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quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

A "PERDA FIXA", O OTIMISMO BRASILEIRO E MAIS UMA VEZ OS ERROS DE JULGAMENTO

O ano é 2015. O mês é dezembro. É oficial, o Brasil está prestes a acabar. O calote é iminente, a dominância fiscal é um fato (um conceito econômico que significa que a política monetária perde o seu poder de fogo, frente a um quadro fiscal deteriorado), os FII serão tributados e o PT se tornou uma espécie de III Reich com o seu plano de governar por 1000 anos um país que existe apenas há algumas centenas de anos.

Ah, esqueci do dólar a mais de R$4,00, e vi blogueiros e articulistas mais famosos falando que era questão de tempo para chegar a R$5,00. Por qual motivo chegaria a R$5,00? Foi uma pergunta que fiz uma vez, e recebi a resposta de que a razão era porque o PT quebrou o país. Quem investiu no Dólar a R$2,80, ou em patamares menores, dava um sorriso leve de ter acertado o momento certo. Quem investe no exterior comemorava rentabilidades extraordinárias, fruto de um conhecimento aprofundado das dinâmicas do mercado, alguns poderiam pensar.

 Eu escrevi um artigo chamado O Brasil Acabou Evidentemente, era uma ironia, e eu colocava algumas reflexões sobre o que pensar a respeito do nosso país. O artigo foi escrito em meados de fevereiro de 2016. Títulos pré-fixados pagando 17%, NTN-B chegando a 8%, vários FII pagando 1%am, Banco do Brasil sendo negociado a R$12,xx, a um PL 2, e um patrimônio líquido Negativo, pois só as participações acionárias do Banco em outras empresas listadas em bolsa já dava mais do que R$12,00 por ação.  O meu pai me disse que Bonds perpétuos com call em 2024 do Banco do Brasil com cupom de 9%aa em dólar estavam sendo negociados a 40% do valor de face, ou seja estavam pagando 20%aa em dólar. Era o armagedon. Não foi há 10 anos, não foi na época da eleição do Lula em 2002, foi há menos de um ano.

  E o que ocorreu no ano de 2016, a derrocada financeira de tudo no Brasil? Quase, os analistas foram quase precisos nesta. A curva de juros futuro se inverteu numa queda acentuada. A inflação cedeu, vários FII voltaram a patamares de 0.7%am (o que indica uma valoração acentuada da quota) e o “falido BB teve um retorno de 100% em alguns meses. E quem comprou Bonds Perpétuos do BB , acumula ganhos de capital na ordem de 100% e 20% de juros em dólar. Sim, a renda fixa é claramente uma perda fixa.

 O que acontece, colegas? E o que vai continuar acontecendo? A mesma coisa que sempre ocorre potencializado pelos  meios de informação mais democratizados: a grande maioria das pessoas irá superestimar suas capacidades analíticas analisando o passado com lentes do presente e darão mais preponderância ao passado recente.

  Isso tem nome técnico. Chama-se Hindsight Bias, já tratado em artigo deste Blog O que os Jornais de 20 anos atrás podem nos ensinar?, e Recency Bias. No primeiro, analisa-se os acontecimentos passados já se sabendo o que ocorreu (não se analisa o passado baseado nas informações que existiam no passado), o que faz com que tudo se torne “explicável”. O escritor Nicolas Taleb chama isso de a falácia lúdica: a criação de histórias que façam o passado se tornar muito mais inteligível do que ele realmente é.

  Já o Recency Bias, nada mais é do que darmos mais força a informação mais atual do que a uma informação mais antiga. Está em todo o lugar. Quando me perguntavam sobre o dólar, se eu acreditava indo a R$5,00, eu apenas dizia que isso me cheirava a Recency Bias cumulado com desconhecimento total sobre os fundamentos do comportamento do câmbio no médio-longo prazo.

  No artigo Câmbio, O Princípio Fundamental , eu compilei diversos dados, de diversas moedas, mostrando que o ganho real entre moedas é basicamente nulo no longo prazo, o que apenas confirma a teoria de que o câmbio em períodos maiores de tempo apenas reflete o poder de compra das moedas. 

  Quem tem contas em reais, e estava investido fora em 2016, provavelmente tem rentabilidades negativas em reais, enquanto quem investe apenas aqui no Brasil deve ter fortes rentabilidades positivas. Isso quer dizer que investir no exterior é ruim?

