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sábado, 5 de janeiro de 2019

NUM REINO TROPICAL DISTANTE


Narrador: Era uma vez num lugar distante um reino tropical. Dizia-se que nele tudo que se planta necessariamente deve dar-se.  Um reino de farturas, mas afogado em inúmeros problemas. Violência, desrespeito aos anciões, precocidade sexual eram apenas algumas dentre as inúmeras chagas a assolar esse país alegre e triste ao mesmo tempo. Os infortúnios remontavam de décadas, pensadores diziam que séculos, mas de súbito novos iluminados descobriram as soluções para os antes tidos insolúveis problemas. De pronto foram aclamados como “salvadores e geniais” e a eles foi incumbida a nobre missão de finalmente acordar o gigante para os seus destinos divinos grandiosos….

Professor discute com um aluno

Aluno de nome Queiroz: Professor, seria errado ou imprudente, receber dinheiro alheio como fosse seu?

Professor: Aparentemente, sim, Queiroz, mas seria preciso saber as circunstâncias que isso se deu para se fazer um juízo  mais aprofundado.

Aluno de nome Queiroz: Quer dizer que você professor está a relativizar o ato de receber um dinheiro alheio como próprio?

Professor: Não foi exatamente isso que eu disse.

Aluno de nome Queiroz: Foi exatamente o que você acabou de dizer! Por acaso também acha que a “depender das circunstâncias” um menino deixa de ser um menino? Por acaso adere à nefasta teoria de que meninos vestem rosa de forma metafórica? 

Professor: Como é que é Queiroz? Isso é jeito de se falar com o seu professor? Se você estivesse no reino do Japão….

Aluno de nome Queiroz: Não negas então? Não sabe que o meu direito é ser ensinado de forma neutra? E que me atacas ao dizer que a pedofilia pode ser justificada em certas ocasiões?

Professor: Do que você está falando?

Aluno de nome Queiroz: Você é um pervertido-doutrinador-comunista e deve ser denunciado aos Tribunais de Ética Escolar em homenagem a Oluvus Corvulhas contra o gramscismo-marxismo-socialismo-gayzismo

Professor: Quem é esse Oluvus Corvulhas? Ele frequentou a escola ao menos?


No Tribunal de Ética Oluvus Corvulhas

Juiz Maro: O Sr. é acusado de conspirar contra a juventude. Alguma palavra em sua defesa?

Professor: Grande e prestigioso juiz, antes de mais nada, se eu tiver feito algum mal-feito e me arrepender perante vossa sumidade, poderei ser perdoado?

Juiz Maro: Não, a lei é cega e é para todos, bem como a sua aplicação. 

Professor: Não me leve a mal eminente magistrado, mas eu li recentemente que vossa magnificência teria perdoado pessoa de seu círculo íntimo. Aparentemente, houve arrependimento de um mal-feito, tudo leva a crer que foi sincera e legítima a declaração espontânea de culpa, tanto que o acusado marcou até mesmo na própria pele palavras de salvação a respeito de dito episódio. Na ocasião, vossa eminência proferiu um juízo obsequioso em relação ao arrependido infrator, não poderia, já que a Justiça é cega, tal jurisprudência se aplicar à minha pessoa?

Juiz Maro: Petulância. Estás a zombar dessa corte que leva o nome do maior intelectual que esse reino tropical já teve? Um mago das palavras e dos modos, com ele aprendemos que o dito genial Einstein era um farsante, que as leis de um tal de Newton não faziam sentido, e um tal pensador chamado Kant (que nome horrível) era um idólatra sem miolos. Não te envergonhas de tal ato vil ainda mais a ser praticado no tribunal em homenagem ao grande homem, ainda mais tu que se diz professor?

Professor: Einstein e Newton estavam errados? Ainda não tinham me avisado vossa magnificência, e se eles estavam errados como os Yankees e os Vermelhos colocaram artefatos humanos no espaço? Mas, deixando isso de lado, o que isso tem a ver com a minha pergunta sobre a necessidade de se aplicar a mesma jurisprudência para casos idênticos, já que a Justiça é cega?

