Olá,
colegas. Vocês conhecem um sujeito chamado Tristan Harris? Aposto que a maioria
não faz a mínima ideia de quem seja.
Normal, eu também não fazia ideia de quem fosse até uns meses atrás.
Bom, isso não é tecnicamente verdade, pois há alguns anos tinha lido um texto muito bom de como as mídias sociais são projetadas deliberadamente para atingir
as vulnerabilidades das pessoas. O texto tinha sido escrito por um ex-mágico
que trabalhava no setor de ética da Google, e apesar do texto vir a minha mente
algumas vezes, eu nunca lembrava o nome do autor.
Tristan
Harris é um especialista de como as mídias sociais são construídas para cativar
a nossa atenção, e como deveríamos fazer mais reflexões éticas sobre os caminhos que essas tecnologias
estão tomando. Nada melhor que ir à
fonte e ler o artigo orginal (infelizmente está em inglês para os que não dominam o
idioma de Shakeaspere):how-technology-hijacks-peoples-minds-from-a-magician-and-google-s-design. É um artigo relativamente curto, e de certa forma assustador.
Se você gostar de ouvir podcasts e entender Inglês mais fluentemente, sugiro o excelente podcast que o Sam Harris entrevistou o Tristan Harris
Se
quiser uma versão mais condensada, sugiro essa palestra na TED
Não
vou comentar, ou tentar, sobre as diversas implicações do que esse incrível
pensador traz para a sociedade, mas vou me concentrar apenas numa que acho
essencial. Hoje há uma batalha por sua
atenção, prezado leitor. Mídias sociais
precisam manter cada vez mais as pessoas “engajadas” em suas plataformas, ou
seja, quanto mais tempo os indivíduos ficam no Facebook, whatsapp, twiter, etc,
etc, melhor para essas empresas. Essa busca desenfreada pela atenção das
pessoas, cumulada com cada vez mais algoritmos de inteligência artificial, está
conduzindo a uma “corrida armamentista ladeira abaixo”. Cada vez mais, táticas
e técnicas, independente do seu conteúdo ético e no impacto do bem-estar das pessoas,
estão sendo utilizadas para sequestrar a atenção das pessoas.
O
exemplo mais eficaz, e ao mesmo tempo grotesco, é a utilização cada vez maior
da revolta ou repúdio na geração de notícias, feed, vídeos, etc. Nós, e eu me incluo fortemente nisso, somos
atraídos como formigas para um açucareiro quando nosso cérebro é estimulado com
algum acontecimento que causa revolta.
Quer ver os compartilhamentos aumentarem e o tempo despendido com as
mídias sociais aumentar basta mostrar a alguém que voltou no Bolsonaro algum
acontecimento sobre “Lula Livre” ou basta fazer o contrário, mostrar a um
admirador do Lula alguma frase do Bolsonaro sobre homossexuais. Pronto, a isca será devidamente abocanhada.
No Youtube, por exemplo, dificilmente você verá destaque de um vídeo como o título “dois pensadores discutem amigavelmente sobre suas divergências”, mas é quase certo que algum vídeo como “Olavo de Carvalho destrói repórter comunista” ou “ Repórter humilha Olavo de Carvalho” terão um destaque maior, e os próprios criadores de conteúdo já perceberam isso há muito tempo. E é muito provável se estes dois hipotéticos vídeos estiverem na sua barra direita como sugestões de vídeo, eles estão lá graças a um algoritmo de inteligência artificial que sabe que pode explorar essa vulnerabilidade humana.
No Youtube, por exemplo, dificilmente você verá destaque de um vídeo como o título “dois pensadores discutem amigavelmente sobre suas divergências”, mas é quase certo que algum vídeo como “Olavo de Carvalho destrói repórter comunista” ou “ Repórter humilha Olavo de Carvalho” terão um destaque maior, e os próprios criadores de conteúdo já perceberam isso há muito tempo. E é muito provável se estes dois hipotéticos vídeos estiverem na sua barra direita como sugestões de vídeo, eles estão lá graças a um algoritmo de inteligência artificial que sabe que pode explorar essa vulnerabilidade humana.