  Toda vez que eu ouço esse tipo de pergunta, eu preciso respirar fundo e compreender que o grau de interpretação de alguns às vezes não é tão, diríamos, refinado. Em 2014, escrevi um artigo sobre Fundos Imobiliários de Papel. Foi um bom artigo, que penso em revistá-lo, melhorá-lo e publicá-lo de novo, quem sabe num livro. O artigo tem quase dois anos e meio, mas ainda recebe visitas e comentários, o que é algo bem bacana. Pode ser acessado em Fundos Imobiliários de Papel: Abrindo a Caixa de Pandora

  Quando coloquei esse artigo no Tetzner, tinha um camarada que simplesmente parou de conversar comigo, e dizia que o investimento em Fundos de Papel era um bom negócio e que não era essa “porcaria" que o meu artigo retratava. O artigo em questão, se você se der o trabalho de ler, apenas tentava explicar a complexidade dos papéis, e alertava que eram mais arriscados do que certos investimentos em renda fixa, e por isso deveriam ser adequadamente remunerados. Nada mais, nada menos.

  Hoje em dia se pode investir em muitas coisas, muitas mesmo. Quer investir numa empresa de tecnologia? Torne-se um investidor anjo. Quer comprar investimentos de dívida atrelados ao mercado imobiliário e com precificação um pouco mais complexa? Vá de Fundos Imobiliários de Papel. Quer ser sócio operacional de uma padaria? Procure os classificados ou alguém que possa te vender o negócio. Quer investir no crescimento da Mongólia? Compre um ETF da Mongólia (sim, eu já pesquisei e há um que abrange Mongólia e Ásia Central com 0,75% aa de taxa de administração). 

 Compre o que você quiser, apenas entenda um pouco o funcionamento básico do ativo, os riscos prováveis, e dependendo do que for exija um prêmio de risco que seja adequado. 

  Sendo assim, os comentários do leitor do Tetzner, e a pergunta retórica desse texto de se investir no exterior é ruim, não fazem sentido. FII de papel não é bom, nem ruim, ele pode estar bom, e ele pode estar ruim, dependendo do prêmio de risco associado. Assim como comprar títulos seguros do Governo da Suíça pode ser bom ou ruim, no meu entendimento pagando juros nominais negativos, como é atualmente, não é um bom investimento.

  Podemos encarar tudo e qualquer investimento sobre essa ótica. Franquias, FII, ações, ETFs, barracos em favela, imóveis em leilão, etc, etc.


  Logo, se quer investir no exterior, tem que saber que há dois riscos: o da classe de ativo investida (e se escolher o ativo individualmente, o risco não-sistêmico também), bem como o risco cambial. Isso é tão importante, que há diversos trabalhos comparando a exposição ao mercado de renda fixa estrangeiro, na ótica de um investidor americano,  com hedge contra variação cambial ou não. Há um paper da Vanguard que trata apenas disso (Global Fixed Income: considerations for U.S. investors).

  Ao invés de sairmos por aí fazendo análises apressadas que nada mais são do que erros de julgamento como os dois apontados neste texto, vamos tentar parar e refletir sobre o que estamos fazendo. Se há uma coisa que venho aprendendo, é que é muito mais fácil perceber quando algo está barato, do que quando algo está razoavelmente precificado ou não.

  A verdade é que o Brasil estava quase de graça em fevereiro de 2016 em dólares. Isso não era tão difícil de perceber, e até eu percebi em certa medida. Tanto que foi o único mês que comprei ações e FII no último ano. Infelizmente, como estava no Laos na época, não consegui alocar muito dinheiro, pois meus procuradores no Brasil não estavam disponíveis para transferir dinheiro do Banco para a corretora e depois disso me perdi pela China por quase 4 meses onde nem acesso a internet livre se tinha muito. Se comprei 20k que tinha parado na conta da corretora de dividendos e recebimentos de aluguéis de FII foi muito.

 Agora, é muito mais difícil analisar se algo está se tornando sobreprecificado, se há otimismo exagerado ou não. Há otimismo no Brasil? Aparentemente, nos mercados financeiros sim. Porém, os juros reais ainda são muito altos, um dos maiores do mundo, yields em FII ainda são bem razoáveis, ainda mais levando em conta a isenção tributária, que fica difícil dizer se há euforia desmedida ou apenas se os prêmios estão voltando para o lugar correto.