Juiz Maro: Insolente! O juízo de culpa se faz devidamente presente, não preciso nem ouvir a defesa, pois claramente tu és um doutrinador gramscismo-marxista-socialista-gayzista. Porém, como sou benevolente, justo, sábio e apolítico, irei encaminhá-lo para o professor-mor.

Enquanto Isso numa Conferência Internacional

Representante do país tropical: E por causa do que decidiu o grande líder, nosso soberano reino decide que os fatos nada valem, que tudo é relativo, que o gramscismo-marxismo-socialismo-gayzismo tomou de assalto os cientistas do mundo, que é matematicamente impossível o homem interferir na natureza pois somente Deus tem esse poder, e tendo como consequência resolvemos decretar que as leis e regras do que vocês chamam ciência nada valem se um povo possui coragem, o divino e o juiz Maro ao seu lado.

Representante do oriente: Qual grande líder, do seu reino? O que ele tem de grande?

Representante do país tropical: Obviamente eu me referia ao grande líder Yankee, aquele que temos admiração, respeito e subordinação. Aquele que com sua ousadia e senso de justiça ajudou a iluminar os verdadeiros problemas da humanidade.

Representante da África: A fome, subnutrição, as doenças esquecidas que dizimam milhões em meu continente, a falta de saneamento?

Representante do país tropical: Evidentemente que não.

Representante dos países ocidentais: O espectro de algoritmos de inteligência artificial e os seus impactos na sociedade de ordem social, econômica e moral? Ou os problemas de uso e gestão dos recursos finitos do nosso mundo?

Representante do país tropical: Não!

Representante dos países nórdicos: Seria então a depressão, os índices de suicídios que aumentam sem parar, o senso de infelicidade e mal-estar mesmo com sociedades cada vez mais afluentes materialmente?

Representante do país tropical: Não, não, não! Vocês não sabem nada, e por isso que foi preciso nascer um gênio como Oluvus Corvulhas para ensinar, e o grande líder para mostrar o exemplo prático.

Menino que observava tudo atônito: Mas qual é o problema então?

Representante do país tropical: Ora, o gramscismo-marxismo-socialismo-gayzismo!

Menino que observava tudo atônito: Ah….

Representante do Oriente: Você sabe que estamos em 2021, não?

Representante do país tropical: e daí?

Representante do Oriente: Ora, o seu “Deus” caiu, não sabia disso?

Representante do país tropical: Ai!


Professor com o Professor-Mor

Professor-Mor: Você é acusado de gayzismo-comunismo-fordismo, o que tem a dizer?

Professor: Eu pensei que eu era acusado de outra coisa. Deixa para lá, me sinto como Josef K.

Professor-Mor: Quem?

Professor: Como assim quem? Você não é o professor-mor? Josef K. “Alguém certamente havia caluniado Josef K. pois uma manhã ele foi detido sem ter feito mal algum.”

Professor-Mor : ? Não te entendo.

Professor: deixa para lá.

Professor-Mor: o que tem a dizer em sua defesa?

Professor: Ei, professor-mor, eu já aludi a Josef K., preciso desenhar? Isso quer dizer que o que quer que eu diga será inútil, é a essência de um julgamento kafkiano. 

Professor-Mor: O quê?

Professor:  Franz Kafka, o escritor, pelas barbas do profeta!

Professor-Mor: Ele escreve sobre gayzismo, marxismo, conservadorismo?

Professor: Ele escreve sobre os recônditos mais profundos e angustiantes da existência humana.

Professor-Mor: Balela então. Papo de politicamente correto. Esse escritor de quinta categoria é ao menos indicado pelo grande Oluvus Corvulhas?

Professor: Sei lá, acho que não.

Professor-Mor: Balela a raiz quadrada.

Professor: não queria dizer balela ao quadrado?

Professor- Mor: Insolente. Está condenado, com o grave agravante que agrava a situação de você ainda ser islamismo, ou você acha que o seu "pelas barbas do profeta" iriam me enganar?

Professor: Não quer dizer islamita?

Professor-Mor: Insolente a raiz quadrada!


