Olá pessoal! Dando seqüencia a série sobre Fundos Imobiliários,
nesse post analiso os Fundos de Fundos, ou seja, fundos que compram a
participação em outros fundos. Desde já, esclareço que não gosto desse tipo de
fundo, pois se paga taxas duplamente (a taxa do FII que o fundo compra e a
própria taxa do fundo), e para mim isso apenas diminui a rentabilidade. Além do
mais, como um ETF, às vezes esses FII possuem fundos que eu não considero
atrativos. Portanto, se você está aqui nessa página e está se informando sobre
FII, acredito que tenha totais condições de montar uma carteira de FII por
conta própria. Dito isso, Makiel no seu clássico a “A Random Walk Down Wall
Street” disse na primeira edição do livro na década de 70 que valeria a pena
comprar closed-end funds quando o deságio sobre o net asset value (ou seja o
patrimônio do fundo) chegasse a patamares altos como 25%/30%. Sendo assim,
esses fundos podem propiciar momentos de entrada, quando negociados com
significativo deságio em relação aos seus valores patrimoniais que geralmente
são marcados a mercado.
BCFF11B -
Trata-se de um fundo de fundos, constituído com o objetivo de comprar cotas de
FII e investir em renda fixa relacionada ao mercado imobiliário. Fundo
originalmente era administrado pela Brazilian Mortagages, sendo agora
administrado pelo BTG Pacual. O fundo, segundo relatório de dezembro de 2013,
estava 76% investindo em 25FII, 13% em 11 CRI e 11% em Renda Fixa mais
convencional. Nos FII, 56% é concentrado em escritórios, sendo que os outros
setores possuem uma exposição bem menor. Consultando no site da CVM os fundos
que o fundo possui, percebe-se que são fundos bons, mas excessivamente
concentrados em escritórios, e vários fundos bons de logística, educacional, e
comércio não estão presentes. Ainda há fundos como HTMX (hotel Maxinvest), JRDM
(shopping jardim) e WPLZ11B
(shopping west plaza) que são fundos
arriscados, e dependendo do preço de compra com certeza não foi um bom
investimento. Os últimos rendimentos foram de R$ 0,80 em
dezembro de 2013 e R$0,74 em janeiro de 2014, com o valor da quota a R$80,00 os
yields foram de 1% e 0,92% respectivamente. Entretanto, entre abril a setembro
de 2013 o rendimento foi de R$ 0,71. O que é interessante de se notar é que no
fundo é que nos anos de 2010, 2011 e 2012 o fundo distribuiu um valor a mais
por quota do que no ano de 2013. Então, uma das vantagens dos FII de
rendimentos crescentes não se fez presente nesse fundo, talvez por causa das
altíssimas taxas. Em dezembro de 2013, o Vp da cota era de aproximadamente R$
92,00. A quota estaria sendo negociada com cerca de 10% de deságio. Quota
chegou a ser negociada a R$ 74,00. Possui taxas de altíssimas 1,75% sobre o PL
ao ano, e ainda taxa de performace de 20% sobre o que superar IGP-M+3% ou 4,5%,
o que for maior. No ano de 2013, o fundo teve receitas operacionais (renda
fixa, CRI, lucro com vendas de FII e alugueis de FII) de cerca de 35M e gastou
6M com taxas, logo os custos “comeram” quase 20% das receitas dos fundos em
2013, é um número muito alto (interessante também é que houve quase 50M de
prejuízo para ajuste ao valor justo das cotas de FII no ano de 2013).
Avaliação: média/Boa. O fundo apresenta deságio
em relação ao VP, o que não deixa de ser interessante, pois comprar fundo de
fundo com ágio não faz muito sentido. Entretanto, o fundo tem taxas muito
altas, o que acaba minando qualquer melhora significativa no resultado
operacional.
Risco: baixo/médio Fundos de fundos não possuem
riscos tão significativos. O fundo possui alguns fundos não tão bons na
carteira, o que pode ocasionar alguns prejuízos. A carteira do FII também é
excessivamente concentrada em escritórios, representado quase 60% da carteira
de FII.
BPFF11 - É um fundo
criado para adquirir cotas de outros fundos imobiliários e ativos de renda fixa
relacionados ao mercado imobiliário. O fundo possui 91,5% em quotas de 21 FII e
os outros 8,5. O Valor patrimonial no final de janeiro de 2014 era de R$82,98,
sendo que a quota é negociada na base de R$71,00, o que dá um deságio de cerca
de 13%, o que é interessante. Em comparação ao BCFF11B as taxas administrativas
são muito menores, sendo que no último mês foi de R$ 70 mil sobre uma receita
operacional de 1,367M, o que dá algo em torno de 4/5% do faturamento, o que é
bem razoável. O fundo possui alguns fundos com problemas: HGBS – 6,13%, HGCR11
– 2,43% (esses dois últimos por causa da penhora do CRI goiabeiras), SPTW -
9,80%, JRDM – 5,57% e VLOL - 4,36%. Sendo assim, 28% do fundo está posicionado
em fundos com problemas judiciais (HGBS e HGCR) E com RMG divorciada da renda real (JRDM e
VLOL). Além do mais, o fundo é excessivamente concentrado em fundos de
escritórios representando 58% de todo o portfólio do fundo, sendo uma exposição
ainda maior do que o BCFF11B. O fundo vem distribuindo R$ 0,73 por quota, o que
dá uma yield de um pouco mais de 1%am, o que seria bem razoável, se o fundo não
apresentasse os problemas relatados.
