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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

BRASIL - COMBATE AO FLAGELO DA FOME: UMA ÓTIMA NOTÍCIA

Olá colegas! Uma grande notícia para o Brasil e para nós brasileiros a ONU divulgou na data de ontem. Em meio a tantas notícias ruins, induzidas ou não, é sempre bom ver algo extremamente positivo acontecendo. O país diminuiu pela metade o número de pessoas com fome, ou mais tecnicamente em situação de insegurança alimentar. O mundo também melhorou nos últimos 10 anos, mas infelizmente ainda há mais de 800 milhões de pessoas que passam fome no mundo.

A fome é o maior flagelo social. Para mim é uma aberração num mundo tão desenvolvido intelectual e tecnologicamente haver centenas de milhões de pessoas passando fome. Eu gosto muito de física. Um dos grandes feitos na história da humanidade, em minha opinião, foi a construção do Grande Colisor de Hadróns na Suíça. Ainda voltarei a essa máquina fenomenal, mas basicamente esse acelerador de partículas recria condições de alta energia, colindindo as partículas (Hadrons) para poder analisar uma variada gama de conseqüências. Dizem que o Bosón de Higgs foi achado, o que é um passo absurdamente fenomenal para a compreensão do universo. Porém, o meu ponto aqui não é falar sobre Física, mas sim destacar que a mesma humanidade que constrói uma máquina de 27km  de extensão capaz de recriar de alguma forma as condições iniciais de alta energia na formação do universo, é a mesma humanidade que não consegue erradicar a fome na família humana, mesmo havendo comida e recursos mais do que suficientes para alimentar a todos.

Um dos detectores do LHC (Large Hadron Collider). Se fomos capazes de criar uma máquina tão fantástica para fazer elucubrações tão abstratas e profundas sobre o universo, e em última instância sobre nós mesmos, eu recuso a aceitar a ideia que o problema da miséria extrema , particularmente a fome,  não pode ser extinta do planeta terra nos próximos 10/15 anos. Basta apenas vontade política dos Estados, bem como de nós humanos mais afortunados.

Eu nunca passei fome. Porém, algumas vezes, quem já não passou por essa situação, fiquei muitas horas sem me alimentar e a sensação é horrível (a não ser que a pessoa esteja conscientemente jejuando). Eu não consigo imaginar o que é passar a vida constantemente com fome. Alguém com fome não irá conseguir estudar, trabalhar adequadamente e muito menos refletir sobre os problemas “filosóficos” da vida, até porque a máxima “só é possível filosofar de barriga cheia” parece aplicar a esmagadora maioria dos seres humanos. A fome destrói a dignidade das pessoas e envergonha as demais pessoas que não são afligidas por esse mal.

Portanto, a erradicação da fome deveria ser a prioridade número um da comunidade internacional se vivêssemos num mundo onde as vidas de todos tivessem a mesma dignidade e importância. Porém, sabemos que isso não é verdade. A vida de um recém formado brasileiro ( alguns muitos críticos em relação à sua própria condição de vida), por exemplo,  não vale a mesma coisa do que uma criança subnutrida em um campo de refugiados no Chade.

Assim, a notícia de que o Brasil diminuiu sensivelmente o número de pessoas que passam fome, e além disso é um exemplo para o mundo de formas positivas e eficientes de combate à fome , me enche de alegria (ver a notícia em http://www.onu.org.br/brasil-reduz-em-50-o-numero-de-pessoas-que-passam-fome-diz-onu/). Há pessoas que associaram isso ao governo atual e tecerão louros aos mandatários e ataques a oposicionistas. Há pessoas que farão pouco caso dessa conquista fenomenal, e talvez soltem alguns impropérios contra o governo atual. É uma pena. Essa é uma conquista apartidária. Essa é uma conquista do Brasil, é algo que coloca o Brasil mais perto de países menos injustos. É um marco civilizatório.

Segundo a ONU, 1.7% da população brasileira ainda passam por insegurança alimentar. São muitas pessoas, mas o número é muito menor do que há 20/25 anos. Alguns podem dizer que não passar fome não é uma conquista para se gabar, pois isso é o mínimo. Concordo que é um mínimo existencial para uma pessoa ter alguma dignidade, mas se há duas décadas uma parcela significativa não tinha nem mesmo esse nível básico garantido, podemos imaginar quão injusto e desigual nosso país não era.

Os erros são inúmeros, os nossos desafios imensos, mas uma notícia como essa deveria ser comemorada por todos os brasileiros, pois além de nos tornamos mais humanos, podemos praticar a compaixão e alegria pelos outros, duas atitudes nobres que apenas nos colocam mais próximos do bem-estar subjetivo e da felicidade.

Infelizmente, ainda há mais de 800 milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade alimentar. Que o ato de se alimentar seja considerado um direito inalienável de qualquer ser humano. Que a família humana ser envergonhe de ter tantas pessoas passando fome, para que um dia possa contemplar um mundo onde esse flagelo seja relegado aos livros de história.


Um grande abraço a todos!