Narrador: E assim no meio de pessoas tão iluminadas por desígnios “quase divinos”, de julgamentos escorreitos, de ideias brilhantes, o reino tropical se desenvolveu, se desenvolveu, e se desenvolveu mais um pouco, alcançando os píncaros dos grandes destinos que assim o esperavam.


obs: Os fatos aqui narrados são ficcionais e não guardam nenhuma relação com situações ou pessoas reais.  Qualquer semelhança com a realidade é puro acaso.



35 comentários:

  1. Aqui no Brasil a coisa tá ficando feia com essa onda modinha de "conservadorismo" cafona e retrógrado meu amigo! Me diz quando que o comunismo ou socialismo foi de fato praticado no Brasil? Nunca vi ninguém comendo de graça no meu bairro ou com emprego garantido pelo governo. Desde quando o brasileiro médio e o povão são conservadores???

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    1. Olá, Gerson.
      Essa é uma questão complica mesmo. Para me manifestar, eu precisaria realmente saber o que a pessoa entende por conservadorismo, pois pela minha própria experiência anedótica boa parte das pessoas não tem muita clareza sobre o que especificamente querem dizer quando adotam esse termo.
      Um abs!

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  2. Post com fortíssimo viés de esquerda. Fácil ser socialista com 10 milhoes na conta.

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    1. Analisar a realidade com lógica humanista e querer que aqueles que não alcançaram o "sucesso" da classe média tenham dignidade e pelo menos um pouco acima do básico para viver não é ser esquerdista: é ser humano e JUSTO.

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    2. Anônimo, bom ponto.
      Imagine com 17,5 m então... O grau de facilidade, levando em conta o seu argumento, seria ainda mais aumentado. Imagine então se fosse 25m....
      Um abraço!

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    3. O Soul se revelou esquerdista então? Soul, já escreveu história de "ficção" também sobre uma empresa de petróleo que foi saqueada por décadas, liderada pelo LÍDER SUPREMO que de nada sabia e que se encontra encarcerado como um preso político? Vou ver nos seus históricos se há...

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    4. Leonardo, o Brasil é saqueado há séculos, personagens novos envelhecidos, como diria o Cazuza o Brasil é um museu de grandes novidades.
      O Lula e a Petrobrás? Sim, isso não foi coberto à exaustão, e o Lula não se encontra preso e é réu em várias ações? Esse aí já está pagando o preço dos seus atos.
      Tome cuidado para não ter políticos de estimação, Leonardo, a melhor solução é sempre estar do lado da razão e do Estado de direito.
      Um abraço!

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  3. Se fosse você que tivesse escrito "o processo", a leitura teria sido bem mais agradável. Ô livrinho chato!

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    1. Rapaz, preciso admitir que os meus conhecimentos literários são realmente parcos. Porém, no que conheço, "O Processo" é o livro mais denso, perturbador e brilhante que já tive o prazer de ler. Já li duas vezes. Uma com 20 anos, outra com 30 e pouco. Creio que quando fazer 40 vou ler mais uma vez e ver como a minha leitura dessa obra magistral se modificou.
      Um abs!

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    2. Eu achei a ideia do livro muito boa, mas não o leria novamente. O mais interessante é que achei o livro tão chato que o próprio ato de ler, pra mim, seria a definição de um processo kafkaniano (usando outra definição de processo, claro).

      Então, de certa forma, é uma obra cujo ato de ler define o seu conteúdo (e vice-versa).

      Mas meus conhecimentos literários são parcos também. Essa foi a minha experiência apenas. Gosto de livro que me traz algum prazer de ler (mesmo que o assunto seja triste, o prazer de ler pode continuar existindo). E foi nesse sentido que coloquei o comentário original. A sua estória (que é um processo kafkaniano também - coitado do Joseph K.) foi bem agradável de ler.

      Abc.

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    3. Colega, longe de mim ditar preferências literárias. Concordo contigo que o ato de ler deve ser agradável. Sendo assim, as pessoas podem tirar satisfação no ato de ler de obras diversas. É verdade que Kafka escreve de um jeito peculiar. Em mim ressona com uma profundidade e intensidade incríveis, mas talvez em outros não seja a mesma coisa, e nisso, se pensarmos um pouco, reside a beleza da diversidade.
      Um abraço!

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  4. Excelente o texto com a marca do "povo brasileiro" (sim, a generalização é proposital): ridicularizar aquilo com o que não se concorda. Mentalidade bem característica de autor de textão em redes sociais, pena que vem de uma pessoa esclarecida.

