Olá, colegas. Sempre disse neste espaço, e continuarei repetindo, a importância de desafiarmos nossas percepções de vida. Essa forma de ver o mundo pode ser fácil de se apreender, porém talvez difícil de se colocar em prática. O viés de confirmação é a mãe, ou o pai, de todos os erros cognitivos. Não sabe o que é viés de confirmação? Recomendo a leitura deste texto produzido por mim há quase dois anos: Viés de Confirmação: A nossa preguiça intelectual
Apesar de ser lógico que a evolução intelectual só pode se dar com o embate de ideias, compreender e aplicar este princípio na vida diária é algo que leva tempo, e de certa exige uma grande dose de humildade. Quantas vezes não se pode observar ataques histriônicos de pessoas que simplesmente foram contrariadas, pois um ataque a uma ideia é confundido com um ataque a própria honra. Além de humilde para reconhecer que outras pessoas podem apresentar diferentes visões de mundo, algumas talvez superiores e melhores do que às nossas, é preciso um grande escorço cognitivo para vencer a nossa preguiça mental.
Nosso cérebro está progamado para procurar soluções que gastem menos energia, o que faz todo o sentido do ponto de vista evolucionário. Quer algo mais consumidor de energia do que ser confrontado com uma forma de ver o mundo completamente diferente da sua? É desgastante.
Nosso cérebro está progamado para procurar soluções que gastem menos energia, o que faz todo o sentido do ponto de vista evolucionário. Quer algo mais consumidor de energia do que ser confrontado com uma forma de ver o mundo completamente diferente da sua? É desgastante.
Pense em aprender outro idioma. É muito difícil no começo. Nossa, como é difícil a pronúncia da língua mongol ou da língua chinesa, por exemplo. É praticamente impossível num primeiro contato com esses idiomas compreender algo. A tarefa é tão difícil, nosso cérebro é tão confrontado, que em certo ponto se torna tão desgastante que nosso cérebro simplesmente se desliga para novas informações. Conhecer o novo, desbravar o desconhecido, suga as nossas energias mentais.
Como é bom estar na zona de conforto de falar apenas português. Quando falamos português, nosso cérebro trabalha no automático. Mesmo se você fala um inglês muito bom, mas não fluente como um local, tente manter uma conversão em inglês quando você estiver muito cansado. Você provavelmente terá muita dificuldade, algo que não acontece se você puder falar em sua língua materna.
É difícil desafiar nossa inteligência. Entretanto, é essencial. “Tudo bem, Soul, você sempre fala isso, mas e daí, cadê um exemplo específico?”, alguém pode estar pensando. Eu entendo essa espécie de questionamento. Se quase todo mundo não age assim, se é tão difícil, para que tanto falatório?
Li num artigo de um articulista chamado Lourival Sant'anna no Estado de São Paulo sobre o título “O Império da Mentira” , algo que me chamou bastante atenção e está diretamente relacionado com o tema:
Li num artigo de um articulista chamado Lourival Sant'anna no Estado de São Paulo sobre o título “O Império da Mentira” , algo que me chamou bastante atenção e está diretamente relacionado com o tema:
"Como argumenta a revista The Economist no editorial de capa da semana passada, intitulado “A arte da mentira”, as pessoas estão acreditando menos nas informações produzidas pelo jornalismo independente do que naquelas compartilhadas por seus amigos nas redes sociais. E, nesse ambiente, a “informação” que chega às pessoas é aquela que confirma e reforça as posições que elas já têm.
Quando alguma incômoda “verdade” escapar ao controle do algoritmo, que distribui os compartilhamentos segundo os gostos de cada um, com um clique o usuário exclui o intruso, para se manter, assim, protegido em sua bolha cognitiva. "
Sim, a maioria das pessoas, mesmo aquelas com educação formal de boa qualidade, está vivendo numa bolha cognitiva. Compartilha-se as mesmas ideias, com os mesmos tipo de pessoa, e quando alguma coisa foge do “script” pode-se deletar, bloquear, desistir de um blog, apagar um blog que anteriormente era recomendado, adjetivar, etc. Quase nunca os verbos refletir, pensar, raciocinar entram em cena.
Eu, Soulsurfer, também não estou preso nessa bolha cognitiva? Em certa medida, claro que estou. Sou humano e os mesmos traços de evolução biológica que existem em mim, existem em você querido leitor. Nós seres humanos somos rigorosamente iguais neste aspecto. Entretanto, há formas de mitigarmos isso em nossas vidas. Um dos caminhos é fazer coisas completamente diversas das que se está acostumado.
Minha querida Mãe, por exemplo, teve uma época que ela, já na faixa de 50 anos e ocupando um cargo de responsabilidade, fez curso de mestre cervejeiro(a), de palhaço de circo e constantemente viajava para destinos não tão usuais na época como China e Rússia (isso no final da década de 80 e começo da década de 90). Tenho certeza que essas experiências foram fundamentais para ajudá-la a expandir o conhecimento do mundo e de si própria.
Minha querida Mãe, por exemplo, teve uma época que ela, já na faixa de 50 anos e ocupando um cargo de responsabilidade, fez curso de mestre cervejeiro(a), de palhaço de circo e constantemente viajava para destinos não tão usuais na época como China e Rússia (isso no final da década de 80 e começo da década de 90). Tenho certeza que essas experiências foram fundamentais para ajudá-la a expandir o conhecimento do mundo e de si própria.
O autor do livro “The Art of Thinking Clearly” diz algo muito interessante no final da obra. Este livro já foi recomendado nesse espaço, pois aborda os diversos erros e vieses cognitivos de forma muito clara e simples. O autor em questão afirma no final do livro o que teve um grande impacto em sua vida intelectual recente. É preciso salientar que ele estava envolvido com o mundo do business, inclusive era essa a sua formação principal. Será que foi uma entrevista com o W.Buffett? Um grande insight do mundo empresarial? Não. Foi ter se interessado e começado a ler sobre Biologia. Foi a exposição a uma forma completamente diferente de ver o mundo, neste caso a biologia, que fez o autor expandir de forma exponencial o seu conhecimento de mundo.
É por isso que esse blog tenta abordar diferentes questões, é uma das formas mais efetivas de aumentarmos nosso conhecimento sobre a realidade. Por isso, leitores, exponham-se a ideias de campos do conhecimento humano completamente dissociados do seu dia a dia. Não é um conselho que você vai ler ou ouvir em muitos espaços. Geralmente, se fala o oposto: foco, não deixe a sua atenção dispersar, etc, etc. Evidentemente que o foco é importante em certos estágios da vida, porém apenas ele não é suficiente para um visão ampla da realidade. Pense numa fotografia, às vezes o foco em algo é importante, às vezes o foco é contraproducente.
A outra forma, objeto maior deste artigo, é se expor a ideias contrárias às suas e o exemplo que trago ao leitor é o INSTITUTO MISES BRASIL. Para quem não conhece, o IMB possui um site dedicado a difundir as ideias da escola austríaca de economia e outras ideias de cunho liberal-libertário.
É um dos sites de internet, ao menos sobre os assuntos ali abordados como economia, que mais gosto de ler. É por que eu concordo com TUDO o que está escrito ? Não, longe disso. É porque ali foi um espaço genuíno de colocar diversas ideias minhas à prova. Naquele espaço precisei sair da minha preguiça intelectual, causada pelo viés de confirmação, para lidar com temas como Estado, regulação, propriedade privada, estímulos estatais à economia, lucros como única ferramenta racional num sistema econômico e tantos outros sobre uma perspectiva completamente diversa e muitas vezes contrária ao que pensava.
Foi lá, por exemplo, o único lugar que vi questionar a ideia sacrossanta de que um câmbio desvalorizado é bom para às indústrias nacionais. Em todos os lugares isso é repetido ad nauseiam. Até mesmo o meu pai, alguém que sempre está vendo o mundo numa ótica diversa da maioria das pessoas, repete o mesmo discurso. Entretanto, há muitas falhas nesse raciocínio.
Se o valor da nossa moeda despenca, como os empresários nacionais poderão melhorar o maquinário, que geralmente é importado, melhorando assim a produtividade? Se o mundo é cada vez mais globalizado, e as cadeias de produção e fornecimento são cada vez mais internacionais, não parece que o ganho de alguns empresários com o barateamento de seus produtos em moeda forte será perdido com o aumento de custos de outros setores que precisam importar matéria-prima? E acima de tudo, a população não perde como um todo, não há um empobrecimento geral?
Se o valor da nossa moeda despenca, como os empresários nacionais poderão melhorar o maquinário, que geralmente é importado, melhorando assim a produtividade? Se o mundo é cada vez mais globalizado, e as cadeias de produção e fornecimento são cada vez mais internacionais, não parece que o ganho de alguns empresários com o barateamento de seus produtos em moeda forte será perdido com o aumento de custos de outros setores que precisam importar matéria-prima? E acima de tudo, a população não perde como um todo, não há um empobrecimento geral?
Sobre regulação. Será que uma regulação excessiva não serve apenas para deixar certos mercados cativos para grandes empresários? Discutimos muito a qualidade dos serviços no Brasil, os lucros exorbitantes de alguns setores, mas quase nunca discutimos se a regulação é apropriada ou não. Eu não vou ao extremo, como a maioria das pessoas que escreve lá, achar que toda regulação é maléfica para a sociedade. Não penso assim. Porém, fica evidente que a regulação estatal sobre a economia deveria ser a exceção e muito bem justificada.
Quando escrevi sobre a decisão da CVM de suspender o blog o pequeno investidor, fiquei surpreendido ao ver pessoas que se diziam a favor do livre mercado, concordar com uma regulação que obriga as pessoas a terem uma certificação para falar de títulos mobiliários. Sério? Uma regulação para ser médico, eu entendo. Para analisar um FII? Como isso pode ser compatível com a ideia de um mercado livre?
Quando escrevi sobre a decisão da CVM de suspender o blog o pequeno investidor, fiquei surpreendido ao ver pessoas que se diziam a favor do livre mercado, concordar com uma regulação que obriga as pessoas a terem uma certificação para falar de títulos mobiliários. Sério? Uma regulação para ser médico, eu entendo. Para analisar um FII? Como isso pode ser compatível com a ideia de um mercado livre?
Por outro lado, há muitos outros temas que mantenho a mesma opinião que detinha antes. Entretanto, houve ganhos, já que fui obrigado a questionar as minhas próprias ideias, e como elas se mostraram sólidas, ao menos no meu entendimento, elas ficaram muito mais fortalecidas.