Avaliação: média. O fundo possui deságio no VP,
está pagando um yield de 1%, mas possui fundos problemáticos na carteira e
grande concentração em escritórios. A taxa de administração não é tão extorsiva
como no BCFF11B.
Risco: Fundos de fundos não possuem riscos tão
significativos. O fundo possui alguns fundos não tão bons na carteira, o que
pode ocasionar alguns prejuízos. A carteira do FII também é excessivamente
concentrada em escritórios, representado quase 60% da carteira de FII.
FIXX11 – Fundo criado no meio de 2013 para predominante
comprar quotas de outros FII, bem como títulos de renda fixa ligados ao mercado
imobiliário. O fundo tem como benchmarket o IFIX, tenta ser uma espécie de ETF
de FII. Atualmente, o fundo possui 54% investido em FII, e 46% em LCIs (a
percentagem em LCI vem diminuindo mês a mês desde o começo do fundo em junho).
Sendo assim, o fundo está ainda bem líquido e pode aproveitar as quedas no
mercado e criar valor para o quotista. O rendimento do último mês foi de R$
0,67, o que dá um yield de 0,83% com a quota a R$80,00. O VP da quota no final
de dezembro de 2013 era R$92,32, o que faz com que a cota seja negociada com um
deságio de aproximadamente 13%, o que é interessante, principalmente porque
metade do fundo é composto de títulos de renda fixa LCI. Os FII do fundo são
concentrados em escritório, até porque ele tenta de certa forma imitar o IFIX
que é muito concentrado em escritórios. O fundo possui uma taxa de
administração de 0,4% que é razoável, não sendo tão elevada, apesar de não ser
baixa, correspondendo a algo em torno de 7 a 10% do faturamento a depende do
mês. O fundo possui uma liquidez reduzida, o que resulta em spred significativo
Bid/Ask no book, o que pode ser algo negativo para se pensar em montar
posições.
Avaliação: média/boa. O fundo tem uma taxa de administração
não tão alta. Possui ainda muito dinheiro em renda fixa, o que pode
proporcionar boas oportunidades de compra. Como aspectos negativos destaco a
baixa liquidez, e a alta concentração em escritórios.
Risco: baixo/médio. Os
riscos não são tão altos por enquanto, pois quase metade do fundo está em renda
fixa. Entretanto, como o fundo tenta espelhar o IFIX, os retornos tendem a ser
parecidos com o IFIX.
JSRE11
- Fundo criado para predominante comprar quotas de
outros FII, bem como títulos de renda fixa ligados ao mercado imobiliário. O
fundo atualmente, segundo último relatório de janeiro de 2014, possui 30%
investindo em outros FII e 70% em Renda Fixa, com destaque para CRI responsável
por 35%. O fundo vem diminuindo a exposição em FII gradativamente nos últimos meses.
Sendo assim, não seria errado falar que
o fundo está com uma feição de fundo de papel. Interessante notar que em
janeiro de 2014 o fundo reportou quase 500 mil de prejuízo com a venda de
quotas de FII no mercado secundário. O rendimento em janeiro foi de R$ 7,76, o
que corresponde a um yield de 0,85% com a quota em R$ 910,00. Em novembro e
dezembro do ano passado o rendimento foi superior a R$10,00, o que daria um
yield de mais de 1% am. A cota possuía
um valor patrimonial no final de janeiro de 2014 de R$ 1.050,00, sendo assim a
quota é negociada com um deságio de aproximadamente 10%. A taxa de
administração é de 1% do PL, o que apesar de ser inferior ao BCFF11B, é
bastante alta, o que corresponde a algo em torno de 10% do resultado
operacional do fundo.
Avaliação: boa. O fundo se transformou de um fundo de fundos
prioritariamente para um fundo de papel. O yield do último mês não foi tão bom,
apesar de não ser ruim, mas os de novembro e dezembro foram bons. Há desconto
em relação ao VP, o que pode ser um indicativo de compra para quem se interessa
por fundo de papel. As taxas são relativamente altas.
Risco: São os riscos atinentes a fundos de papéis e a renda
fixa em geral. Comprando abaixo do VP, os riscos são bastante minimizados.
GVFF11 – Fundo não analisado por ausência completa de
liquidez.
Sei que muitos querem mesmo é post sobre os FII de escritórios. Devo fazer três post sobre os escritórios em sequência.