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    1. Olá, colega. Faço aqui as colocações em termos abstratos.
      a) Gandhi já dizia que a verdade (ao menos em relação a assuntos difíceis) possui três estágios: 1) ridicularização; 2) oposição violenta e 3) aceitação. Sendo assim, é bem verdade, e nisso você tem razão, que a ridicularização pode ser uma via de defesa quando se é confrontado com a verdade;
      b) Sobre ser uma característica do "povo brasileiro" a ridicularização daquilo que não se concorda, temo que aqui sou obrigado a discordar. Antes fosse. Como você expressamente citou redes sociais, creio se Gandhi tivesse conhecido o que acontece em redes sociais usadas por brasileiros acrescentaria um quarto estágio (anterior aos três): irracionalidade cumulada com a agressividade gratuita. Nesse ponto, a ridicularização seria um avanço que o "povo brasileiro", ao menos na maior parte das interações em mídias sociais, seria um avanço.
      c)A ridicularização de ideias, e aqui não mais uso o termo no sentido empregado por Gandhi em relação a verdade, é uma forma milenar que os humanos encontraram para lidar com questões difíceis, banais, tristes, etc. O cinismo nasce daí, os famosos cínicos da antiguidade greco-romana. Ou os comediantes, como o excepcional George Carlin, que com sua comédia cínica-áspera-sem papas na língua, falava sobre aborto, raça, religião, santidade da vida, e tantos outros temas de uma maneira brilhante, quer concordemos ou não com suas visões.
      d) Ficando um pouco mais no tema do cinismo, ridicularização, uma boa medida de sanidade mental é quando a pessoa tem a capacidade de rir das próprias ideias, defeitos e imperfeições. Mesmo quando ideias caras são postas a escárnio, creio ser uma medida salutar ao próprio indivíduo ter a capacidade de sorrir e se divertir com essas "caricaturizações" da realidade. O contrário evoca imagem de homens sisudos, que não riem de nada e para nada, não sei imagino, homens de camisa preta marchando entoando algum hino de saudação a um pedaço de terra, ideia ou divindade.
      e) Por fim, e se formos ser um pouco mais abstratos e quiçá profundos, não recomendo uma vida pautada pelo cinismo, ao contrário. Muitas vezes o cinismo é apenas uma defesa para as próprias emoções. Prefiro usar a empatia ao invés do cinismo, por exemplo, nas minhas relações pessoais. Sendo assim, "cinismo, use com moderação e no contexto mais apropriado".

      Um abraço!

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  5. Tomou todas e foi escrever. Simples assim.

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    1. Meu amigo, o elogio a uma intoxicação leve pelo álcool é antiga. Há um poema chinês de mais de 2000 mil anos sobre a necessidade de vez em quando deixar se embriagar que é fantástico.
      O ato de beber, quando em muita moderação, talvez possa provocar o relaxamento de alguns filtros mentais, fazendo com que algumas ideias emanadas do nosso inconsciente possa vir à tona. Muitas serão esdrúxulas, mas algumas podem ter o seu valor. Essa ideia, e muitas outras interessantes, é defendida no agradável livro "Elástico - Como o pensamento flexível pode mudar nossas vidas" do consagrado físico-escritor Leonard Mlodinow cuja leitura acabei algumas horas atrás.
      E já que o assunto é filtros mentais, redes neurais, pensamento flexível, e "entorpecimento", o assunto que mais me chama atenção atualmente é psicotrópicos como LSD, DMT e psilocibina e como esses compostos atuam no que os neurocientistas chamam de modo default de nosso cérebro. É simplesmente incrível. O assunto ficou ainda mais interessante, pois imagens de RM funcional de experimentos de pessoas usando psilocibina guarda semelhança com imagens de RM funcional de experientes meditatores em meditações profundas, e pasme, de crianças pequenas. Esse tema é explanado e aprofundado nessa espetacular palestra https://www.youtube.com/watch?v=v2VzRMevUXg.
      Mas, (in)felizmente ao escrever esse estória estava num estado normal de consciência, ao contrário da afirmação do amigo.
      Um abraço!

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    2. Não sou dado a textões e, por isso, vou tentar sintizar. Primeiramente, permita-me, com todo respeito, discordar do colega das 20h19. Penso que afirmações dessa natureza nada tem a ver com a discussão.
      Dito isso, trazendo para o contexto atual de "modernidade líquida", o que é verdade para você não necessariamente o será para outrem, ainda mais quando se trata de realidade social, mas, para ficar no campo dos "estágios" da verdade de Gandhi, acho que você inverte a lógica, uma vez que já houve aceitação de sua parte daquilo que propôs como "verdade", ou seja, ridiculariza porque já aceitou como verdade para zombar da realidade e, ainda, das divergências que sabe existir, e eis o cinismo.
      A respeito das redes sociais, situação em você coloca sua visão supondo ser a forma como Gandhi se posicionaria (perdão, mas achei um tanto presunçoso), tendo a discordar, dado que, em direção oposta a seu argumento, enxergo "racionalidade cumulada com agressividade gratuita", no sentido de que, se há divergência em relação àquilo em que se acredita, ofende-se, xinga-se e zomba-se. Por outro lado, independemente do argumento, se está de acordo com a posição defendida, está tudo bem... e assim, dentro de uma suposta irracionalidade, há a seguinte racionalidade: se não está comigo, é meu inimigo. E desse modo, vamos vivendo. Bom, seria bom discutir Kant, Hegel, Nietzsche, Escola de Frankfurt... mas, realmente não tenho esse perfil. Abraço!

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    3. Olá, amigo.
      Começo pelo fim. "Se não está comigo é meu inimigo". Essa ideia é nefasta e promove sentimentos ainda piores. Alguém que não está comigo numa ideologia política pode estar comigo cantando junto alguma música em apoio a um time de futebol. Quem não está comigo cantando numa arquibancada, pois está no outro lado do estádio, pode estar comigo numa surf trip para o Equador vivendo momentos memoráveis, etc, etc. Por fim, quem não está comigo em nenhuma esfera da minha vida, ainda assim está comigo, pois todos nós somos companheiros de viagem nisso que chamamos de existência nesse nosso pálido ponto azul, assim sempre estaremos juntos.
      a.1) Se você tem interesse por esses assuntos e discussões, creio que possa vir a ser interessante, caso contrário ao se apegar a nomes de filósofos ou escolas de pensamentos, perde-se muitas vezes o mais importante: a necessidade do contato e da empatia humana. Se discussões sobre pensadores não ajuda nesse sentido, mas ao contrário apenas faz com que pessoas se distancie ainda mais, creio que discussões como essa são mais fonte de mal-estar do que de bem-estar genuíno.

      b) Sobre Gandhi foi apenas uma brincadeira. Nem eu, nem ninguém, pode saber o que uma figura pacifista da década de 30 poderia pensar sobre os nossos problemas do século 21, e muito menos da forma que boa parte dos humanos de um país específico interagem por meios que a ele foram completamente desconhecidos. Precisamos ter espaço para criatividade, para a criação sem a necessidade de rigores, em sua homenagem vou fazer uma postagem sobre de onde saiu a expressão “pensar fora da caixa”, que aliás é extremamente interessante.

      c) Sim, sim, colega. Alguém só vai se opor violentamente a uma ideia, seja de forma física ou intelectual, se acredita que a descrição daquela “verdade” sobre a realidade é incorreta preservando assim a sua “verdade” anterior. Hoje é mais do que sabido que é assim que humanos se comportam por meio dos variados vieses, sendo o de confirmação o mais forte deles, e Gandhi teve esse grande insight sem fazer a menor ideia desses achados científicos mais contemporâneos, o que deixa a frase dele ainda mais bela e forte.

      Um abs!




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  6. Sigo nadando nas lágrimas esquerdistas.

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    1. Olá, colega. Sugiro que continue. O ato de nadar é considerado um dos melhores exercícios físicos. Como sabemos além do exercício está relacionado a um IMC menor, o exercício é claramente associado com uma qualidade de vida muito maior. Há benefícios mentais (pela liberação de BNFD no cérebro, por exemplo) e físicos múltiplos. Exercício ainda, num mundo cada vez mais distraído, pode ser uma ótima forma da pessoa ter uma experiência de "quase-meditação" onde ela coloca o foco em apenas alguma coisa, ajudando-a a alcançar estágios mentais muito mais prazeirosos, do que geralmente a pessoa se encontra pulando de distração em distração. Eu, por exemplo, quando estou no meio de um WOD na aula de crossfit só consigo pensar na minha respiração e em terminar a tarefa, e muito provavelmente, essa concentração intensa e os resultados positivos que esse foco traz (quase que na mesma linha do "trabalhão artesão" defendido pelo Carl Newport em livros como "So good they can not ignore you" ou "Deep work), deve ser um dos motivos de eu ter me tornado um aficcionado pela modalidade.

      Portanto, continue nadando, o seu corpo, mente, e provavelmente as pessoas ao seu redor agradecem.

      Um abraço!

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  7. Bolsonaro é tacanho, despreparado, ignorante, não me representa e acho lamentável que ele tenha sido eleito presidente. Mas eu votei nele pq a outra opção era muito pior. Eu espero que no mínimo faça as reformas que o Brasil precisa pra não afundar e segue o barco. O nível de nossa classe política como um todo é muito baixo, mas só reflete o nível da população brasileira.

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    1. Olá, colega. Como dito no texto é apenas uma estória inventada sem qualquer relação com a realidade. Ou se tiver, é uma associação feita única e exclusivamente pelo leitor, afinal cada um vê um texto com lentes muito próprias.
      Um abs!

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  8. Engenheiro do Sertão6 de janeiro de 2019 às 02:24

    As pessoas trocam de governante pensando sempre em melhorar. E essa crença leva-as a se erguer contra seu governante atual para substituí-lo. Ao trocar de governante na tentativa de melhorar, muitas vezes, enganam-se e percebem pela experiência própria terem piorado.
    Alguns, pelos mais diversos motivos, não gostam do príncipe.
    Outros que o ajudam a tomar o poder o fazem por interesses próprios. Auxiliando-o a chegar ao topo, eles próprios esperam subir pelo menos alguns degraus.

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    1. Olá, Engenheiro do Sertão. Aliás, gostei do nick. O que mais precisamos é de engenheiros, significando ciência, em nossos sertões (os rincões mais profundos de nosso país). Por isso, fico pasmo como a experiência do Miguel Nicodelis é desconhecida de quase todo mundo ou simplesmente ignorada. O homem talvez seja o mais brilhante cientista brasileiro vivo , é citado em inúmeros artigos sobre o seu trabalho de interface homem-máquina, foi e é cotado para um prêmio nobel, resolve levar uma forma magnífica de educação para o sertão nordestino, e quase ninguém sabe, mas muitos conhecem a obra de Oluvus Corvulus. Assim, realmente é difícil dar certo.
      Porém, vendo o seu nick, fez me renovar a esperança de quem sabe não podemos fazer a coisa certa na parte educacional? Quiçá seja assim.

      Sobre a novidade que as pessoas tanto procuram, isso é muito interessante. Isso chama-se neofilia. Temos até um neurotransmissor que modula e induz nossos centros de prazer do cérebro pela novidade: a dopamina. Mídias sociais exploram isso ao máximo, por isso não seria tão pretensioso dizer que há legiões de pessoas realmente viciadas na liberação de pequenas doses de dopamina toda vez que ficam horas e horas perambulando pela internet na busca de "novidades". Porém, é inegável que foi a "neofilia" ou a busca por novidades que levou a nossa espécie a chegar onde ela está. Se não fossem os empreendedores que se lançavam em mares desconhecidos, cientistas e pensadores a explorar novas facetas do pensamento e realidade, muito provavelmente ainda seríamos uma espécie vagando pelas savanas africanas.

      Portanto, a busca pelo novo é importante, mas ela também pode ser deletéria.
      No caso da política, o caráter ambíguo é ainda mais prevalente. Se de um lado a melhor forma de evitar a corrupção e o mal gerenciamento é a alternância de poder entre correntes divergentes, por outro lado também é importante que um país tenha alguma espécie de visão sobre si mesmo, sobre o que quer para si e seus habitantes, pois não é possível construir coisas significativas e duradouras com alternância de visões a cada quatro anos.
      Logo, seria preciso que as armas mais pontiagudas fossem baixadas entre as correntes discordantes, e que pautas em conjunto prioritárias fossem ao menos discutidas, sob pena de o Brasil, no caso específico, nunca dar os saltos civilizatórios que tanto esperamos.

      Um abraço!

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    2. Sobre o primeiro parágrafo: na mosca.
      Estou no meio do sertão atuando nas duas frentes: Trabalhando com educação, ciência e tecnologia numa cidade de seus 30 mil habitantes tendo ajudado a implantar um oásis de conhecimento fincado nesse terreno árido.
      Por outro lado trazendo tecnologia de ponta a nível mundial para geração de energia através de uma das potencialidades da região que é o sol.
      Sobre Miguel Nicolelis, uma vez tive a oportunidade jantar com ele e conversar um pouco. Minha conclusão foi que enquanto estamos em 2019 na era do machine learning, ele já está em 2099 produzindo o conhecimento base para integração homem máquina (onde nossos netos viverão numa sociedade cyberpunk kkkk).
      Quanto à neofilia, apenas copiei e colei um trecho do príncipe de Maquiavel, escrito lá nos idos anos de 1530... Que continua atual uma vez que se mantém a natureza humana.

      "Seria preciso que as armas mais pontiagudas fossem baixadas entre as correntes discordantes, e que pautas em conjunto prioritárias fossem ao menos discutidas, sob pena de o Brasil, no caso específico, nunca dar os saltos civilizatórios que tanto esperamos."
      É preciso vontade das partes discordantes em buscar o bem comum, mas infelizmente não é isso que vemos.

      Grande abraço!

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  9. Soul, quando estiver com tempo, assiste ess video:
    https://youtu.be/_PzxrW2NgME

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  10. Comentarista em 2015: Narrador, o que vais fazer depois de atingir a IF?

    Narrador: Talvez eu participe de leilões imobiliários, talvez eu me torne um dramaturgo com inclinação às crônicas políticas de boa qualidade... Aquelas onde a critica e o elogio estão entre as linhas do texto, aquelas que exigem do leitor um algo a mais de habilidades para que o sumo do texto seja extraído.

    Abs!

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  11. Conheço algumas estórias interessantes também. Tem uma que é entre o Darksurfer e o menino pobre, não sei se você conhece essa.
    Ela é mais ou menos assim.
    Narrador: Tinha uma garoto muito muito rico que adorava fazer comentários lacradores tipo aqueles que os atores das novelas gostam de fazer.
    Ele adorava falar sobre empatia, defesa dos direitos humanos, caridade, solidariedade, meio ambiente e outros temas iguais a esses que estão na moda hoje em dia.
    Pois bem, certo dia, ele estava numas dessas viagens ao redor do mundo. Como lhe disse, ele era muito rico.
    Lá pelas tantas, eis que ele sente fome e resolver parar num restaurante lá pela Indonésia.
    Então um menino pobre resolve atendê-lo.

    Menino pobre: O que o senhor gostaria de comer?
    Darksurfer: Gostaria de arroz com peixe, quanto custa?
    Menino pobre: 4 dólares senhor.
    Darksurfer: 4 dólares, você está louco? Isso é uma fortuna, eu não tenho condições financeiras de pagar tudo isso por um almoço.
    Menino pobre: Mas senhor, é o preço que meu pai pede pra cobrar aqui.
    Darksurfer: Não importa, eu pago 1 dolár por esse prato de comida.
    Menino pobre: 1 dólar, mas senhor com 1 dólar sobra muito muito para a gente pagar os custos e ainda sobreviver.
    Darksurfer: Não me importa, eu não estou aqui para fazer caridade, eu pago o que eu acho que vale a comida e pronto.
    Menino pobre: Mas o senhor vem de tão longe, está a passeio, provavelmente tem condições de me ajudar pagando apenas 4 dólares por um prato de comida. Isso não é muito senhor, provavelmente muito menos do que o senhor paga por um prato de comida no seu país.
    Darksurfer: Garoto, o que eu pago eu deixo pagar não é da sua conta. Toma, pega esse 1 dólar e me traz logo esse prato que estou com muita fome. E vê se capricha, hein?

    E assim termina a estória. Lembrei muito dela com essa questão das cores azul e rosa dessa semana, onde os atores ficavam fazendo posts lacradores e depois quando você puxava as fotos antigas deles, via o filho ainda bebê com uma mantinha azul e a filha com uma mantinha rosa.
    Achei um barato isso, igual e esse conto que tentei descrever aqui sobre esse Darksurfer e sua empatia e caridade.
    Abraço

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    1. Rapaz, que beleza de comentário, com história e tudo:)
      -Achei ótimo os temas que estão "na moda hoje em dia": empatia, caridade, direitos humanos. Nossa, ainda bem que esses temas entraram "em moda" hein? Ruim de um mundo onde a preocupação com meio ambiente em que vivemos, ou a forma que nos relacionamos com as diversas pessoas (de forma empática ou não) fossem temas "fora de moda". Urge a agradecer então podemos vivermos no presente tempo.

      -Pagar 4 dólares por um prato de arroz e peixe na indonésia, um prato desse, a depender do lugar, a pedida seria uns U$2 mesmo. E seria muito difícil a pedida ser em dólares e não em rúpias. Além do mais, um garoto que trabalha num restaurante da indonésia, a depender do lugar, muito provavelmente teria habilidades negociais muito melhores do que o "Darksurfer", como geralmente os asiáticos que trabalham em pequenos comércios tem. Por fim, seria muito difícil o garoto vender o prato de comida por um preço abaixo do que ele venderia para clientes locais, pois o que um garoto comerciante (e nisso Taleb está correto ao falar da "sabedoria" das ruas de Tony Gordo, ou o "skin in the game") asiático com certeza não faz é caridade vendendo o seu produto abaixo da margem de lucro mínima requerida. Portanto, a "história" possui alguns furos simples, mas louvo a sua tentativa de tentar.

      - Por fim, a relação entre fotos "lacradoras" postadas em redes sociais por celebridades opinião postadas e a relação com empatia é que ficou um pouco turva. Aliás, imagino que tenha ciência que empatia é uma coisa e caridade é outra. A caridade pode advir da empatia, mas não necessariamente a empatia necessita de caridade.
      A empatia está aberta a todos e é uma forma muito mais leve e alegre de se levar a vida.
      Sugiro o excelente podcast do Peter Attia com o Sam Harris sobre este e inúmeros outros temas: https://peterattiamd.com/samharris/
      Tem três horas de duração, mas sempre é um bálsamo ouvir uma conversa tão inteligente sobre temas tão negligenciados, realmente recomendo ao colega, creio que fa
      rá muito bem (se você entender inglês) se realmente prestar atenção no que é dito.

      Um abraço!

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  12. Olá Soul,

    Feliz 2019! E como está a pequena menina? Mês que vem eu a sra Inglês saberemos o sexo do bebê.

    Sobre o Olavo, rs, tenho salvo em uma lista para ler seu livro - O Imbecil Coletivo. Já leu?

    O livro O Segredo da Dinamarca que recomendou estou gostando. No pouco que li, estou no mês de março, já sinto uma tristeza por não vislumbrar o salto civilizatório que tanto almejamos.

    Se fosse ministro da educação, colocaria como prioridade máxima as 10 regras citadas se não me engano no capítulo fevereiro.

    Abraço!

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    1. Olá, I.Inglês. Fico feliz que esteja gostando do livro:)
      Um abraço!

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  13. Seria legal você ler algum livro do Olavo de Carvalho antes de querer lacrar...

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    1. Acompanho o blog do Soul há 3 anos e esse texto foi, de longe, o pior que ele escreveu. Não conhecia esse lado dele. Me decepcionei, de verdade.

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    2. Anônimo,
      "Lacrar"? Eu, sinceramente, não sabia o que era. Fui ver, e realmente se tem algo que não vejo sentido é "lacrar" e meus textos enormes, e chatos para muitas pessoas, são uma prova viva.

      Olá, Leonardo. Três anos? Poxa, agradeço, eu reconheço o seu nick. Faz parte, ficaria desapontado se você lesse os meus textos durante três anos e não se decepcionasse com nenhum deles.

      Um abraço!

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