Aliás, este é um insight poderoso. Se alguém bloqueia outra pessoa, cobre os ouvidos, ou simplesmente não presta atenção quando algo contrario aos seus interesses e ideias é dito, há uma espécie de covardia intelectual neste ato. É o medo da fragilidade das próprias ideias? É o receio, ou a vergonha, de estar errado? Não sei. O que posso afirmar é que se suas ideias são colocadas à prova por pessoas com bons argumentos, e depois de uma reflexão sincera, elas se mantém de pé, isso só pode ser considerado positivo. E se elas não se mantiverem em pé? Ora, isso é ainda mais positivo, pois significa que você estava errado, e pode avançar mais a caminho da verdade e de um melhor conhecimento do mundo.
Precisamos desafiar nossa preguiça intelectual biológica consubstanciada no viés de afirmação. Por isso, só posso agradecer o Instituto Mises Brasil por fornecer a ginástica intelectual tão importante para o meu cérebro. Lá aprendi sobre novas ideias, repensei ideias arraigadas, e mantive ideias antigas. Bom seria, se pudéssemos achar mais sites como o IMB pela internet que desafiassem nossas convicções. Espero que o Pensamentos Financeiros faça um pouco disso com os leitores deste espaço.
Grande abraço a todos!
Pensei q vc ia falar de concurso de beleza, qdo li "Uma homenagem ao site Mises Brasil". Achei q fosse um post sobre concurso de miss
ResponderExcluirColega, o tema é interessante. Quem sabe num futuro eu não escreva um artigo sobre concurso de mulheres bonitas, e consiga fazer um texto interessante?
ExcluirAbs
O problema e que as pessoas e grupos aderem a um determinado pensamento por interesses dos mais variados possíveis. o problema e que se por a prova determinadas ideias e elas se mostrarem falhas o Status Quo pode ser mudado. E isso e a coisa mais perigosa que puder existir.
ResponderExcluirComo sempre, mto interessante a discussão!
ResponderExcluirMas dessa vez eu discordo de um ponto: a questão do foco. Eu entendo que o movimento mindfulness não fala pra você ter atenção plena naquilo que é seu objeto de estudo/trabalho. Entendo que é pra manter a atenção na atividade que está desempenhando no momento. Nada impede de você, advogado, resolver pegar um livro sobre biologia depois e ler. Mas quando o fizer, leia direito, com foco naquela leitura. A leitura será mais rápida e mais proveitosa do que se você tiver vários sumidourous de atenção (por exemplo, whatsapp ou Facebook).
Quanto ao Mises, eu acho um site legal, mas acho eles exagerados também. Tudo é levado muito ao extremo, e na prática não acho que isso é bom (em geral).
No caso da regulação, concordo que temos regulação demais hoje em dia (e olha que trabalho em uma agência reguladora e, tecnicamente, eu teria interesse de defender o contrário do q estou dizendo rs). Mas discordo quando o Mises fala que nenhuma regulação também é bom. Na minha visão, de forma bem simplista, o certo seria regular apenas onde o mercado não se resolve sozinho de um jeito que fica bom para ele e para a sociedade.
Para finalizar o comentário, os algoritmos de redes sociais hj em dia mais atrapalham do que ajudam. Eles são feitos pra vc se sentir feliz na ferramenta, ou seja, eles colocam no seu feed de notícias mais coisas com as quais você concorda do que o contrário. Aí o debate não prospera e a gente cai no viés de confirmação....
Abraços!
Olá, colega.
ExcluirSobre o ponto de discordância, acho que estamos de acordo. Eu acredito que é muito mais útil fazer uma atividade com foco do que estar disperso em várias outras. Pretendo escrever sobre isso num determinado momento, quando abordar sobre o conceito de neuroplasticidade e a perda da habilidade de leitura profunda.
Claro. Os extremos do IMB são sua força e sua fraqueza. Por qual motivo fraqueza? É evidente que no mundo das ideias, quando sempre se usa extremismos, é fácil descobrir pontos falhos na argumentação. Não falo de extremismos juvenis praticados pela internet, estes não resistem a dois parágrafos de argumentos. Falo de extremismos, mas com embasamento. Mesmo com argumentos bons, é difícil não deixar pontos fracos, pois a vida e as relações humanas são complexas para se encaixar apenas numa visão de mundo.
Por outro lado, a força do IMB é que ele defende várias ideias de maneira livre, já que algumas são extremadas se comparadas com o Mainstream econômico. Logo, muitas "verdades inconvenientes" ali são ditas. Para mim foi um grande exercício mental ler dezenas e dezenas de artigos por lá, além do enorme aprendizado sobre economia.
Agora, a toda evidência há muitos artigos que são bem fracos, muito por causa da tentativa de espremer o mundo para que ele caiba nas definições daquele espaço.
Grato pelo comentário e um abraço!
Olá, Soulsurfer,
ExcluirAcompanho há tempos seu blog. Já li ele inteiro, conteúdo fantástico e de ótimo proveito para mim. Você e eu pensamos de formas muitas vezes distintas, e é por isso que eu continuei te seguindo. Apesar de opiniões diferentes, ambos as defendem de forma argumentativa, o que é ótimo para meu desenvolvimento intelectual. Creio que vem a calhar com o tema deste seu post.
Sobre o IMB. Eu sou leitor voraz do Instituto faz mais de 4 anos. Sei que você também é, inclusive, lembro-me de alguns posts antigos seus sobre críticas ao libertarianismo. Até ensaiei em mandar algum comentário para um debate de ideias, mas acabei desistindo. Ou não, faz tempo já e não me lembro se acabei mandando. Lembro-me até de te encontrar nos comentários lá do IMB, respondi alguns, inclusive.
Enfim.
Falei tudo isso para apontar um pequeno "erro" na linha de argumentação sua e do anônimo acima: O libertarianismo não é contra a regulação per se, mas sim contra a regulação feita pelo poder estatal e monopolístico, que apenas serve para proteger os amigos do rei da concorrência. Aliás, as primeiras agências reguladoras foram criadas com esse intuito: proteger indústrias que não conseguiam acompanhar os baixos preços e ótimas qualidades de produtos de outras empresas concorrentes, que estavam conquistando grande parcela dos consumidores pela alta eficiência dos seus serviços e produtos. Deste modo, foram criadas agências para "distribuir melhor" essas fatias de mercado a fim de, teoricamente, evitar um "monopólio". Quem saiu perdendo? A população. Afinal, o que há de errado em uma empresa que é gigante por oferecer produtos de excelente qualidade?
Além disso, a não concorrência entre agências reguladoras estatais é, por si só, uma grande falha da própria teoria de defesa da existência destas. Quem regula os reguladores?
Nisto, conclui-se que a melhor regulação ocorreria pelo mercado, tanto pelos consumidores, que teriam de escolher entre diversas empresas concorrendo livremente entre si (o pavor para grandes empresários), o que geraria uma contínua necessidade de evolução dessas empresas para manter as suas receitas; como, por exemplo, de outras soluções alternativas, como agências reguladoras privadas que, apesar de, a princípio, parecerem tão permeáveis à corrupção quanto às estatais, na realidade teriam um enorme interesse em serem íntegras justamente para se manterem lucrativas e, consequentemente, vivas no mercado.
Se isso parece um pouco “utópico”, creio que a solução estatal alternativa a esta solução de livre mercado já se provou um grande fiasco há tempos e em todas as áreas onde exerce seu poder. Não creio que aqui, por exemplo, tenha um único indivíduo com coragem de elogiar fragorosamente uma companhia de telefonia móvel ou aérea.
Gosto do IMB, pois eles são “redondos”, fazem sentido do início ao fim. Se é “radical” ou “extremo”, pra mim, pouco importa, afinal não podemos simplesmente nos abster da lógica ou da razão apenas para deixar a teoria mais bonita aos nossos olhos.
Por fim, me fiz obrigado a vir comentar pois, como em todos os comentários e posts seus contra o libertarianismo e à EA, vi não argumentações contundentes contra a teoria em si, mas sim algumas discordâncias conceituais do que realmente são essas teorias: todas as suas críticas, pelo menos as que li, são famosas "falácias do espantalho", criticando algo que elas não são/dizem.
No mais, e de novo, parabéns ao blog.
Marcelo Monteiro
Olá, Marcelo! Primeiramente, grato pelo comentário. Fico realmente satisfeito quando vejo uma ponderação dessa feita no meu espaço. Em segundo lugar, agradeço enormemente que seja um leitor de longa data desse espaço, mesmo que eventualmente algumas ideias nossas possam ser diferentes. Escreverei em tópicos.
Excluir-Veja, colega, eu não lembro de ter escrito artigos contra o liberartarianismo. O único que escrevi aqui foi sobre o anarcocapistalimo, que para mim é apenas um ato de fé, assim como tantas outras ideologias. Também não poderia criticar algo que conheço pouco do ponto de vista teórico. Entretanto, algumas ideias sim, a mim não me parecem corretas..
-Quando escrevi regulação, parti de pressuposto que estava-se a falar de uma regulação imposto por um agente com monopólio da força. Eu acho que as suas palavras fazem muito sentido para muitas áreas econômicas. Não estou seguro, como muitos do IMB, se para todas as áreas econômicas. É por causa disso, que coloquei no texto que qualquer regulação proveniente do Estado na atividade econômica deveria ser bem justificada.
-Você poderá contra-argumentar, como muitos o fazem lá no IMB, e quem vai definir o que, onde, e como deve ser regulamentado? Um burocrata pode definir o que é melhor para uma miríade de pessoas? Ao menos, o dito burocrata poderá ser responsabilizado num regime realmente democrático, acredito que a democracia é o melhor sistema que se tem, apesar de suas eventuais falhas, para produzir sociedades minimamente estáveis tendo em vista a multiplicidade de interesses.
-Você pode contra-argumentar de novo, mas o livre mercado fará esse trabalho, os consumidores bem instruídos farão com que agências privadas sejam transparentes, por meio da concorrência. Sinceramente, eu não estou tão seguro disso. Se na Telecomunicações faz sentido, em relação à Energia Nuclear, por exemplo, eu tenho certa dificuldade de ver como isso poderia funcionar sem colocar o interesse de muita gente em risco.
-Falando de energia nuclear, quantas vezes eu vi no IMB, o argumento, “ah, qual o sentido de se gastar dinheiro, uma grande quantidade de dinheiro, na produção de dispositivos nucleares, ninguém faria isso”. Isso é um argumento que não coaduna com a realidade, com a história e com as descobertas científicas recentes. O dinheiro ou retorno financeiro é apenas uma faceta da multiplicidade das interações humanas. O ser humano não é um animal racional em muitas de suas decisões. Tanto é verdade, que uma das pessoas mais citadas em trabalhos econômicos atualmente não é um economista, mas um psicólogo (Khaneman) que simplesmente criou um novo campo de economia. Quantas vezes esse sujeito foi citado no IMB? Eu nunca vi uma única vez.
-Portanto, a história, e a própria forma como seres humanos interagem com outros, é pródiga de exemplos que indivíduos poderiam colocar muito dinheiro sim para criar projetos destrutivos para outras pessoas. Mas e os Estados não fizeram isso? Ora, não existe Estados sem seres humanos. Não existe uma entidade chamada Estado que não seja constituída por seres humanos. A violência humana sempre existiu. A gana por poder, a ambição, sempre-se fizeram presentes.
-Você diz que o arranjo estatal não deu certo. Sério? É como os seres humanos vem se agrupando há milênios, principalmente depois da invenção da agricultura. Quando se pede um exemplo histórico de um agrupamento humano sem qualquer forma de poder coercitivo que tenha dado certo, nunca vi uma resposta coerente. Uma vez li um artigo de uma das pessoas do Spotnicks reproduzido no IMB (aliás tive o prazer de visitar o museu do Cosmonauta em Moscou e foi uma bela experiência) que a Somália era um exemplo onde o Estado não existe, mas que isso se justificava porque ali é um lugar tão ruim, que as estruturas de Estado não se interessaram pela Somália, e que o caos atual da Somália seria melhor do que se tivesse um Estado lá. Isso não pode ser sério, é o não-argumento.
Excluir-Isso me leva aos extremos. Evidentemente, dizer que algo é “extremista” pode ser apenas uma forma de se fugir ao debate de ideias. Nisso, você está correto. O problema em alguns pontos do IMB é que às vezes se parece que se está catequizando pessoas, e tornando algumas delas bem agressivas. O nível de agressividade dos comentários lá é impressionante. O último comentário que lá fiz foi sobre um texto dizendo que a amizade é um valor a ser mantido, independente de eventuais desavenças intelectuais. Eu achei um dos melhores artigos lá publicados. A quantidade de comentários “como vou ser amigo de alguém que gosta de Guevara” não estava no gibi. Quem diz isso, em minha opinião, precisa viver mais, e expandir muito mais os conhecimentos em diversas áreas. Você tem um amigo. Joga futebol com ele, se diverte com ele, mas se num dia ele aparecer com uma camisa do Che, você corta relações? E isso de alguma maneira fará com que a sua vida seja melhor? Uma pena que pouquíssimas pessoas entenderam essa mensagem por lá.
-A escola Austríaca de economia é apenas uma forma de raciocínio, dentre inúmeras outras, para se ver o mundo e a complexidade do mesmo. Havia raciocínio, filósofos, sistemas de pensamentos, antes da década de 20 do século passado. Se as pessoas conseguissem perceber isso, e pudessem filtrar os bons ensinamentos que se encontram no IMB, como eu gosto de fazer, creio que pode ser uma ótima ferramenta para melhorar o entendimento do mundo. Com certeza não é a única, é apenas mais uma.
Abraço amigo!
Soulsurfer, bom dia! Continuando o bate papo obs1: Citei os seus trechos novamente por questão de maior clareza nas respostas. Se fui pouco objetivo, me desculpe
Excluirobs2: Depois de fazer toda a resposta, vi que ela ficou enorme (terão varias partes)... Se não quiser que eu poste, me avise ou apenas não autorize!
“- Veja, colega, eu não lembro de ter escrito artigos contra o liberartarianismo. O único que escrevi aqui foi sobre o anarcocapistalimo(...)”
Entendo que muitos seguidores da Escola Austríaca de Economia não sejam anarcocapitalistas, mas pessoalmente eu entendo que ser libertário é ser anarcocapitalista por definição teórica. Deixando claro que: 1- ser Ancap não quer dizer, necessariamente, ser a favor da completa abolição do estado; 2- ser libertário/ancap apenas significa se basear completamente no PNA; 3- logo, ser libertário é apenas exigir que não seja “agredido”. Se 100% das pessoas em um local concordam em criar um estado, sabendo de todas as suas consequências, a meu ver, seria um estado legítimo. Se 1 individuo quiser se dissociar deste estado, ele deveria ser permitido a fazê-lo. Isso, para mim, é ser libertário: apenas queremos ser deixados em paz. Somos totalmente contra agressão a inocentes. Nada além disso. Deste modo, é por isso que eu coloco libertarianismo como sendo = a anarcocapitalismo. Uma questão de conceitos, acredito.
“-(...) Eu acho que as suas palavras fazem muito sentido para muitas áreas econômicas. Não estou seguro, como muitos do IMB, se para todas as áreas econômicas. (...) qualquer regulação proveniente do Estado na atividade econômica deveria ser bem justificada.”
O problema está nesse “deveria ser bem justificada”. Por exemplo, hoje em dia a grande maioria da população realmente acredita que a existência da ANATEL é “bem justificada”. Não conseguindo visualizar a verdadeira relação de causalidade (a Anatel CRIA um oligopólio que, tendo um mercado protegido, não precisa oferecer serviços de qualidade), e com a inerente piora de qualidade do setor, pede ainda mais intervenção estatal, imaginando que essa piora venha de um defeito do mercado. No mais, temos que concordar que políticos nada mais são do que doutores em dar “boas” justificativas. Nenhuma regulação estatal surgiu de uma verdadeira demanda dos consumidores.
-“ Um burocrata pode definir o que é melhor para uma miríade de pessoas? “
Se ele “pode ou não”, é irrelevante. Se ele “deveria ou não” é a pergunta certa.
“Ao menos, o dito burocrata poderá ser responsabilizado num regime realmente democrático”
Você realmente acredita nisso? A Dilma avacalhou nossa economia, e milhares de pessoas ainda gritam “é golpe!” e querem ela de volta, jurando que ela protegerá o povo. Se os políticos não tivessem enormes interesses pessoais pelo impeachment, nós ainda estaríamos afundando economicamente.
Acreditar que o povo pode mudar o país através do voto é que é um ato de fé.
“para produzir sociedades minimamente estáveis tendo em vista a multiplicidade de interesses.”
Interesses controlados pela maioria não é algo estável. Claro, muito menos quando controlados por uma minoria, que, ironicamente, é uma consequência de uma democracia (vide lobbys dos grandes players). Tanto é que estamos vendo diversas manifestações pelo Brasil inteiro. Isso sem citar países como a Venezuela, que estão à beira de um colapso generalizado. Se uma maioria quiser espoliar uma minoria, a melhor forma de governo é a democracia. E não, essa não é a única alternativa da minoria controlar a maioria. A terceira seria a completa independência do individuo (com interações voluntárias entre grupos de mesmo interesse).
(continua)
-“ os consumidores bem instruídos farão com que agências privadas sejam transparentes, por meio da concorrência. (...) “
ExcluirOs consumidores não necessariamente precisam ser “bem instruídos”. Isso nos leva àquela famosa “refutação” contra o libertarianismo: “para isso funcionar, todos deveríamos ser inteligentes/bonzinhos/ter bom senso/etc”. Pelo mercado ser nada mais do que uma livre troca entre indivíduos, por si só e no médio/longo prazo a tendência é sobrar apenas os melhores serviços e produtos. E nisso se encaixam as agências privadas. Para boicotá-las, basta o consumidor e os produtores pararem de demandar seus serviços (claro que não é tão simples quanto parece, mas há essa alternativa). E para boicotar uma anatel, como fazemos? Quem regula o regulador?
“(...) em relação à Energia Nuclear, por exemplo, eu tenho certa dificuldade de ver como isso poderia funcionar sem colocar o interesse de muita gente em risco. “
Soul, eu também não faço ideia de como isso funcionaria. Aliás, essa é uma premissa básica do libertarianismo e base para muitas das suas indagações: Ninguém tem todas as respostas para tudo, e é justamente por isso que não podemos ter poucos burocratas para decidirem complexas decisões para o povo. Se nenhuma pessoa do mundo sabe como construir um lápis por completo, quem dirá decidir, à canetadas que são raramente e lentamente atualizadas por engravatados que muitas vezes nem matemática sabem, como deve funcionar uma usina Nuclear!
Alias, podemos ver que nem o super-estado-poderoso da URSS foi capaz de impedir o maior desastre nuclear da historia da humanidade. As perdas não podem ser socializadas, e esse é um dos motivos de os interesses do governo serem diferentes dos interesses do povo.
Veja que sempre chegamos no: “na solução do estado-salvador, que é o que temos atualmente, as coisas NÃO funcionam!”. Sempre me vem aquela famosa frase “Você quer se matar por medo de morrer”.
“(...)O dinheiro ou retorno financeiro é apenas uma faceta da multiplicidade das interações humanas. O ser humano não é um animal racional em muitas de suas decisões. Tanto é verdade, que uma das pessoas mais citadas em trabalhos econômicos atualmente não é um economista, mas um psicólogo (Khaneman) que simplesmente criou um novo campo de economia. Quantas vezes esse sujeito foi citado no IMB? Eu nunca vi uma única vez.”
O dinheiro é apenas um meio. Obvio que as empresas não têm ‘apenas’ interesses monetários por trás dos seus negócios. Alguns realmente querem ajudar pessoas carentes, outras querem ser reconhecidas, já outras realmente têm a pretensão de revolucionar o mundo. A contrapartida a isso, e o que vai permitir que eles continuem perseguindo as suas metas particulares, será o lucro, ou, ao menos, o não-prejuízo de seus negócios. Ter prejuízo significa estar desperdiçando recursos escassos que poderiam ser utilizados para criar mais valor à sociedade. Ter prejuízo é diminuir as chances de alcançar os fins subjetivos do individuo. O dinheiro é um meio e o lucro/prejuízo uma ferramenta, não um fim.
Claro que não podemos ignorar a caridade, que seria o interesse em ajudar outras pessoas sem (geralmente) nenhuma intenção de algum retorno. Agora, fica claro que a caridade é maximizada onde houver mais riqueza.
Sobre o tal de Khaneman, confesso nunca ter ouvido falar. Sobre o que ele trata? Apesar de ser citado em “trabalhos de economia” não signifique muita coisa (Paul Krugman é nobel e Piketty é uma sensação mundial neste campo). Procurei agora pelo google “kahneman mises” e vi dois artigos no mises institute a respeito. Darei uma lida.
E por este trecho em específico “O ser humano não é um animal racional em muitas de suas decisões.”, tenho que discordar: toda ação humana é racional. Podemos discutir sobre sua eficiência ou mesmo moralidade, mas só o individuo que realizou a ação saberá das suas verdadeiras intenções, mesmo que as consequências, opostas ao que ele inicialmente intencionara, sejam claramente nítidas para outros observadores. Toda ação visa um fim.