Basta
olhar os vídeos do youtube, feed de notícias ou acontecimentos, etc, que esse
padrão fica tão claro e cristalino que você se pergunta como ninguém, ou quase
ninguém, está percebendo tal fato. E num
mundo onde todos podem dar opinião sobre tudo quase que instantaneamente sempre
haverá alguém em algum canto dizendo algo que seja repulsivo ou revoltante para
você em relação a alguma coisa, ou seja, se você deixar se levar sempre haverá algum "acontecimento" para instilar esse sentimento durante vinte quatro horas sete dias por semana.
Sabe aquele desejo de comentar num texto que você não concorda com absolutamente nada? Essa é a sensação constante, mas feito de uma maneira muito mais vulgar, crua e agressiva. É possível haver uma genuína troca de idéias entre pessoas com idéias absolutamente antagônicas, mas é quase impossível que isso se dê dentro de plataformas que possuem limitação de espaço, e onde o fluxo constante de novos dados de informação é a regra.
Sabe aquele desejo de comentar num texto que você não concorda com absolutamente nada? Essa é a sensação constante, mas feito de uma maneira muito mais vulgar, crua e agressiva. É possível haver uma genuína troca de idéias entre pessoas com idéias absolutamente antagônicas, mas é quase impossível que isso se dê dentro de plataformas que possuem limitação de espaço, e onde o fluxo constante de novos dados de informação é a regra.
Isso
é horrível, pois deixa as pessoas sempre com sentimentos ruins, bravas, e aos
poucos vai minando a própria possibilidade de uma convivência mais pacífica e
harmoniosa dentro de uma sociedade que naturalmente é multifacetada e diversa
(ainda mais uma como a brasileira).
Ficar
brabo todo o tempo e irritado por que alguém disse algo absurdo para a sua visão
de mundo é um caminho certo para uma vida desequilibrada. É evidente que há
casos mais patológicos, mas para mim fica claro que as mídias sociais, do jeito
que elas são configuradas atualmente, são quase sempre tóxicas, e o motivo
delineado nesse texto não é o único, mas talvez seja um dos mais fortes.
A
solução? Leia esse bom livro que você irá descobrir:
Um curto e bom livro com argumentos bem interessantes de alguém que viveu e vive por dentro do círculo de tecnologia do vale do silício.
Um abraço!
Obrigado pelas ideias!
ResponderExcluirValeu, Scant!
ExcluirAbs
Cara muito bom o seu blog! Finalmente há alguma vida na finasfera de blogs que não seja Minion reaça. Kkk
ResponderExcluirEstou tentando retomar posts, mas já vou te adicionar na blogroll.
()'s
Olá, Chinaski!
ExcluirAbs!
Belo texto Soul. Atualmente só uso o WhatsApp e YouTube. A ideia é diminuir o tempo de acesso desses serviços.
ResponderExcluirSempre tive a sensação que a maioria das pessoas usam as redes socias com o objetivo de impressionar outras pessoas, muitas destas totalmente estranhas.
Olá, colega.
ExcluirSim, no texto linkado, e no livro sugerido, o quesito "aprovação social" é muito utilizado por essas empresas para atrair cada vez mais a atenção das pessoas.
Um abs!
Olá Soul,
ResponderExcluirMuito bom. Há algum tempo eu percebi isso. Faz um bom tempo que exclui meu Facebook, mas ultimamente estou interagindo menos em grupos de Whatsapp, pois vi que estava ficando muito irritado com algumas coisas postadas. Principalmente coisas que eram mentiras.
Também estou saindo dos canais no Youtube que só falam de politicas. Sei que a politica faz parte da nossa vida, mas aqui no Brasil já está chato esse negócio de direita e esquerda. Se a pessoa é de um lado, automaticamente ele é "merda". As pessoas não discutem uma coisa com argumentos, já começam com xingamentos na maioria das vezes (ambos os lados).
Abraços!
Olá, Cowboy.
ExcluirExatamente, boa atitude. Sim, é muito fácil fazer um "meme" ou uma "montagem" dizendo alguma inverdade sobre Bolsonaro, Lula, Cuba, Alemanha, islamismo, ou qualquer coisa.
Se a pessoa não perceber esse aspecto, ela é pega nesse looping de notícias, informações, que a deixam braba, e às vezes nem sabem que são algoritmos de inteligência artifical que estão literalmente hackeando suas vulneralidabidades em proveito de algumas empresas e transformando a vida para pior.
Um abraço!
O link do artigo do Medium está quebrado..."404 We couldn’t find this page"
ResponderExcluirOpa, animal. Valeu, acho que consertei. Leia o artigo que vale a pena. Abs
ExcluirSoul, o link do artigo no medium está quebrado. Reparei que existe um ponto final no link, basta retirar esse ponto final que o link está correto.
ResponderExcluirEnfim, quanto ao tema do artigo, concordo contigo. Deletei meu facebook há um tempo, mas ainda perco tempo com redes sociais: basicamente Reddit (não acho ele tão ruim) e WhatsApp. Enfim, ainda há muito o que fazer nesse aspecto pra eu deixar de gastar menos vida com isso.
Olá, colega. Acho que consertei.
ExcluirUm abraço!
Jaron Lanier tem outros livros nos fazem refletir sobre o atual uso da tecnologia... Este, no entanto, é mais direto e atual. Gostei bastante. Deletei por alguns bons meses Instagram e só voltei após refletir bem sobre o que eu queria e como usaria. Acabei arrependendo, mas acho que pelo menos o uso está mais consciente... Tipo o médico que fuma hahahahaha... Falando assim, não parece grande coisa, enfim...
ResponderExcluirO YouTube, uma rede social (forma de entretenimento, como o próprio Jaron descreve todas as redes sociais - achei sensacional esse pensamento) era algo caro por mim. Achava que havia muita coisa boa lá (e há) e que perderia muito em deixar de usar todo dia (não estou perdendo tanto assim; ou pelo menos o custo benefício é duvidoso).
Sabe aquelas recomendações do YouTube ao lado com as chamadas sensacionalistas? Não aparecem mais na minha página. Descobri dois softwares que tem me ajudado no uso consciente do meu tempo na internet. O primeiro é uma extensão do Chrome chamado uBlock Origin. Ele não apenas bloqueia pop-up e propagandas do próprio YouTube, como também permite você bloquear seções do site, como no exemplo dado.
O outro soft se chama Cold Turkey, que permite bloquear sites e até aplicativos do seu computador pelo tempo que você quiser (bloqueei vários sites de notícia até 2020) ou até mesmo programar (não acesso sites de finanças das 9h às 18h, por exemplo). Ele é pago e vale cada centavo.
Olá, Rafael. Sim, o mais famoso dele é "You are not a gadget", não?
Excluir"Médico que fuma" é ótimo:)
Sim, a internet não é as redes sociais, e as pessoas estão confundindo. O Carl Newport (Escritor do Deep Work) tem uma palestra muito boa sobre esse tema.
Que interessante esses aplicativos hein, ótimas dicas, muitos autores estrangeiros falam de estratégias assim para otimizar o seu tempo (bloqueio temporário de sites, etc).
Um abraço!
Olá Soul,
ResponderExcluirObrigado por mais uma dica de leitura. Anotado! Sobre as redes sociais, nunca me expos muito a elas. Talvez hoje eu use demasiadamente o Twitter, mas geralmente é trocando ideias. Então acredito ser tranquilo.
Mas como bem conta, é necessário ir desviando das "balas", notícias com alta probabilidade de te enfurecer. No Facebook tem muito isso. Lá, hoje entro para ver algumas informações de uns grupos só. É entrar, ver essas informações que são úteis para quem quer ganhar com sites e sair.
Por que dê resto? É só porcaria para levar seu tempo embora.
Repito o que disse em outro blog inclusive hoje. Há uns dois domingos perdi quase o dia na frente do computador vendo coisas para o blog, twitter, facebook. E quando me dei conta, lá se foi meu dia de folga. Quando me dei conta fiquei brabo comigo mesmo. A partir dai, estou controlando o tempo gasto com essas coisas.
É algo que muitos consumidores de redes sociais deveriam fazer viu...
Abraço!
Olá, Investidor Inglês.
ExcluirCom certeza, meu amigo, isso é algo que todos deveriam refletir a respeito.
Um abs!
Estou fazendo o caminho inverso por questões comerciais. Por mim, continuava fora dessa perda de tempo.
ResponderExcluirPois é, por razões de trabalho, as mídias sociais podem vir a ser uma boa plataforma para se fazer negócios e expandir.