28 comentários:

  1. Olá, André!
    Realmente, temos que ter cautela com estatísticas. As duas que você mencionou são uma prova. Aliás, uma é apenas uma definição arbitrária do que seria classe média, com a qual eu não concordo. A outra realmente até me interessar mais por economia eu nunca tinha pensando a respeito.
    Porém, eu creio que isso não ocorre em relação ao tópico abordado, até porque é feito pela ONU.
    Uma definição de insegurança alimentar é dada pela FAO (braço da ONU para agricultura) "Segurança alimentar existe quando todas as pessoas, todo tempo, tem acesso físico e econômico para alimentação nutritiva, saudável e em quantidade suficiente para atender suas necessidades e preferências para uma vida ativa e saudável. " (retirado da wikipedia). Parece-me uma boa definição.

    Eu não quis comentar sobre a África, até porque o problema da fome também é bem severo em países pobre asiáticos.
    Concordo que o comércio pode ser um grande catalisador. Eu li há um tempo uma matéria bem grande da The Economist de umas 20 folhas sobre a África, e a opinião geral era bem otimista. É claro que há enormes problemas, mas avanços estão sendo feitos. Eu vi recentemente também um gráfico sobre os yields de alguns títulos governamentais de países africanos, bem como suas taxas de inflação, e os números vem melhorando.
    Portanto, eu tendo a concordar com o artigo citado (grato pela indicação). Porém, é necessário que o livre comércio também valha para países ricos, pois os subsídios que a Europa e os EUA dão para os seus agricultores é muito prejudicial a vários países Africanos.
    Apesar de concordar com a ideia central, a fome é um problema urgente. Não se pode esperar décadas para ver o progresso econômico para enfrentarmos de frente esse problema. Sim, mais comércio e iniciativa privada com certeza ajudarão a África e países miseráveis do mundo a melhorar de vida e por via de consequência melhorar a segurança alimentar de seus habitantes, porém não creio que apenas isso seja suficiente, muito menos no curto/médio prazo.

    Abraço!

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  2. A ONU é uma piada....
    No Brasil têm muita fome....
    Fome e sede de justiça. ..
    Pasmem, a que ponto chegamos...

    ONU, Vaticano e PT, ópios!!!!

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    1. Olá, colega.
      Colocar a ONU, Vaticano e o PT na mesma frase requer um certo contorcionismo argumentativo, tenho que admitir:)
      A ONU é o que os Estados-Membros querem que ela seja, nada mais, nada menos, dizer que a ONU é isso ou aquilo sem refletir sobre isso, parece-me algo esvaziado de sentido.
      Além do mais, em que pese todos os problemas da ONU, ela é o único órgão multilateral que possuímos para resolução de conflitos internacionais. Ela é a ainda responsável pela ajuda de centenas de milhões de pessoas no mundo, com seus mais variados órgãos: UNICEF, ACNUR, FAO, etc.

      Abraço!

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    2. Ok, valeu!
      Mas que há muita fome de justiça, isso é inquestionável.

      Grande abraço!

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    3. Concordo com você que há "fome de Justiça" no Brasil, como não ter esse desejo com tanta corrupção e tanta impunidade em crimes cometidos diariamente no país?
      Abraço!

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  3. Vou ser chato hehe Por essa definição da ONU as pessoas que estão adoecendo por consequência da obesidade não deveriam ser classificadas como possuidoras de alimentação saudável rsrs. Claro, isso envolve outros hábitos também, mas é interessante que hoje o problema maior de saúde no mundo vem do excesso (e má) alimentação...

    Quando comentei sobre estatísticas, falei de modo geral mesmo, não só dos índices brasileiros. Acredito que a ONU também é muito falha e queria um dia saber como é esse metodologia. Organismos mundiais, tidos de respeito, possuem invariavelmente coisas muito estranhas: um exemplo é o índice de IDH, composto por três indicadores duvidosos e colocado como um exemplo de desenvolvimento do país... Acho a própria metodologia usada para compor o índice, super distorcida.

    Concordo: livre comércio tem de existir para todos. Mas os países mais abertos são, invariavelmente, os mais desenvolvidos.

    Abraço!

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  4. Olá, André!
    Outra definição : "Segurança alimentar para uma casa significa acesso por todos os membros, todo o tempo, a alimentos suficiente para uma vida ativa e saudável. Segurança alimentar inclui no minimo (1) a pronta avaliabilidade de alimentos seguros e nutricionalmente adequados, e (2) habilidade assegurada de adquirir alimentos de uma maneira socialmente adequada (isto é, sem recorrer para suprimentos de emergência, lixo, roubo ou outras estratégias). USDA"

    A sua colocação é muito pertinente. O maior, ou um dos maiores problemas de saúde, em países onde o acesso a alimentação não é um grande problema é realmente a obesidade. O problema da obesidade infantil é assustador. Uma em cada três crianças americanas é considerada obesa e esse número pode chegar a metade das crianças em 10/15 anos. Isso é uma tragédia e assustador.
    Se as pessoas não tem acesso a alimentação saudável, de certa maneira estão em situação de vulnerabilidade alimentar, mas com certeza não na perspectiva de alguém que não tem acesso a nenhum tipo de alimento.

    É possível. Trabalhemos para melhorar esses índices e a forma que eles são construídos. O IDH é algo a ser analisado. Pode possuir falhas ou vieses, mas é ao menos alguma coisa concreta par avaliar o padrão de vida de uma sociedade por outras métricas que não apenas o PIB (esse sim uma estatística que acho que possui inúmeras falhas, principalmente em apontar o bem-estar de uma sociedade).

    Esse assunto me interessa, por qual motivo os indicadores que compõem o IDH são distorcidos em sua opinião?

    Abraço!

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  5. Sim Soul. Ontem mesmo no Jornal da Cultura um dos comentaristas era professor de medicina da USP e em seu trabalho realizava autópsias. Disse que em crianças estão encontrando placas de arteriosclerose que antes apareciam exclusivamente em pessoas mais idosas. Futuro tenebroso. Li uma pesquisa uma vez que dizia que essa geração de 10 a 15 anos de idade hoje será a primeira geração que não terá uma expectativa de vida maior do que sua geração anterior, justamente por esse problema de obesidade.

    Quando ao IDH, minhas críticas são que os indicadores são falhos em refletir um real desenvolvimento do país. Pode dar um a indicação, mas não afirmar o que geralmente se afirma. São eles:

    1) PIB per capita: O PIB já é um indicador complicado, como concordo contigo. Dividir por cabeça não faz o indicador melhor. Ok, o torna um pouco mais "relativo", mas seus problemas de cálculo continuam lá. Outra: isso não diz nada sobre a distribuição de renda.

    2) Escolaridade: o indicador mede apenas anos de estudo. Qual o aspecto qualitativo disso? Não é à toa que nos últimos 20 anos o Brasil colocou todo mundo na escola, aumentou seus anos de estudo mas continuamos na rabeira nos índices PISA por exemplo. O analfabetismo funcional no Brasil é enorme, embora os "anos e estudo" estejam "ok".

    3) Expectativa de vida: busca-se aqui mostrar o nível de saúde que a população usufrui. Porém, esse indicador sofre uma influência muito grande se a pessoa completa 1 ano de idade. Quero dizer, a expectativa de vida foi muito aumentada por causa da redução da mortalidade infantil, em função dos avanços da medicina e maior conscientização das pessoas e agentes. Isso "disfarça" outras mortes que só aumentam (ou estabilizam-se em patamares altíssimos), como assassinatos e acidentes de trânsito. Outro ponto é a frase: vc deseja mais anos de vida ou mais vida aos anos? Quantas pessoas vivem razoavelmente mas em condições de saúde precárias? Será que apenas "contar os anos" seja suficiente?

    Não estou dizendo que seja fácil medir tudo isso. Também não estou dizendo que devemos esquecer totalmente o IDH. Qualquer controle, qualquer índice, mesmo que falho, ajuda algo. Onde quero chegar é que precisamos olhar com cuidado cada número que aparece...

    Abraço!

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  6. Eu á escrevi um artigo falando do índice de desemprego... O IDH está nos planos rsrs

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  7. Olá, André. O Saldiva é ótimo mesmo (o comentarista da cultura). Adoro os comentários dele, são sempre muito humanos e muito adequados.
    Se você se interessa pelo tema, sugiro ver o documentário "Para muito além do Peso". É assustador o que estamos fazendo com as nossas crianças. É basicamente um crime, mas um crime que é difícil de colocar responsabilidades, por isso não causa uma indignação tão grande.
    Eu concordo com o Saldiva de que podemos estar criando uma geração que pode viver uma vida pior do que a geração anterior. Isso já está acontecendo nos EUA, a geração atual já possui menos renda, saúde e escolaridade do que os seus país. Isso é único na história e pode ter consequências que ainda não é possível vislumbrar.

    Sobre o IDH

    1) Para a distribuição de renda existe o índice GINI que mede desigualdade. Há ótimos insights sobre esse tema no livro do Pikkety;

    2) É uma crítica pertinente. Porém, muitos estudos associam maiores rendas a maior tempo de estudo e no Brasil não é diferente. No Brasil, se não me engano os descendentes de asiáticos são os que tem mais anos de estudo e são os que mais ganham.
    Sendo assim, é um parâmetro importante. É verdade que isso não mede necessariamente qualidade desse estudo, mas é um passo. Talvez fosse interessante associar anos de estudo com qualidade medida pelo teste PISA. O problema é que são poucos países que fazem o PISA ainda (uns 60 acho) e nós temos 200 países. É difícil imaginar uma delegação do Chade fazendo o teste PISA. Mas, talvez seja algo a ser pensado e melhorado;

    3) A redução da mortalidade infantil é algo fundamental numa sociedade civilizada, em minha opinião. É um indicador valiosíssimo, e ainda bem que o Brasil melhorou muito nisso nos últimos 25 anos.
    Assim como o item "2", eu acho que poderia haver melhoras, usando alguns parâmetros como assassinatos a cada 100.000 habitantes, mortes nos trânsitos, incidências de doenças (câncer, doenças do coração, etc) e fazer alguns filtros. Com certeza o índice seria muito melhor, mas é inegável que a expectativa de vida é um indicador sim de saúde de um pouco.

    Com certeza, precisamos ter cuidado ao olhar os números. Já ouvi em algum lugar que se pode provar absolutamente tudo com estatística. Aliás, tem uma frase interessante que é mais ou menos a seguinte: "Existe a mentira, a mentira deslavada e a Estatística" hehe.

    Abraço!

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  8. Obrigado pela dica Soul. E reforçando, sou muito a favor de indicadores e da estatística. Apenas reitero que precisamos entender melhor o que eles apontam. Abraço!

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  9. E viva o governo vermelho que engana até quem eu achava que era dos mais inteligentes desses cantos.

    Sob a herege da maldita vermelha caminhamos a passos largos de termos o pais dos sonhos no papel, cujos números maquilados nos trazem prêmios da ONU.

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    1. Olá, colega.
      Quais seriam os números maquiados a que você se refere?

      Abraço!

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    2. Acho que os links abaixo espelha um pouquinho do que o colega aí de cima chamou de manipulados:
      http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/05/1281132-indicador-defasado-esconde-22-milhoes-de-miseraveis-do-pais.shtml e
      http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/09/1513897-dados-sobre-reducao-da-pobreza-podem-estar-distorcidos-diz-tcu.shtml.

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    3. Grato, colega.
      O segundo artigo é mais amplo. O foco dele é a definição de pobreza e miséria. Já no comentário com o colega André acima, eu concordei que essa linha de corte de "classe média" do governo não tem sentido.
      Portanto, nesse ponto concordo com o TCU.
      Porém, o foco aqui foi a diminuição da fome, algo um pouco diverso do artigo em questão.
      O artigo toca em um tema bem importante: O BPC (benefício de prestação continuada). Realmente o STF chancelou a jurisprudência predominante que o critério objetivo de 1/4 per capta do salário mínimo para a concessão do benefício não poderia ser óbice.
      Isso causou uma confusão enorme, faz parte do ativismo judicial brasileiro.
      Sendo assim, é possível que em 10/15 anos, como salientou o TCU, haja uma migração de beneficiários do bolsa-família (com valores reduzidos) para o BPC (que é do valor de 1 SM).
      Outro ponto interessante foi o alerta do TCU de ter formas mais concretas de se medir "a porta de saída do benefício". Isso realmente deveria ser mais exigido da sociedade.
      Por outro lado, o TCU reconhece o papel desses benefícios sociais para a diminuição da extrema desigualdade e melhora de indicadores básicos.

      Abraço!

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  10. Não sei como que se alimentar pode ser considerado um direito. Se a alimentação é um direito, de quem é o dever de fornecê-la? Por que alimentos não surgem do nada. Precisam do trabalho humano para plantá-lo, colhê-lo e de distribuí-lo.
    Um único pão para ser consumido exige trabalho e esforço humano que fogem a nossa compreensão. Desde o trigo que foi plantado e colhido, aos caminhões (ops caminhões não surgem do nada - carroceria, pneus, combustível) que irão transportá-los, as estradas, as estruturas de armazenamento e distribuição. A manipulação e adição de outros ingredientes que necessitaram igualmente de uma grande quantidade de trabalho humano.
    Para que eu possa me alimentar eu trabalho e uso os rendimentos do meu esforço para pagar pelos alimentos que preciso. Estou oferecendo a contrapartida por todo trabalho, tempo e esforço que foram dedicados na produção dos alimentos.
    Quando se diz que alguém tem direito de se alimentar, você está dizendo que essa pessoa tem direito ao produto do esforço e tempo que outras pessoas dedicaram na produção de alimentos ou que alguém devera para pagar por eles. Uma ideia, que pode até parecer humanitária, e eu acredito que se tenha uma boa intenção, mas que pode estabelecer uma espécie de escravidão, onde uns trabalham e produzem e outros só consomem.
    Eu não vejo uma outra de forma de se resolver o problema da fome do mundo a não ser pelo comércio de desenvolvimento econômico.
    Quem sente fome não pode esperar pelo desenvolvimento econômico, certo. Acredito que a caridade é a melhor forma de aliviarmos o sofrimento dos famintos. Vamos incentivar a caridade e a cooperação humana, a escravidão não.

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    1. Olá, colega.
      Eu creio que o seu comentário possui insights interessantes, e, desculpe se estou enganado, "ares" de instituto Mises.
      Eu creio que o seu último parágrafo é nevrálgico para compreendermos a questão. Concordo plenamente que devemos encorajar a caridade, pois isso é um ato que faz muito bem para quem ajuda, um conceito que eu abordei num texto meu sobre as finalidades do dinheiro.
      Você está correto também que o alimento não brota do chão e há esforço humano nisso.
      Porém, parece-me um exagero levar essa argumentação que cai muito bem para uma sociedade onde há condições de ter um livre mercado e uma verdadeira concorrência para um campo de refugiados Sírios, ou de sudaneses em Darfur, ou em qualquer outro lugar de desespero humano.
      Não consigo ver essa relação de escravidão entre fornecer comida para pessoas famintas, com todo o respeito. Além do mais, o que uma criança de 2 anos subnutrida tem de responsabilidade?
      Alimentar-se é o mínimo para um ser humano existir, de alguma maneira negar isso a centenas de milhões de seres humanos para mim é vergonhoso. Eu sinto me envergonhado, e isso me faz me sentir mais humano, pois a capacidade de empatia e de se importar é o que há de mais precioso na humanidade, em minha opinião.
      Quando perdermos isso, perdemos um pouco o que é ser humano.
      Poucos comentam, principalmente quem escreve sobre economia, mas no nosso DNA há traços de competição e solidariedade, a nossa evolução enquanto espécie se deu influenciada por essas duas facetas, e não apenas pela competição.
      Por isso, para mim qualquer doutrina que tente extirpar a feição da solidariedade e cooperação entre humanos (relegando a algo secundário na explicação dos fenômenos da vida) está equivocada, assim como ideias de que esquecem que o ser humano é competitivo e possui individualidade.

      Grato pelo comentário.

      Abraço!

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    2. Ah, e concordo que o desenvolvimento econômico possui um papel importante no combate a essas mazelas humanas, como o comentário do colega André lá em cima.
      Porém, eu sempre lembro do professor Yunus (uma das pessoas que mais admiro) que quando voltou ao seu país natal Bangladesh vindo de um mestrado em economia em Oxford (se não estou enganado) para ensinar teorias econômicas. No ano que ele voltou, foi um ano de grande fome em Daca (capital). As pessoas simplesmente vinham do interior para morrer de inanição na capital. Ele viu uma pessoas dessas se deitar no jardim de sua casa e algumas horas depois morrer e ele lembra que o olhar da pessoa era vazio. Ele se deu conta que era sem sentido falar de teorias econômicas complexas e grandes abstrações teóricas e filosóficas quando o seu povo estava morrendo de fome.
      Baseando numa grande perspicácia e compaixão pelo próximo, esse senhor viria a revolucionar o mundo e a ajudar diretamente milhões de pessoas e indiretamente centenas de milhões de pessoas.
      Isso sim para mim é grande exemplo.

      Abraço!

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    3. Colegas,

      Esse debate sobre o que são os direitos do homem e de onde eles vêm é realmente muito interessante. Embora eu sinta um repudio emocional muito forte quando escuto os argumentos da corrente libertaria contra qualquer tipo de intervenção estatal de cunho distributivo, confesso que, em bases estritamente racionais, tenho certa dificuldade de contra argumentar.

      Concordo com você, Soul, que é inadmissível, com todo o progresso material que alcançamos desde a revolução industrial, ainda termos tantos irmãos sem ter absolutamente nada para comer. É evidente que existe algo de repugnante e de imoral nessa situação. E tenho certeza que ate mesmo os defensores das ideias mais liberais(não no sentido americano, mas no sentido de defesa de princípios de liberdade) concordariam com isso. Portanto, no momento em que debatemos esse assunto, temos que ter em mente que o repudio ao problema da fome é algo compartilhado por todos.

      Diante disso, a questão se torna investigar filosoficamente as questões dos “Direitos”.

      A visão libertária de enxergar o homem como proprietário de si mesmo e, consequente, de tudo aquilo que e fruto de seu trabalho me parece um raciocínio coerente. Em termos puramente racionais, me parece justa a ideia de que o estado não deveria se apropriar do trabalho de alguém sem que tenha havido algum tipo de consentimento prévio, mesmo que essa apropriação se de por uma causa tão nobre quanto a que estamos discutindo aqui.

      Assim, os libertários advogam atos voluntários (doação) como a única forma realmente justa de lidar com o problema da fome e não veem o “direito à alimentação” como um direito legítimo, uma vez que para este direito ser aplicado um outro direito, um direito natural, precisa ser violado.

      Como eu disse acima, eu tenho certa dificuldade em rebater esses argumentos quando converso com colegas que são libertários. Me sinto como se eu estivesse numa encruzilhada moral. De um lado fico seduzido pela ideia de liberdade do homem. Mas, por outro lado, me parece tão desumana a simples possibilidade de cogitar não ser uma função do estado cuidar dos desvalidos, principalmente daqueles em situação miserável, ainda mais quando verificamos o quanto isso é barato nos dias de hoje.

      Bom, pra finalizar, gostaria de dizer que sou um grande fã de tudo o que vc escreve, Soul. Não sou muito de comentar, na verdade esse é o meu primeiro comentário, mas tenho o seu blog nos meus “favoritos” faz um bom tempo e fico sempre muito feliz quando vejo uma publicação nova.

      Abs!

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    4. King James, grato tanto pelo comentário como pelo elogio. Fiquei muito feliz, isso para mim é apenas uma prova de que somos movidos por muitos incentivos, muitos dele sem qualquer origem monetária/financeira e isso para mim é a chave para entendermos várias distorções na nossa sociedade.

      O seu comentário para mim foi muito bom, e resumiu com clareza o "embate".
      Todos nós concordaríamos que não teria sentido o Estado se preocupar em distribuir celulares, pois isso realmente implicaria talvez numa intromissão indevida na liberdade dos indivíduos. Porém, quando se trata de direitos mínimos do homem, eu realmente não tendo a concordar.

      Eu não conheço muito de história das ideias, mas me parece que o conceito básico é que quando da formação de sociedades e principalmente do Estado Moderno, as pessoas (é claro que isso é um conceito teórico, pois ninguém foi previamente consultado) abriram mão de parcela de sua liberdade para viver sob a égide de uma sociedade organizada. Eu vi que alguns libertários combatem essa ideia, ao dizer que não precisamos nem mesmo de Estado. Eu acho essa visão ingênua e sem qualquer experiência histórica para provar que poderia dar certo (ver um artigo meu sobre o anarcocapitaslismo). Portanto, a ideia central de viver numa sociedade é que necessariamente temos que abrir mão de uma parcela da nossa liberdade para que possamos ter uma vida melhor, isso pode dar um começo para você tentar sair dessa "encruzilhada moral".

      Outra linha de raciocínio, e essa para mim é bem interessante, é o que eu falei sobre a cooperação e como ela foi importante na nossa evolução enquanto espécie. Há um documentário muito bacana que se chama "O que nos torna Humanos?". O nosso parente biológico mais próximo é o Chimpanzé (os bonobos também o são, mas eles não são muito conhecidos). Os Chimpanzés do ponto de vista de desenvolvimento cerebral são muito parecidos com crianças humanas. Há um experimento fantástico aplicado em crianças e Chimpanzés que consiste em fazer com que apenas com a cooperação mútua de dois indivíduos se possa alcançar um objetivo comum (no caso dos Chimpanzés conseguir comida, no das crianças é um jogo simulado). Tanto os Chimpanzés como as crianças são capazes de se unir para buscar interesses individuais, e isso é mais ou menos a teoria libertária de que nós cooperamos, pois por meio da cooperação conseguimos alcançar mais facilmente nossos interesses individuais.
      Porém, a descoberta mais fascinante, é que se no meio da cooperação, um dos Chimpanzés consegue o alimento e o outro não, ele simplesmente desiste da tarefa deixando o outro impossibilitado de conseguir o alimento ( a tarefa tem que ser feita pelos dois para ser exequível). Em crianças, ao contrário, mesmo quando uma criança tenha conseguido atingir o objetivo com o teste, ela geralmente ajuda a outra criança a atingir também.
      Isso mostrou aos cientistas uma diferença fundamental: a capacidade de cooperação mesmo quando nossos interesses particulares já estão resguardados. Isso é excepcional, e mostra que a liberdade, os interesses individuais, etc são importantíssimos, mas estão longe de ser as únicas forças que nos moldaram enquanto espécie.

      A doação é meritório. Porém, pensemos sobre a ONU. Ela é financiada pelos Estados-Membros com tributos cobrados de sua população. Assim, os recursos da ONU viriam da "escravização" de alguém. Imagine que a ONU não existisse e uma crise de fome aguda em algum país Africano. Se não houvesse doações deixaríamos as pessoas morrendo à míngua, pois não podemos violar as liberdades humanas? Com todo o respeito aos que pensam assim, eu não posso concordar com isso, sem achar que uma parte humana minha morra.


      Abraço colega e poste mais vezes!

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    5. Soul,

      Solidariedade e cooperação não são atos voluntários? Se você impõe que uma sociedade TEM que ser solidária, vc não está de certa forma impondo sobre os outros sua vontade, seus valores, sua visão de mundo?
      Eu concordo com você que pensar que uma sociedade sem estado poderia ser o paraíso é ingenuidade. Porém essa teoria de que abrimos mão de uma parte de nossa liberdade para ter uma vida melhor, derivada da teoria do contrato social, é meio furada. Ela considera que somos maus por natureza e que o contrato social foi uma forma que encontramos de preservar nossa existência. O livro: O Leviatã, de Thomas Hobbes trata dessa teoria.
      Mas acho que você concorda comigo que nossos maus por natureza. Há sim aquelas pessoas que são ruins por natureza, mas eu acredito que são uma minoria. Para essas não há contrato social que dê jeito. Tanto assim que tantos criminosos. Não respeitam as leis e as regras da sociedade.
      Eu, assim como você me compadeço com a situação de miséria em que se encontra uma boa parte da humanidade.
      Mas Soul, a pobreza sempre foi uma regra e não exceção. Se você olhar para o mundo verá que foram poucas as sociedades que prosperaram.
      E as sociedades que prosperaram foram justamente aquelas em que as liberdades individuais, o direito de propriedade e o respeito pela livre iniciativa foram estabelecidos.
      Eu não consigo imaginar a humanidade sendo menos pobre sem que estes preceitos sejam adotados de forma universal. Enquanto houver grupos querendo impor suas visões de mundo, suas vontades e querendo determinar os valores e objetivos de todos os indivíduos não teremos um mundo prospero.
      Eu acredito sim que somos, pelo menos a maioria, solidários e que temos propensão a cooperar com os outros. Mas que acredito que tanto cooperação quanto solidariedade afloram mais em sociedades livres, tanto que os países ricos são campeões em caridade.
      Os americanos, tão odiados por alguns, são os que mais ajudam causas internacionais e os que mais contribuem para o progresso da humanidade.

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    6. Olá, colega. São bons pontos os seus, permita-me responder em tópicos.
      a) Geralmente se associa a ideia de contrato social a Hobbes, mas a ideia é muito mais antiga do que isso. É verdade que a concepção moderna de Estado vem dos filósofos Hobbes, Locke e Rousseau. Porém, a questão do ser humano abrir mão de certas "liberdades" em troca de segurança, estabilidade, etc vem de Protagoras, Plutarco, Aristóteles.
      Eu gosto muito do Gianetti, ele tem um livro não muito conhecido chamado "Vícios Privados, benefícios públicos? A ética na riqueza das nações" que para mim é uma leitura muito boa (já o li duas vezes). Nesse livro, há um resgate histórico das ideias e uma reflexão bem profunda (inclusive passando por pensadores contemporâneos como o Friedman) sobre o tema que estamos discutindo.

      b) Eu disse que a solidariedade talvez seja inata nos seres humanos, assim como desejo de competição. Talvez estejamos explorando demais a parte humana desejosa por competição e atrofiando a nossa outra parte. Isso tem a ver com mercado de trabalho, propaganda, instituições e como moldamos a nossa vida. Como já tive a oportunidade de viajar para a Ásia várias vezes, ficou muito forte a impressão para mim que o nosso conceito de liberdade é apenas um conceito que não tem grande aceitação por lá, não nos moldes da nossa sociedade ocidental contemporânea. O que quero dizer é que lá se formaram sociedades onde havia uma ênfase maior em outros aspectos do que nas nossas sociedades modernas. Talvez isso explique o motivo de japoneses fazerem fila para pegar água depois de um Tsunami, seguido de um terremoto e um desastre nuclear, enquanto os americanos regrediram para um estado de selvageria depois do Katrina. A sociedade sem Estado aconteceu durante alguns dias nos EUA, e o resultado não foi nada bom. Com isso não estou querendo dizer que americanos são inerentemente piores do que japoneses, não, não é esse o ponto, e sim que a sociedade japonesa evoluiu de acordo com princípios básicos bem diferentes. Quando estive no Japão, li que um individualismo exacerbado, marca de nossa sociedade contemporânea, é visto como quase que doentio.

      c) Não creio que seja taxar os humanos de "bons" ou "maus", pois para fazermos isso precisamos definir o que seja bondade e seja maldade. Isso nos remete quase ao mundo das ideias de Platão. Eu acho que o holocausto judeu foi a maldade absoluta, foi um mal sem qualquer possibilidade de relativização. Porém, essa é apenas minha opinião.
      A questão é que por todas as experiências históricas vividas, parece que o ser humano precisa de uma certa coesão imposta por um agente externo: seja o Estado, seja o próprio grupo. Quando isso não ocorre, os resultados costumam degenerar para violência extrema. Portanto, não é ser o ser humano bom ou mal, mas simplesmente reconhecer que somos humanos com algumas limitações inerentes. Eu prefiro analisar o ser humano pelos olhos das ciências, do que simplesmente por abstrações filosóficas. Assim, eu acho que a biologia tem muito a nos dizer a respeito. Assim como acho que a neurobiologia tem muito a nos dizer a respeito sobre ética, por exemplo, talvez até mais do que filósofos consagrados;

      d) Colega, há uma diferença entre pobreza e morte por inanição. Você está correto na sua fala. Creio que a pobreza só pode ser estancada por meio do comércio (desde que internalizando as diversas externalidades nos processos produtivos, principalmente às relativas ao meio ambiente e às gerações futuras), da livre iniciativa (desde que haja alguma regulação mínima), etc. Acho que o caminho para África é mais comércio, mais desenvolvimento.
      Porém, estamos falando aqui de situações extremas, de pessoas passando fome, não de pessoas pobres. Pode haver dignidade na pobreza, inclusive pessoas pobres inclusive podem até ser mais satisfeitas do que pessoas mais ricas. Porém, não é possível haver dignidade com fome. Falo dessas situações limites.

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    7. e) Para mim o maior ato de caridade é de uma pessoa muito pobre dividindo o seu pão com outra pessoa muito pobre, não necessariamente a doação de centenas de milhões de dólares. Porém, efetivamente essas doações podem ajudar muitas pessoas. Agora acho que nós não podemos tolerar enquanto humanos centenas de milhões de pessoas passando fome, despidas de sua dignidade mais básica.
      Infelizmente, é um problema que existe há muito tempo, e se não houver uma real vontade de todos (Estados, sociedades, pessoas), talvez perdure por muito mais tempo ainda.

      Abraço e grato mais uma vez pelo comentário.

      Abraço!

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  11. Ótimo artigo soul.

    É muito bom saber que no Brasil tem menos pessoas passando fome. Apesar de que esses números divulgados pela ONU são sempre muito otimistas. E até alguns de nossos políticos hipocritas usam isso para fazer campanha.

    Eu apenas discordo de vc em uma coisa no artigo. De que há recursos suficientes pra alimentar a todos. Já passamos da casa dos 7 bilhões de pessoas. Em 2050 seremos 9 bilhões ou mais. Já que vc citou a maravilha científica que é o LHC (e é mesmo), já deve ter ouvido falar de progressão geométrica e como isso se aplica nos cálculos de crescimento populacional desenfreado. Até o final desse século vamos estar em maus lençois. A tendência mundial é que mais pessoas passem a passar fome, já que até o fim do século nossas lavouras vão sofrer os efeitos do aquecimento global enquanto a população não vai parar de aumentar.

