato com pessoas e etc. Você não deve ser uma pessoa desinibida, é? Digo isso pois no nível em que você está não precisaria se sujeitar ao Blablacar(nada pejorativo), você simplesmente poderia comprar uma passagem área e pronto !!! rsrs

    Se atentando ao seu relato, já parou para pensar o quanto as pessoas se abrem para "estranhos", seja porteiro, barman e vários outras profissões em que vira e mexe eles ouvem reclmações ou histórias. Abraços

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    1. Olá, Stiffer.
      Não creio que seja uma pessoa inibida para se comunicar com os outros.
      Eu realmente gosto de conversar com as pessoas. Você tem razão, a quantia de R$800,00 (que era a passagem ida e volta comprada às pressas) talvez não me faça qualquer diferença. Agora, se posso gastar R$70,00 , ter uma boa experiência e atingir o mesmo resultado por que não?

      Isso também é uma outra verdade. Com desconhecidos, provavelmente, por não haver uma relação de proximidade com todos os problemas emocionais que isso pode ter, é mais fácil a pessoa contar sobre alguns detalhes mais densos de sua vida.

      Abraço!

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  16. Olá Soul, sou seu fã. será que um dia veremos um "FII - MEU RATING ATUALIZADO E ALGUNS PENSAMENTOS SOBRE FUNDOS IMOBILIÁRIOS" parte 2?

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    1. Olá, talvez. Quero ver se o que analisei se mostrou correto ou não. Seria um bom exercício de humildade.
      Abraço!

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  17. O mundo que você anseia pode ser conquistado. Existe, é real, é possível, é seu.
    Ayn Rand

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    1. "O mundo que você anseia pode ser conquistado, e muito provavelmente você precisará da ajuda de outros. Sim, ele existe, é real, é possível, é seu, mas não se esqueça que você não vive numa bolha, você é um ser humano que se relaciona com outros seres humanos, sem isso, o bem-estar, e o mundo que você anseia conquistar, é apenas uma miragem e um auto-engano."

      Soulsurfer

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  18. Soul, eu tenho receio de pegar carona com desconhecidos. Vc se arriscou e não se importou com isso. Vc não vê perigo nessas coisas?
    Realmente, é difícil ouvir silenciosamente o que as pessoas nos contam. Temos muita pressa em tudo, e o individualismo exacerba. Mas vc não sente falta tb de ser ouvido? Contar toda a história de suas viagens pra alguém e ver que ela está realmente interessada?

    Sempre que eu leio livros sobre liderança e auto-ajuda, onde nós devemos ser os ouvintes e nos importarmos com os outros, eu me pergunto: Ok, mas nós também temos necessidades disso. Quem nos supre?

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    Respostas
    1. Olá, Leonardo. Sinceramente? Não. Se fosse para pegar carona de noite no meio de uma BR, sim talvez eu teria algum receio, mas pouco se eu não estivesse com a minha mulher. Agora, pegar uma "carona" que estou pagando, saindo de manhã, e vindo de um aplicativo, o meu receio é muito pequeno mesmo.

      Claro, amigo. Porém, se não estamos ouvindo, quer dizer que também não estamos sendo escutados. O que adianta falarmos se as pessoas não querem escutar. Agora, coloque em prática escutar as pessoas, provavelmente muitas pessoas estarão dispostas a ouvir você.
      Por que você acha que escrevo? Porque as pessoas aqui estão dispostas a me ouvir, quão maravilhoso não é isso? Veja, você ouviu o que eu tinha a dizer. Minhas viagens tenho muito cuidado, eu falo algumas coisas, quando vejo que há interesse, não saio por aí "vomitando" sem parar histórias e mais histórias que as pessoas podem não ter qualquer interesse.

      Abraço!

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  19. Olá Soul,

    Muito bom o texto! Realmente temos que aplicar a lição de escutar os outros! Pode mudar a vida de uma pessoa depressiva ou que pensa em se suicidar. Por isso, é tão elogiável o trabalho do CVV (Centro de Valorização da Vida).
    Pra quem tiver interesse: www.cvv.org.br

    Tenho uma pergunta não relacionada ao tópico, Soul. Você que é um cara que entende de imóveis.
    Financiei a compra de um terreno pela Caixa. Quitei-o no final do ano passado.
    Tanto a Caixa quanto eu não vimos um erro na escritura do lote. O lote tem 500 m2, sendo 10 metros e largura e 50 de cumprimento.

    Na escritura, ele está 10 de fundo Norte e Sul, 50 metros do lado direito oeste e 20 metros do lado esquerdo leste. Isso é naturalmente errado e até impossível.

    O que fazer neste caso? Após eu pegar o termo de quitação com o banco do financiamento, devo averbar no cartório e apenas após isso consigo vendê-lo?

    Valeu, Soul!

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    1. Olá, Eric. Uma vez tentei ser voluntário no CVV, mas já faz bastante tempo. Eles fazem um trabalho essencial.

      Veja, o lote está corretamente matriculado no RI? Se sim, é estranho o RI ter aceito registrar o contrato seu com a caixa que provavelmente deve ter tido Alienação Fiduciária.

      Se foi aceito, e você quitou, quer dizer que darão baixa na AF e você se tornará o proprietário do imóvel. Assim, não veria problemas.

      Agora, se o erro é na matrícula, você tem que pedir a retificação da matrícula, argumentando que se trata de um erro material quando fizeram a descrição do imóvel na abertura da matrícula.

      Abraço!

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  20. Prezado, Soulsufer

    Indico a você o filme HUMAN, do fotógrafo e embaixador da ONU Yann Arthus-Bertrand. Este filme pode ser falcimente encontrado no youtube.

    Att.
    Bob Lucas

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  21. Bom dia Soul,

    Acompanho seu blog a louco tempo e gosto muito.

    Como vc mora em Florianópolis, poderia dizer como é a interação social dos moradores da ilha com o pessoal quem de fora? Existe realmente racismo, bairrismo?

    Abçs

    Carlos (Carioca)

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    1. Olá, Carlos.
      Pode ser difícil e às vezes bem difícil. Há muito bairrismo sim, para eu que surfo é pior ainda. Eu tento ser o mais cordial possível e estabelecer certos limites quando a relação não é boa.

      Abraço

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  22. Meu amigo,

    Já parei de berrar pelos meus "desejos de carros maiores e mais luxuosos", porém, ainda, não me despi dos meus "desejos de mostrar fotos de mulheres exuberantes", KKK!!!

    Abração,

    Canella

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  23. Grande Soul!

    Que história pesada essa dessa mulher né? São tantos mundos e tantas histórias tristes nesse país, pessoas mal-tratadas e violentadas, abandonadas a si mesmas. Isso é horrível.

    Eu acho que ela não contou essa história na delegacia da mulher e nem procurou a Justiça. Sim, boa parte da coisa contra a mulher não se resolver é o fato delas ainda terem medo de procurar polícia e justiça por medo dos covardões. Pelo menos nessa parte me parece que quando é oficializado a polícia/justiça andam rápido.

    Meu amigo que vídeo foi esse que o cara falou do Blabacar? Muito legal isso, eu não vi esse vídeo eu acho. Tem outras sessões com os autores dos livros (romances) que são legais também. Parabéns pela venda dos imóveis!!
    Abraço!

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    1. Olá, Frugal. Não é o caso dela. O cara foi preso em flagrante, e como tentativa de homicídio é uma ação pública, é de competência do MP tocar.
      É verdade, mas muitas mulheres tem medo, e com razão. Infelizmente, nós temos tolerância com comportamentos violentos contra mulheres, é uma lástima, mas é verdade.

      Foi um vídeo sobre economia, não estava na parte de finanças. Valeu amigo, abraço!

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  24. Soul, que tipo de imóvel vc costuma comprar? Apto, galpão, casa...

    E quais sites vc usa para tomar conhecimento e participar dos leilões?

    Sei que vai falar mais futuramente sobre o assunto, mas adiante estas informações...

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    1. Olá, colega. Estou preparando, já escrevi umas 20-25 páginas do livro. Infelizmente, essa semana foi tumultuada por diversos motivos. Porém, quero voltar a me concentrar para escrever sobre o tema.
      Abraço

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    2. Não dá para dizer nem os sites de buscas dos leilões?

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