(continua...)
“-Portanto, a história, (...) é pródiga de exemplos que indivíduos poderiam colocar muito dinheiro sim para criar projetos destrutivos para outras pessoas. Mas e os Estados não fizeram isso? Ora, não existe Estados sem seres humanos. (...)A violência humana sempre existiu. A gana por poder, a ambição, sempre se fizeram presentes.”
ExcluirNão entendi o “portanto”. Para mim, este seu trecho apenas confirma ainda mais a moralidade do libertarianismo: Existem humanos maus, portanto, seria maluquice criar uma ferramenta para que estes possam, legalmente, monopolisticamente e com consenso de uma parcela de pessoas com poder de decisão, governar, pilhar e quiçá escravizar/matar milhões de pessoas.
Nenhum libertário genuíno terá a pachorra de afirmar que todos os políticos são maus e todos os empresários são bons. Apenas afirmam que nenhum ser humano, legitimamente e naturalmente, deve ter poder sobre outro. E esta situação tende a ocorrer com uma frequência exponencialmente maior em governos tidos como “legítimos”. O que pode fazer o povo da Coreia do Norte contra seu ditador?
E os exemplos dos indivíduos mais ricos do mundo também não ajudam: Enquanto os que chegaram lá pelo capitalismo invariavelmente são um dos maiores doadores em prol de causas beneficentes pelo mundo, os mais ricos pela via política são conhecidos por escravizarem seu próprio povo. A tendência da política é que apenas os maus sobrevivam, enquanto que do mercado é que os bons sobrevivam.
“-Você diz que o arranjo estatal não deu certo. Sério?”
Nunca vi esse argumento. O que eu vi é que o estado é imoral e leva a desarranjos na economia e consequente ineficiência na gestão de recursos escassos. A inexistência de uma civilização sem estado não prova que o arranjo estatal é a melhor opção e nem que o não-estado não dá certo. Apenas prova que a civilização existe mesmo existindo o estado. Questão de lógica.
O ponto é: Será que não estaríamos melhores sem este arranjo?
Obvio que fica difícil discutir sobre a possibilidade de um arranjo ancap há 2000 anos. Apesar de os libertários afirmarem que não há necessidade que todas as pessoas sejam boas para o libertarianismo funcionar, há sim uma necessidade de que a ideia da imoralidade e ilegitimidade do poder de um indivíduo sobre o outro seja assimilada por uma quantidade razoável de pessoas.
Não duvido que tenha existido alguma sociedade, na história, com esse arranjo. Aliás, há alguns exemplos de quase inexistência de estado em países no passado cujo desenvolvimento foi enorme. Na mesma linha, não duvido também que estas sociedades tenham sido dizimadas por outras nações com forte poder central. Agora, é complicado trazer estes momentos históricos, de civilizações pré-modernas, para hoje. Antes, por exemplo, acreditava-se massivamente que, para uns sobreviverem, outros deveriam morrer. E pela baixa produtividade na época era capaz disso ter um fundo de verdade. Já hoje, é sabido que esta afirmação não se sustenta. A economia não é um jogo de soma 0. O mercado possibilitou esse novo entendimento. A possibilidade de desenvolvimento e sobrevivência de uma nação anarcocapitalista hoje é muito maior que há 300 anos atrás por que a mentalidade global mudou.
Obvio, porém, que eu sei que nenhum governo do mundo “autorizaria” isso de bom grado. Seria um enorme risco à sua soberania.
“Quando se pede um exemplo histórico de um agrupamento humano sem qualquer forma de poder coercitivo que tenha dado certo, nunca vi uma resposta coerente.”
Respondido acima, a inexistência de algo no passado não prova a sua impossibilidade de ocorrer no futuro. Antes da invenção do avião ninguém cruzava o oceano em poucas horas.
(continua...)
“Uma vez li um artigo do Spotnicks (...) que a Somália era um exemplo onde o Estado não existe, mas que isso se justificava porque ali é um lugar tão ruim, que as estruturas de Estado não se interessaram pela Somália, e que o caos atual da Somália seria melhor do que se tivesse um Estado lá. Isso não pode ser sério, é o não-argumento.”
ExcluirA história da Somália é algo muito mais complexo que a existência ou não de estado. Uma coisa é fato: eles estão melhores hoje, sem um estado central, do que antes, sob ditadura.
Agora, como qualquer libertário argumentaria, a simples inexistência de um estado central não é um requisito por si só suficiente para florescer uma sociedade imponente e rica. Há diversas outras exigências para a criação de riqueza. O ponto é que o estado é um agente destruidor de riqueza, por definição, apenas isso.
“(...)O problema em alguns pontos do IMB é que às vezes se parece que se está catequizando pessoas, e tornando algumas delas bem agressivas. O nível de agressividade dos comentários lá é impressionante. O último comentário que lá fiz foi sobre um texto dizendo que a amizade é um valor a ser mantido, independente de eventuais desavenças intelectuais. Eu achei um dos melhores artigos lá publicados. A quantidade de comentários “como vou ser amigo de alguém que gosta de Guevara” não estava no gibi. (...)”
- Concordo que muitos la chegam na voadora em alguns comentaristas. Não sei se estou sendo parcial, mas entendo o posicionamento deles, depois de acompanhar o site por alguns anos. Toda informação necessária para o entendimento da teoria se encontra a apenas uma pesquisa no próprio site. Acontece que, diariamente, chegam diversos paraquedistas arrogantes com a certeza de ter inventado a pólvora, jurando estarem tecendo argumentos irrefutáveis sobre pontos explicados dezenas de vezes em outros artigos e, as vezes, nos próprios comentários acima dele. Estes são os que normalmente tomam patadas. Se tem algum ponto em desacordo, diga com educação e humildade, e será respondido da mesma maneira. Isso, claro, pelos colaboradores oficiais do site. Alguns comentaristas realmente são sem noção e tratam qualquer um como um inimigo a ser eliminado. Mas esse exemplo de troll existe até nos comentários da coluna “lazer” do uol, não é cria da Escola Austríaca.
Sobre o artigo em questão, eu gostei bastante também do conteúdo e concordo 100%: a relação pessoal não pode ser desgastada por divergências ideológicas. Eu mesmo, confesso, já tive algumas discussões fervorosas com amigos meus e, inclusive, já quase perdi contato com alguns deles por conta disso. Mas, mais uma vez, até entendo o posicionamento de alguns: sendo um libertário, sabemos o quão nefasto é acreditar em uma teoria que defende meios violentos e agressivos para se chegar a um fim. Ter de conviver com pessoas que são a favor de mortes por uma ideologia (os socialistas e comunistas podem negar isso até o fim, e realmente podem não concordar com isso, mas o fato é que suas ideologias matam sim pelos seus fins) não é fácil. Você explicar para um amigo que depredar propriedade privada é algo errado e ele dizer que é a favor, dependendo de quem for a propriedade (mesmo sendo inocente) é algo que precisa de muito sangue frio para tolerar. Não é uma simples questão de torcer para um time de futebol, é ser abertamente a favor da agressão a inocentes. Você não repensaria sua amizade com um cara abertamente racista?
(continua...!!)
De toda forma, concordo com o que você conclui: “E isso de alguma maneira fará com que a sua vida seja melhor?”: foi por isso que eu parei de desgastar relações. Vi que desfazer amizades não mudaria o mundo para melhor, é capaz ainda de piorar a situação, pois, mesmo acreditando que eu esteja certo e ele errado, fazer com que eles se isolem com pessoas com a mesma ideologia “errada” é um agravante. Eles dificilmente encontrarão alguma contraposição para repensarem suas ideias.
ExcluirAinda no meu entendimento, a esquerda radical, apesar de apresentar uma postura de bons e tolerantes indivíduos, é muito mais perigosa que os libertários radicais: Enquanto os primeiros fingem ser da paz e amor ao mesmo tempo que defendem mortes de opositores/homens/bancários/capitalistas opressores (e bla bla bla), os últimos apenas querem ser deixados em paz, mesmo que, para isso, cortem relações com os amigos íntimos.
“-A escola Austríaca de economia é apenas uma forma de raciocínio (...) Se as pessoas conseguissem perceber isso (...) creio que pode ser uma ótima ferramenta para melhorar o entendimento do mundo. Com certeza não é a única, é apenas mais uma.”
No que a Escola Austríaca se propõe a explicar, ela é a única correta e ponto. Repito: No que a Escola Austríaca se propõe a explicar. Não há o que refutar na EA, ela é apenas o estudo de causas e consequências de certas intervenções na economia. É uma teoria de formada por deduções lógicas baseadas em premissas apriorísticas. Toda teoria que seja oposta a algum argumento da EA estará errada, pois estará sendo ilógica. Não há sequer espaço para juízo de valor. Enquanto os humanos forem racionais, a EA será única teoria correta sobre o que ela se propõe a responder.
O que confunde aqui é achar que a EA tem resposta pra tudo no mundo. Não tem, e nenhuma teoria deve ter. São tantas complexidades nas ações humanas que é quase impossível teorizar todas elas. A EA nunca dirá como um homem deverá se portar com uma mulher. Ou se uma relação homossexual é “boa” ou não, ou se comer uma picanha no almoço é uma escolha acertada. A EA nem ao menos diz se pobreza é algo bom ou não, apenas se limita a explicar as causas da destruição da riqueza. A EA não dirá o que é melhor fazer com um pedaço de madeira, apenas explicará os mecanismos para maximizar a eficiência nessa escolha. Ela não dirá se específicas agências reguladoras privadas darão certo, apenas explica que agências estatais monopolísticas impedem concorrência no setor que agem, por causa de X intervenções na economia.
É isso. Mais uma vez, desculpe pela imensa resposta. Creio que não será um problema, visto que você é um ótimo debatedor e aparentemente gosta de se alongar um pouco nos posts e respostas. De qualquer forma, se ficou muito longo, sinta-se a vontade de não postar!
Grande abraço e que continuemos a conversar.
Marcelo Monteiro
Rapaz, que resposta hein! Fique à vontade para escrever o quanto quiser.
Excluir-Entendo o seu ponto, e eu, apesar de pouco conhecer, creio também que possa ser uma dedução lógica. Sobre anarcapitalismo, creio que falarei em outros tópicos
- Sobre a Anatel, estamos de total acordo. Eu mesmo tenho que confessar, como fiz no texto, que esse era um tópico que nem passava pela minha cabeça. Você também tem razão ao dizer que uma parte da população (a esmagadora maioria não sabe nem mesmo o que é uma agência reguladora, precisamos lembrar que falamos de um país com índice alto de analfabetismo funcional) não vê a relação entre uma regulação que restringe a concorrência e a piora da prestação de serviços.
O meu pode na frase tinha o valor de dever:)
- Sim, colega, eu acredito. Assim como Churchill acredito que a democracia seja o regime menos pior. Veja, o governo Dilma foi um desastre. É verdade. Porém, ela de alguma forma foi responsabilidade. Quando falo burocrata, apenas usei essa palavra, pois sei que o IMB adora esse termo. Ao falarmos de regulação, não necessariamente um “burocrata" no sentido técnico do termo é que a fará, mas sim os representantes populares por meio de uma legislação. O burocrata no sentido técnico do termo irá apenas aplicar essa legislação. Há legisladores melhores e piores. Há burocratas melhores e piores. Não consigo imaginar, ao contrário de você, em algumas áreas específicas nós enquanto espécie num futuro próximo não convivendo com esse tipo de problema. Eu não disse em nenhum momento que essa solução era ideal, apenas disse que o menos, "o dito burocrata poderá ser responsabilizado num regime realmente democrático”. Veja aqui o poderá foi usado no condicional. Não disse que ele necessariamente o será, mas num regime democrático há essa possibilidade, coisa que outros sistemas não permitem.
- Também não disse que o povo pode mudar um país pelo voto. Pode procurar que você não vai achar essa ideia defendida por mim. Não tem um texto do próprio Mises que ele diz que a Democracia vai apenas produzir o que um determinado povo num determinado contexto histórico quer, e não necessariamente o que o povo quer possa ser algo que leve a prosperidade no futuro. Creio que ele está correto. Não tenho essa ilusão em relação à democracia. Para mim o regime democrático é um sistema que serve para tentar de alguma forma equilibrar a panela de pressão que pode ser o mundo moderno. E se você citou o Brasil e suas falhas, não podemos esquecer que há lugares democráticos, onde há o Estado, e que há muita transparência e ética. A Nova Zelândia é um país perfeito para esse exemplo. Está longo de ser um dos países mais ricos do mundo per capta, mas eu que já passei algum tempo lá, posso afirmar que é difícil ver um lugar no mundo tão agradável para se morar como lá. Se não me engano, eles estão no primeiro lugar no raking da transparência.
(Creio que a ultima parte não foi!)
ExcluirDe toda forma, concordo com o que você conclui: “E isso de alguma maneira fará com que a sua vida seja melhor?”: foi por isso que eu parei de desgastar relações. Vi que desfazer amizades não mudaria o mundo para melhor, é capaz ainda de piorar a situação, pois, mesmo acreditando que eu esteja certo e ele errado, fazer com que eles se isolem com pessoas com a mesma ideologia “errada” é um agravante. Eles dificilmente encontrarão alguma contraposição para repensarem suas ideias.
Ainda no meu entendimento, a esquerda radical, apesar de apresentar uma postura de bons e tolerantes indivíduos, é muito mais perigosa que os libertários radicais: Enquanto os primeiros fingem ser da paz e amor ao mesmo tempo que defendem mortes de opositores/homens/bancários/capitalistas opressores (e bla bla bla), os últimos apenas querem ser deixados em paz, mesmo que, para isso, cortem relações com os amigos íntimos.
“-A escola Austríaca de economia é apenas uma forma de raciocínio (...) Se as pessoas conseguissem perceber isso (...) creio que pode ser uma ótima ferramenta para melhorar o entendimento do mundo. Com certeza não é a única, é apenas mais uma.”
No que a Escola Austríaca se propõe a explicar, ela é a única correta e ponto. Repito: No que a Escola Austríaca se propõe a explicar. Não há o que refutar na EA, ela é apenas o estudo de causas e consequências de certas intervenções na economia. É uma teoria de formada por deduções lógicas baseadas em premissas apriorísticas. Toda teoria que seja oposta a algum argumento da EA estará errada, pois estará sendo ilógica. Não há sequer espaço para juízo de valor. Enquanto os humanos forem racionais, a EA será única teoria correta sobre o que ela se propõe a responder.
O que confunde aqui é achar que a EA tem resposta pra tudo no mundo. Não tem, e nenhuma teoria deve ter. São tantas complexidades nas ações humanas que é quase impossível teorizar todas elas. A EA nunca dirá como um homem deverá se portar com uma mulher. Ou se uma relação homossexual é “boa” ou não, ou se comer uma picanha no almoço é uma escolha acertada. A EA nem ao menos diz se pobreza é algo bom ou não, apenas se limita a explicar as causas da destruição da riqueza. A EA não dirá o que é melhor fazer com um pedaço de madeira, apenas explicará os mecanismos para maximizar a eficiência nessa escolha. Ela não dirá se específicas agências reguladoras privadas darão certo, apenas explica que agências estatais monopolísticas impedem concorrência no setor que agem, por causa de X intervenções na economia.
É isso. Mais uma vez, desculpe pela imensa resposta. Creio que não será um problema, visto que você é um ótimo debatedor e aparentemente gosta de se alongar um pouco nos posts e respostas. De qualquer forma, se ficou muito longo, sinta-se a vontade de não postar!
Grande abraço e que continuemos a conversar.
Excluir- quero deixar claro que não entendo estabilidade como estagnação. Se há algo contraditório é o lema da nossa bandeira “ordem e progresso”. Não há progresso com ordem. Quando falo de estabilidade, é para que não haja degeneração para uma violência desmedida. Veja, a Venezuela não é exemplo. Poderia citar aqui a Dinamarca ou a Alemanha para contrapor a Venezuela. Infelizmente, esse belo país foi jogado à beira do colapso, se é que já não estão lá, por conta de ideias equivocadas, bodes expiatórios inexistentes e principalmente pelo apego ao poder, a gana do poder. Agora, se é para mostrar que Estados podem ser geridos por canalhas, genocidas, etc, creio que a história é pródiga em exemplos, se este é o seu ponto, estou de acordo. Agora a existência de uma Venezuela atual não invalida os inúmeros exemplos de agrupamentos humanos com alguma espécie de poder centralizado que prosperaram.
- Colega, estamos de acordo para uma gama muito grande de setores e serviços. Não consigo achar que isso seja viável, factível, para empresas de segurança, por exemplo, se não houvesse mais o monopólio do uso da força por um agente estatal. E aqui também falo sobre Energia Nuclear, abordado num outro tópico seu. Acho muito certo e intelectualmente correto admitir que não se pode ter resposta para tudo, concordo plenamente. Porém, essas não são questões abstratas de algo que pode vir a ocorrer, elas seriam questões muito concretas se decidíssemos que a exploração, uso e comercialização de energia nuclear seria livre e irrestrita sem qualquer tipo de regulação coercitiva.
- Você tem razão sobre o desastre nuclear na Ucrânia. Não só isso. Como estou no Cazaquistão , pude aprender um pouco sobre a trágica herança nuclear que o período soviético deixou nesse país. Entretanto, fica difícil conceber um mundo, na minha opinião é claro, sem uma Agência Internacional de Energia Atômica. Difícil sustentar também que nesses órgãos reguladores e fiscalizadores não existam pessoas capacitadas. Você pode argumentar “não capacitadas o bastante para superarem as milhões de interações do livre mercado”, é verdade, mas a função deles não é essa, neste caso específico, é apenas garantir que a exploração se dê com um mínimo de segurança.
- Deveria, colega. Ele é o criador do ramo de finanças comportamentais. Quando falei de interesse financeiro, não foi bem nesse sentido que o colega entendeu, aprofundo a ideia em outro tópico.
- Aí que está, colega. Não é. E esse, entre outros pontos, é acho que diversas ideias defendidas no IMB apresentam pontos para lá de vulneráveis. Você sabia que cientistas hoje em dia, podem saber se uma pessoa irá decidir entre branco e preto (é um teste onde há que ser fazer escolhas binárias) antes mesmo dessa pessoa saber o que vai decidir? E eles conseguem saber com segundos de antecedência, não microsssgundos. Isso é tão fantástico, que me surpreende como as pessoas não sabem disso, e como as pessoas continuam falando como o ser humano se comporta ou deveria se comportar baseado em ideas construídas há dezenas de anos, quando se tinha um conhecimento quase que nulo de como funciona o nosso cérebro. Falar sobre ação humana, racionalidade humana, sem conhecer neurociência a fundo, ou ao menos se interessar por ela, é algo que num debate mais profundo não tem mais sentido. Esse acho um dos erros do IMB, não sei se consciente ou não. Esse exemplo que dei é apenas um dos que acho mais marcantes, mas os diversos vieseS não são marca da nossa racionalidade, não como estamos discutindo aqui, muito pelo contrário.
Excluir- O que o povo da Coréia do Norte pode fazer contra o seu ditador? Pouca coisa, infelizmente. Voltamos aqui novamente ao Anarcocapitaslimo. A questão não é, no meu entender, defender algo contrário como “nenhum ser humano deve ter poder sobre o outro ser humano”. Para mim é entender que isso é apenas uma utopia. É uma bela utopia, sem sombras de dúvida. Algo que deve ser perseguido, como a estrela polar por um navegador sem bússola. Agora acreditar que estamos remotamente perto disso, ou que poderíamos chegar perto disso, no mundo atual, e que o Estado é um empecilho para isso, um erro.
- "A inexistência de uma civilização sem estado não prova que o arranjo estatal é a melhor opção e nem que o não-estado não dá certo.” Você está correto. Porém, se fosse para tomar uma decisão com base em probabilidades, não diria que essa hipótese levantada por você é a mais provável. Durante tanto tempo, tantos agrupamentos humanos, e nenhum exemplo histórico. Assim, não creio que é tão lógica assim a sua conclusão "Apenas prova que a civilização existe mesmo existindo o estado. Questão de lógica. "
- Se você puder trazer exemplo de “países" (coloco entre aspas, pois esse é um conceito nitidamente moderno) onde quase não havia um poder centralizado, agradeceria para um maior aprofundamento meu. É verdade, colega. É bem possível que um país pequeno já rico pudesse de alguma maneira se assemelhar a uma experiência anarcocapitaslia. Agora você pontuou bem. Isso só pode existir hoje em dia, e se esse pequeno agrupamento for garantido por Estados Maiores contra a agressão de outros Estados. Ou você imagina que a China irá abandonar a sua tradição de governos centralizados de mais de 5000 mil anos de história? Não irei falar sobre a administração da Justiça apenas particular, algo que não vejo como possível de funcionar, para não estender demais nesse tópico.