Tenho o BCFF11B na carteira juntamente com o FEXC11B.
ResponderExcluirGosto de ambos, apesar da oscilação na hora do pagamento, o retorno é considerável.
BCFF11B emitiu muita subscrição (desde que estou com ele, acredito que foram três), o que deu uma diluída nos rendimentos gordos, na época acima de 1,2%.
Contudo, acredito que ele seja um bom fundo.
Estagiário
http://www.oblogdoestagiario.blogspot.com
Uta!
Olá estagiário!
ExcluirÉ eu não gosto muito da ideia de fundo de fundos. O BCFF11B acho que tem taxas muito altas, e não gosto nem um pouco da carteira de FII dele.
Mas cada um com sua estratégia.
Abraço!
Muito legal seu estudos, ótimo para quem está começando...
ResponderExcluirEstou curioso para ler sua analise sobre imóveis comerciais :D (ffci flma rngo... :P )
Valeu forreta!
ExcluirSão os próximos posts.
Abraço!
Continue com esta série, amigo. Estou aprendendo bastante.
ResponderExcluirAbraços
Olá Além da Poupança!
ExcluirObrigado!
Vindo de você é um grande elogio.
Já está chegando ao fim. Mais três posts (mais uns 32 FII), e vou ter analisado todos os FII, a exceção dos de papel.
Abraço!
Que nada, amigo. Você está me superestimando. Aguardando seus comentários sobre HGRE11, que provavelmente será meu alvo ainda este mês.
ExcluirAbraços
Além da Poupança, não se subestime. Você possui posts muito bons, inventou uma planilha de Excel que ajuda um monte de gente, e sempre é educado nas respostas. Pelo que eu sei está querendo passar num bom concurso público, está se dedicando para isso e ainda consegue guardar dinheiro e fazer compras para aumentar o patrimônio. Tenho certeza que você é um grande exemplo para muitas pessoas.
ExcluirHGRE né? Não é que o danado quase estourou a barreira dos R$ 1.200,00 semanas atrás...
Abraço!
Resolvi estudar sobre FII e tive a grande felicidade de achar seu blog, soulsurfer.
ResponderExcluirPelo pouco que, agora, sei, compartilho com vc essa ideia de não gostar de fundo de fundos, assim como ETF's. Comecei a investir com ETF's e em poucos meses me vi preso a eles com prejuízo, mas com capacidade e motivação para montar minha própria carteira. Prejuízo realizado e bola pra frente! Quase cometo o mesmo erro com FII, por pura comodidade hahahah
Ta ajudando demais, obrigado e parabéns por passar o conhecimento.
Namastê.
Obrigado, Poeta!
ExcluirAliás, um mundo sem poesia é um mundo um pouco sem graça, menos humano. Na correria do dia a dia, na importância necessária da praticidade, vejo muito pessoas achando que poesia é inútil. Não acho, creio que ela é essencial para a formação de um povo e sua cultura.
Olha, ETF e fundos de fundos são um pouco diferentes. Nos fundos você pode comprar com ágio e deságio (o que os assemelha com um closed-end fund, por isso fiz o aparte no começo do texto), o que pode vir a ser um bom ou mal negócio.
Entretanto, estamos de pleno acordo que temos total capacidade de montar a nossa carteira.
Ótimo, se ETF não era legal para a sua estratégia (eu gosto de ETF, principalmente os estrangeiros. Pretendo diversificar o meu portfolio com exposição internacional, e creio que os ETFs são uma ótima maneira de fazer isso), você pensou, realizou prejuízo e bola para frente.
Esses meus comentários sobre FII servem apenas para situar as pessoas. Junto com o meu post como montar uma carteira de FII, você pode selecionar alguns fundos, e depois analisá-los com mais precisão.
Abraço!
Namastê (aliás, essa palavra é muito linda, não quer dizer mais ou menos "a divindade que habita em mim saúda a divindade que existe em você"?)
Concordo plenamente, como forma cultural, de expressão, diversão e filosofia. Poesia me faz ver a correria do dia a dia de forma mais bonita, mais suave. Enfim, como diz um cara que admiro muito e que domina o português como poucos: A poesia prevalece!
ExcluirCompreendi que se deve considerar o ágio ou deságio em relação ao valor patrimonial e que isso pode gerar boas oportunidades. Ainda penso em FII como penso em ações, mas aos poucos vou entendendo melhor suas diferenças.
Ainda não tenho patrimônio para diversificação tamanha, mas futuramente também pretendo me expor ao mercado internacional.
Há tanta empresa ruim nos ETF's(pelo menos nos nacionais) que eu me recuso a investir minha grana neles.
To fazendo isso, pretendo começar a diversificar no segundo semestre e seus comentários apareceram na hora certa. Parabéns novamente.
Como admirador do budismo, adoro essa palavra e acho o significado dela incrível. Significa isso mesmo.
Abç!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir