Olá, colegas! No artigo de hoje, volto a abordar a viagem, especificamente no belo dia que passei em companhia de minha companheira no belíssimo Freycinet National Park na estonteante Tasmânia. Foram inúmeras histórias bacanas, encontros agradáveis e paisagens alucinantes neste pedaço da Austrália que mais parece que se está em outro país. Não acredita? Quando fui embarcar com a campervan alugada no famoso “Spirit os Tasmania”, barco que faz a travessia Melbourne - Devonport, simplesmente parecia que estava passando uma fronteira entre países. Há uma estrita quarentena de alimentos vindos da Main Land - como geralmente se referem ao resto da Austrália - para a Tasmânia. Eu não sabia disso, ninguém tinha me avisado quando comprei a passagem, e uma hora antes da viagem resolvi comprar coisas no supermercado. Resultado? Uma sacola repleta de frutas, salmão defumado, vegetais, cogumelos, foi direto para o lixo. Além da dor no coração de ver tanta comida jogada fora - minha criação foi no estilo alemão de desperdício zero, até hoje dificilmente deixo um grão de arroz no prato, por exemplo -, basicamente joguei uns 35 dólares australianos literalmente na lata de lixo. Percalços da viagem, mas o motivo para a quarentena é mais do que justificado pela singularidade da fauna e flora da Tasmânia.
Já quase no final da minha viagem de duas semanas pelas terras da tasmânia, é possível ficar lá por muito mais tempo principalmente para fazer os diversos e espetaculares hikes de diversos dias, resolvi conhecer um dos cartões postais do local: a famosa e bela wineglass bay. Como o tempo na Tasmânia é muito incerto, tive sorte de pegar muitos dias de sol, tentei deixar essa parte da viagem para quando a previsão mostrasse a possibilidade de um dia de sol. Assim, eu e a Sra Soulsurfer, nos encaminhamos para o parque nacional Freycinet. Chegamos no começo da tarde, e como de costume, fui a um information center para me inteirar sobre o parque e as trilhas. Uma coisa chamou a minha atenção de imediato. Geralmente, as trilhas são classificadas de leve, média, difícil e de vários dias. Porém, havia uma trilha de apenas 3-4 horas classificada como se fosse de vários dias na categoria strenuous. Nunca tinha visto isso nem na Austrália, nem na Nova Zelândia. Perguntei para a atendente no centro se a trilha do Mount Amos valia a pena e era difícil mesmo. Ela me respondeu que essa era “A Trilha” a ser feita, mas ela podia ser bem cansativa e perigosa se estivesse molhada. Como havia chovido no dia anterior, ela disse para esperar pelo menos até o outro dia para que as pedras pudessem secar por quase completo. Como para o outro dia a previsão era de dia ensolarado, pensei comigo mesmo “sem problemas”.
Aproveitamos o dia para fazermos algumas trilhas curtas e o visual era muito bonito, principalmente das montanhas conhecidas como “Hazards" e o contraste com o mar azul. Havia um free camping localizado apenas 6 km da cidade na beira de um rio, e para lá nos encaminhamos para passarmos a noite. A noite foi estrelada, mas foi marcada por um grande susto. Estava eu lendo alguma coisa, quando a minha companheira deu um grito e pediu ajuda. Quando eu vi a situação, até eu fiquei um pouco apreensivo. Havia uma aranha bem grande em uma das cortinas do carro. A Austrália é conhecida por ter aranhas e cobras das mais venenosas do mundo, e eu não tinha a mínima ideia se aquela aranha era perigosa ou não. Até hoje não sabemos como ela entrou no carro, mas no Outback (deserto australiano) precisaremos tomar mais cuidado. Consegui matar a aranha com um golpe, não podia errar, pois senão ela entraria em qualquer canto do nosso carro (não esqueçam que é nossa casa na Austrália) e o psicológico ia dificultar termos uma boa noite de sono. Não é uma sensação que aprecio a de matar qualquer tipo de animal, mas foi o que fiz.
Uma das trilhas de curta duração com uma belíssima vista para as montanhas "Hazards". O Mount Amos é primeiro da esquerda.
Aranha morta. Ainda bem que ela apareceu e ficou visível, pois ia ser difícil dormir sabendo que tinha uma aranha desse tamanho no carro. Há aranhas fatais na Austrália com menos da metade do tamanho dessa.
O dia amanheceu sem nenhuma nuvem no céu, completamente ensolarado, eu apenas agradeci pelo tempo maravilhoso, pois tudo levava a crer que o dia seria especial. Fomos ao parque, carregamos água, sanduíches, algumas sementes e começamos a trilha. Eu nunca tinha visto, num país desenvolvido, tantos avisos para tomar cuidado com uma trilha que comecei a ficar com a pulga atrás da orelha. Os avisos diziam expressamente para em hipótese nenhuma tentar fazer a trilha em condições molhadas. Fomos caminhando e caminhando. Quanto mais caminhávamos, mais o grau de inclinação se acentuava, além da marcação da trilha ser às vezes difícil de seguir. Chegou num momento em que eu estava usando as minhas mãos para continuar, quando eu olhei para cima vi que aquilo não era uma trilha, mas sim uma escalada! É claro que não era uma escalada técnica, mas mesmo assim nós não estávamos apenas fazendo uma simples trilha. Num momento, havia ainda pedras um pouco molhadas, eu quase escorreguei e pensei comigo mesmo “o que nós estamos fazendo aqui?”. Quando me encontro em situações parecidas, eu apenas tento ficar calmo e ir bem lentamente prestando muita atenção em todos os meus passos. Felizmente, aquele era o ponto mais “crítico" do caminho, e depois a trilha- escalada continuou íngreme, mas não tanto. Não preciso dizer também que não havia mais ninguém fazendo essa pequena aventura, apenas nós dois.
Não foi por falta de aviso...
O começo da pequena-grande aventura não foi tão difícil
Depois de duas horas e meia, chegamos ao topo do Mount Amos. Quando eu vi a vista, todo o esforço foi recompensado. Uma das paisagens mais lindas que já vi na vida: montanhas e a praia lindíssima da wineglass bay vista por cima. Ficamos uma hora no cume da montanha. Almoçamos, tivemos o nosso romance, fizemos vídeos para amigos e contemplamos a esplendorosa paisagem. A descida foi mais fácil e rápida, mas eu fui muito devagar, pois costumo ter mais problemas descendo do que subindo. No final, terminamos a trilha-escalada muito felizes, pois tinha sido uma experiência diferente num dia ensolarado maravilhoso.
Espetacular Wineglass Bay. Vista panorâmica do cume do Mount Amos.
Soulsurfer durante um merecido descanso depois da trilha-escalada
Dizem que na descida todo Santo ajuda
E creio que ajudaram mesmo:)
Depois de descansarmos um pouco, resolvemos ir até a famosa Wineglass caminhando. Foram mais três horas andando e foi bacana, mas não tão especial quanto o Mount Amos. Tomei um banho mais do que gelado na praia e a sensação de ter estar vivo e realizado tomou conta de mim. Aproveitamos que ainda tinha luz do dia e fomos para a pacata cidade de Bicheno. Lá resolvemos, fazia tempo desde a última vez que pagamos para dormir em algum lugar, pagar um lugar com banho quente, cozinha e internet. Chorei o preço, e o dono do camperpark fez por 20 dólares australianos para nós dois, “Not Bad”. Fui dormir bem feliz, depois de um belo banho quente, uma deliciosa janta e um dia maravilhoso.
Mais três horas caminhando para chegar na belíssima e selvagem praia de Wineglass Bay. A água estava gelada, mas não pude resistir ao impulso de dar um mergulho.
No outro dia passeamos um pouco pela bonita cidade de Bicheno e fomos para a famosa Bay of Fires, mas esta já é uma outra história.
O belo vilarejo de Bicheno. Depois de um dia espetacular e uma noite muito bem dormida, ainda fomos agraciados com mais um dia de sol.
Grande abraço a todos!
Olá Pensamentos Financeiros, tudo bem? Poderia me contar mais sobre esse sua viagem sem fim? Você largou emprego pra fazer essa viagem? Alcançou a IF? Tá trabalhando nos lugares que visita? Tem planos de retornar pro Brasil? Se já tem resposta sobre essas perguntas no blog, me avisa que procuro até encontrar. Abraço!
ResponderExcluirColega,
Excluir1 - Não. Se quiser dentro de um prazo posso voltar ao meu trabalho original. Ainda estou refletindo se é isso que vou fazer ou não.
2 - Sim. Sou IF. Essa viagem tem como um dos objetivos testar a premissa se sou ou não IF, e se é possível tocar as operações imobiliárias de forma remota. Até agora, tudo está se saindo muito bem. Já comecei uma operação estando no exterior, e até mesmo procuração no exterior já fiz. Tudo está saindo como o planejado.
3 - Não, não estou trabalhando.
4 - O Brasil é a minha terra, e algum dia vou voltar. Talvez volte daqui uns meses, talvez não. Andei estudando sobre visto de investidor em diversos países, as quantias envolvidas para mim são factíveis e vou começar a analisar se vale a pena "esterelizar" uma quantia alta em dólares para apenas obter um visto.
Ainda acredito que pela baixa renda per capta, pelo baixo acúmulo de capital, pela baixa poupança interna, o Brasil por muito tempo será um paraíso para quem tem capital acumulado, ao contrário de países mais ricos que podem estar com seus ativos para lá de inflados (ainda não entra na minha cabeça emprestar para o governo suíço com maturidade de 10 anos e os juros nominais serem negativos, jamais iria colocar o meu dinheiro nisso).
Abraço
Obrigado pela rapidez nas respostas, matou minha curiosidade. Abraço e boa viagem!
ExcluirDe nada. Estou numa biblioteca pública e quando isso ocorre tenho acesso a internet no computador e procuro publicar todos os comentários e respondê--los rapidamente.
ExcluirObrigado!
Que legal se IF.
ResponderExcluirQual a idade? Casado? Se não, pensa um dia em casar e ter filhos, ou apenas viver lá vida loca?
Olá, colega. Tenho 35 anos e possuo sim uma companheira.
ExcluirQuero ter filhos sim, daqui alguns anos.
Abraço!