- Sobre a Somália, é verdade. Apenas pontuei, pois achei esse argumento em específico muito ruim. Não, não são. A Somália é o inferno na Terra. Assim como a Líbia, que apesar de ser controlado por um sádico era um país com um dos maiores IDHs na África, se transformou em outro inferno.
Isso é uma verdade parcial. Em alguns casos, isso pode acontecer, porém, mesmo assim a educação sempre deve prevalecer. A educação, e o bom trato, é um dos tratos que faz um agrupamento humano ser mais saudável. Essa lição parece que não foi aprendida lá. Muito intelecto, pouco "coração". Como se nós pudéssemos ter uma vida boa com apenas um deles. Esse também é outro ponto fraco do IMB, mas não me estendo no ponto. Agora, há diversos outros exemplos que a pessoa coloca, de maneira respeitosa, um ponto de vista, e chega uns sem noção já agredindo, chamando de burro, hipócrita. Meu deus, você gostaria de sair para comer uma pizza com pessoas assim? Eu não. Se um amigo meu fosse racista? Procuraria entender por qual motivo ele teria um comportamento desses. Poderia repensar, a depender do grau que ele exercesse esse racismo. Agora, há uma distância profunda entre alguém defender ideias nazistas, e defender ideias, mesmo que errôneas, econômicas ou morais que são erradas na visão de um interlocutor em específico.
Ufa! É isso, amigo. Abraço! Valeu mesmo.
obs: Peço desculpas por eventuais erros ortográficos ou de pontuação. Não fiz uma revisão na resposta, e escrevi muito rapidamente, pois estava indo dormir.
ExcluirAbs
Vamos la:
Excluir1- Ok
2- Ok
3- O que eu posso concordar sobre a democracia é que ela é a melhor forma de governo que foi implantada até hoje, mas não a melhor que possa existir. E a teoria libertária explica como poderia ser este arranjo superior. Infelizmente, conseguimos prová-la apenas no campo da ideia, apesar de, por correlação, podermos relacionar países com menos estado = mais riqueza e liberdade. Quanto ao ponto de ser responsabilizado ou não, acho que o maior problema são os incentivos para governar para a população ou não, e não somente a punição em caso de um péssimo trabalho. Esse é o pior defeito (além da representatividade de apenas uma parcela da população sobre a outra, claro). Creio que acabamos juntando tudo num balaio só (democracia, republica, presidencialismo, etc).
O maior problema que vejo aqui é a justificativa do “estamos em uma democracia!” utilizada para legitimar poderes autoritários.
4- Entendo que há exemplos de democracias que “deram certo”, mas ainda vejo este argumento como “países que deram certo ‘apesar’ da democracia”. Ter mais riqueza não justifica a pilhagem de terceiros para fins que uma maioria escolheu. A Nova Zelândia, de fato, parece ser um excelente país para se morar. Mas, daí, bato na mesma tecla: Será que eles são assim pela transparência do governo ou pelo tamanho do mesmo? A Nova Zelândia também é um dos países mais liberais do mundo. Essas são as causas que devemos analisar.
5- Concordo, a existência da Venezuela não invalida outros exemplos “bem sucedidos”. Mas, ainda, eu acredito que a exceção sejam os países que deram certo, e não o oposto. A tendência dos governos democráticos é crescer e ficar cada vez mais totalitário, percebemos isso em países como a Suécia, cujo estado de bem estar social estagnou a economia do país.
Ter poder é o objetivo nº1 de 10 em cada 10 políticos que almejam ser presidentes (ou líderes de governo).
Creio que essa nossa discussão está muito genérica. Estamos pegando exemplos complexos e tentando estabelecer alguma relação baseando apenas em poucas variáveis. Da mesma maneira que não podemos invalidar a democracia pela Venezuela, não podemos validá-la pela Nova Zelândia e Alemanha.
6- Também tenho dificuldades em visualizar como seria a segurança privada no anarcocapitalismo, ainda mais que sou engenheiro e não um jurista, o que poderia me ajudar um pouco no exercício mental. A única coisa que eu sei é que o estado não é uma solução eficiente, explicado pela mesma maneira que as questões econômicas. Não há incentivos, não há parâmetros para medir eficiência, além de haver coerção e agressão a inocentes.
Sobre não ser uma questão abstrata, concordo plenamente. O que quero dizer é que estamos discutindo isso no seu blog, por lazer. Não estamos em um comitê com especialistas em energia Nuclear. Certamente um governo pode ter interesse em juntar os melhores profissionais da área para montar uma regulação pertinente, e pode ser que saia uma ótima regulação. Mas, por outro lado, pode ser que eles apenas mantenham interesses de lobistas e de amigos do rei. Se houver uma demanda, indivíduos no mercado trarão uma solução. Com mecanismos de incentivos e com as ferramentas de lucro e prejuízo, é bem capaz que a solução privada seja melhor e mais rapidamente encontrada, pois há dinheiro privado envolvido.
Pela questão coercitiva, acredito que o respeito absoluto pela propriedade privada ajudaria bastante na questão de responsabilidade das empresas, além do próprio interesse no mercado. Há de existir uma forma punitiva em caso de poluição de algum terreno, por exemplo, e isso existirá em uma sociedade ancap.
7- Mesmo supondo que haja, nesta agência internacional de energia atômica, pessoas super capacitadas (e realmente não duvido disso), há diversos outros problemas, como a individualidade de cada nação, localização, cultura dos trabalhadores locais, disponibilidade de mão de obra e de matérias primas/equipamentos, eficiência econômica de certas medidas excessivamente seguras, etc. Não vejo dificuldades em Agências privadas ao redor do mundo trocarem informações muito mais rápidas e de forma mais eficiente e representativa entre si. Perceba: no fim das contas, quase tudo se resume a isso: eficiência de alocação de recursos escassos pelo governo. Mesmo se todos os humanos fossem bondosos, ainda haveria este (enorme) problema. Não estaríamos discutindo se os recursos fossem infinitos. Este é o principal ponto.
Excluir8- Lerei!
9- Não entendi o ponto sobre este exemplo que você mencionou. Mesmo porque a EA não diz absolutamente nada sobre se, como e quando o ser humano deve agir. Você mostrar que há uma ciência em desenvolvimento por trás das escolhas humanas não refuta em nada as premissas da EA, como, por exemplo, que o ser humano age para sair de uma situação menos confortável para uma mais confortável, ou que preferimos um bem hoje a amanhã. O porquê disso a EA não diz nada a respeito. Se isso é certo ou não, ou que meios devemos tomar para chegar ao fim, muito menos. Ela apenas diz, basicamente, que se você plantar morango você não colherá maçã. Que o ser humano nunca preferirá 10 reais amanhã ao invés de 10 hoje (mantidas as mesmas condições econômicas). Apesar de essas deduções serem “obvias” para maior parte da população, muitas outras da EA não são, como que o aumento de moeda na economia causa inflação, que por sua vez causa diminuição no poder de compra, que, por fim, aumenta a pobreza. Economistas gabaritados ainda defendem o keynesianismo, ora pois. São apenas essas “deduções obvias = lógicas” que a EA se propões a falar sobre, nada mais que isso.
Mais uma vez, há infinitas esferas do comportamento humano que nós não conhecemos, e muito menos a EA se propõe a responder, justamente pela infinita complexidade de inúmeras variáveis interagindo entre si. Isso é justamente o argumento-mor da EA ao não confiar uma sociedade a um punhado de burocratas: nem um supercomputador seria suficiente para analisar todas as variáveis – sendo muitas delas ainda nem sequer conhecidas/descobertas pelo ser humano. As iterações de erro/acerto feitas por bilhões de indivíduos que trarão o melhor desenvolvimento para uma sociedade.
10 – Aqui volto a copiar o seu trecho: “(...)Voltamos aqui novamente ao Anarcocapitaslimo.(...) É uma bela utopia, sem sombras de dúvida. Algo que deve ser perseguido, como a estrela polar por um navegador sem bússola. Agora acreditar que estamos remotamente perto disso, ou que poderíamos chegar perto disso, no mundo atual, e que o Estado é um empecilho para isso, um erro.”
Oras, mas aqui estamos de completo acordo. Eu sou totalmente contra assassinatos de inocentes, mas nem por isso eu acho que verei isso ocorrer, nem que seja por alguns segundos, no mundo. Por outro lado, manterei minha firme posição contra esses assassinatos, mesmo sendo algo aparentemente inalcançável para a nossa mentalidade de hoje. Não creio que alguém defenda um número mínimo de assassinatos por ano para uma melhor eficiência da sociedade, e nem por isso são rotulados como “extremistas” ou radicais. Da mesma maneira, não deviam fazê-lo com o estado e seus opositores.
Me julgo Ancap por acreditar que é o meio mais eficiente, moral e ético de arranjo humano, não por acreditar que isso seja aplicável em curto (ou até um longo) prazo. Eu não consigo aprovar um sistema que rouba indivíduos em nome da “redistribuição de riqueza”.
E eu acho sim que os estados são empecilhos para isso. Basta observar a completa intolerância a tentativas de separatismo. Óbvio que existem outros empecilhos.
11 – Tudo bem, concordo. Minha conclusão "Apenas prova que a civilização existe mesmo existindo o estado. Questão de lógica." também não é lógica por si só, mas sim uma hipótese no meio das outras. A “questão de lógica” foi para a frase anterior, que dizia sobre a impossibilidade de concluir algo apenas pela forma de governo dos países citados.
Excluir12 – Um exemplo que utilizam bastante de um país próximo ao ancap (pelo menos no âmbito da justiça) é a Islândia medieval, onde o serviço de segurança era 100% voluntário. Mais detalhes nesse artigo e comentários (http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2443) . Sobre a maior possibilidade de uma sociedade ancap nos dias presentes, concordo plenamente. E mais, acho que isso está cada vez mais se aproximando de se tornar uma realidade, principalmente pela maior disseminação de ideias e conteúdo que a internet proporciona.
Sobre a sobrevivência de uma sociedade ancap, também concordo que seja difícil, até coloquei que os governos dificilmente serão complacentes a isso. Mas, mesmo se for pouco duradouro, é o certo a defender, como o “assassinato 0”.
Como costumo acreditar, os governos apenas existem por que o povo endossa a sua existência. Quanto mais as ideias forem sendo divulgadas, mais as pessoas verão o quão prejudicial e totalitário os governos inchados podem ser. Posso prever separatismos cada vez mais frequentes ocorrendo, e daí a uma sociedade ancap são apenas algumas centenas de anos... heheh. Mas chegaremos lá.