    Alie isso ao fato de que os meios de produção ainda não encontraram meios para produzir sem desperdiçar tanta água doce. Esse é outro problema grave.

    Salvo alguma pandemia que dizime grande parte da população do planeta, nosso ecossistema está para lá de sobrecarregado. Com espécies de animais e plantas sendo extintos todos os dias. Nosso planeta funcionaria de maneira sustentável com algo em torno de 4 bilhões de pessoas, já passamo há muito disso. Caso eu ache o artigo cientifico volto a colar aqui.

    É muito bom saber que o problema, pelo menos no Brasil está sendo contornado de alguma forma, mas o futuro é negro, muito negro. Nem consigo pensar qual seria a solução. Estamos à beira de um colapso, um colapso que a maioria das pessoas do mundo não sabe ou simplesmente não se importa.

    Abs

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    1. Olá, Mr.Rover!
      Bacana sua visita. Tenho lido todos os seus artigos, parabéns! São escritos de uma forma diversa do que eu escrevo, bem como não concordamos em alguns pontos, mas acho as ideias esboçadas por você bem válidas. Não fazia ideia que Seatlle era tão bacana....

      Sobre os seus pontos:
      a) Olha, na verdade a população não deve crescer geometricamente não. Você tem razão que algumas projeções do setor de demografia da ONU estimam a população humana entre 9/9,5 BI em 2050, quando ela deverá se estabilizar. A grande pressão de aumento populacional virá de zonas muito pobres (já que os países desenvolvidos estão estáveis e devem ver até decréscimos em suas populações até lá), como o norte e leste da África. Isso sim será um enorme problema para o mundo;

      b) Olha, há 1 BI de pessoas segundo a ONU acima do peso e 800 milhões de pessoas em insegurança alimentar. Parece-me haver um problema de distribuição aí. Além do mais, não é verdade que não temos área cultivável suficiente, se você pesquisar na internet, há vários dados que apontam se houvesse diminuição do consumo de carne e uso da energia e terras para plantar colheitas a capacidade de produção de alimentos no mundo é mais do que suficiente para atender essa demanda. O consumo exagerado de carne é muito ruim em muitos aspectos para o mundo;

      c) O tema da água é fundamental, e gostaria de escrever a respeito. Concordo com você. Produzir 1kg de carne gasta 10.000 L de água. No futuro teremos que fazer escolhas enquanto espécie. Ou se começa a internalizar os custos reais de algumas coisas, ou a própria natureza irá se encarregar de fazer as escolhas.
      O que precisamos, Mr. Rover, é mais ciência e menos política. Precisamos de processos mais eficientes para produção de comida, para a nossa indústria, etc. Precisamos projetar produtos que durem mais que sejam muito mais recicláveis, etc.

      d) Hum, se tivéssemos o consumo de um americano médio para todos os seres humanos, precisaríamos de seis terras. Isso quer dizer que teríamos que ter algo de 1Bi de seres humanos na terra. Nós precisamos enfrentar o problema nos termos que estão postos. Uma vez um Sr. Conhecido falou que deveria morrer um monte de gente, pois o mundo não dava conta. Eu perguntei, o Sr. escolheria para morrer as suas duas filhas e a sua mulher? Portanto, temos que encontrar uma solução com o que temos.
      As soluções passam por prestarmos mais atenção em meios produtivos mais sustentáveis, bem como consumo mais sustentável

      e) Concordo que a espécie humana está brincando com algo muito sério e podemos estar sim nos aproximando perigosamente de um colapso. Há, inclusive um livro muito interessante sobre o tema do famoso Jared Diamond (autor do clássico "armas, germes e aço") chamado "Colapso" (ainda não li, mas gostaria).

      Abraço!

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  12. Este comentário foi removido pelo autor.

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  13. Muito bom o post. Entretanto, o ponto alto deste aqui são os comentários e as respostas dadas - Cheios de insights bastante pertinentes ao tema. Gostaria de comentar este trecho de uma resposta sua:

    "Creio que a pobreza só pode ser estancada por meio do comércio".

    Sim!!! E primeiramente através das políticas de microcrédito! Você leu "O Banqueiro dos Pobres"? O autor já esteve no Brasil. Não sei quantas vezes. Uma ocasião foi certa pois ele foi entrevistado pelo programa "Roda Viva" da TV Cultura - SP, e eu tive o imenso prazer de assistir.

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    1. Olá, Carlos.
      O Yunus é uma das pessoas que mais admiro no mundo (não sabia que ele tinha sido entrevistado no roda viva, vou procurar).
      Para mim esse homem é um visionário e um grande humanista, um exemplo mesmo.
      Sim, já li o "Banqueiro dos Pobres", bem como o seu outro livro que trata sobre empreendedorismo social.
      Muito bacana conhecer outra pessoa que também admira o Yunus.

      Abraço!

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