  Porém, assim como em 2014 ninguém estava dando bola para Lava-Jato (e para mim na época era o maior desafio de 2015, sem Hindsight Bias nos comentários hein), eu acredito que estão dando pouca importância as 77 delações da Odebretch e o impacto devastador que isso pode ter no nosso sistema político. O julgamento da chapa Dilma-Temer pelo TSE, e a possibilidade de um candidato radicalizado ter chances reais em 2018 são considerações que parecem não estarem tendo o seu devido peso nas análises.  

 O governo Temer, tão ou mais do que o da Dilma, está afundado em denúncias e mais denúncias de corrupção. Fica difícil imaginar que ele se mantenha no poder com baixa popularidade, menor do que a Dilma, e denúncias graves aos montes de corrupção quando revelarem o teor das delações. Para mim, está mais do que claro que houve e ainda há indignação seletiva, o que é terrível para se construir um país forte.

 Por isso, mantenho cautela em investimentos, com boa parte  do meu patrimônio atrelada ao CDI, mesmo com juros caindo. Um lado muito bom desse otimismo, e queda dos juros, é que os imóveis talvez comecem a ficar mais atrativos de novo. 

 São cinco imóveis meus que estão ou comprados, ou em vias de, ou ao menos com alguma proposta pendente que se melhorar um pouco, eu liquido a operação. Isso me deu ânimo para comprar mais dois em dezembro, e estou de olho em mais três nessa semana. Na verdade, ambiente de juros baixo é bom para mim, minhas rentabilidades potenciais são bem maiores. Ambiente de juros altos também é bom para mim, pois os ativos ficam mais baratos.

 Como assim, qualquer ambiente é bom? Sim, tendo capital acumulado, tendo instrumentos de renda fixa com juros reais de 4-5% ao ano e com liquidez imediata,  sendo genuinamente satisfeito com baixas despesas e uma vida mais simplificada, proporciona a habilidade de navegar de forma tranquila em vários cenários. Apenas em cenários de descontrole como Venezuela, ou de caos absoluto como Síria, é que há grandes problemas. E é por isso que faz sentido se expor a retornos menores, risco cambial , investido no exterior.

 É isso, colegas. Reflitam por si sós. Façam isso buscando os fundamentos. Deixem de lados análises complexas, e foquem no essencial das questões. Apenas depois de uma compreensão maior dos fundamentos, se torna  possível ter análises mais complexas.

  Abraço! 


50 comentários:

  1. Concordo especialmente com o último parágrafo. "É isso, colegas. Reflitam por si sós."

    Acho que você superestima o risco político pra este ano. Aí, claro, é da opinião de cada um. Em 2018, concordo com a preocupação em relação às eleições. E essa queda de juros... sei não hein

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    1. Olá, colega. Pode ser. Quem sabe o que pode acontecer no Brasil, onde "até o passado é incerto". Porém, acredito que podemos sim passar por uma crise política ainda maior. Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos.

      Abraço

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  2. Feliz 2017 Soul!! Eu pessoalmente não gosto de ficar girando muito o patrimônio em classes de investimentos! tipo, agora é hora de renda fixa, juros caem são bons para todas as ações? talvez não...seguradoras, Grendene, tem muito lucro através de receitas financeiras de seus investimentos, por outro lado a queda de juros faz vender mais sandálias, ....tudo tem um viés...abraço e feliz 2017...

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    1. Olá, Beto Fiscal.
      Depois de escrever o texto, senti que poderia dar a impressão de que estaria estimulando um giro excessivo de carteira. Não é essa a ideia. Sempre disse no blog que para investidores amadores, o foco é aporte, escolha de bons ativos, e diversificação. O tempo irá se encarregar de dar bons frutos.
      A minha intenção, e talvez eu possa não ter sido feliz, é chamar atenção que devemos reconhecer as particularidades daquilo que investimos, e não termos reações baseados no momento.

      Um abraço!

      E feliz 2017 para você tb!

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  3. Olá, Soul!
    Muito bom seu texto.
    Eu ainda não estou acreditando muito no governo atual e já deu pra perceber q estão baixando os juros na marra. Grande parte do patrimônio está em LFT, e continuará por lá até q aja alguma definição política e econômica, ou apareça alguma oportunidade.
    As ações estão caríssimas, os FIIs nas alturas, SELIC caindo...
    Sinceramente, não sei onde por meu rico dinheirinho....Rsrs
    Alguma luz?