Quanto à necessidade de proteção de Estados maiores, devo citar a Suiça como contraponto. Argumentos dizem que ela nunca foi invadida pela alta taxa de posse de armas do país. Além do mais, gosto do argumento que invadir uma sociedade descentralizada é muito mais difícil do que invadir uma com um “palácio central”, estrategicamente falando: haveria a necessidade de se invadir cada residência de cada morador para tomar o poder de toda a região. Fora que a ideia de liberdade estaria fortemente arraigada nos habitantes, o que dificultaria qualquer tentativa de persuasão dos novos invasores, além de que outros países do mundo provavelmente boicotariam (nem entrando na intervenção ofensiva) os países agressores. Ainda bem que hoje em dia a ideia de paz é bem mais simpática à maioria dos seres humanos.
Sobre a China, concordo plenamente: um governo nunca promoverá a ideia de liberdade. Isso deverá partir do povo. Acredito que se 10% (completo chute meu) da população da China tivesse uma boa base libertária, o governo estaria com problemas. Junte isso às novas tecnologias de descentralização (uber, bitcoin, etc), e podemos começar a visualizar alguma mudança.
13 – De acordo, sobre a Somália. Não deveria ser exemplo pra nada (incluindo um exemplo de Ancap).
14 – Sobre o IMB, concordo que o pessoal lá não tem muita empatia, no geral. Eu consegui filtrar isso nos meus primeiros contatos com o site, mas concordo que deve ser até contraproducente pelo objetivo que o próprio IMB tem de divulgar o libertarianismo aos novos leitores. Por isso a importância cada vez maior de pessoas mais carismáticas e com um linguajar mais simples para cativar novas pessoas, ao mesmo tempo em que o instituto segue fazendo o seu ótimo trabalho.
Agradeço pela conversa, Soul!! Se você quiser continuar respondendo, será um prazer também continuar!
Grande abraço.
Olá, colega! Desculpe a demora.
ExcluirEsse é o tipo de conversa que renderia mais se fosse falada. Agradeço enormemente a sua paciência de expor os seus posicionamentos.
Creio que ambos queremos um mundo mais livre e mais próspero. Você vai mais longe em alguns campos que eu ainda não consigo ir, porém os objetivos são parecidos.
Apenas queria enfatizar a necessidade de empatia para uma vida melhor. Uma vida cercada por um genuíno prazer de conviver com outras pessoas e o diferente faz a vida ser muito mais leve, e via de consequência muito mais fácil de alcançar os objetivos traçados.
Grande abraço!
Caro Soul,
ExcluirObrigado pela ótima discussão!
Concordo com a importância da empatia, mas o melhor seria termos a liberdade de escolher ou não sermos empáticos. Aliás, sem liberdade dificilmente há espaço para outros tipos de sentimentos (sei que não afirma o contrário, só queria enfatizar as minhas prioridades).
Abraços!
Eu que agradeço. Essa nossa conversa irá render vários artigos. É indubitável que as reflexões do site IMB trazem muitas pessoas qualificadas para o debate.
ExcluirSobre a empatia, concordo. Apenas creio que podemos criar uma sociedade onde a empatia é mais ou menos valorizada.
Abraço amigo!
Faz pouco tempo que passei a acompanhar o mises. Via ele no blogroll do uó e torcia o nariz para as manchetes, que me pareciam reacionárias. Desprezava sem ler.
ResponderExcluirNo dia em que superei este preconceito descobri quanta informação boa existe por lá, principalmente sobre economia.
Tenho aprendido muito com eles e mudado radicalmente muitos pontos de vista formandos a partir do senso comum.
Tá,bém não concordo com tudo o que leio e acho os comentários muitas vezes exagerados, mas, no geral, o conteúdo do site é muito acima da média.
Saindo da economia, um artigo que sugiro a leitura é o da verdade sobre Nelson Mandela.
Tentei checar várias informações que aparecem no artigo e encontrei algumas fontes confirmando-as. Porém, não sei até que ponto são ou não confiáveis.
Mas se metade do que está no artigo for verdade ( e eu me convenci que sim), ao invés de um mito que lutou pela paz, o que temos é um verdadeiro genocida.
Olá, colega. Fico feliz que tenha vencido a sua relutância inicial. Quando vemos algo que não concordamos, é muito simples saber se é bem escrito ou não. No caso, assim como eu, você se deu a oportunidade de refletir sobre suas próprias ideias.
ExcluirEu li esse artigo. Não parei para checar todas as informações, até porque isso, se fosse para fazer justiça ao tema e ao personagem, demandaria a leitura de vários livros, e não apenas procuras rápidas na internet.
O que posso dizer, do pouco que sei e tendo visitado a África do Sul, é que havia sim uma grande chance daquele país ter descambado para uma guerra civil e ter se transformado num Zimbabue . Não sei se você sabe, mas no Zimbabue houve desapropriação forçada de terras de brancos e dizem que a partir daí a economia desandou. Quando estive na África do Sul, fiquei impressionado com o nível de desconfiança, e muitas vezes ódio, entre brancos e negros. Mandela tem o mérito de depois de ser solto da prisão, após várias décadas, ter instilado uma transição democrática e pacífica no pós-aparhtaid. Isso acho que é um grande mérito dele. E não podemos esquecer que o regime sul-africano dos brancos era um dos mais anacrônicos do mundo. Obrigado pelo comentário.
Abraço!
Olá Soul. Mais um bom artigo. Concordo em parte e discordo em outros pontos, o que confirma a ideia central do artigo. Muito bom que você tem sido mais efetivo na publicação de artigos, o que talvez não seja tão bom assim para um maior aproveitamento de sua viagem.
ResponderExcluirAbraços.
rru842
Olá Rru842, nick complicado hein colega! hehe
ExcluirNas últimas duas semanas fiquei entre Moscou e Saint Petersburg com amigos. Foram semanas bem mais relaxadas e estava precisando disso. A viagem chega nos meses finais e já estou um pouco cansado. Cheguei na capital do Cazaquistão, e vou me preparar psicológica e fisicamente para os próximos meses que exigirão mais no Quirguistão, Tajiquistão, Irã, Turcomenistão e Uzbequistão.
Abraço e grato pelo comentário.
Soul o negocio é misturar, n ter medo de conhecer novas experiências.
ResponderExcluirA preguiça metal é pior q a fisica
É verdade, colega. Imagina ter preguiça mental e física, aí complica:)
ExcluirAbraço!
Olá, Soul.
ResponderExcluirMuito bom o texto. De fato é muito DIFÍCIL ser confrontado com ideia opostas, então o caminho mais fácil realmente é ignorar e fingir que não existe. Eu, por exemplo, repudio tudo que vem da VEJA. Não gosto de jeito nenhum da política deles de fomentar a religião. Blindo mesmo e ponto final.
Por curiosidade, Soul, gostaria de saber: é por causa dessa ideia abordada no texto que você não se importa em manter blogs que te censuram e te atacam em sua lista de blogs?
Abraços.
Olá, colega. Grato.
ExcluirEu não me importo em manter blogs que tem linhas de pensamento diferentes da minha, ou que por ventura realizem algum tipo de cerceamento, desde que estes blogs tenham alguma qualidade. Acho apenas que perdem a credibilidade, ao menos para mim, principalmente quando se falta com a verdade. Agora, as pessoas tem qualidades, independente dos seus defeitos. Isso se aplica a pessoas, e isso se aplica também em relação a blogs, como qualquer outra coisa na vida. Se alguns podem extrair coisas boas de outros espaços, mesmo que eventualmente em minha opinião possam ter tido alguma falha de conduta, creio que faz sentido a manutenção dos mesmos. Não é assim que muitas pessoas pensam ou agem, mas eu creio que é o mais correto.
Abraço!
Mais um ótimo artigo Soul. Vc está ficando cada dia melhor. Odeio esses algoritmos novos das redes sociais, vide facebook. Entro lá e somente vejo as mesmas pessoas over and over again, falando sobre os mesmos assuntos. Tenho amigos de todas as classes e idades, mas pouco vejo das pessoas mais distantes da minha realidade. Uma pena que a ideia de senso comum esteja prevalecendo numa ferramenta tão poderosa quanto a rede social.
ResponderExcluirOlá, Igor! Grato, colega.
ExcluirSim, é verdade. Os mesmos assuntos, a mesma forma de ver o mundo, apenas sobre uma pretensa roupagem diferente. De alguma forma isso é interessante para muitas pessoas, mas creio que no médio-longo prazo tende a ser muito empobrecedor.
Abraço
Ótimo artigo Soul. Vou sair de férias para Punta Cana. Você conhece esse destino? Alguma dica em especial?
ResponderExcluirOlá, colega. Não conheço! O que posso fazer é desejar uma ótima viagem para você!
ExcluirUm abraço
Grande soulsurfer!
ResponderExcluirExcelente Artigo... O seu blog, o do mises e mais alguns para mim já são obrigatório, pois realmente te faz sair da zona de conforte e com isso evoluir...
Parabens e Boa Viagem!
Olá, Ricardo. Valeu, colega. O site do IMB é um verdadeiro portal com vários autores, muitos deles com renome nacional e às vezes internacional. Fico feliz que meu pequeno espaço faça parte da sua lista de blogs.
ExcluirAbraço!
Ótimo texto, Soul!
ResponderExcluir"O intelecto humano, quando assente numa convicção (ou por já bem aceite e acreditada ou porque o agrada), tudo arrasta para seu apoio e acordo.
E ainda que em maior número, não observa a força das instâncias contrárias, despreza-as, ou, recorrendo a distinções, põe-nas de parte e rejeita, não
sem grande e pernicioso prejuízo.
Graças a isso, a autoridade daquelas primeiras afirmações permanece inviolada."
Francis Bacon, "Novum Organum - Livro I (XLVI)"
Essa é a falácia das convicções de Bacon.
Lembro que no meu artigo sobre Offshore, você comentou sobre esse viés de procurar opiniões que já seguissem nossa idéia inicial.
Só que as minhas idéias atuais são completamente diferentes do que eram há 5 anos atrás. Eu não sabia nada sobre libertarianismo e nem escola austríaca de economia. Muito dessa mudança se deve ao IMB e sua imensa biblioteca.
Graças a ele, tive contato com uma série de pensadores, que trouxeram novas idéias e contribuíram para moldar meu pensamento atual.
Já participei de 2 eventos do IMB aqui em SP, que foram bastante enriquecedores e também serviram para mostrar uma gama de pessoas que viu no pensamento liberal algo mais condizente com a realidade.
Abçs!
Olá, I.Internacional!
ExcluirÓtima citação. Não conheço muito de Bacon, mas um dia espero ler alguma coisa dele na fonte.
Sim, eu já baixei diversos livros, e espero que possa lê-los quando voltar ao Brasil, no próximo ano.
Sem sombra de dúvidas. O IMB foi, e ainda é, uma ferramenta muito útil para mim. Creio que aumentei um pouco mais a minha compreensão de mundo lendo os artigos lá.
Abraço!
Tenho acompanhado esse site, entrou na lista de leitura semanal. Ótima reflexão.
ResponderExcluirVocê está no meu blogroll, se puder me adicionar ao seu, agradeço! Abraço!
Olá, colega. Grato pelo comentário.
ExcluirUm grande abraço!
obs: li sobre sua viagem a Itália e Malta, belíssimas fotos:)
Acompanho o blog há algum tempo mas nunca comento nada, dessa vez me senti obrigado a faze-lo.
ResponderExcluir"Espero que o Pensamentos Financeiros faça um pouco disso com os leitores deste espaço."
Com certeza esse é um espaço onde coloco meus pensamentos em xeque constantemente. Concordo com muita coisa do de que leio, discordo de algumas outras, mas sempre retorno. Gosto muito do jeito que você escreve, parece carregar uma leveza porém com profundidade, da aquela impressão de que somos velhos amigos que tem tido essas "conversas" há anos.
Bom acho que era só isso que tinha para dizer, parabéns pelo blog.
Olá, Riva. Fico feliz com as palavras.
ExcluirEu sinceramente acredito no poder da amizade. Acho que uma vida sem amigos, é uma vida aquém do seu potencial. Creio também que sempre é momento de se fazer novas amizades. Se eu consigo passar isso nos meus textos, fico muito satisfeito.
Abraço!
Legal soul.
ResponderExcluirSempre achei você meio estatista mas nunca quis comentar isso.
Às vezes a gente não escolhe mesmo mas acaba sendo uma coisa.
O meu irmao é advogado, formado em Direito numa Federal, hoje em dia trabalha concursado num Tribunal.
Ele é uma boa pessoa, mas é estatista. Não sei o que é isso que vocês do Direito fazem, talvez a coisa toda seja moldada ao estatismo por lá. O cara chega a defender a CLT com unhas e dentes, assim como aumentos da carga tributária e aumento do estado. Talvez por sempre ter sido concursado e nunca ter ganhando um mísero real no setor privado (?).
Eu e ele temos visões completamente opostas. Eu acho que a humanidade sempre viveu em guerra com o estado e que essa é a única guerra que vivemos perenemente: o estado contra o povo.
Eu me sinto um escravo fiscal.
Olá, Frugal!
ExcluirPrimeiramente, temos que definir o que você entende por "estatista". Desde muito cedo o meu pai sempre me disse que a maioria das discussões estéreis entre homens ocorrem quando eles falam sobre a mesma coisa, mas com nomenclaturas diversas.
Num segundo lugar, creio que temos que acabar com rótulos, né meu caro amigo. Que tal ao invés de nos concentrarmos em determinados nomes, discutirmos o que faz e o que não faz sentido.
Sobre uma guerra permanente contra o Estado, eu não saberia nem o que comentar, pois acho a afirmação no mínimo imprecisa. Talvez se você especificar mais claramente o que quer dizer com isso, eu possa saber se concordo ou não.
Um abraço!
Pra mim estatista é apenas uma pessoa que defende o estado ou uma presença maior dele e outorga várias ingerências e regulamentações que o estado faz e acredita mesmo que sejam benéficas (não por maldade exatamente).
ResponderExcluirSobre a guerra permanente com o estado, eu, por tudo que me lembro, cheguei a essa conclusão, pense nos grandes impérios como Egito, Mesopotâmia, Roma, China, Reinos da Europa medieval, etc... veja os países africanos, sulamericanos... de como os líderes dessas nações usam o povo ao seu bel-prazer, fazem suas guerras e mandam o povo guerrear, de como eles transformam o povo em escravos fiscais.
O estado nada mais é do que um grupo de cidadãos que sequestram o poder e transformam todos os demais em seus "escravos fiscais" tomando-lhes parte da renda à força ou não ou com uso de coerção ou violência. A escravidão pura e simples como a que ocorreu aqui no Brasil era feita por senhores tomando 100% do trabalho e da renda do escravo dando-lhe apenas o mínimo para sobreviver. A escravidão moderna que vivemos é o estado tomando uns 50% da renda média do cidadão comum brasileiro e sempre, sempre tendendo a aumentar (se não fosse a defesa e a ofensiva de grupos de cidadãos e sociedade organizada).
A guerra permanente é essa: O estado todo ano quer aumentar suas receitas às custas do tempo, da vida e do trabalho dos cidadãos, a missão final do estado é nos escravizar em 100% novamente e custe o que custar. Não que isso seja escrachado ou escrito em lugar algum, e nem que maquiavelicamente queiram isso, mas o substrato do estado é exatamente esse. E quando eu vejo alguém defendendo o estado, eu penso que essa pessoa também quer inconscientemente escravizar as demais.
Frugal,
ExcluirVocê irá perceber que fora do espaço do IMB, todos seriam "estatistas " na sua concepção, sem exceção.
Veja, você falou de Impérios que remontam há milhares de anos. Nós, "membros do populacho", somos escravizados há milhares de anos pelo "Estado". Há milênios há classes dominantes, e qual é a novidade disso? Ao menos, evoluímos para um sistema de governo que permite que até o indivíduo com menos poder possa ter alguma participação, mesmo que pequena.
"Ah, mas mesmo assim nós somos escravos fiscais". Ok. E qual é a solução? A única é a abolição do Estado. Você acha factível? Tem algum exemplo histórico para fornecer que não tenha descambado para caos? Por fim, você vê isso ocorrendo?
Temos que ser práticos e realistas. Senão fica como dizer que precisamos entrar numa guerra santa contra o mundo islâmico, sem dizer como se pode fazer isso, sob pena de parecer discurso de miss que quer "Paz no Mundo".
Dizer que a missão do Estado, que como você disse nada mais é do que formado por seres humanos como eu e você, é nos escravizar por completo não tem qualquer fundamento Frugal.
Creio que você está confundindo a situação atual do seu país, e com isso tenta fazer uma argumentação englobando países e contextos históricos completamente diversos. Fica claro isso quando diz que o Estado quer nos tornar escravos, para logo depois citar o Brasil.
Acho que é mais fácil e eficiente focar no que dá certo, e no que faz sentido. Faz sentido demorar 150 dias em média para abrir uma empresa e passar por 12 procedimentos no Brasil, enquanto na Nova Zelândia se abre em um dia passando por 2-3 procedimentos? Faz sentido eleger representantes populares que não tenham ligação com suas comunidades (e aqui entra o voto distrital)? Faz sentido o peso da tributação ter força regressiva, penalizando os mais pobres (e aqui entra a necessidade de aumento dos tributos diretos e diminuição dos indiretos), etc, etc.
Construiremos uma vida melhor para nós mesmos e para nossos filhos se debatermos com mais afinco esse tipo de ideia.
Abraço!
Ah, o IMB adora colocar várias estatísticas, mas quase sempre quando apenas consubstanciam as suas próprias ideias.
ExcluirEssa ideia de associar tributação à escravidão é muito comum lá.
Sobre ess prisma, os países onde se é menos escravo (e onde a vida teoricamente deve ser melhor) são: Afeganistão (6% do PIB), Chad (4.2%), República do Congo (5.9%), Guineia Equatorial (1.7%), Libia (2.7%), Nigéria (6%), Arábia Saudita (5%).
Imagino quão plena e livre é a vida na Guinea Equatorial e na Líbia.
Assim como só se pode filosofar com a barriga cheia, imagino que só podemos reclamar da nossa "escravidão moderna" quando temos muita coisa garantida. O problema é que nós humanos temos a mania de "take it for granted" aspectos da vida quando estamos acostumados a eles. Assim, a eletricidade é algo tão normal para o brasileiro médio, que ele acha algo que existe como o ar, sem se dar conta que centenas de milhões de seres humanos, talvez bilhões, não tem acesso nem mesmo a eletricidade. Eu acho que a estabilidade dos agrupamentos humanos que vivemos está longe de ser algo dado como certo e imutável.
Abs
É Soul, eu não acho que o estado deva ser abolido, mas o tamanho dele e seu poderio militar, economico e social sim. Justamente nos países que vc citou como Afeganistao, Chad, Congo, Guine, Libia, Nigeria e Arabia saudita o estado é simplesmente enorme. As pessoas na Arabia Saudita podem nao ser escravos fiscais, mas são de outro tipo de escravidão, a social, e não podem nem pensar em andar um metro fora da linha que sofrerão bastante. O estado é tão grande que estamos justamente falando sobre ele com tantas outras coisas para falar. Se vc for ver o jornal nacional, 85% das notícias são apenas do governo. No Brasil o governo é simplesmente sufocante, arrogante e ignorante, além de não nos prover quase nada para toda a arrecadação que ele rouba. Eu não vivo muito no site do Mises, eu acho os textos de lá muito grandes e nem mesmo leio os comentários que sao muitos, mas acho o trabalho deles louvável e um caso isolado na internet brasileira. Sendo prático e realista o ideal seria um estado muito pequeno, dando liberdade para os cidadãos empreenderem e serem verdadeiramente livres, sem tantas e pesadas regulamentações, sem uma produção de milhares de leis todos os dias para confundir, enquadrar e desnortear a população como acontece aqui ou nos EUA. Eu não acho nem sequer que deveríamos ter vereadores em todas as cidades, nem mesmo deputados estaduais (o que eles fazem em 95% do tempo?). Como disse o Thomas Sowell "As pessoas acham que não podem pagar por educação, saúde e seguranças, mas acham que podem pagar essas três coisas e ainda mais o estado".
ResponderExcluirGrande abraço.
Frugal, só posso remeter ao bate papo com o colega lá de cima. Os temas abordados são parecidos.
ExcluirAbraço amigo
[Offtopic] Você já tentou mensurar, quantas horas de trabalho foram investidas para escrever todos os posts do seu blog e as respostas dos comentários? Só uma curiosidade.
ResponderExcluirMais um excelente post. Parabéns!
ResponderExcluirOlá, Surfista. Obrigado! Não, mas devem ter sido muitas:)
ExcluirAbraço!
De fato, os artigos publicados pelo Misses são excelentes, E quem não conhece, deve visitar o blog do Instituto. Mas sério, Soul, seus comentários são maiores que os artigos! Hahahahahaha
ResponderExcluirÉ às vezes creio que exagero nos comentários, aos poucos vou melhorando:) Abraço!
Excluir