ExcluirUm abraço!
Dias atrás ouvi um podcast que relatava uma contradição: em diversos anúncios para contratação de babás no vale do silício era exigido que elas não utilizassem o smartphone durante o trabalho.
ResponderExcluirAo que parece, já existe uma corrente que está afrontando esse nosso atual modelo, onde poucos executivos das grandes empresas de tecnologia definem o comportamento de bilhões de usuários.
Grandes empresas (i.e. Microsoft) já têm setores de F.A.T.E.S. (Fairness, Accountability, Transparency, Etichs and Society). Parece-me uma área interessantíssima de pesquisa.
Abs!
Olá, colega. Primeiramente, li o seu e-mail e preciso respondê-lo.
ExcluirSim, o pessoal que manda lá coloca os filhos em escolas Wardolf, e é exatamente o que eu vou fazer com a minha filha.
Eles sabem muito bem quão danoso pode ser as pessoas, ainda mais crianças a exposição sem qualquer controle como muitas pessoas fazem e expõem os seus filhos a isso.
Sim, filósofos talvez vão ser mais importantes do que nunca:)
Um abraço!
Excelente texto!! Cada vez mais sonho em compra uma terreno, longe e isolado, e ir para la viver, longe de tudo longe de todos. acho que a revolução digital e positivo, mas trouxe muita merda junto. e as redes sociais deu voz a ignorância das pessoas, antes esta cesta de maus sentimentos humanos ficava limitada ao pequeno espaço, família amigos vizinhos etc.. agora se espalha e inflama por todo lado.
ResponderExcluirEu cá nunca fui de usar estas coisas, Facebook, Youtube e outros,mas e inegável o domínio que tem sobre as pessoas.
Grande Soul!
ResponderExcluirFazia tempo que eu não comentava aqui. Essa história das redes sociais veio pra ficar. As pessoas gostam de novela, gostam de saber da vida do outro, gostam de ver manchetes sensacionalistas. Gostam de ver o circo pegar fogo.
Concordo 100% com você que os títulos chamam muito Maia atenção se vierem com uma pitada de veneno. Aqui na Finansfera a gente consegue ver isso. Você faz um post e coloca assim: veja como analisar um beta ao comprar uma ação. Tenho certeza que terá poucos views mas coloque um texto assim: veja agora quais as 5 ações que vão subir mais de 30% até a reforma da previdência. Com certeza vai ter muito mais views.
Agora quer saber o que da milhões de views? Acabei de abrir o YouTube pra dar um exemplo real:
Coisas incríveis vs nitrogênio líquido!
Seria algo científico se não tivesse a cara do felipe Neto fazendo careta com um cadeado congelado e uma faca. Ou seja, as pessoas nem querem conteúdo, dependendo de quem coloca vídeo no YouTube, elas assistem só porque algum idiota fez alguma piada.
Veja quantos seguidores temos e veja quantos o Felipe Neto tem. Vou poupar o trabalho uma vez que a tela está aberta aqui, Felipe Neto tem 30.508.456 inscritos e este vídeo que ele postou há 17 horas já tem 1,3 milhões de visualizações.
Fazer o que né? Os vídeos que faço explicando sobre cada REIT no canal do YouTube tem 30 views e 56 inscritos 😂😂.
Vou até deixar aqui caso alguém se interesse
https://www.youtube.com/channel/UCws7V3Q0yxsKJx768EEJtcg
Abraço!
Olá, amigo!
ExcluirCaramba, ele tem 30 milhões? Quase meia frança?
Uau!
Valeu, vou dar uma passada no seu canal.
Um abs!
Muito bom. Desde criança ouço que rede só serve para uma coisa: apanhar uma presa. Felizes os que cresceram sem internet e hoje sabem que as redes sociais são apenas redes.. nada de sociais...
ResponderExcluirExcelente texto sobre um assunto importantíssimo soulsurfer! Há mais de 1 ano entrei em "dieta de mídias sociais e notícias", ou "ignorÂncia seletiva" para notícias de forma geral que se beneficiam de explorar nossos instintos humanos menos desenvolvidos. A quantidade de tempo que alguém salva ao praticar alguns filtros essenciais para notícias/mídias sociais é imensa! Muito recompensador...
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