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    1. Olá, Guardião.
      Se você ainda não tem um patrimônio considerável, eu faria o básico que é aportes regulares em renda fixa, FII e ações.
      Esforçaria em obter aportes maiores.
      Não sei se isso foi uma luz:)
      Abraço!

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    2. Se você acha que os juros tão caindo na marra, então a inflação vai subir, certo? Pronto. Tem sua resposta.

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    3. A pergunta não foi endereçada a mim, mas como passo pelo mesmo dilema compartilho minha estratégia, que é uma mera opinião amadora: fazer aportes pequenos e periódicos(nunca tudo de uma vez por prudência) no ETF PIB11, nos meses que não acho uma oportunidade melhor no radar. Aumentar participação em Tesouro Prefixado e Inflação, possui o ranço de podermos ter feito uma aplicação com melhor rendimento há poucas semanas ou meses atrás mas ainda é muito atrativa, e, por último fundos imobiliários ainda consegue achar muita coisa, pensar com o mesmo fundamento que usei em relação ao títulos públicos. Enfim! Boa sorte

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    4. Olá, o Estrategista.
      Uma boa forma de agir, simples, mais eficiente no longo prazo se você mantiver os aportes, e os seus gastos sobre controle.

      Abraço!

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  4. Interessante, ontem, estava pensando justamente nesse otimismo do momento. Esse pensamento me veio depois de ler, ouvir e ver a analise de diversos economistas na mídia.
    Eu, ao contrário, estou muito cauteloso com o atual momento, pois vejo muitos buracos no meio do caminho.
    Tenho o sentimento que 2017 vai ser um ano de fortes emoções muito diferente desse janeiro escaldante e eufórico.
    E só uma impressão.

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    1. Claro, o Brasil ainda está muito longe de uma rota clara. O mundo será sempre imprevisível, ainda mais mercados financeiros. Porém, o grau de imprevisibilidade do país, em minha opinião, está muito alto mesmo. Ninguém pode dizer com certeza quem será o presidente no segundo semestre deste ano, por exemplo, isso é um tipo de imprevisibilidade que não é comum em país mais estáveis, mesmo que não sejam ricos.
      Sendo assim, enquanto me pagarem juros reais positivos para posições com liquidez, eu permaneço em modo de cautela, e talvez iniciando processo de envio de dólares para o exterior, principalmente com cotações abaixo do valor de paridade.

      Abraço

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  5. Soul, o artigo está legal, só não entendi como o Banco do Brasil pode estar com patrimônio líquido negativo se os ativos estão maiores, bem maiores, que o passivo.

    Outra coisa a dizer, algumas pessoas foram tão enganadas pela VEJA e pela GLOBO que não se pode discordar delas em assunto nenhum, nem em finanças e fiis. Nem estou falando em política pois a indignação é seletiva como você falou. Muitos não querem ser contestados.

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    1. Olá, colega. Não, o BB não está com PL negativo agora.
      Veja, o BB possui duas grandes participações: uma é Cielo e a outra eu não estou recordando agora. Quando as ações chegaram a R$ 12,70 ou algo parecido, eu simplesmente peguei as participações acionárias do BB em Cielo e nessa outra empresa, multipliquei o número de ações pelo valor de mercado dessas empresas, e o resultado era um pouco superior a estes R$12,70 ou similar, ou um pouco abaixo. Não lembro ao certo.
      Assim, ações a R$12,70 significavam que o negócio bancário do BB valia 0, já que bastaria vender as ações a valor de mercado (vamos ignorar o impacto negativo nas cotações de uma medida destas), e se teria estes R$12,70. Se as ações valessem menos ainda, o que o mercado estava dizendo naquele momento, é que mesmo vendendo as ações das outras empresas, o valor do negócio do BB seria negativo.

      Não sei se fui claro, espero que sim.

      Abraço

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  6. "é que é muito mais fácil perceber quando algo está barato, do que quando algo está razoavelmente precificado ou não."
    È por isso que prefiro fazer PM pra baixo do que pra cima em ativos de risco e bons fundamentos.
    Ou seja é muito mais fácil saber a hora de comprar do que de vender , não é? ABS

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    1. Olá, colega. É isso que venho sentindo com os anos passando e com minhas experiências. Outros podem pensar de maneira diversa, mas é bem mais fácil ver quando algo se deslocou muito dos fundamentos para baixo, de quando algo se deslocou muito dos fundamentos para cima.
      Abraço

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    2. Acho que a ganacia e maior do que o medo. abs

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  7. A grande questão no que diz respeito ao homem é que quando você aceita algo tão importante quanto a criação do universo com base na fé, você está destruindo a confiança e a validez de sua mente.
    Ayn Rand

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    1. O anônimo Any Rand, tá ficando figurinha marcante aqui no meu blog hein?
      Any Rand dando pitacos sobre cosmogonia?

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    2. Sempre um prazer ler a mente de um indivíduo independente.

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  8. Soul, boa tarde.
    Do que se trata esse bond perpétuo do BB com call em 2024, com rendimentos em dólares?
    Como se tem acesso a ele? Ou a outros papeis atrelados ao dólar.
    Desde já agradeço.
    Abraços,
    Pepe

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    1. Olá, colega. São títulos de dívida que algumas instituições emitem onde não há maturidade (ou seja não há vencimento), mas apenas pagamento de juros.
      O BB emitiu alguns BONDS perpétuos do tipo COCO (sem trocadilhos, é a abreviação para Contingent Convertible). Estes instrumentos de dívida permitem que a instituição transforme em ações a dívida (Convertible) desde que alguma coisa aconteça como queda do capital do banco abaixo de um certo patamar (Contingent). Como são instrumentos mais arriscados do que BONDs normais, pois podem ser convertidos em ações, eles costumam remunerar mais.
      Você pode ter um insight básico sobre eles aqui: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/03/1754538-crise-dos-coco-bonds-derruba-titulo-de-divida-do-bb.shtml

      Olha, meu pai está sempre de olho nessas dívidas em dólar, muito provavelmente para se ter um acesso a estes produtos é necessário ter conta em corretora no exterior.

      Abraço!

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    2. obs: o Call em 24, quer dizer que o BB poderia, apesar de não ter vencimento, resgatar os títulos em 2024 pelo valor de face do título.
      Funciona assim: se o banco emitiu esse título pagando 5%, e você comprou pagando 10%, quer dizer que o titulo foi comprado pela metade do valor de face.
      Assim, em 2024, se o banco quisesse tirar este título do mercado, ele teria que pagar o valor de face (vamos supor 100 mil dólares), mesmo que você tenha pago metade do valor de face (vamos supor 50 mil dólares).

      Abraço

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    3. Soul,

      Hm .. .então é assim que funciona ... não entendi como um título poderia ser perpétuo rsr ... obrigado .. abs..

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  9. Só pra eu entender : vc acha renda fixa uma perda fixa?

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    1. É que eu não entendi

      (Desculpa)

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    2. Sem problemas.
      Eu acho que o conceito de "perda" fixa uma das maiores abobrinhas que eu já ouvi.
      Irei escrever um texto sobre isso.
      Abs

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    3. Obrigado amigo
      Eu não sou bom nesse sssunto, e lendo o blog do abacus eu pensei em discordar da afirmação dele (e do Barsi) de perda fixa.
      Mas obrigado mesmo e vou aguardar seu texto.

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    4. Esse conceito de perda fixa foi muito propagado pelo Barsi. Pelo histórico dele de investimentos pode até fazer sentido mas ele é um ponto fora da curva né? Não é todo mundo que aguenta investir por meros 10 anos em um mesmo papel e ainda ser um papel que suba bem, pague dividendos e etc ...

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    5. Valeu, colega. Vou escrever sim.

      STN, não faz nenhum sentido a afirmação dele, em minha opinião, muito menos no Brasil.

      Abraço

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    6. Soul, a questão é que se renda fixa não for "perda fixa" quem vai sustentar as corretoras comprando ações arriscadas? Existem muitos interesses em jogo e a manipulação dos leigos (como eu) é simples. Não estou dizendo que este é o caso do Barsi, mas sempre que os bilionários dizem que é fácil fazer o que eles fazem, penso que ou não se dão conta da diferença ou estão querendo fazer parecer simples algo que não é. Jairo.

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  10. Grande Soul,

    Isso aí meu caro .. enquanto uns compram outros vendem lenços ... quem tem dinheiro aproveita crises pra fazer mais dinheiro ...

    Na época por acaso, acabei vendo o lance dos corporate bonds também .. me assustou o valor que estava sendo pago .. mas .. como não tenho 50 .. 100 200k usd ... não dá trade ..rs ...

    Abs,

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    1. Olá, Rodolfo, pois é.
      Veja, faz muito mais sentido comprar BONDs do que as ações da empresa que emitiu esse BONDs, se formos analisar pela ótica do Risco x Retorno. Credores tem preferência sobre acionistas, então não faz sentido oferecerem retornos idênticos ou em excesso.

      Abraço

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  11. Soul,

    òtimo artigo!

    Qual material para analise fundamentalista vc recomenda?

    Abrcs!

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    1. Olá, colega. Dá uma olhada em artigos meus escritos em 2014 (na metade do ano), onde indico bibliografia para todos os níveis de entendimento.
      Abraço!

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  12. Concordo com o SoulComunista sobre as reais possibilidades de um candidato radicalizado ganhar em 2018. Lula ainda mantém-se na frente das pesquisas no primeiro turno, a despeito de sua alta taxa de rejeição.

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  13. Olá! Já tenho uma grana aplicada no curto e no médio prazos. Então estou pensando em investir para um prazo mais longo, visando a aposentadoria e o efeito que os juros compostos podem proporcionar ao longo dos anos. Será que vale a pena aplicar em RDB p/ 10 anos a 125% do CDI? Abraços.

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    1. Olá, colega. Não sabia que bancos emitiam esse títulos com prazos tão longos. A taxa é boa, mas geralmente eles não tem liquidez alguma. Não sei se vale a pena, sinceramente. Acho melhor ganhar um pouco menos, e pegar títulos com maturidade menor, a não ser que seja um TD onde você pode pegar títulos de longa maturação, mas pode vender a mercado.

      Abs

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  14. Fala Soul,

    Sensacional texto. Sem mimimi eu não fico tentando entender o sexo dos anjos, analiso o momento e tomo uma decisão. Como você falou, tem tantas maneiras de investir que não existe a certa, até padaria pode dar lucro absurdo se você vir que ela tem grande potencial e investir.

    Fevereiro do ano passado eu comprei o que podia de FII. Ficava louco pois queria comprar mais e não dava kkkkk.

    Fim do ano passado ações deram uma bela queda, comprei. TD IPCA3025 passa de 6%, compro. Surge debênture com boa emissão baseada ou no CDI ou no IPCA, compro também, enfim tem que aproveitar a oportunidade do momento.

    Como você bem citou também, não devemos seguir os títulos das notícias do momento. Geralmente as pessoas leem o título e já formam opinião e propagam por aí. Entrei no mercado financeiro no final de 2007 tomado por euforia de trades como todo jovem que acha fascinante ver os números oscilarem a cada segundo achando que vai ficar rico em 30 dias. Após 2008 continuei mas a euforia já foi diminuindo. Em 2010 comecei a dar ênfase em RF e estudar mais. De 2011 pra cá é só estudo e diversificação. O que aprendi de tudo isso? Não se desespere nem vá pelas mídia, sempre haverá oportunidades e quando todos estiverem desesperados, aí você entra e aproveita a oportunidade.

    Bola da vez são os investimentos no exterior.

    Abraço!

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    1. Olá, colega.
      Sim, sempre haverá oportunidades. Vejo isso em leilões. Eu tinha refletido nisto em 2014, que precisava estar líquido para aproveitar oportunidades se viesse uma crise forte. A crise veio, e deve ter muito, mais muito leilão este ano, principalmente advindos do final de 2015 e do ano de 2016. Como os juros estão diminuindo, ainda estou dando "sorte" de liquidar posições, que podem ser utilizadas para mais compras, sem afetar tanto a minha liquidez.

      No mais, você tem total razão.

      Abraço!

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  15. No alvo, conhecimento é tudo! Muito bom o post.
    Ahhh os leilões, eu vou perder a oportunidade por não ter um patrimônio relevante para começar a me aventurar com esse tipo de operação.

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    1. Valeu, Surfista!
      Pois é, essa semana mais uma operação foi iniciada. Vamos ver.
      Abs!

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    2. Vc faz melhorias nos imóveis arrematados, ou apenas negocia a saída de quem está ocupando o imóvel e vende?

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    3. Olá, colega. Faço de tudo um pouco, cada caso é um caso. Porém, sempre negocio.
      Abs

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  16. Gosto de suas reflexões porque não são construídas de forma apaixonadas, mas, sim, de forma racional e fundamentada. Seu blog é um excelente trabalho. Obrigado por compartilhar suas ideias com o grande público.

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